Conclusão é do Relatório Planeta Vivo 2014, elaborado pela WWF.
As populações de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes foram reduzidas à metade nos últimos 40 anos. A conclusão, alarmante à conservação da biodiversidade, é do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) ao divulgar o Relatório Planeta Vivo 2014.
O estudo avaliou mais de 10 mil populações de 3 mil espécies entre 1970 e 2010. Esta é a décima edição do material que é divulgado a cada dois anos pela WWF e mostra as mudanças na biodiversidade, nos ecossistemas e a demanda por recursos naturais.
Em todo o mundo, as espécies terrestres diminuíram 39%, e a principal causa é a perda de habitat em razão de atividades como agricultura e caça. A fauna marinha teve o mesmo percentual de redução. Já as espécies de água doce minguaram ainda mais: há 76% menos espécies vivendo no planeta em relação a 40 anos atrás.
— Esses animais mostram a saúde do ecossistema do planeta — diz o superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Jean-François Timmers.
De acordo com o estudo, a maior queda registrada foi na América Latina: 83%. Timmers explica que em algumas regiões, como a África, a questão da caça é preocupante, mas na América Latina a diminuição dos animais tem outras causas, como o desmatamento, a destruição de ecossistemas aquáticos e a pesca no litoral.
Outro dado importante relatado pela WWF é a chamada Pegada Ecológica, que mede a demanda da humanidade por recursos naturais.
— É um índice que vai agregando o consumo de carbono, de água e de algumas commodities (produtos básicos com cotação internacional). É uma estimativa comparativa, mas relacionada ao consumo de bens naturais e emissão de carbono — afirma Timmers.
O documento mostra que a demanda global é maior que a capacidade de reposição do planeta: seria necessária uma Terra e meia para atender as necessidades atuais.
— Estamos gastando 50% a mais do que a natureza é capaz de repor por ano, e a tendência é crescer, porque a classe média, principalmente na Ásia, vai crescer muito, e as demandas vão aumentando.
Apesar dos índices, a WWF destaca que existem ações para reverter a perda de biodiversidade. Segundo Timmers, existem pacotes de medidas para agricultura de baixo carbono, uma série de alternativas tecnológicas para geração de energia limpa.
Com relação à América Latina, o superintendente lembra que as recentes catástrofes ambientais e crises como a de água, na região da Cantareira, em São Paulo, por exemplo, ajudam a chamar a atenção para o tema ambiental.
— Existe um nível de consciência crescente na região como um todo, dos governantes em geral, das autoridades acadêmicas e da população com relação a questões ambientais. Isso faz com que a agenda ambiental se torne importante.
Os números globais, e principalmente os da América Latina, segundo Timmers, "são um alerta". Agora, a WWF fará análise mais específica dos dados da região
— Vamos desagregar esses índices para saber a que se deve, de forma precisa, esse aumento crescente da degradação ambiental na América Latina e provocar discussões de nível nacional e regional — explica.
O Relatório Planeta Vivo 2014 faz uso do banco de dados da Sociedade Zoológica de Londres, uma fundação científica sem fins lucrativos, que tem projetos de conservação em mais de 50 países. Os dados relacionados ao índice de Pegada Ecológica são da Global Footprint Network, uma organização internacional que trabalha com o debate dos limites ecológicos e é parceira da WWF.
Fonte:
Fonte: