segunda-feira, 2 de março de 2015

Conheça os sintomas, Diagnóstico e Tratamento da Anemia em Gatos


Assim como seres humanos, os gatos podem muitas vezes sofrer de anemia. A condição, conhecida como anemia felina, é o resultado de um número reduzido de glóbulos vermelhos que leva a uma redução do nível de oxigênio em todo o sistema de gato. A anemia é frequentemente resultado de uma doença renal, que provoca uma escassez do hormônio eritropoietina. Quando os níveis de eritropoietina são reduzidos, a medula óssea recebe menos estímulos para produzir as células vermelhas do sangue.

A anemia felina também pode ser causada por pulgas ou outros parasitas. Alguns gatos desenvolvem a doença após ter sofrido uma grave perda de sangue a partir de um trauma ou por meio de uma causa interna, como por exemplo uma hemorragia gástrica ou tumor.

Em outros casos, a anemia felina é resultado de outra doença felina chamada de leucemia felina, câncer ou vírus da imunodeficiência felina. Pesquisas revelaram também que muitos gatos contraíram uma anemia por ingerir uma substância tóxica. Estas substâncias podem ser tão benignas quanto uma aspirina ou Tylenol, razão pela qual é fundamental nunca dar medicação para gatos ou outros animais de estimação.

Os sintomas da anemia felina. Gatos que sofrem de anemia felina geralmente apresentam os seguintes sintomas:


Batimento cardíaco irregular
Perda de apetite
Perda de peso
Náuseas
Letargia
Fraqueza
Susceptibilidade ao frio
Descoloração do nariz, língua e / ou gengivas
Desatenção ao se limpar
Sangue nas fezes ou urina

Diagnosticando a doença do gato. 

Qualquer gato com esses sintomas devem ser levados imediatamente a um veterinário para um exame físico completo. A única maneira de determinar se um gato sofre de anemia felina é através de uma análise de sangue. Normalmente, o veterinário irá realizar um hemograma completo (CBC), sobre o gato. Isto serve para três finalidades:=

indicar quantos eritrócitos estão presentes na circulação sanguínea do gato.
mostrar o nível de glóbulos vermelhos no sangue.
indicar os níveis de ferro do gato

Testes adicionais são necessários para determinar a causa da anemia, que deve ser tratada a fim de aliviar a condição.

Tratando a anemia felina.
 
Essa doença não geralmente é especificamente tratada. O médico veterinário deve primeiro tratar a doença que está causando a anemia. Uma vez que a doença esteja sob controle, repetidos testes de sangue são necessários para determinar se as células vermelhas do sangue estão sendo produzidas. Em alguns casos severos, o gato vai precisar de uma transfusão de sangue, mesmo após a doença estar sob controle.

Gatos que sofrem de anemia como resultado de traumas geralmente também precisam de transfusões sanguíneas. Alguns veterinários recomendam dar suplementos de ferro, não como uma cura, mas sim como medida preventiva para garantir a produção de glóbulos vermelhos saudáveis. Certos esteróides podem ajudar no estímulo ao apetite e também existem remédios que parecem estimular a produção de eritropoietina.

Com um bom diagnóstico e tratamento, seu gato pode se recuperar da anemia felina. Mas é importante visitar seu veterinário ao primeiro sinal de doença, já que a anemia felina é sintoma de uma doença ainda mais grave.



Fonte:

Como escolher brinquedos ecologicamente corretos para seu mascote


Amar os nossos animais de estimação e cuidar so planeta são ações que andam de mãos dadas. Felizmente, os brinquedos para mascotes frequentemente são ecológicos. Um brinquedo que contenha materiais ecológicos, feitos por uma empresa dedicada à "ecologização" da sua produção, não é garantia de que um brinquedo para um animal de estimação é saudável, mas é um passo na direção certa. Aqui estão 7 dicas sobre como escolher um brinquedo ecologicamente correto, e seguro, para seu mascote.


Verifique o rótulo
- onde foi feito? Verificou-se que brinquedos feitos em lugares distantes como a China contêm metais pesados e substâncias químicas tóxicas. Você pode estar bastante certo de que, se os brinquedos são feitos com materiais tóxicos, a sua produção gera subprodutos tóxicos, que são más notícias para todo o planeta. É claro que isto não significa que todos os brinquedos para animais de estimação, provenientes da China, contêm compostos tóxicos. 


Esteja atento a todos os recall, visite sites de notícias relacionadas a bichinhos de estimação para saber as últimas notícias.

Verifique o rótulo - de que o brinquedo é feito? É feito com materiais orgânicos certificados? O rótulo só diz "orgânico", ou apenas diz que é "natural"? O termo "orgânico", por si só, pode ser confuso e significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Se as matérias são orgânicos certificados, significa que cumprem rigorosas exigências estabelecidas. Os fabricantes que alegam que seus brinquedos são "naturais" não estão dizendo a você muito sobre seu produto - informe-se mais.

Verifique o rótulo uma última vez - há informações sobre a empresa? A empresa informa esforços feitos em favor do meio-ambiente? Participa de alguma organização dedicada a práticas ecológicas? As empresas que se preocupam realmente com o nosso meio ambiente, na maioria das vezes, informarão a você o que estão fazendo para ajudar a melhorá-lo. Relatar este envolvimento é um grande instrumento de marketing, além de mostrar que a empresa coloca em prática os seus discursos.

Cheire e toque o brinquedo. O brinquedo cheira a produtos químicos ou é áspero ao toque? Brinquedos para animais de estimação não devem ter um cheiro químico forte - isto pode indicar resíduos químicos nos materiais que compõem o brinquedo.

Os brinquedos para animais de estimação também deve ser bons ao toque.
 Afinal, o seu animal de estimação vai mastigá-lo! Tecidos ásperos podem conter matérias plásticas e tecidos sintéticos que são insalubres para mastigar. A produção de plásticos e de muitos materiais sintéticos gera subprodutos que não são favoráveis ao meio ambiente.

Evite brinquedos fortemente tingidos. Qualquer brinquedo que solta tinta quando está molhado certamente vai desprender corantes na boca do seu animal de estimação. Os corantes de tecido não são testados para o consumo. As pessoas não "comem" tecido, mas os animais de estimação comem! Os corantes para tecido contêm metais pesados e produtos químicos fortes. 

Estes corantes também são nocivos ao meio ambiente, e se desprendem durante a produção primária de tecidos coloridos. Este processo ocorre com mais freqüência em comunidades do terceiro mundo e tem sido responsável pela destruição de muitas fontes de abastecimento de água das comunidades.

Evite brinquedos que foram tratados com retardadores de fogo ou anti-manchas.
Às vezes, contêm formaldeído e outras substâncias químicas indesejáveis.

Você acha que os trabalhadores que fizeram o brinquedo receberam salários justos? 

O brinquedo é realmente pouco dispendioso, mas provavelmente envolveu muito trabalho para ser feito? Se assim for, os trabalhadores podem ter sido expostos a condições de trabalho que envolve sobrecarga. As condições de trabalho com sobrecarga raramente são favoráveis ao meio ambiente. Afinal, se uma empresa não se preocupa com seus trabalhadores, por que se importaria com a Terra?


No final, práticas benéficas ao meio ambiente são como a regra de ouro - "Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você." Isto tem a ver com os nossos animais de estimação e seus brinquedos, de muitas maneiras. Se nos preocupamos com as outras pessoas - importamo-nos se elas trabalham em condições seguras não tóxicos, e que as suas comunidades são protegidos contra danos - então os brinquedos de seu bichinho de estimação certamente serão mais seguros e infundidos com amor e carinho. Certamente este é o aspecto principal das práticas favoráveis ao meio ambiente. Estamos todos juntos nisto (ou nesta Terra)


Fonte:

Cientistas comprovam que poeira de casas com cães ajuda contra alergias na infância

Tecnociencia cachorro2


A exposição à poeira 
de casas com cães pode modificar a composição da microbiota – a comunidade de micróbios – do intestino e proteger contra alergias e asma, segundo estudo de pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá (PNAS, dezembro).


Os autores desse trabalho já tinham verificado que crianças de casas com cães eram menos propensas a desenvolver alergias na infância do que as que moravam em casas sem animais. Depois viram que a poeira coletada 
de casa com cães continha uma variedade maior de bactérias do 
que a de casa sem animais domésticos.

Agora eles mostraram que a poeira de casas com cães ajuda a deter 
a inflamação alérgica. Camundongos jovens que receberam poeira 
de casas com cães apresentaram uma proteção maior contra substâncias causadoras de alergia (alérgenos) retiradas de baratas, 
em comparação com animais alimentados com poeira de casa sem cães. Os pesquisadores verificaram que a poeira da casa com cães alterou a microbiota intestinal, aumentando a população da bactéria Lactobacillus johnsonii. 


Em seguida, 
os animais que receberam L. johnsonii 
apresentaram uma resposta alérgica mais amena, quando expostos a alérgenos de barata ou vírus respiratório sincicial, dois fatores de risco para a asma em crianças. 

Os especialistas vislumbram novas possibilidades de tratamento de alergias 
e infecções pulmonares 
a partir desse estudo, caso os resultados sejam aplicáveis a seres humanos.

Fonte:


Rotas alternativas: Esforço de pesquisa para substituir o uso de animais em testes começa a mostrar resultados

Zebrafish e Galleria mellonella, cuja larva pode substituir animais em testes de toxicidade: modelos alternativos
Pele cultivada artificialmente por pesquisadores da USP : objetivo é criar kit comercial para testes de cosméticos

Ganha musculatura no país uma articulação entre laboratórios públicos, grupos de pesquisa e órgãos governamentais para reduzir ou substituir o uso de animais em testes de segurança e eficácia de produtos. O esforço foi deflagrado em 2012, com a criação pelo governo federal da Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama) e o lançamento de uma chamada de projetos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que contemplou 10 projetos de pesquisa no âmbito da Renama. Todos estão em andamento e têm focos diversos, como a produção de kits de pele artificial para testes de sensibilidade de cosméticos, estudos com larvas capazes de substituir mamíferos em exames de toxicidade ou a redução do número de roedores no controle de qualidade de vacinas. Três laboratórios fazem parte do núcleo central da Renama. Um deles é o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas. Os outros ficam no Rio de Janeiro: o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, e o  Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Em março, essa estrutura ainda em fase de consolidação foi desafiada a cumprir uma meta ambiciosa: dar suporte para a substituição progressiva, nos próximos cinco anos, do uso de animais em testes, sempre que existir uma alternativa validada. Para novos métodos ainda não validados, esse processo envolverá o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam) e toda a estrutura da Renama. A substituição foi decidida pelo Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea), instituição colegiada vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável desde 2009 por estabelecer normas para a experimentação animal no Brasil e substituir animais para propósitos científicos e didáticos quando existirem recursos alternativos. Em maio, o Concea recebeu do Bracvam a primeira recomendação de métodos alternativos já validados e aceitos internacionalmente. São 17 técnicas, que envolvem sensibilidade cutânea, potencial de irritação e corrosão ocular e toxicidade. “A resolução permitirá que o país efetivamente adote métodos alternativos em testes de agrotóxicos, cosméticos e medicamentos”, diz o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro.
O maior potencial para a substituição de animais por métodos alternativos não está nas pesquisas científicas de cunho acadêmico, mas sim nos testes exigidos pelas agências regulatórias para garantir a segurança e a eficácia de produtos. “Os experimentos com animais feitos para averiguar hipóteses científicas são idealizados de forma independente pelos pesquisadores: cada um tem a sua pergunta específica e idealiza um conjunto peculiar de experimentos para respondê-la. Portanto, é muito mais difícil padronizá-los”, explica Eduardo Pagani, pesquisador e gerente de desenvolvimento de fármacos do LNBio. “Já os testes exigidos por agências do mundo inteiro para cosméticos e outros produtos são sempre feitos de acordo com métodos padronizados. Neles, há mais espaço para propor alternativas que não usem animais”, observa. A exigência dos testes in vivo para registro de medicamentos e cosméticos começou na década de 1960, após o conhecido acidente com a substância talidomida. O medicamento foi vendido no mundo todo com a indicação de combater o enjoo em grávidas. Milhares de mães que usaram o remédio tiveram filhos com deformações. Já o movimento para substituir os modelos animais por métodos alternativos ganhou força em 2003, quando a Europa propôs o banimento do uso em testes de cosméticos, e demorou duas décadas para ser implementado.
© EDUARDO CESAR
Produção de pele artificial pelo grupo da professora Silvya Stuchi-Maria Engler, da USP
Produção de pele artificial pelo grupo da professora Silvya Stuchi-Maria Engler, da USP
Os projetos sobre métodos alternativos apoiados pelo MCTI em 2012 foram divididos em duas vertentes. Numa delas, a meta foi identificar grupos que já trabalhavam com métodos alternativos e apoiar estudos realizados por eles. Nove projetos de grupos de São Paulo, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram selecionados. Uma segunda vertente tinha foco específico: desenvolver competência no Brasil para produzir em escala industrialkits de pele humana cultivada, utilizados pela indústria de cosméticos para testes de segurança de seus produtos, mas cuja importação se tornou um problema no Brasil. Acontece que os kits com células vivas deterioram em poucos dias e a demora nos trâmites alfandegários frequentemente inviabiliza sua aquisição – o que leva as indústrias a realizar tais testes no exterior.
O projeto contemplado foi o de um grupo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, liderado por Silvya Stuchi-Maria Engler, que começou a produzir pele artificial em meados dos anos 2000, com apoio da FAPESP (ver Pesquisa FAPESP nº 166). Produzida a partir de células retiradas de doadores, a pele reproduz os mesmos tecidos biológicos da humana e pode ser utilizada para avaliar a toxicidade e a eficácia de novos compostos para fármacos e produtos cosméticos. Originalmente, a pesquisa sobre pele cultivada buscava dar suporte a outra linha de investigação em que Silvya está envolvida: o estudo de moléculas capazes de deter o melanoma, tumor de pele muito agressivo. “Logo percebemos que a pele poderia ajudar as empresas”, afirma. “Oskits são uma alternativa para testes de cosméticos, mas é bom lembrar que o uso de animais segue imprescindível, por exemplo, em testes para o desenvolvimento de medicamentos”, observa Silvya.
O Instituto Butantan, com sua vocação para desenvolver e produzir soros e vacinas, vem diminuindo a quantidade de animais, como camundongos e cobaias, utilizados para o controle de qualidade. Esse esforço já levou, entre outros avanços, à redução em mais de 60% do uso de camundongos em testes de qualidade da vacina recombinante contra a hepatite B, graças à criação de um teste imunoenzimático com funções equivalentes. O trabalho do instituto habilitou-o a apresentar um projeto no edital da Renama, envolvendo vários métodos alternativos para controle de qualidade de vacinas e soros. Numa das frentes de pesquisa, o objetivo é reduzir o número de animais nos testes em lotes da vacina de difteria e tétano, com a adoção de um ensaio in vitro para detectar a atividade imunogênica. Em outra, a meta é substituir ensaios em cobaias por ensaios em células no controle da anatoxina diftérica – toxina da difteria que mantém atividade imunogênica, embora não seja mais tóxica. Um terceiro foco é a adaptação para vacinas produzidas pelo instituto de um kit que substitui o uso de coelhos em testes de pirogênios, contaminantes que causam febre e podem ser oriundos de microrganismos ou aglomerados proteicos. Em quarto lugar, procura-se reduzir o uso de camundongos na sorologia para vacina de coqueluche – a ideia é utilizar para a doença os mesmos animais usados para dosar anticorpos contra difteria e tétano. A redução do número é sensível: de 170 animais por lote de vacina para apenas seis cobaias.
Por fim, o Butantan já está obtendo êxito em uma técnica com potencial para substituir o uso de camundongos por um ensaio imunoenzimático numa etapa da produção da vacina contra a raiva. “A redução e a substituição de animais é um caminho sem volta”, diz o químico Wagner Quintilio, pesquisador do Butantan responsável pelo projeto. “Existe a pressão da sociedade e dos comitês de ética em pesquisa, que não permitem o uso exagerado de animais. Há também a pressão econômica. Criar os animais em condições adequadas custa caro e ocupa muito espaço”, afirma.
© EDUARDO CESAR
Pele artificial
Pele artificial
Já o projeto do grupo liderado pela micologista Maria José Giannini, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), prevê a criação do Centro para o Desenvolvimento e Validação de Métodos Alternativos (Cedevam), a fim de criar e testar técnicas que reduzam o uso de animais. Maria José é supervisora da pós-doutoranda Liliana Scorzoni, responsável por uma pesquisa sobre modelos capazes de substituir mamíferos por outros organismos em testes de virulência de micróbios e a eficácia de drogas. O front mais adiantado é o do Galleria mellonella, espécie de inseto lepidóptero, cuja larva é útil para verificar a atividade de determinadas substâncias. “É de fácil manuseio e pode minimizar o uso de animais”, diz Maria José, que também é membro do Conselho Superior da FAPESP. “A larva tem células semelhantes às do sistema imunológico. Quando se injeta uma substância tóxica, ela reage e escurece”, afirma. A expectativa é de que o Galleria substitua outros animais, como ratos e camundongos, em pelo menos alguma etapa dos testes de toxicidade e virulência.
Outro modelo alternativo na mira do grupo da Unesp é o C. elegans, nematódeo de um milímetro de comprimento sensível à infecção por bactérias e fungos patógenos. “Tem um sistema imune para o reconhecimento e a eliminação de patógenos com alta semelhança ao dos vertebrados. Além disso, seu genoma foi completamente sequenciado, o que ainda não é o caso do Galleria”, afirma Maria José. Os dois modelos estão sendo testados para avaliar a virulência de fungos Paracoccidioides, endêmicos na América Latina. Outros modelos, como o do peixe zebrafish, serão testados. Em 2010, a Pró-reitoria de Pesquisa da Unesp, cuja titular é a professora Maria José, organizou em São Paulo um fórum internacional para discutir alternativas a testes de toxicidade com animais, que trouxe autoridades como Thomas Hartung, diretor do Centro de Alternativas aos Testes em Animais, da Universidade Johns Hopkins. “A busca de modelos alternativos é importante também para desenvolver métodos mais eficientes. Modelos animais têm limitações e, às vezes, não são suficientes para garantir a segurança, como se pode ver com medicamentos aprovados que acabam retirados do mercado”, diz Maria José.
A decisão do Concea de impulsionar o reconhecimento de métodos alternativos validados foi uma resposta a uma petição da organização não governamental Humane Society International, que reivindicava o banimento de ensaios em animais para cosméticos. No estado de São Paulo, ensaios em animais para cosméticos estão proibidos por uma lei estadual sancionada em janeiro de 2014. O Concea, que não aceitou o pedido, entendeu que acelerar a implantação de técnicas alternativas promoverá maior redução no uso de animais que apenas a proibição exclusiva do uso de animais para análise de cosméticos, já que praticamente não se usam mais animais para este fim. “O banimento completo colocaria em xeque a segurança da população”, diz o médico e biofísico Marcelo Morales, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-coordenador do Concea. “Ele pode inviabilizar o desenvolvimento de cosméticos com ingredientes novos ou moléculas descobertas na nossa biodiversidade que contenham contaminantes desconhecidos”, afirma. Luiz Henrique do Canto Pereira, coordenador-geral de biotecnologia e saúde do MCTI, afirma que o banimento poderia prejudicar a estratégia definida pelo MCTI de substituir, reduzir e refinar o uso de animais em testes sempre que isso for possível. “A campanha pelo banimento atropela o esforço que estamos fazendo desde 2011, quando começamos a conceber essa iniciativa, para organizar no país uma rede estruturada, capaz de validar e disseminar de forma mais ampla os métodos alternativos, incluindo não apenas cosméticos mas também fármacos e agrotóxicos”, afirma. “Mesmo na Europa há salvaguardas que permitem a realização de testes se houver riscos à saúde da população.”
© EDUARDO CESAR
Zebrafish e Galleria mellonella, cuja larva pode substituir animais em testes de toxicidade: modelos alternativos
Zebrafish, cuja larva pode substituir animais em
testes de toxicidade: modelos alternativos
Há quem veja certo açodamento no prazo de cinco anos para a substituição estipulado pelo Concea. “Começamos recentemente a investir no desenvolvimento de métodos alternativos aqui no Brasil e agora corremos o risco de morrer na praia se não tivermos resultados imediatos”, diz Maria José Giannini, da Unesp. “As empresas, pressionadas pelo prazo, poderão importar técnicas em vez de usar a expertisenacional. Isso já acontece hoje. Empresas de cosméticos afirmam que não fazem testes com animais no Brasil. Mas fazem em outros países, para garantir a segurança dos produtos”, explica.
A expectativa de Octavio Presgrave, coordenador do Bracvam, é de que práticas aceitas internacionalmente tenham aprovação rápida. “Para a validação interna será necessário demonstrar que os registros já obtidos no exterior se reproduzem em testes feitos nos nossos laboratórios”, afirma Presgrave, que é pesquisador do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Segundo ele, o prazo de cinco anos é factível. “É tempo suficiente para que as empresas e laboratórios se adaptem”, diz. Em outros casos, o trabalho do Bracvam será mais demorado. É o caso, por exemplo, do protocolo Het-Cam, que busca substituir o uso de coelhos por uma membrana do ovo de galinha na identificação de compostos corrosivos ou muito irritantes. O método, criado na Europa em 1985, é aceito apenas como pré-teste na França e na Alemanha. O processo do Het-Cam será o primeiro estudo de validação no Brasil seguindo preceitos internacionais, afirma Presgrave. “Quando deixamos de usar animal num teste, há um ganho ético importante. Mas um novo método também significa criar conhecimento. Desenvolvemos inovações na busca de métodos mais fidedignos e sensíveis”, afirma.
Em outra frente para reduzir o uso de animais em testes de laboratório, o LNBio recebeu recursos do MCTI para criar um núcleo de testes in silico, para reduzir o uso de animais na pesquisa de medicamentos. In silico refere-se ao silício utilizado em circuitos integrados e significa “em computador”. Essa expressão foi criada em analogia às expressões in vivo e in vitro, utilizadas há bastante tempo. Testes in silico envolvem simulações em computador para avaliar, por exemplo, se moléculas candidatas a novos medicamentos têm realmente essa vocação. “O computador pode comparar a estrutura da molécula candidata com a de outras já testadas e cujas características estão armazenadas em bancos de dados para definir se vale a pena prosseguir com seu desenvolvimento”, diz Eduardo Pagani, do LNBio. Estes testes também podem ajudar a avaliar se uma determinada molécula, mesmo com potencial, tem mesmo chances de ser absorvida pelo organismo se administrada, por via oral. Estimativas clássicas dão conta de que de 5 mil a 10 mil moléculas são inicialmente avaliadas para potencial atividade em um alvo; 250 são sintetizadas e iniciam testes em animais; cinco iniciam os testes clínicos em humanos e apenas uma chega ao mercado como medicamento. “A ideia dos testes in silico é diminuir ainda mais o número de substâncias que são submetidas a testes em animais pela eliminação rápida daquelas que se mostrarem inviáveis. Trata-se de um filtro que evita o desperdício de tempo, recursos financeiros e principalmente o uso injustificável de animal em projetos previsivelmente destinados ao fracasso.”
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Cultura de células para o ensaio de citotoxicidade para anatoxina diftérica que substitui o uso de cobaias no controle de qualidade da vacina contra difteria
Cultura de células para o ensaio de citotoxicidade para anatoxina diftérica que substitui o uso de cobaias no controle de qualidade da vacina contra difteria
O LNBio divulgou no mês passado os resultados de um edital que franqueou a empresas, institutos de pesquisa e universidades a possibilidade de realizar testes in silico no laboratório. Foram recebidas 19 propostas de sete empresas. “Todas foram aprovadas e, nos próximos meses, vamos iniciar os testes”, diz Tiago Sobreira, pesquisador de bioinformática do LNBio responsável pela parte operacional dos testes in silico. As empresas manifestaram o interesse de participar da chamada e agora negociarão os termos dessa participação, que inclui a proteção de segredos industriais. Entre os contemplados estão laboratórios, como Farmanguinhos, Cristália e Eurofarma, e indústrias de cosméticos, como Boticário e Natura. “Quem desenvolve fármacos diz que demora 15 anos e custa R$ 1 bilhão para colocar um produto no mercado. O Brasil tem um déficit comercial farmacêutico de R$ 6 bilhões por ano. Precisamos gerar um esforço público para os brasileiros desenvolverem remédios aqui”, diz Pagani.
A implementação de métodos alternativos depende da existência de laboratórios reconhecidos nas chamadas boas práticas de laboratório (BPL), mas eles ainda são poucos no Brasil. “As boas práticas contribuem para a rastreabilidade e, portanto, para a confiança no estudo realizado. A confiabilidade dos métodos alternativos também será garantida pela realização de comparações entre os laboratórios da Renama”, diz o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro, responsável por essa área no Inmetro. Recentemente, o Inmetro coordenou uma comparação entre cinco laboratórios da rede, com apoio de uma consultoria internacional com experiência – Centro Europeu para Validação de Métodos Alternativos (Ecvam, na sigla em inglês) –, cujos resultados estão sendo analisados.
A ampliação dos estudos sobre métodos alternativos dependerá de um reforço no financiamento aos grupos de pesquisa envolvidos, observa Luiz Henrique Canto, do MCTI. “Conseguimos desenhar uma estrutura e começamos a avançar e o MCTI vem envidando todos os esforços, inclusive buscando apoio no Congresso por meio de emendas parlamentares, para o fortalecimento da Renama. Acreditamos que essa iniciativa poderá beneficiar em muito o desenvolvimento científico e tecnológico do país na área das ciências da vida”, afirma.
Fonte:

Os vilõezinhos da leishmaniose

Ratos silvestres são hospedeiros do micróbio da doença tropical
Um estudo desenvolvido nos últimos cinco anos sob a coordenação do parasitologista Jeffrey Jon Shaw, da Universidade de São Paulo (USP), comprovou pela primeira vez que dois pequenos roedores – o rato-do-mato (Bolomys lasiurus ) e o rato-preto (Rattus Rattus ) – são os animais silvestres que carregam naturalmente o protozoário Leishmania (Viannia) braziliensis , causador da leishmaniose tegumentar americana (LTA). Essa é a forma mais comum de leishmaniose em seres humanos no país.
A descoberta permitirá compreender melhor o ciclo do parasita e sua transmissão do hospedeiro natural ao homem. Também abre caminho para novas propostas de combate à leishmaniose, pois um dos fatores que inibia as medidas de controle era a falta de informação sobre os hospedeiros silvestres da L. (V.) braziliensis , espécie do protozoário encontrada no país todo. A identificação dos hospedeiros, também chamados reservatórios, é importante porque é neles que o parasita encontra condições para se reproduzir.
Medicamentos tóxicosA LTA é uma enfermidade de tratamento longo e também difícil, pois requer medicamentos muito tóxicos: antimonial pentavalente e anfotericina B, que podem causar insuficiência renal aguda, e pentamidina, associada ao surgimento de diabetes mellitus. A LTA pode manifestar-se de duas formas: cutânea e mucocutânea. A primeira provoca feridas na pele, em número e tamanho variados – desde uma lesão semelhante a uma espinha até grandes úlcerações. A forma mucocutânea é mais agressiva: destrói mucosas e cartilagens da boca, do nariz e da garganta, causando deformidades, embora dificilmente seja fatal.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a leishmaniose é uma das seis doenças infecto-parasitárias mais importantes. Calcula-se que surjam 1,5 milhão de casos por ano e existam 12 milhões de pessoas contaminadas no mundo. No Brasil, é um problema de saúde pública que se expande em todas as regiões: entre 1985 e 2000, atingiu 422,5 mil pessoas e nos últimos dois anos foram detectados 66,8 mil novos casos da doença, que permanece sem controle.
Caça ao parasitaProfessor do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, Jeffrey Shaw estuda os protozoários do gênero Leishmania desde que se mudou para o Brasil, em 1965. Foram 30 anos de trabalho, iniciado por uma fatalidade, até a recente identificação dos hospedeiros naturais do parasita, em pesquisas de campo feitas nos Estados de São Paulo e Pernambuco. Embora desde a década de 70 houvesse estudos que apontavam roedores e marsupiais como possíveis reservatórios do L. (V.) braziliensis , nenhum deles comprovou que o protozoário encontrado nos animais fosse dessa espécie. Shaw considera que ter identificado os dois roedores como hospedeiros naturais do parasita foi um dos fatos mais memoráveis de sua vida.
Entre 1965 e 1994, Shaw investigou as espécies do protozoário existentes na Amazônia, estudando o ciclo de vida dos parasitas, seus possíveis reservatórios e os prováveis vetores – os insetos transmissores dos parasitas. Finalmente, para estudar a LTA causada pelo L. (V.) braziliensis , teve de sair da Amazônia e voltar-se para regiões dos Estados de São Paulo e Pernambuco, onde a infecção por essa espécie era endêmica e não havia registro da doença causada por outras espécies de Leishmania .
A tarefa envolveu uma caçada nas áreas próximas às cidades de três regiões paulistas e um município da Zona da Mata em Pernambuco. Em busca do protozoário, a equipe de Shaw capturou nessas áreas 770 exemplares de animais silvestres de cerca de 20 espécies e 79.446 insetos do grupo dos flebotomíneos – chamados vetores, pois transmitem os parasitas de um hospedeiro para outro. O resultado mais importante veio da parte do projeto desenvolvida em Pernambuco de 1996 a 2000, em colaboração com Sinval Brandão Filho, do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – unidade da Fundação Oswaldo Cruz no Recife.
Zona da MataShaw e Brandão estudaram a leishmaniose no município de Amaraji, área de colonização antiga a cerca de 100 quilômetros do Recife, na porção sul da Zona da Mata. A vegetação local é formada por resquícios de Mata Atlântica, hábitat original dos insetos vetores. Nos últimos 15 anos, registra-se em Amaraji o maior número de casos novos de LTA em Pernambuco.
Os pesquisadores analisaram o material coletado em lesões de pessoas e animais domésticos – cães, cavalos e jumentos – com suspeita de LTA. No período, foram registrados 309 novos casos em humanos: desses, foram analisados 205 casos e em 30 deles comprovou-se que o agente causador era o L. (V.) braziliensis . Em relação aos animais domésticos incluídos na pesquisa, o teste com a técnica da reação de cadeia de polimerase (PCR) mostrou que cerca de 20% dos 61 cães e 14% dos 58 eqüinos testados apresentaram infecção por Leishmania . No entanto, os exames não permitiram comprovar a espécie do protozoário.
Também foram coletados insetos flebotomíneos, além de animais silvestres e mamíferos que vivem próximos às habitações. A captura foi feita em três espaços físicos: interior das casas, proximidades (área externa das casas e estábulos) e ambiente silvestre (plantações e resquícios de floresta). Foram apreendidos 588 exemplares de roedores e marsupiais, num totalde 11 espécies. A grande maioria era formada por três espécies de roedores silvestres: rato-d´água (Nectomys squamipes ), rato-do-mato (Bolomys lasiurus ) e rato-preto (Rattus rattus ).
Os pesquisadores extraíram material de 460 desses animais silvestres para submeter ao teste da PCR, feito em colaboração com Lucile Floeter-Winter, do Departamento de Parasitologia do ICB-USP, e Edna Ishikawa, do Instituto Evandro Chagas de Belém. O resultado mostrou que cerca de 18% deles (81 roedores) eram positivos para leishmaniose. Apesar disso, o exame não permitiu identificar a espécie do parasita – apenas o subgênero Viannia . “Embora não dê para garantir, a chance de o agente causador da leishmaniose ser da espécie L. (V.) braziliensis é de 99% nessas regiões”, revela Shaw.
Culpados e suspeitoPara não deixar dúvida, os parasitas isolados de animais com resultado positivo da PCR foram testados com anticorpos monoclonais. Além disso, no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, a pesquisadora Elisa Cupolillo tentou identificar as mesmas amostras de protozoário com uma técnica que usa enzimas específicas para aquela espécie. Os testes demonstraram que em seis roedores – cinco ratos-do-mato e um rato-preto – o parasita encontrado era da espécie L. (V.) braziliensis . Embora o protozoário não tenha sido isolado no rato-d´água, ele permanece sob suspeita, devido aos resultados positivos da PCR.
Além da identificação do rato-do-mato e do rato-preto como reservatórios, o trabalho levantou dados que sugerem o possível caminho percorrido pelo parasita até o homem. Todos os ratos-d´água, por exemplo, foram capturados em ambiente silvestre. Uma pequena parcela (3%) dos ratos-do-mato foi encontrada nas proximidades de casas. Já com o rato-preto ocorreu o inverso: 10% apanhados em ambiente silvestre, 64% nas proximidades das moradias e o restante no interior delas.
Esses dados levam à seguinte hipótese para a evolução epidemiológica da doença: pouco a pouco, os insetos vetores daLeishmania a transmitiram dos reservatórios silvestres para outros roedores que vivem próximos aos domicílios. A transmissão prosseguiu até chegar aos animais domésticos e ao homem. No caso de Pernambuco, embora não se tenha conseguido isolar o protozoário nos 5.626 insetos flebotomíneos dissecados, o provável vetor do parasita é o Lutzomyia whitmani , a espécie mais abundante da região, com 98% dos 64.806 insetos coletados. Há evidências de que a contaminação do homem ocorra principalmente nas proximidades das casas.
Mudança de hábitatA parte paulista do estudo foi desenvolvida nos municípios de Ilhabela, São Sebastião, Iguape e Eldorado (na Planície Costeira), Itupeva (Planalto Atlântico) e Araçatuba e Guararapes (Planalto Ocidental). Os resultados não foram tão conclusivos como os de Pernambuco. Não foi possível, por exemplo, isolar o parasita em animais silvestres ou domésticos nem no homem. Mas o teste da PCR registrou casos positivos para oLeishmania do subgênero Viannia .
O trabalho, que resultou na tese de doutorado defendida ano passado por José Eduardo Tolezano no ICB-USP, também aponta algumas mudanças na situação da leishmaniose em relação à primeira metade doséculo 20. Até a década de 50, a LTA era considerada doença ocupacional no Estado. Afetava principalmente homens em idade produtiva que trabalhavam em atividades relacionadas à expansão econômica e à ocupação do interior, em áreas desflorestadas.  A partir da ação humana e da destruição da vegetação original, contudo, esse padrão começou a mudar. Na segunda metade do século, a eliminação progressiva da mata original alterou o hábitat do vetor do protozoário e a distribuição do inseto.
Atualmente, surtos de leishmaniose ocorrem em áreas abertas, fora da floresta. Com base em dados coletados no Vale do Paraíba, Tolezano sugere que, nos ambientes modificados, o provável vetor seja o inseto Lutzomyia intermedia , enquanto, na floresta, duas outras espécies -Lutzomyia fischeri e Lutzomyia ayrozai – desempenhem esse papel.
Próximos passosA pesquisa faz parte de um projeto temático de três anos financiado pela FAPESP, com apoio do Ministério da Saúde, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação). Já resultou em duas teses de doutorado e em artigo publicado em 1999 na revista Transactions of the Royal Society of  Tropical Medicine and Hygiene . Os detalhes da descoberta serão divulgados num artigo preparado por Shaw e Brandão em colaboração com seis outros pesquisadores, que deve ser submetido para publicação na revista britânica Nature .
De agora em diante, os pesquisadores tentarão isolar o L. (V.) braziliensis nas outras espécies em que o resultado da PCR foi positivo e avaliar a distribuição dos animais nas regiões em que foram capturados. Também estudarão o processo de adaptação do protozoário às mudanças ecológicas dos locais analisados. “Seria ingênuo pensar que em cinco anos elucidaríamos a complexa relação parasita-hospedeiro de uma das formas mais comuns da leishmaniose na América Latina”, acrescenta Shaw, já satisfeito com o que obteve.
Infectado em Londres, foi pesquisar em Belém
Jeffrey Jon Shaw começou a estudar leishmaniose por acaso. No final dos anos 50, era aluno de doutorado na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Inglaterra. Como não gostava do frio londrino, o orientador Percy Garnham sugeriu-lhe que fosse estudar protozoários comuns na América Central. Ele acatou a idéia.
Depois de algum tempo na região, surgiram em seu pescoço feridas que não conseguia curar. Em busca do diagnóstico, Shaw, então com 22 anos, retornou a Londres. Passou três semanas internado no hospital da universidade em que era aluno, mas os médicos não conseguiram identificar a causa das lesões. Ralph Lainson, um cientista amigo, levantou a suspeita de leishmaniose.
Os exames do hospital deram negativo, mas testes feitos pelo próprio pesquisador confirmaram a suspeita. “Estou numa escola de medicina tropical e ninguém conhece a doença. Vou estudá-la”, decidiu Shaw, que confessa ter-se apaixonado pelo assunto. Por indicação do amigo, veio em 1965 para o Instituto Evandro Chagas, de Belém, onde ficou até transferir-se para a USP, em 1994.
O PROJETOEcoepidemiologia da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil – Estados de São Paulo e de Pernambuco. Áreas Endêmicas de Colonização Antiga, orrespondentes à Zona da Mata Atlântica
MODALIDADE
Projeto temático
Coordenador
Jeffrey Jon Shaw – Instituto de Ciências Biomédicas da USP
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