quinta-feira, 23 de junho de 2016

Melatonina reduz metástase em animais com câncer de mama


Ao tratar com melatonina células metastáticas de câncer de mama cultivadas in vitro, pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) observaram uma redução em torno de 55% na capacidade de migração e invasão celular. Experimentos feitos com camundongos mostraram que o tratamento também é capaz de diminuir a progressão da doença in vivo.

Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados no Journal of Pineal Research.

“Esses dados reforçam a hipótese, já apontada em estudos anteriores do grupo, de que doses terapêuticas de melatonina – acima do que normalmente é encontrado no organismo humano – poderiam funcionar como adjuvante no tratamento do câncer”, afirmou Thaiz Ferraz Borin, que desenvolveu o trabalho durante seu pós-doutorado, realizado no Laboratório de Investigação Molecular do Câncer (LIMC-Famerp) sob supervisão da professora Debora Zuccari.

A melatonina é um hormônio secretado naturalmente pela glândula pineal, localizada no cérebro, e participa da regulação do ciclo de sono e vigília em todos os mamíferos. Estudos recentes têm mostrado que ela também ajuda a regular outros importantes processos, como pressão arterial, ingestão alimentar, gasto energético, síntese e ação da insulina nas células.

O grupo coordenado por Zuccari na Famerp vem há alguns anos estudando, com auxílio da FAPESP, o efeito da melatonina sobre o câncer – particularmente sobre um tipo agressivo de tumor de mama conhecido como triplo negativo, que não responde nem ao tratamento antiestrogênico, nem à quimioterapia, nem à radioterapia e tem maior tendência a formar metástase (Leia mais em agencia.fapesp.br/17443/).

“Nós temos estudado como a melatonina afeta a angiogênese (formação de novos vasos que vão nutrir o tumor), o microambiente tumoral (que pode favorecer ou dificultar a passagem das células malignas para a circulação), a formação de metástase e a expressão de proteínas e de microRNAs importantes para a progressão da doença”, contou Zuccari.

Segundo a pesquisadora, o objetivo é entender por meio de quais mecanismos a melatonina atua, pois isso pode favorecer novas abordagens terapêuticas contra o câncer. “Já havia alguns trabalhos mostrando que ela inibia a metástase, por exemplo, mas não mostravam como isso acontecia”, disse Zuccari.

Esse foi o tema explorado durante o pós-doutorado de Borin. Os experimentos in vivo foram feitos nos Estados Unidos, graças a uma parceria com o pesquisador Ali Syed Arbab, atualmente na Georgia Regents University.

O grupo focou as atenções no efeito da melatonina sobre a expressão de ROCK-1 (proteína quinase associada a Rho, na sigla em inglês), molécula responsável por fornecer ATP (adenosina trifosfato, molécula que armazena energia) para a contração do citoesqueleto da célula, algo necessário para o processo de migração e invasão celular. Estudos anteriores já haviam mostrado que a expressão dessa proteína frequentemente está aumentada em células metastáticas.

“Nos trabalhos anteriores, um tumor primário de mama era induzido em animais e depois era observado se o tratamento com melatonina impedia ou não a formação de metástase. No nosso caso, injetamos sistemicamente células metastáticas em animais imunossuprimidos. Dessa forma, todos desenvolviam metástase pulmonar e nós pudemos observar o efeito do tratamento com melatonina”, disse Borin.

As células metastáticas de câncer de mama humano foram injetadas na veia caudal de camundongos, que então foram divididos em três grupos. O primeiro recebeu durante duas semanas injeções intraperitoneais de melatonina. O segundo recebeu durante o mesmo período injeções de uma substância chamada Y27632, capaz de inibir a síntese da proteína ROCK-1. O último grupo recebeu apenas placebo.


Após o término do tratamento os animais foram avaliados por uma metodologia conhecida como tomografia por emissão de pósitrons (SPECT, na sigla em inglês), na qual é administrado um radiofármaco que é mais absorvido por células com alta atividade mitocondrial, como as tumorais, que então tornam-se cintilantes no exame de imagem.

O grupo tratado com melatonina apresentou 40% menos metástase que o grupo placebo. Nos animais que receberam o inibidor de ROCK-1 a redução foi de 58%.

Em um outro experimento, animais tratados com melatonina durante cinco semanas apresentaram 25% menos metástase que o grupo que recebeu placebo. Neste caso não foi usado inibidor de ROCK-1.

“Essa substância Y27632 não pode ser usada como um medicamento, pois pode induzir morte celular se administrada por um período prolongado. Nós a usamos em um dos experimentos apenas para comprovar que o efeito antimetastático da melatonina estava relacionado com a produção de ROCK-1”, explicou Borin.

Ainda segundo a pesquisadora, ao comparar o tecido pulmonar dos grupos tratados com melatonina e com Y27632, notou-se que, no primeiro, o tumor estava mais localizado e o tecido pulmonar, mais bem preservado.

Nos experimentos in vitro, observou-se que a melatonina reduz em 50% a expressão de ROCK-1 e em 55% a capacidade de migração e invasão das células tumorais. A substância também inibiu a viabilidade e a proliferação das células em cultura.

Atualmente, a pesquisadora está investigando como a melatonina pode modular a ação de certos microRNAs – pequenas moléculas de RNA que não codificam proteínas, mas regulam a expressão dos genes codificadores – que normalmente estão superexpressos nas células metastáticas.

“Acreditamos que alguns desses microRNAs degradam genes com papel de suprimir tumores e que a melatonina pode reverter esse processo”, disse Borin.

Segundo Zuccari, também está nos planos do grupo a realização de ensaios clínicos com pacientes portadores de câncer de mama que não respondem a outros tratamentos.


Fonte:

Atropelamentos de animais aumentam no outono


Uma pesquisa da Universidade de Salamanca analisou os dados sobre atropelamentos de animais na última década em Castela e Leão, comprovando que aumentaram paulatinamente nos últimos anos e que se concentram em determinados pontos da rede viária, bem como em determinados momentos do ano. A corça, o javali e o cervo são as espécies que protagonizam a maioria das colisões com vertebrados, que aumentam no outono. Apenas 1% das redes viárias da região concentra mais de 20% dos acidentes. Burgos é a província em que estão registrados mais atropelamentos, seguida por Soria, León, Palencia e Zamora, enquanto nas demais províncias o problema é menor.


O trabalho originou a tese doutoral de Víctor Javier Colino Rabanal, intitulada “Contribuições à análise da mortandade de vertebrados em estradas”, que foi orientada por Salvador Peris e Miguel Lizana, professores da área de Zoologia da Universidade de Salamanca. A principal contribuição deste trabalho, segundo explicou a DiCYT seu autor, foi desenvolver uma metodologia que permitiu uma aproximação ao problema, já que uma análise detalhada contribui à busca de soluções.

O fato de que as colisões aumentem no outono parece estar relacionado com o período reprodutivo de espécies como o javali ou o cervo, de modo que estes animais “encontram-se mais ativos”, afirma Víctor Javier Colino, ainda que a época de acasalamento da corça seja a primavera e de que esta seja um dos vertebrados mais envolvidos em acidentes.

Ao entardecer e nas primeiras horas da noite é quando se produzem mais acidentes deste tipo. Ademais, um aspecto que chama a atenção dos pesquisadores é que nas fases da lua cheia também produz-se uma maior concentração de acidentes, quando a lógica leva a pensar o contrário. “Teoricamente, com mais luz vemos antes o animal que cruza e podemos frear”, indica Víctor Colino, mas vendo os resultados parece que outros fatores podem influenciar, como o fato de que esta luminosidade interfira na atividade dos animais ou no nível de prudência dos condutores.

Quanto às regiões nas quais se produzem os atropelamentos, predominam as paisagens em mosaico, ou seja, regiões que combinam distintos tipos de superfície: pastos, florestas, cultivos, etc. Este tipo de lugares variados são ideais para a maior parte da fauna, porque possuem distintos tipos de recursos de água e alimentação.

Regiões cercadas nem sempre funcionam
A tese analisa o caso de alguns animais. Por exemplo, os atropelamentos de lobos estão muito vinculados às variáveis do trânsito e, curiosamente, são mais numerosos em estradas com cercas. “O fato de uma via estar cercada nem sempre impede o acesso de um animal, ainda que a cerca esteja bem desenhada, em muitas ocasiões a execução não é a correta e, uma vez que o animal entra na estrada, tem dificuldade para sair”, comenta o especialista.

Para evitar os atropelamentos podem ser implementadas várias medidas cuja idoneidade depende das circunstâncias concretas de cada lugar. A cerca parcial pode ser uma delas, mas quando se converte em cerca total forma uma barreira que, como no caso do lobo, pode agravar o problema. As passarelas elevadas e submersas podem ser uma boa solução em muitos casos. A sinalização de perigo na estrada pode ser complementada com espelhos e outros dispositivos que refletem a luz dos carros ao campo e dissuadem os animais. Finalmente, é possível recorrer inclusive à alta tecnologia, com sensores de movimento que acendam sinais verticais nas estradas ao detectar animais nas proximidades, já que um dos problemas é que “não respeitamos os sinalização fixa”.

A documentação sobre a qual este trabalho foi realizado procede de acidentes da Guarda Civil e dados da Direção Geral de Trânsito (DGT), do Conselho de Fomento da Junta de Castela e Leão e dos ministérios de Fomento e Meio Ambiente, Meio Rural e Marino. A comunidade registra em média 5.000 atropelamentos por ano. A intensidade do trânsito é uma das variáveis mais importantes para determinar a quantidade de atropelamentos realizados em uma estrada, mas não é possível estabelecer uma correlação direta, já que “existem estradas em que o trânsito é tão intenso que os animais nunca cruzam, de modo a não ocorrer atropelamentos”, indica. Por essa razão, as estradas em que se produzem mais acidentes, além de estar em ambientes naturais com muitos animais, costumam ser as que tem uma densidade média de veículos.

Víctor Colino comenta a aplicação prática deste trabalho, que permite identificar pontos negros e atuar, já que com os dados coletados pôde desenhar mapas que mostram os pontos de maior conflito. No entanto, seria necessário realizar estudos sobre a rentabilidade de tomar certas medidas em alguns lugares, analisando os custos e benefícios, adverte.

Outras espécies
Este trabalho focou-se nos vertebrados, porque os atropelamentos de muitas espécies não são registrados, mas o cientistas sabem que algumas como o porco-espinho sofrem um grande declínio populacional devido a sua morte em estradas. O caso dos anfíbios é especialmente significativo, sobretudo em algumas espécies de sapo que em determinadas épocas do ano migram a açudes e concentram seu deslocamento em poucas noites. Definitivamente, para muitos animais a estrada está sendo convertida na “principal causa de mortandade unida à fragmentação do terreno”.




Fonte:
x

Homeopatia veterinária para tratar animais domésticos e silvestres é reconhecida pelo CFMV

Homeopatia pode ser usada para animais de estimação e silvestres Complexos homeopáticos podem ser borrifados sobre a água ou o alimento


Especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, a Homeopatia Veterinária permite tratar qualquer espécie animal, desde os domésticos e de produção (bovinos, pecuária de leite e de corte) até animais silvestres e os exóticos (iguanas, calopsistas). 

No caso dos animais de companhia e de trabalho, a Homeopatia Veterinária vai muito além de um tratamento quando surge uma doença. A médica veterinária Mônica Filomena explica que a homeopatia também trata as alterações comportamentais, como medo, agressividade, excesso de latido e até mesmo aqueles animais indóceis.

 “É um tratamento barato, sem efeitos colaterais de intoxicação pela droga e sem risco de resistência ao princípio ativo”, diz. Outro ponto positivo é a facilidade de administração. 

Os complexos homeopáticos podem ser borrifados sobre a água ou o alimento, misturado à ração ou suplemento mineral, no caso dos animais de produção. “Especificamente sobre os animais de produção, eles são criados em sistemas com menos estresse, sem necessidade de tomar injeções ou serem recolhidos toda hora no curral, porque recebem o medicamento via alimento no cocho”, explica a médica veterinária. Para quem acha que homeopatia demora para apresentar resultados, Mônica Filomena explica que não é bem assim. “Depende do tempo que o animal tem a doença. 

Se for uma doença crônica, como uma dermatite de anos, vai demandar de alguns dias a alguns meses. Problemas agudos ou comportamentais levam horas só para serem resolvidos. 

A estória de que homeopatia demora é mito”. A homeopatia atua bem em todos os casos clínicos em cães e gatos. Em alguns casos, os resultados são superiores aos dos tratamentos convencionais, com os medicamentos tradicionais.

 No caso dos distúrbios comportamentais, a homeopatia é, praticamente, a única solução. Medo de rojão, trovão, agressividade, latidos constantes, depressão pela viagem dos proprietários ou pela chegada de um bebê são alguns casos que podem ser tratados pela Homeopatia Veterinária. 

Congresso Brasileiro de Homeopatia

 O maior congresso de homeopatia do Brasil acontece a cada dois anos e reúne profissionais de todo o país. A 33ª edição acontece em Campo Grande (MS), entre os dias 3 e 6 de setembro de 2016. O evento é promovido pela Associação Médica Brasileira de Homeopatia (AMBH). 

Neste ano, junto com o Congresso, acontece O 13º Congresso Brasileiro de Homeopatia em Odontologia e o 1º Congresso de Atualização em Homeopatia Veterinária. As inscrições para o XXXIII Congresso Brasileiro de Homeopatia já estão abertas. Mais informações sobre o evento estão disponíveis em www.congressodehomeopatia.com.br.

Pesquisadores desenvolvem leite mais saudável


A adição de óleo de canola na ração de vacas leiteiras pode tornar o leite produzido pelos animais mais saudável e apresentar outros benefícios que não apenas os nutricionais, como diminuir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, autoimunes e inflamatórias.

Resultado de um projeto de pesquisa e de um estudo de mestrado feitos com apoio da FAPESP, o estudo levou à publicação de um artigo na revista PLoS One.

“Conseguimos melhorar a qualidade nutricional da gordura do leite produzido por vacas por meio da adição de óleo de canola à dieta dos animais”, disse Arlindo Saran Netto, professor da FZEA-USP e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

Eles adicionaram óleo de canola à ração de vacas para avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis do lipídeo na produção e na composição do leite e alterar a qualidade da gordura da bebida ao diminuir a concentração de ácidos graxos saturados e melhorar a proporção de ácidos graxos insaturados ômega 6 e ômega 3.

Os ácidos graxos saturados – ou gordura saturada – têm sido identificados como precursores de doença cardiovascular. Já os ácidos graxos insaturados – ou gordura insaturada –, como o ômega 6 e ômega 3, contribuem para reduzir os níveis de LDL (“mau colesterol”) e o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, apontam especialistas na área.

“O leite e outros produtos de origem animal têm sido apontados como vilões da dieta humana devido a sua grande quantidade de ácidos graxos saturados e baixa concentração de ácidos graxos insaturados ômega 3”, explicou Saran Netto.

“Mas estudos anteriores ao nosso já haviam demonstrado que a inclusão de óleos vegetais, como o de canola, que é fonte de ômega 3, podia alterar o perfil de ácidos gordos do leite, aumentando a concentração de ácidos graxos insaturados e diminuindo o teor de ácidos graxos saturados. Porém, a maioria desses estudos não avaliou a inclusão de altos níveis de óleo de canola, por exemplo, na dieta de vacas leiteiras”, afirmou.

Dosagem ideal
A fim de avaliar a dosagem ideal de inclusão de óleo de canola na dieta de vacas leiteiras, eles selecionaram 18 vacas da raça Holandesa, com produção diária média de 22 litros por dia, em duas ordenhas diárias, e em estágio intermediário de lactação. Os animais foram submetidos a três tipos de dietas diferentes, com 21 dias de duração cada, sendo 14 dias de adaptação à dieta e sete dias de coleta de amostras de sangue e de leite produzido.

No primeiro tipo de dieta, as vacas consumiram um concentrado à base de farelo de soja e fubá e silagem de milho. Já na segunda dieta, se alimentavam do concentrado com 3% de óleo de canola. E no terceiro tipo de dieta, recebiam o concentrado com 6% de óleo de canola.

Os resultados dos experimentos indicaram que a inclusão de 6% de óleo de canola na dieta de vacas em lactação reduziu em 20,24% a concentração de ácidos graxos saturados no leite.

Além disso, diminuiu em 39,20% a proporção entre ácidos graxos saturados e insaturados e em 39,45% a proporção entre gorduras insaturadas ômega 6 e ômega 3 pelo aumento da concentração de ômega 3.

“Queríamos melhorar a relação entre ômega 6 e ômega 3 no leite de vaca, uma vez que o equilíbrio da proporção entre esses ácidos graxos insaturados na dieta pode trazer efeitos benéficos à saúde, como prevenir a ocorrência de doenças cardiovasculares, autoimunes e inflamatórias”, explicou Saran Netto.

Os pesquisadores estimaram que a adição de 6% de óleo de canola na dieta das vacas leiteiras reduziu em 48,36% o índice de aterogenicidade (capacidade de induzir a formação de aterosclerose) e em 39,86% o índice de trombogenicidade (capacidade de promover um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral) pelo consumo do leite com o perfil de gorduras modificado e maior teor de ômega 3.

Além disso, aumentou em 94,44% o índice h/H, que está relacionado com o risco de incidência de doenças cardiovasculares pela relação hipo ou hipercolesterolemia – quanto maior o índice, menor é a probabilidade.

Já em relação à composição do leite produzido pelos animais, a adição de 6% de óleo de canola na ração resultou em um aumento de 34,08% no teor de ácidos graxos insaturados e de 115% na concentração de ômega 3, afirmam os pesquisadores.

“A inclusão de óleo de canola na dieta das vacas em lactação tornou o perfil da gordura do leite que produziram mais saudável para a dieta humana”, disse Saran Netto.

Em contrapartida, a adição de 6% de óleo de canola na dieta das vacas diminuiu a produção de leite pelos animais em 2,5 litros por dia.

Os resultados das análises indicaram que a produção de leite diminuiu de acordo com o aumento da dosagem de óleo de canola na dieta das vacas, de 23,5 litros para 22,46 litros, quando a ração foi suplementada com 3% de óleo de canola, e de 22,46 para pouco menos de 20 litros quando foi adicionado 6% de óleo de canola na ração dos animais.

“Isso se deve ao fato de que qualquer óleo adicionado à dieta das vacas causa a diminuição da degradabilidade ruminal [a capacidade de degradar fibras] e da taxa de digestão dos animais, que passam a ingerir menos matériaseca e nutrientes. Isso acarreta uma diminuição do fluxo de nutrientes para a glândula mamária e, consequentemente, a redução da produção de leite”, explicou o pesquisador.

“Mas, agora, temos interesse em não só conseguir produzir leite com essa característica, mas também melhorar esse aspecto da produção”, afirmou.


Mais vantagens
Já é comercializado em alguns países leite UHT com maiores teores de ômega 3, porém adicionado ao produto já industrializado, na fase de envase.

Algumas das vantagens de ter esses ácidos graxos insaturados disponíveis já naturalmente no produto, por meio da adição na ração das vacas leiteiras, segundo Saran Netto, são que podem ter maior biodisponibilidade e podem ser melhor absorvidos pelos consumidores.

“O custo desse leite com ômega 3 adicionado à ração das vacas leiteiras também pode ser um pouco menor do que um leite com o ingrediente adicionado na fase de envase, ainda que mais caro que um leite convencional”, afirmou o pesquisador.

Nenhum dos produtos desenvolvidos pelos pesquisadores nos últimos anos, como o leite com maior teor de ômega 6, selênio e vitamina E, chegou ainda ao mercado porque há a necessidade de realizar mudanças na logística das fazendas e dos laticínios para comercializá-los, apontou Saran Netto.

O leite com óleo de canola ou de girassol adicionado à ração das vacas leiteiras precisaria ser captado e processado pelo laticínio de forma separada em sua linha de envase, exemplificou.

“Ainda não há uma demanda alta que viabilize a produção desse tipo de leite diferenciado pelas fazendas produtoras de leite”, ponderou o pesquisador.

Os pesquisadores ainda não realizaram testes do leite com ômega 3 com consumidores para avaliar os benefícios à saúde proporcionados pelo consumo regular do produto.

A ideia, porém, é realizar um estudo em que irão adicionar óleo de soja e de canola na dieta de vacas leiteiras e estudar os efeitos do consumo de leite com maiores teores de ômega 6 e ômega 3 produzidos pelos animais em suínos, cuja fisiologia é muito parecida com a humana, comparou o pesquisador.

“Vimos os benefícios que a adição de óleo de canola proporcionou para a qualidade da gordura do leite e que podem ser estendidos para a saúde humana por meio do consumo do produto com maiores teores de ômega 3. Agora, pretendemos atestar os reais efeitos usando suínos como modelo”, explicou Saran Netto.

O artigo “Canola oil in lactating dairy cow diets reduces milk saturated fatty acids and improves its omega-3 and oleic fatty acid content” (doi: 10.1371/journal.pone.0151876), de Saran Netto e outros, pode ser lido na revista PLoS One emjournals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0151876.

Fonte:

Mamíferos já existiam muito antes da extinção dos dinossauros



Estudo conduzido pelas universidades de Chicago e Southampton (EUA) identificou centenas de fósseis de dentes de mamíferos que viveram entre 10 e 20 milhões de anos antes da extinção dos dinossauros.

Isso contraria a linha de tempo tradicional, que indica que foi a extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos, que permitiu aos mamíferos se desenvolverem.

“A visão tradicional mostra que mamíferos eram oprimidos pelo sucesso dos dinossauros, e que não se desenvolveram até depois da extinção dos dinossauros”, afirma um dos autores do estudo, Elis Newham.

Mas a pesquisa revela que o grande número de fósseis de mamíferos encontrados, incluindo ungulados (com cascos, como antílopes) do tamanho de cães, mostram maior diversidade de espécies mamíferas do que pensado inicialmente.

Outra conclusão é que, longe de terem tirado vantagem da extinção dos dinossauros, esses mamíferos também teriam sofrido muito com o impacto do asteroide que acabou com mais da metade da vida na Terra.

O autor principal do trabalho, David Grossnickle, diz: “Os tipos de sobreviventes que conseguiram chegar ao fim da extinção que aconteceu 66 milhões de anos atrás podem ser indicativos dos que vão sobreviver aos próximos cem ou mil anos”. 


Fonte:
[BBC]