Por um breve período, os dias e as noites ao redor do mundo vão durar cerca de 12 horas. No dia 22 de setembro, o centro do sol cruzou o equador da Terra, marcando o equinócio de primavera, e o início dessa estação no Hemisfério Sul.
Então, como a Terra continua seu caminho em torno do sol, os dias ficam mais curtos e as noites se alongam, sendo que essa mudança é mais pronunciada nas latitudes mais elevadas, mas ainda inexistente no equador.
Essa mudança na quantidade de luz é um sinal de mudança de estação para animais, plantas e, antes da lâmpada, também para as pessoas. E ela tem consequências para todos nós? Sim. A mudança de luz afeta o relógio interno dos seres humanos.
Os cientistas sabem que os seres humanos e outros mamíferos têm um relógio interno que governa nossos ciclos de sono, entre outras funções diárias. A luz nos fornece pistas não visuais que influenciam aspectos como dilatação da pupila, estado de alerta, níveis de melatonina e modulação da frequência cardíaca.
Receptores de luz na retina dos olhos – bastões, cones e um terceiro tipo, chamado de células ganglionares fotossensíveis intrínsecas da retina – repassam informações não visuais utilizadas para redefinir os nossos ritmos circadianos.
A luz “restabelece” este relógio interno, para que os nossos corpos estejam em sincronia com a hora do dia. Embora outros fatores, tais como locomoção, possam influenciar os relógios internos dos animais, os seres humanos se baseiam principalmente na luz.
A mudança de luz, principalmente para aqueles que não vivem perto do equador, também tem outros efeitos. Alguns pesquisadores acreditam que a humanidade é muito sazonal, em quase tudo.
Há evidências de picos sazonais nos suicídios, que ocorrem com maior frequência no verão, e as taxas de natalidade, que também tendem a pico na primavera e verão. Porém, segundo especialistas, essas situações são fortemente influenciadas por outros fatores além da estação.
A evidência mais forte da sazonalidade humana vem sob a forma de transtorno afetivo sazonal, ou TAS. Quem sofre desse transtorno tem episódios depressivos relacionados com as estações do ano, geralmente com início no outono ou no inverno, e remitente na primavera ou no verão.
As pessoas que sofrem de TAS secretam o hormônio melatonina, que regula o sono e é chamada de hormônio da escuridão, em períodos mais longos durante as noites de inverno do que durante as noites de verão, uma flutuação vista também entre os mamíferos cujo comportamento varia sazonalmente. Normalmente, a produção humana de melatonina não varia com as estações do ano.
Nas latitudes mais elevadas, o TAS pode afetar 10% da população, e estima-se que até 20% da população sofra de uma forma mais amena da doença, embora esse dado seja controverso.
Os animais também sofrem com a mudança de luz. Para algumas espécies que vivem em latitudes elevadas, a mudança pode ter um efeito profundo sobre a sua biologia, em particular na reprodução, que deve ser cuidadosamente cronometrada.
Por exemplo, durante os dias de inverno longo, o tamanho do testículo dos hamsters siberianos aumenta quase 17 vezes. E há evidências de que pássaros canoros que vivem perto de fontes de luz artificial, na primavera começam a cantar para atrair as fêmeas, bem como a pôr ovos, mais cedo do que os que permanecem em lugares escuros à noite.
Fonte:
LiveScience
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