sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Atitudes que contribuem para melhorar a saúde das vacas e a qualidade do leite





Para obtenção de um leite saudável e de boa qualidade, é necessário que as vacas estejam em boas condições de saúde. O ordenhador deve estar sempre atento a certos sinais apresentados pelas vacas, como por exemplo: olhos fundos, pelos arrepiados, diminuição na ingestão de alimentos, parada da ruminação, queda na produção de leite e alterações na urina ou nas fezes (muito mole, ou muito seca, ou com sangue) que podem ser indicativos de problemas de saúde.
 

Os cuidados com a vaca começam antes mesmo do parto, no período seco. Esse período deve durar pelo menos 60 dias e é conhecido como o período de descanso da vaca. O período de descanso é fundamental para o desenvolvimento do feto, para melhorar a condição corporal da vaca, para a recuperação da glândula mamária e para a produção de colostro de boa qualidade.

Na fase de lactação, deve-se ter atenção especial com a mastite, doença que causa grandes prejuízos para a atividade leiteira. Conforme o tipo de microorganismo causador da mastite, ela pode ser classifi cada em: contagiosa e ambiental.

Mastite contagiosa: causada por microorganismos que estão presentes no úbere e são transmitidos pelas mãos do ordenhador e equipamentos de ordenha. Esses microorganismos entram no canal do teto e causam a infecção. Este tipo de mastite é facilmente transmitido de um animal para outro durante a ordenha, por isso a importância da adoção de boas práticas de higiene e desinfecção.
 

Mastite ambiental: causada por microorganismos presentes no ambiente (solo, camas, material vegetal, pisos dos currais, etc.), ocorrendo com maior frequência em períodos quentes e úmidos. O maior risco de contágio é logo após a ordenha, quando os esfíncteres (orifícios) dos tetos ainda estão abertos e a vaca deita sobre solo ou material contaminado, facilitando a entrada de microorganismos no canal do teto, o que leva à infecção.

Quanto ao diagnóstico, a mastite pode ser classifi cada como clínica e subclínica.
 

Mastite clínica: é mais fácil de ser percebida, geralmente causa diminuição na ingestão de alimentos, a vaca fi ca com o úbere infl amado (com aumento de volume, avermelhado e quente) e o leite com grumos, pus ou sangue. Para melhor controle deste tipo de mastite deve-se fazer o teste da caneca de fundo preto em todas as ordenhas.
 

Mastite subclínica: é mais difícil de ser percebida, pois a vaca não apresenta sintomas claros do problema, a não ser, pequena queda na produção de leite. A mastite subclínica pode ser detectada pelos testes de contagem de células somáticas no leite (CCS) ou com o Califórnia Mastite Teste (CMT).
 

Os testes para diagnóstico de mastite clínica e subclínica serão explicados mais adiante neste manual.
 

O ordenhador deve sempre cuidar de sua higiene pessoal e de sua saúde, realizando exames de rotina, com atenção especial para brucelose e tuberculose.

A adoção de procedimentos básicos de higiene é fundamental, devendo-se lavar as mãos antes e durante as ordenhas; lavar as mãos após ir ao banheiro, manter cabelo preso e unhas cortadas e usar roupas, aventais e botas limpos.
 

Tudo isto contribui para melhorar a saúde das vacas e a qualidade do leite.


Fonte: http://www.agricultura.gov.br/



Pecuária aliada à tecnologia vem facilitando a vida dos produtores


Gustavo Porpino -

O trabalho com a pecuária está ficando facilitado graças à tecnologia, equipamentos modernos e à postura gerencial do produtor. É a chamada pecuária de precisão, que tem acelerado o processo de eficiência do sistema de produção de leite de vaca.

O pesquisador da Embrapa Gado de Leite Luiz Gustavo Pereira explica que "o conceito de precisão está relacionado a uma postura gerencial que leva em conta a variabilidade existente entre os animais, entre as fazendas e entre os pastos, por exemplo. A tomada de decisão é feita de forma inteligente porque é baseada em tecnologias da informação e comunicação que hoje estão muito mais fáceis e acessíveis. Essa decisão melhora o desempenho tanto econômico, social e ambiental do sistema de produção", explica.

O cientista exemplifica com os sistemas robóticos de ordenha, hoje responsáveis por 20% do leite produzido na Europa. Eles trazem um ganho na qualidade de vida do homem do campo. "O produtor pode deixar que o robô faça o processo de ordenha nos finais de semana, por exemplo". No Brasil, o uso da tecnologia é recente, mas ele acredita num crescimento significativo em seu uso.

A pecuária de precisão pode ser aplicada na nutrição dos animais. Com ela, o fornecimento de alimentos passa a ser baseado na exigência individual de cada animal e não mais no rebanho como um todo. "Muitas vezes a gente não precisa do equipamento. Com anotações é possível entender a variabilidade dos animais e ver que aquele animal produz mais leite e por isso precisa de mais ração. Sem equipamentos e com ferramentas gerenciais conseguimos colocar em prática essa filosofia da precisão".

Confira aqui esta e outras entrevistas do programa Conexão Ciência.

Fonte:
Portal Embrapa

Estudos mostram o que passa pela cabeça dos animais

 

Golfinhos são sádicos, vacas têm inimigas, gatos e cachorros são experts em dissimulação e galinhas fazem planos para o futuro.

"Numa manhã, enquanto Gregor Samsa acordava de sonhos inquietantes, descobriu que tinha se transformado num inseto monstruoso. As várias pernas, miseravelmente finas em comparação com o resto do corpo, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos. ´O que aconteceu comigo?´, pensou." Sim: este é o começo de A Metamorfose, do Franz Kafka: Gregor Samsa acorda transformado numa barata. É tudo uma alegoria sobre a solidão, a timidez... 
Mas se acontecesse essa desgraça com você na vida real, não precisaria se preocupar: uma barata é só uma máquina programada para encontrar comida e fugir de chineladas. É burra como um glóbulo branco. Uma barata não sabe que é uma barata. Você não teria nojo de você mesmo se acordasse como uma - só iria pensar em comer uma lata de Nescau na cozinha. Mas um golfinho sabe que é um golfinho. Um elefante sabe que é um elefante. Um cachorro sabe que é... gente. O incrível é que, até há pouco tempo, a ciência não aceitava isso. Dividia tolamente a vida entre "humanos" e "animais" - como se uma baleia tivesse mais a ver com uma ameba do que com você. A noção geral dos cientistas hoje é bem mais complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos, chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo. É como comparar um Porsche com um Fusca: há uma clara diferença de nível entre eles, mas ambos são carros. E saíram da prancheta do mesmo projetista.

O próprio Charles Darwin é um precursor da noção moderna de como a ciência vê os animais. Para o homem que descobriu a identidade do projetista de homens e animais (a seleção natural), a mente parecia seguir uma certa continuidade ao longo da evolução das espécies. Os bichos mais abaixo na escala evolutiva também teriam inteligência e sentimentos, só que em níveis distintos. E Darwin estava certo. "As evidências de hoje indicam que muitos animais sentem alegria, tristeza, pena...", diz o biólogo Marc Bekoff, da Universidade do Colorado.

Claro que as pesquisas têm limitações: não existe uma máquina capaz de entrar na cabeça de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha e mostrar o que é ver o mundo com os olhos de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha. Mas dá para chegar mais perto do que você imagina.

CONSCIÊNCIA


Um camaleão não sabe que está mudando de cor quando se camufla. Cobras não têm consciência de que enganam predadores quando se fingem de mortas. E pelicanos voam numa formação em V sem compreender que assim poupam energia e facilitam a comunicação entre o bando e o líder. Tudo isso é obra da seleção natural. Tem tanto a ver com inteligência quanto não conseguir tirar os olhos de uma outra pessoa porque ela é bonita. É instinto cego, obra da natureza.

Por outro lado, um corvo que entorta um arame com o bico para utilizá-lo como vara de pesca não está agindo de forma programada. Corvos fazem isso para fisgar peixes. E tiveram de ser criativos para isso, tanto quanto nós, humanos, quando inventamos nossas varas e anzóis num dia qualquer há 80 mil anos. Os corvos agregaram uma nova ferramenta ao seu kit de instintos. Mas chamar isso de inteligência pode, Arnaldo? Pode, Galvão. Não só pode como deve.

Mas para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar pra ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí, sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.

"Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o focinho", diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.

Assim, o universo dos cachorros é um estrato de cheiros diferentes. Talvez por isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo que não concluam que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro diferente, então não interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças aos odores que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão e bexiga também já foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas nem vem, cachorrada: nossa capacidade de ler placas lá longe na estrada deixaria vocês morrendo de inveja...

Bom, para sentir inveja, um animal precisaria ter autoconsciência - uma noção ampla sobre quem ele é no mundo. Chimpanzés, por exemplo, têm sentimentos complexos como inveja e vergonha (escondem o rosto quando fazem alguma besteira). E quem tem vergonha não é menos consciente que nós.

O teste mais clássico para auferir consciência é o do espelho. Seu cachorro ou gato não passa por essa prova. Mas chimpanzés, elefantes e golfinhos fazem isso sem problema. Eles não só sabem quem e o que são como têm o poder de analisar o que os outros estão pensando. A primatologista Jane Goodall observou que um chimpanzé evita até olhar para uma fruta enquanto outros chimpanzés estão presentes - só para abocanhá-la inteira quando está sozinho. Alguns tampam a cara para impedir que os outros saibam que estão com medo. Tudo bem que falar de chimpanzés é covardia: geneticamente, eles estão mais próximos de nós que dos gorilas - se um ET chegasse à Terra, provavelmente não saberia distinguir a Scarlet Johanson de uma chimpanzé mais ajeitada. Ele pensaria: "Essa macacada é tudo igual"... Você não acha que ovelha, por exemplo, é tudo igual? Claro. Mas as ovelhas não. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge mostrou que elas identificam o rosto de pelo menos outras 50 ovelhas. É isso aí: até os animais menos brilhantes podem surpreender. Mas nenhum é tão malandro quanto os que a gente tem dentro casa.

ESPERTEZA


Poucas coisas incomodam tanto quanto choro de gato com fome. Parece que ele vai morrer se você não der comida na hora. Mas não se desespere: pode ser um truque do bichinho. A cientista Karen McComb, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que alguns gatos emitem uma súplica de alta frequência, similar ao choro de um bebê, que dispara um senso de urgência no cérebro humano. Resultado: os donos se sentem compelidos a alimentá-los. Isso é um instinto que animais domésticos desenvolvem. Eles nascem sabendo isso. Então não é indício de inteligência para valer, certo? Errado: "Dos gatos que analisamos, só choravam assim os que viviam em casas habitadas por uma só pessoa. Ou seja: gatos aprendem a enfatizar dramaticamente o choro quando vivem com humanos numa relação de um para um", diz McComb.

Com esse miau histérico, Garfield e sua turma dão um show de inteligência emocional: eles sacam a fraqueza do dono para manipulá-lo. Cachorros não são menos malandros. Eles também fazem suas demandas de acordo com o público da casa. "Cães aprendem rápido quem são as pessoas que podem colaborar e as que não lhes dão bola", diz Horowitz.

Eles fazem isso melhor que qualquer outro animal. Num ranking de inteligência emocional, os cães seriam os campeões, de longe. O segredo deles é o contato visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo com ele. Essa habilidade é um atributo evolutivo: cães são descendentes de lobos que trocaram a matilha pelas aglomerações humanas há 13 mil anos. Os que melhor emulavam o comportamento humano (incluindo aí a habilidade de ler a mente do outro olhando nos olhos) cresceram e se multiplicaram porque viraram os preferidos dos humanos. Os que não tinham esse dom ficaram pelo caminho. E hoje todo cão é um expert em contato visual. Como eles sabem aplicar essa habilidade inata para resolver desafios (identificar seus potencias colaboradores entre os humanos da casa), não há como negar sua inteligência.

Mas o brilho da mente dos cachorros e gatos não chega perto da de um concorrente quase descerebrado: o papagaio. Um exemplar da espécie, Alex, contava até 6 e manejava um vocabulário equivalente ao de uma criança de 2 anos. O papagaio, morto em 2007, aos 31 anos, também distinguia objetos pelo formato, cor e composição. Sua treinadora, Irene Pepperberg, lhe mostrava 5 objetos de plástico (3 amarelos, 1 roxo e 1 vermelho) e um pedaço de madeira verde. Depois perguntava: "Qual é o material verde, Alex?". Ele respondia: "Madeira". E quando ela indagava "Quantos amarelos tem aqui?", ele tirava de letra: "Três".

Essa capacidade de entender o mundo somada à habilidade que os papagaios têm de imitar nossa voz fazia com que Alex fosse visto como uma pessoa com asas, um desenho animado ao vivo. Era a noção humana de inteligência encarnada numa ave com o cérebro do tamanho de 3 castanhas-do-pará.

Por essas Alex jogou uma pá de cal numa antiga noção da ciência: a de que sempre há uma relação direta entre o tamanho do cérebro e a capacidade cognitiva. Com seu cérebro de 9 g (o nosso tem 1 500 g), o papagaio era mais perspicaz que um cachalote - dono do maior cérebro do planeta, com quase 8 quilos. A proporção entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo também não diz tudo, pois favorece bichinhos nada brilhantes. No esquilo, por exemplo, a relação entre o tamanho do cérebro e o do corpo é de 3%, contra 2% no homem.

Outra explicação clássica é o tamanho do neocórtex. É a parte mais externa do cérebro, justamente a que evoluiu por último no reino animal. Só os mamíferos têm (e o nosso é enorme). Mas hoje sabbe-se que ele não é indispensável para o pensamento. Alex, que não era mamífero, não tinha neocórtex. Mas raciocinava. E outros pássaros também dão show de inteligência. Principalmente os corvos. O zoólogo de Cambridge Christopher Bird (piada pronta: bird, hehe) viu corvos jogando pedras dentro de um reservatório para fazer subir o nível da água e, assim, poder tomá-la. Eles selecionavam as pedras maiores para que a água subisse mais rápido. Nas praias do norte da Europa, corvos pegam conchas com o bico na areia. Levam até o alto e jogam em cima das pedras. Depois de alguns arremessos as conchas quebram e eles comem o recheio. Seus parentes de áreas urbanas fazem a mesma coisa. Só que jogam as conchas na faixa de pedestre das avenidas à beira-mar, esperam os carros passar por cima e catam o recheio quando o sinal fica vermelho. É fato: os corvos entendem causalidade ("se eu fizer X, acontecerá Y"). Em outras palavras, eles pensam muito bem. E melhor do que qualquer outro animal, fora os primatas e cetáceos.

LINGUAGEM

O Homo sapiens é o único animal capaz de dominar sintaxe, formar frases complexas e registrar o que pensa. Fato. Mas alguns bichos podem compreender a nossa linguagem quase como se fossem uma pessoa - embora não consigam reproduzi-la com a desevoltura de um papagaio .

Que o diga Kanzi, um bonobo (parente do chimpanzé) criado pela pesquisadora americana Sue Savage-Rumbaugh. Ele cresceu exposto ao nosso vocabulário e domina 400 palavras. Como não pode falar, Kanzi forma frases apontando para um glossário com símbolos. Eles representam de substantivos e verbos simples, como "banana" e "pular", a conceitos complexos, como "antes" e "depois". Kanzi pode até conjugar verbos - inclusive no passado e no gerúndio. É mais ou menos como você tentando se virar numa viagem para o Camboja. Você pode até voltar entendendo algumas palavras do cambojano, mas dificilmente vai ter aprendido a conjugar algum verbo. É bem mais difícil. E olha que cambojanos e brasileiros são todos animais da mesma espécie. Ponto para Kanzi, então.

Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas, palavras representadas por sons de computador formavam 2 mil frases. Quando os golfinhos ouviam "ESQUERDO BOLA BATER", por exemplo, entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido "PRANCHA PESA ÁGUA" era para que levassem uma prancha a uma pessoa que estava na água. Já "PESA PRANCHA ÁGUA" era para levar a pessoa à prancha na água. Não existe diferença entre fazer isso e apremder um idioma. Ponto para os golfos.

Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser, uma border collie. A cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a maioria brinquedos, mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática.

Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem compreender parte da linguagem humana. Mas o que isso importa para os outros animais de sua espécie? Kanzi não vai usar seu glossário com bonobos que vivem na floresta. E Chaser pode até aprender versos de Shakespeare, mas será inútil tentar esbanjar seu intelecto com outros cães. Mas a ideia de que eles praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas fazem isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes de alimentos.

Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe confere uma voz individual.

Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda falta muito para decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é difícil captar uma conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso, cada sinal varia conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da situação, uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer "tchau", "pare" ou "custa R$ 5".

O mistério sobre a língua dos golfinhos - e a das baleias, que se comunicam de um jeito parecido com o de seus primos - continua. Mas a tecnologia pode dar uma força. Merlin, um golfinho nariz-de-tesoura que vive em Puerto Aventuras, no Caribe mexicano, é o primeiro de sua espécie a usar iPad. Seu treinador, Jack Kassewitz, espera que a tela sensível ao toque do focinho comece a facilitar a comunicação entre humanos e cetáceos. Bom, tomara que eles não fiquem só jogando Angry Birds, como fazem os humanos quanto colocados diante do tablet.

EMOÇÕES


Falando em Angry Birds, passarinhos não só ficam nervosos como amam também. Mais de 90% das aves são monogâmicas. Gansos e corvos passam a vida fiéis a um único parceiro - já os casais de pombos não são tão pombinhos assim: eles traem; mas não tiram a aliança da pata. "Desconfio que aves se apaixonam mesmo, porque alguma recompensa interna [a sensação boa de amar alguém] é necessária para manter um relacionamento de longo prazo", diz o biólogo Bernd Heinrich, da Universidade de Vermont, EUA.

É realmente improvável que o amor tenha aparecido entre os Homo sapiens sem nenhum precursor na escala evolutiva. E, como imaginou Darwin, o mesmo vale para o prazer, a dor... e a saudade.

Veja o caso dos cachorros. A espécie evoluiu para se tornar mais que uma subespécie de lobo. Emocionalmente ele está mais para um humano de quatro patas. Na alegria e na tristeza. Alguns se recusam a comer quando o dono vai viajar e voltam a aceitar o prato depois de ouvir a voz de seus pais humanos no telefone. É uma forma primitiva de saudade.

Mas poucos animais mostram suas emoções com tanta clareza quanto os elefantes. Eles ficam de luto, por exemplo. Quando reconhecem a ossada de um membro do grupo, eles gentilmente se reúnem em volta dele. Joyce Poole, que estuda elefantes há mais de 30 anos, acredita que órfãos dessa espécie sofrem de depressão, até: filhotes que presenciaram a mãe ser morta acordam gritando. Chimpanzés órfãos também são emotivos: passam horas se despedindo do corpo da mãe. Vacas também têm seus momentos down. Mas a maior característica delas é outra: são fofoqueiras. Formam pequenos grupos de amigas, têm rixas com outras vacas e guardam rancor por anos. Elas também sentem prazer ao vencer desafios. Um estudo da Universidade de Cambridge mostrou que, quando elas aprendiam a abrir uma porta para obter comida, por exemplo, suas ondas cerebrais e seus batimentos cardíacos mostravam um alto nível de excitação. Acontecia a mesma coisa quando elas estavam prestes a transar - mesmo quando quem vinha por trás era outra vaca, brincando de montar em cima dela.

O prazer com o sexo também parece universal. E entre os mamíferos é parecido com o nosso. Às vezes, melhor. As fêmeas de bonobo têm órgãos sexuais enormes, do tamanho de bolas de futebol. E clitóris comparável a um dedo. Elas passam o dia se masturbando e chamando para a cama qualquer macho que passe pela frente - até por isso os bonobos são os mais pacíficos entre os grandes macacos: os homens não brigam por mulher. E mulher não briga por homem: na falta de macho, elas se viram entre si.

Nada é tão comum entre nós e as outras coisas vivas do mundo quanto a busca pelo prazer. Hipopótamos estiram as pernas para deixar que os peixes mordisquem seus dedos, numa verdadeira sessão de massagem. Os batimentos cardíacos dos cavalos caem quando têm o cabelo da nuca escovado. Eles relaxam. O perfume Obsession for Men, da Calvin Klein, é atrativo para fêmeas de guepardos. E existe o prazer em fazer o mal também. Golfinhos, por exemplo, têm um lado sádico: se aproximam sorrateiramente de gaivotas que descansam na água, dão um caldo nelas e as liberam depois de mantê-las alguns segundos debaixo d’água, sofrendo.

Mas o macaco rhesus, um primata asiático com jeito de babuíno, está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade Northwestern, EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre que eles faziam isso outros rhesus levavam um choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram. Mas com outros foi diferente. O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: "Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros". Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.


GALINHAS FAZEM PLANOS

Galinhas se preocupam com o futuro. Cientistas ensinaram galinhas a bicar 2 botões para obter 2 recompensas distintas. Com o botão 1 elas esperavam pouco (2 segundos) para obter pouca recompensa (3 segundos de acesso a comida). Com o 2, elas esperavam muito (6 segundos) para obter muito (22 segundos de comilança). A conclusão? A pesquisadora britânica Christine Nicol resume: "Com incentivo, as galinhas foram capazes de exercer auto-controle".


LÍNGUA PRIMATA


O vervet aqui em cima, um miquinho africano, tem um idioma próprio. É um sistema de alarmes sonoros, em que cada grunhido corresponde a um predador. Grandes macacos, como chimpanzés, também usam gestos e expressões faciais. E tentam levar vantagem em tudo. Um macaco que tem uma lesão na pata e descobre que, enquanto estiver ferido, não é atacado pelo macho dominante, continua mancando na frente dele depois de a ferida ter sarado completamente.

QI canino
Os mais inteligentes
• Border collie
• Poodle
• Pastor alemão
• Golden retriever
•Doberman

Os mais ou menos
• Dálmata
• Husky siberiano
• Greyhound
• Boxer
• Dinamarquês

Os menos

• Shih-tzu
• Chow chow
• Buldogue
• Basenji
• Afghan hound

Os mais espertos
1º Grandes macacos e cetáceos
Chimpanzés, gorilas, golfinhos e baleias se comunicam bem entre si e se entendem com os humanos.

2º Corvídeos
São aves superdotadas. Vivem em sociedades complexas, se reconhecem no espelho (coisa rara no mundo animal). E confeccionam ferramentas.

3º Carnívoros sociais (leões, hienas, lobos)
Não são grandes crânios, mas na hora da caça cooperam com mais eficiência que um time de futebol. Os cachorros, parte desse grupo, são os que melhor entendem nossa mente.

4º Animais de rebanho (vacas, cabras)

Têm cara de burros. São burros. Mas mantêm alguns vínculos sociais. E sentem prazer, excitação e ansiedade.


Para saber mais

A Cabeça do Cachorro
Alexandra Horowitz, Best Seller, 2010

Minding Animals

Marc Bekoff, Oxford University Press, 2002

Wild Minds
Marc Hauser, Henry Holt, 2000

Fonte:
http://super.abril.com.br/tecnologia/um-implante-para-remendar-a-coluna

5 histórias por trás de tradições do Ano Novo


Certas tradições de Ano Novo são tão antigas que hoje as realizamos por costume, mesmo que elas não mantenham seu significado original. De qualquer forma, elas deixam as festividades mais divertidas e são simbólicas do tempo que recomeça. Confira: 

1. Primeiro de janeiro



A primeira comemoração que tinha a conotação de “Festival de Ano Novo” foi na Mesopotâmia por volta de 2.000 aC. A festa começava sempre na lua nova do equinócio da primavera, em meados de março. Os assírios, persas, fenícios e egípcios celebravam o início de um novo ciclo no dia 23 de setembro, e os gregos 21 ou 22 de dezembro.


Os romanos foram os primeiros a estabelecerem um dia no calendário para a comemoração do Réveillon, lá por volta de 753 aC. Para eles, o ano começava em 1º de março. A data foi trocada só em 153 aC para 1º de janeiro. Em 1582, a Igreja consolidou essa “escolha” no calendário gregoriano.

Ainda assim, até hoje, alguns povos e países comemoram o Ano Novo em datas diferentes – como a China, que gosta de celebrar entre o fim de janeiro e começo de fevereiro. A comunidade judaica também tem outro calendário: a festa ocorre em meados de setembro ao início de outubro. Para os islâmicos, o Ano Novo é celebrado em meados de maio.

2. Fogos de artifício à meia-noite 



É costumeiro que se usem fogos de artificio para comemorar o início do Ano Novo à meia-noite. Como essa tradição começou?

A primeira nação a usar fogos de artifício como parte de grandes celebrações foi a Índia ou a China. Originalmente, os fogos eram armas militares. Quando sua imprevisibilidade (e cores brilhantes) demonstrou que eles eram impróprios para combate, eles passaram a ser usados para entretenimento.

No início, as pessoas não gostaram muito da ideia. A primeira vez que fogos de artificio foram mostrados à realeza na China foi durante o governo do imperador Li Tsung. Um deles, no entanto, foi diretona direção da imperatriz, que ficou furiosa e acabou imediatamente com a festa.

3. Vestir branco 

 

No Brasil, existe uma tradição de se usar branco durante o Réveillon. Isso não ocorre em muitos outros lugares do mundo. Da onde veio a ideia, então? Do Candomblé.

Em meados dos anos 1970, os praticantes da religião que tinham o costume de comemorar a virada do ano na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro usavam sempre a cor branca na data, como representação da paz e da purificação, enquanto jogavam flores para Iemanjá, a rainha do mar.

Como era um ritual muito bonito, as pessoas começaram a copiar. Nasceu, assim, a tradição do uso da cor branca na passagem do ano, e de jogar flores no mar também. Mesmo que não sejam devotas do Candomblé ou acreditem em Iemanjá, a maioria das pessoas gosta de estar de branco por se identificar com a mensagem de paz. Há ainda quem diga que a roupa precisa ser nova para que o ano novo traga com boas energias.

4. Resoluções de Ano Novo 



 

O início de um novo ano parece tão bom quanto qualquer outra época para se fazer a promessa de ser uma pessoa melhor, mais saudável ou qualquer outra coisa que você venha adiando desde sempre. No entanto, o apelo parece ser maior quando se tratam das resoluções de Ano Novo.

Essa tradição é antiga – remonta a Mesopotâmia. As primeiras pessoas a fazerem tais “decisões” no renovamento de um ciclo foram os antigos babilônios, que prometiam pagar dívidas pendentes e retornar qualquer propriedade emprestada.

O ano novo babilônico começava com a colheita da primavera. Para eles, fazer promessas aos deuses era um ritual espiritual para manter “tudo em ordem” pelo resto do ano. Mais tarde, os romanos adotaram um comportamento semelhante, fazendo suas resoluções em nome do deus Jano. Em 1º de março, o ano novo romano original, novos funcionários eram empossados, e os velhos se juntavam a eles comprometendo-se a respeitar as leis e cumprir seus deveres.

Por volta de 300 aC, o início do novo ano foi transferido para janeiro, com a posse de novos funcionários transferida também. Esta data dava aos romanos tempo suficiente para os líderes e soldados declararem sua lealdade ao imperador antes de os militares iniciarem suas campanhas de primavera. Conforme o império romano crescia, os militares tinham que deixar a região a cada ano mais cedo, porque as distâncias aos campos de batalhas eram maiores.

Em 1740, resoluções mais modernas começaram a surgir, quando John Wesley, um clérigo anglicano e teólogo cristão britânico, criou um novo tipo de “missa” na igreja, realizada para aqueles que queriam uma noite tranquila de reflexão, em vez de uma festa, na data do Ano Novo. Os participantes prometiam continuar seu serviço fiel a Deus.

As resoluções definitivamente evoluíram ao longo dos séculos. De acordo com a Universidade Estadual de Oklahoma, nos EUA, as primeiras eram mais sobre reafirmar a fé em Deus, fazendo sacrifícios, sendo mais responsável e se tornando uma pessoa melhor no interior. Hoje, as pessoas tendem a fazer resoluções mais focadas no exterior, ou seja, sobre a aparência, como perder peso.

5. Pular sete ondas 

 

 

Esse é mais um costume brasileiro de quem passa a data na praia, que também remete às tradições africanas, trazidas pelos escravos.

O ritual homenageia mais uma vez ela, Iemanjá, a rainha das águas salgadas. Sete é considerado um número cabalístico, representado por Exu, filho de Iemanjá. Os sete pulos servem, segundo a lenda, para que os caminhos sejam abertos. A tradição também pede que as pessoas jamais deem as costas para o mar após a homenagem, para garantir a boa sorte.

Apesar de Iemanjá ser a origem de vários de nossos costumes de Réveillon, outras culturas também veem simbolismo no mar. Para os gregos, o mar tem um poder espiritual e pode renovar nossas energias, por exemplo. 


Fontes:
[Listverse, BdM, ObaOba, UOL, MiniWeb]

Publicado por:
http://hypescience.com/10-grandes-manchetes-da-ciencia-em-2015/

Cães (e provavelmente outros animais) têm autoconsciência



Cães têm autoconsciência? Muitos acreditam que sim, mas a ciência até agora não tinha conseguido provar isso.


Um novo estudo da Tomsk State University, na Rússia, reclama ter demonstrado, no entanto, que cães – e provavelmente muitos outros animais – possuem uma ideia de si mesmos e sabem se reconhecer.

Os resultados foram publicados na revista Ethology, Ecology and Evolution.
Teste do espelho cheiro

A autoconsciência tem sido estudada principalmente através da análise das respostas de animais e crianças a seus reflexos no espelho. A prova final de consciência do seu próprio corpo e identidade é avaliada com base na capacidade do indivíduo de perceber seu reflexo e tocar uma marca (geralmente um ponto vermelho, aplicado sob anestesia) em seu próprio corpo.

Este teste é conhecido como “teste do espelho”. Seres humanos e chipanzés, por exemplo, são notórios por passarem neste teste.

Muitos cientistas, no entanto, não acham que esse teste seja infalível, ou mesmo seja uma boa prova de autoconsciência para todos os animais. “A capacidade de reconhecer a sua própria imagem no espelho é extremamente rara no reino animal”, disse Roberto Cazzolla Gatti, autor do novo estudo. “Até agora, somente os seres humanos e os grandes símios (exceto gorilas), um único elefante asiático, alguns golfinhos, pegas (aves) e algumas formigas passaram no teste do espelho. Uma grande variedade de espécies falha no teste, incluindo várias espécies de macacos, pandas e leões-marinhos”.  


Cães, em particular, não mostram nenhum interesse em se olhar no espelho (se você tem um, sabe muito bem disso). Porém, esses animais, como os lobos e os golfinhos, têm um alto nível de complexidade cognitiva. “Eu acredito que, porque os cães são muito menos sensíveis a estímulos visuais do que, por exemplo, seres humanos e muitos macacos, é provável que a falha desta e de outras espécies no teste do espelho é devido principalmente à modalidade sensorial escolhida pelo investigador para testar a autoconsciência e não, necessariamente, à ausência dela”, explicou Gatti.


A pesquisa

Gatti criou um novo teste para ir além da versão do espelho, usando outro sentido dos cães que eles preferem muito mais: o olfato.  


A pesquisa foi realizada com quatro cães, todos vira-latas de rua. Gatti coletou amostras de urina de cada cão e as armazenou em recipientes específicos. Em seguida, realizou quatro testes com os animais, no início de cada estação do ano.

O teste consistiu de apresentar aos cães cerca de cinco amostras contendo o aroma de urina de cada um dos quatro animais e uma em branco, com algodão inodoro. Eles podiam se mover livremente por cinco minutos, e o tempo levado por cada cão para farejar cada amostra foi registado.

O resultado foi surpreendente: todos os cães dedicaram mais tempo para cheirar as amostras de urina dos outros do que a sua própria, e este comportamento confirmou a hipótese de que os cães parecem conhecer o seu próprio cheiro exatamente e são, portanto, autoconscientes.

Mudança de paradigma

O estudo mostrou ainda uma correlação entre a idade dos cães e o tempo gasto cheirando as amostras de urina, um resultado que apoia firmemente a ideia de que o autoconhecimento aumenta com a idade, como demonstrado em outras espécies, como chimpanzés e humanos (um adulto tem uma melhor ideia de si mesmo do que um bebê).

A abordagem inovadora usada para testar a autoconsciência de um animal destacou a necessidade de mudar o paradigma antropocêntrico do teste do espelho para uma perspectiva mais específica para cada espécie.

Os resultados são uma forte evidência empírica de que outros animais podem ser testados para a autoconsciência usando percepção auditiva ou olfativa.

Quando a autoconsciência é comprovada, outros traços comportamentais podem ser deduzidos, como a empatia. A capacidade de diferenciar-se dos outros é muitas vezes considerada um pré-requisito para a compreensão de que alguém pode estar feliz ou triste, por exemplo.
Quem possui um cão como animal de estimação diria sem sombra de dúvidas que seus bichinhos sabem reconhecer emoções – e também as sentem. 


Fonte:
[Phys]

Publicado por:
http://hypescience.com/10-grandes-manchetes-da-ciencia-em-2015/