segunda-feira, 15 de junho de 2015

Insuficiência renal e hipertensão foram temas de palestras na PET Rio



Realizada no Centro de Exposições SulAmérica entre os dias 25 e 27 de março, a PET Rio Expo contou com dois eventos paralelos que chamaram a atenção do público da feira – composto por profissionais e empresários do mercado pet. Abrindo a série de palestras que aconteceu ao longo dos três dias de evento, o médico veterinário Marcio Bernstein falou sobre a insuficiência renal e a hipertensão em cães e gatos, apontando as causas, os possíveis tratamentos e curiosidades sobre estes problemas - tão comuns na vida dos pets.

Responsável pelo equilíbrio de uma série de minerais presentes no organismo animal, pelo controle do volume sanguíneo e, consequentemente, da pressão arterial; os rins regulam as funções do sistema urinário e filtram todo o sangue que corre nos corpos dos animais (e também dos seres humanos). Dito isso, fica claro que, quando há algum tipo de disfunção nestes órgãos, a saúde dos cães e gatos podem sofrer como um todo – e as complicações ligadas à insuficiência renal são, hoje, a segunda maior causa da morte de cães e gatos em todo o mundo.



“A perda da capacidade renal do animal pode ser gerada em função de uma série de outras doenças, e não adianta querer resolver os problemas dos rins do pet sem que, antes, sejam identificados os problemas que contribuíram para o aparecimento das complicações renais. Diagnosticando a doença que afeta os rins, é possível tratá-la e, com isso, de maneira natural, as funções renais do animal também tendem a melhorar”, explica Bernstein.

De acordo com ele, doenças como a piometra (que consiste em infecção grave que ocorre no útero das cadelas) e a babesiose (que ocorre em função da presença de carrapatos no corpo do pet) são algumas das que podem contribuir bastante para que haja complicações nos rins dos animais, e entram na lista dos possíveis problemas que, quando tratados, podem amenizar os danos renais do pet.

“Infelizmente, a cura concreta para os problemas renais não existe; e muitos acabam deixando de tratar os animais com esse tipo de complicação em função disso. No entanto, tratando as doenças que geraram a disfunção dos rins, é possível melhorar este quadro e prolongar a vida do animal em até quatro anos”, afirma Marcio, que atua como médico veterinário na rede Renalvet.

Segundo o especialista, a ureia e a creatinina são os principais marcadores usados para avaliar as condições renais de um animal; entretanto, somente quando os rins do pet já têm mais de 75% de sua totalidade tomada por problemas, é que é possível notar variações concretas nestes medidores. Nestes casos de avanço considerável, os hormônios que também são regulados pelos rins são altamente prejudicados em função da falta desse equilíbrio, e problemas como o da uremia (caracterizada pelo excesso de ureia no sangue) podem ser notados com bastante frequência nesse tipo de situação.

Embora o uso de medicamentos que combinam aminoácidos e cadeias carbônicas simples seja bastante usado no tratamento da insuficiência renal crônica em cães e gatos, eles não são capazes de curar o animal por completo; embora possam ser considerados eficientes e diminuam bastante as consequências que podem aparecer em função do mau funcionamento dos rins. Ainda neste tópico, o especialista ressalta os perigos de diagnósticos pouco precisos, e que podem fazer com que o animal receba uma medicamento que, além de não tratar o problema, mascare as reais e maiores complicações.

“Um animal que já tem a condição de seus rins muito debilitada precisa, primeiro, tratar o problema que originou essa disfunção; já que isso é mais importante até do que tratar o próprio rim. No entanto, no caso de pets que já contam com outras doenças de imunodeficiência, por exemplo; mesmo recebendo tratamento, dificilmente conseguirá ter sua vida prolongada por muito tempo”, comenta Bernstein.

Segundo ele, uma série de doenças comuns aos felinos, como a FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina – mais conhecido como AIDS Felina) e FELV (Vírus da Leucemia Felina), podem ser fatores de grande relevância durante um processo de tratamento dos rins, já que impedem a melhora do quadro e, consequentemente, diminuem as chances de prolongação da vida do animal.

Além dos tratamentos que usam medicamentos alopáticos, o médico veterinário afirma que a acupuntura e a homeopatia também são meios válidos de garantir o aumento do bem-estar para o animal ao longo do processo – seja ele afetado por alguma das doenças descritas acima ou não.

“Nenhum animal deve receber um tratamento exclusivamente holístico, pois, a melhora da condição dos rins requer a administração de remédios alopáticos para ocorrer. No entanto, tanto a acupuntura quanto a homeopatia podem trazer resultados ótimos no tratamento dos animais, quando combinadas aos demais medicamentos; pois, também podem ajudar no controle da pressão arterial e até incentivar a produção de urina – que acaba bastante prejudicada nesse tipo de caso crônico”, explica.


Hipertensão e insuficiência renal

Ao lado do médico nefrologista pediátrico Dr. Luiz Cerqueira, o médico veterinário Dr. Marcio Bernstein também abordou de que formas os problemas ligados à hipertensão incentivam o surgimento de quadros de insuficiência renal crônica em cães e gatos, alertando para que os médicos veterinários de hoje tomem o cuidado de medir a pressão dos animais em todo tipo de consulta ou atendimento.

“Em muitos casos, a hipertensão é descoberta nos animais em função de consultas casuais, e os veterinários devem tornar a medição de pressão um hábito, realizando esse processo em todo tipo de visita do animal à clinica – mesmo que somente para tomar vacinas; já que, com isso, é possível detectar problemas que estão começando a aparecer e podem ser extremamente prejudiciais no futuro”, comenta Bernstein.

Segundo ele, quando a pressão arterial de um cão ou gato passa do número 18, ele já pode ser considerado hipertenso e, tendo em vista que pacientes renais se tornam hipertensos em boa parte dos casos – e que a hipertensão é um dos principais influenciadores da insuficiência renal – esse tipo de atenção se torna indispensável; já que, completamente conectadas, estas complicações podem ser identificadas mais cedo quando os profissionais realizam esse tipo de verificação. Aparelho digital veterinário, estetoscópio ou doppler e esfigmomanômetro são algumas das ferramentas recomendadas para que esse tipo de exame seja feito.

“O animal hipertenso sem controle terá o aumento das substâncias vasoconstritoras, e isso faz com que a resistência vascular fique elevada. Com isso, aumenta a resistência ao fluxo da corrente sanguínea, assim como a possibilidade de ocorrer o rompimento de alguma artéria. De um modo geral, em um animal hipertenso, todo local por onde passar sangue irá ser prejudicado; ou seja, seu corpo inteiro”, explica o veterinário.

De acordo com ele, há uma série de fatores diferentes que podem influenciar no aparecimento da hipertensão em cães e gatos, incluindo:
Problemas renais
Complicações do sistema endócrino
Prenhez
Uso frequente de medicamentos (como corticoide)
Doenças neurológicas
Neoplasias
Hipertireoidismo
Diabetes (considerada um dos principais fatores de influência)
Estenose da artéria renal
Cardiopatia


Presente no paciente, a hipertensão também gera um grande número de problemas para o animal, podendo incluir os descritos a seguir:

AVC Isquêmico
AVC Hemorrágico
Insuficiência renal
Insuficiência vascular periférica
Insuficiência cardíaca
HVE – Hipertrofia ventricular esquerda
Alterações retinianas

Segundo o veterinário, os animais com problemas renais necessitam de acompanhamento constante para que as suas chances de sobrevida sejam reais, e o ideal é que façam consultas quinzenais ou mensais para que o seu estado de saúde possa ser acompanhado e o seu tratamento controlado – além de direcionado da maneira mais apropriada.

Sintomas da hipertensão em cães e gatos

Embora, na maioria dos casos, os cães e gatos com problemas de hipertensão não apresentem tipo algum de indicação da doença, alguns sintomas podem se manifestar nos animais com esse tipo de complicação, incluindo os seguintes:
Vômitos
Sangramentos
Falta de ar e dificuldade em respirar
Tonturas
Dores de cabeça

De acordo com Bernstein, quando os cães têm dor de cabeça eles, normalmente, encostam a cabeça na parede e permanecem empurrando-a; portanto, é bom ficar ligado no caso de esse tipo de comportamento apareça nos pets.

Tratamento e prevenção da hipertensão em cães e gatos

Segundo o especialista, os inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) podem ser bastante úteis no tratamento da hipertensão, assim como os diuréticos e os vasodilatadores. “Embora tenham se mostrado bastante válidos no tratamento da hipertensão, nem mesmo os inibidores da enzima conversora de angiotensina podem curar o problema; mas ajudam a retardar bastante a sua evolução, já que bloqueiam a proliferação da doença no corpo do animal e isso ajuda a melhorar as funções renais”, ressalta.

Além do acompanhamento clínico constante, o especialista afirma que a administração de uma dieta balanceada para o animal, a realização de atividades físicas com frequência e a profilaxia de carrapatos (em casos de contágio) são itens que podem ajudar bastante na prevenção da doença, e devem ser fatores presentes nos cuidados dos donos de pets que desejam afastá-los da hipertensão.


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