segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Mais dicas e sugestões para o verão

Cuidados no Verão

O verão está aí, e quem tem um cachorro precisa tomar alguns cuidados. Você sabia que no calor excessivo do verão, os animais – assim como as pessoas – precisam de alguns cuidados especiais para não adoecer? São cuidados simples, mas que podem mudar a vida do seu bichinho de estimação.
O que é necessário saber é que os cães não suam como os humanos. A respiração é a forma que eles têm para controlar o processo de refrigeração e manutenção da temperatura do corpo. Por isso, se os cães são submetidos a calor intenso ou situações de estresse, eles podem não ter condições de se resfriar e entrarem em um processo de hipertermia – ou seja, temperatura alta demais, que pode chegar a 42 graus, com risco de vômitos, coagulação do sangue, edemas pulmonares, paradas cardíacas e até mesmo coma.
Cachorros com o focinho curto – como buldogues, pugs, shitzus, entre outras raças – precisam de mais cuidados por sofrer mais com as altas temperaturas, justamente por causa da anatomia do focinho menor. Eles têm mais dificuldades de respirar e, assim, perder calor para se resfriar.
Confira as dicas de cuidados básicos dados pelo 6 Patas que devem ajudar você a proteger o seu cachorro dos males da estação.
Água
É muito importante que você troque a água constantemente do seu cãozinho no verão. Mais do que gostar, ele necessita de uma água fresca e limpa. E caso você precise sair, não se esqueça de deixar outros potes de água disponíveis. Nesta época do ano, assim como nós, eles sentem mais sede e com isso bebem mais água.
Passeio
Cuidado com os horários em que você leva o seu cachorro para passear. É importante você prestar atenção no calor do chão. Assim como nossos pés, as almofadinhas das patas do animal também queimam no asfalto e no cimento das calçadas, o que pode provocar bolhas e, consequentemente, feridas. É preciso tomar cuidado.
Pulgas e parasitas
Durante o verão, é comum a proliferação de pulgas e infestação de carrapatos. Nesse período, coloque coleiras antipulgas e antiparasitários.
Chuvas
Com o verão vem o período de chuvas e, com ela, o aumento de incidência de leptospirose. É recomendado cuidado para que o animal não tenha contato com água de enchentes e alagamentos. Para prevenir esse tipo de doença, o animal deve estar vacinado regularmente com a V8 ou a V10.
Ajude
Com as altas temperaturas muitos animais de rua passam sede. Nessa época, dê água para um cachorro que não tem dono. Basta colocar um potinho de água limpa na calçada, em frente à sua casa, por exemplo. Você vai ajudar mais do que imagina.
Fonte:

Dicas e sugestões para o verão

Hidratação

Troque com frequência a água da vasilha, para que esteja sempre fresca e disponível. Como não possuem glândulas sudoríparas, cães e gatos costumam desidratar mais facilmente que os humanos. A cena do bichinho deitado, com barriga no piso frio, explica o fato.

Com apenas 10% de perda de fluidos corporais, eles já podem desidratar. Os sintomas são perda de elasticidade da pele, letargia, perda de apetite, olhos fundos, focinho, boca e gengiva secas. Atenção especial para os gatos, principalmente, que não ingerem tanta água e, por causa disso, podem desenvolver problemas renais.

Em passeios ou viagens mais longas, não se esqueça de oferecer água e comida ao animal. As caixas de transporte costumam esquentar também, se ele for permanecer tempo confinado, faça paradas para o animal andar e se refrescar.
 
A mídia sempre traz casos dramáticos de pais que esquecem os bebês no carro durante essas temperaturas mais altas. Os cães e os gatos também não devem ficar no carro à espera do tutor. Eles podem desidratar facilmente nessas situações.  

Queimaduras

O chão quente pode queimar as patinhas dos animais durante os passeios, por isso o ideal é levá-los para caminhar em horários alternativos durante o verão. O ideal é antes das 10h00 e depois das 16h00, quando a calçada já não está tão quente e o sol mais fraco. 
As queimaduras podem acontecer naquela parte que chamamos de almofadinha das patas (coxim). De acordo com a veterinária Karina Mussolino, da Pet Center Marginal, são ferimentos complicados para tratar que apresentam em formatos de bolhas, rachaduras e feridas, além de causar dor. Por ser uma região sensível e de atrito, a cicatrização é complicada e com tendência a infecções.

“Animais que ficam expostos por muito tempo no sol podem desenvolver câncer de pele. Um dos sintomas iniciais é uma vermelhidão na pele (dermatites solares). As regiões mais afetadas pela radiação solar constituem o focinho e as extremidades das orelhas. Animais mais claros são as principais vítimas, coma as raças Whippet, Staffordshire Terrier Americano, Boxer branco, entre outros”, informa.



Converse com o veterinário que poderá indicar um protetor solar específico para pets. Não se deve usar os produtos feitos para humanos, pois eles podem causar graves alergias.

Se o seu gato é mais branquinho, o aconselhado é pedir orientações do veterinário responsável. Gatos gostam de ficar ao sol e também correm riscos em relação aos tumores de pele.

Prática de esportes

Assim como nós, os pets não se transformam em atletas de uma hora para outra. Antes de levá-los para correr, o tutor deve fazer um check-up completo no animal. Cães, principalmente os mais velhos, podem ter doenças cardíacas, um dos sinais da doença é a tosse seca e falta de ar após um simples esforço. Nesses casos, exercícios mais puxados podem matá-lo com um infarto.

Já os cães obesos não podem correr com seus tutores sem avaliação médica. Isso porque assim eles costumam sobrecarregar ligamentos e colunas, desenvolvendo sérios problemas ortopédicos.

Nem todos os animais sabem nadar, contando cães e gatos. Por isso, é importante olhares atentos do dono quando levarem seus bichinhos a lugares com piscina.

Caso gostem de nadar, como é o caso do Labrador e do Golden Retriever, o cuidado com os ouvidos se faz necessário. Como canal auditivo fica abafado e molhado, os cães podem desenvolver otites. Além de dolorosas, se não tratadas devidamente, eles podem levar à perda de audição.


Sombra e água fresca 
 
Se o animal fica muito tempo sozinho no quintal ou na varanda, fora da casa ou da parte interna do apartamento, certifique-se para que tenham um lugar fresco, onde não bata sol, para que possam se proteger do calor e das chuvas de verão. é importante que tenham a opção de um lugar com sombra, distante dos raios solares para se abrigar.

O aconselhável é que o animal tenha um piso frio, com os azulejos do banheiro e da cozinha, para poder deitar esparramado – uma forma instintiva para se livrar do calor e baixar a temperatura corporal.

Parasitas oportunistas 

As temperaturas altas representam ambiente ideal para a proliferação de pulgas e carrapatos. A maioria dessas parasitas está no ambiente, não em outros animais, como em cachorródromo, a casa de um amigo, o hall do apartamento e até o pet shop. é importante saber que a hipersensibilidade à picada de insetos é a causa mais comum das alergias em cães. 

A pulga, além de provocar os processos alérgicos, transmite verminose para cães e gatos. Nos bichanos especialmente transmite também o Mycoplasma, um parasita do sangue, que vem sendo estudado como provável carreador de outras doenças e vírus. Em grandes infestações, as pulgas causam anemia. 

Já a Erlichiose e babesiose, que são popularmente conhecidas como “doença do carrapato”, causam a destruição de células sanguíneas. Os sintomas são febre, apatia, falta de apetite e ate a morte. 

Nutrição animal - Eles também são o que comem

Os animais de estimação ocupam um espaço cada vez maior nos lares. E deprimem quando os donos se ausentam por mais horas do que o costume. São tidos e sentidos como membros da família, por isso não é de estranhar que hoje existam cuidados com os animais domésticos de que não se falava há uns anos. A alimentação é um deles.

“Que o teu alimento seja o teu medicamento”, já dizia Hipócrates, pai da medicina. A premissa é também usada por Rita Silva, médica veterinária e especialista em nutrição animal a trabalhar atualmente na Royal Canin, uma das empresas da área especialista em alimentação de animais domésticos. “A alimentação dos cães e gatos – os animais de estimação preferidos – é a base de tratamentos de saúde e também a forma mais comum de prevenir doenças”, explica.

Portanto, há efetivamente doenças que se resolvem com cuidados alimentares “como a obesidade ou as alergias alimentares”. Em termos preventivos, os “animais comerem alimentos nutricionalmente equilibrados vai proporcionar-lhes mais defesas, uma boa pelagem, bem-estar e maior longevidade”, resume.

Donos mais preocupados Se é verdade que cada vez mais há donos conscientes de que os alimentos ingeridos pelo animal são essenciais para a saúde, também é verdade que ainda há muita gente a humanizar os animais.

“A essa confusão nós chamamos visão antropomórfica, ou seja, quando um dono acha que o melhor para o animal é comer o mesmo que os humanos.”
E há alguns alimentos que são mesmo proibidos. “A cebola e o chocolate não se podem mesmo dar, têm altos níveis de toxicidade. Mas as ditas ‘guloseimas’, que podem ser fiambre, queijo, pão com manteiga e por aí fora, podem resultar em situações de excesso de peso ou outras complicações. Por exemplo nos gatos, estas sobrecargas podem causar diabetes, doenças hepáticas e distúrbios digestivos. No caso dos cães podem dar-se situações de excesso de peso e diarreias. Os animais são muito mais sensíveis do que nós a alterações alimentares.”

Uma alimentação equilibrada e um estilo de vida ativo são, portanto, chaves para o bem-estar que servem tanto para donos como para os bichos.

Ao contrário de nós, o que faz um cão ou um gato escolher certos tipos de alimento é o olfato, e não o paladar. Enquanto nós temos 9 mil papilas gustativas, o cão tem 1700 e o gato apenas possui 500. Outra curiosidade: os gatos não têm preferência pelo sabor doce porque não o conseguem sentir.

Mas, como explica Rita, os animais sabem bem do que gostam, embora essa gosto lhes seja ditado pelo cheiro. “Quando um animal está com menos apetite, é através do olfato que devemos estimular o apetite. Por exemplo, aquecer ligeiramente a ração é um truque para que a comida se torne mais apetecível porque liberta mais odor.”

Por outro lado, os cães, os gatos e as respectivas raças ingerem a comida de diferentes formas e é necessário ter isso em conta. “Os gatos siameses usam os dentes para agarrar os croquetes da ração e comem muito depressa, ingerindo ar enquanto comem, o que não é benéfico. Também raças como os labradores aspiram verdadeiramente a comida, pelo que o formato da ração, além dos nutrientes, é importante.”

E se a forma dos croquetes pode ajudar na digestão dos bichos, os nutrientes que comem é a chave para uma vida longa e saudável. “A ração deve ser adequada à idade do animal. Sabemos, por exemplo, que os cães que entram na fase geriátrica (aproximadamente a meio da vida) devem consumir triptofano, um aminoácido conhecido por causar bem-estar”, explica a especialista.

Ração seca ou úmida? Para Rita Silva, muitos donos sentem ainda alguns tabus em relação às rações úmidas, por serem consideradas mais calóricas. “Isto não é verdade, visto que as rações úmidas são pensadas de forma a satisfazer as necessidades daquela refeição, nem mais nem menos. E em alguns casos – por exemplo nos gatos, que têm maior tendência a desenvolver doenças renais – dar uma ração húmida, com 80% de água, ajuda à diluição da urina. Por outro lado, quando os animais estão com problemas gengivais, a ração seca pode causar dor, pelo que esta é uma opção válida. Além disso, quando precisamos de forçar a alimentação também poderá ser mais fácil com este tipo de ração, visto que exala um odor mais forte.”
 

Fonte:

mariana.madrinha@ionline.pt

CPI dos Maus-Tratos a Animais



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada pela Câmara Federal e que investiga maus-tratos a animais, volta a se reunir, esta semana, em Brasília, para concluir a votação do relatório final do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP). A CPI o texto-base do parecer no fim de dezembro, mas ainda precisa votar destaques apresentados para finalizar os trabalhos. Participo, com frequência, dessa comissão, pois sou um defensor intransigente de que se puna as pessoas que mal tratam os animais.


O documento faz três indicações principais: a aprovação de projetos de proteção a animais em tramitação no Congresso há muitos anos; recomendações a várias entidades como zoológicos e governos; e a solicitação ao Ministério Público do indiciamento de 13 pessoas que comprovadamente praticaram maus-tratos.

O relatório também apresenta cinco propostas que serão protocoladas e passarão a tramitar na Câmara. Os projetos tratam da inclusão do controle de zoonoses entre as ações e serviços públicos de saúde; do resgate de animais domésticos em casos de situação de emergência ou estado de calamidade pública; das competências do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal; da inspeção dos produtos de origem animal e do abate humanitário; e da proibição do abate de equídeos para fins industriais, comerciais ou de alimentação.

O relator também pede a urgência na votação de cerca de 40 projetos que já tramitam no Congresso. Um deles, por exemplo, define pena de prisão de três a cinco anos para quem abandonar animais domésticos e para quem promover lutas entre bichos. Faremos a recomendação a algumas entidades, no caso zoológicos e aquários, para que façam a readequação dessas áreas. E, por último, o indiciamento de algumas pessoas, nos casos mais graves levados à CPI.

Sandes Júnior, radialista, âncora de televisão, deputado federal (PP)


Fonte:
DIARIO DA MANHÃ

Papel do veterinário na prevenção e controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti


Em tempos de epidemia de dengue e surtos de novas doenças, como zika vírus e febre chikungunya as ações de combate ao Aedes aegypti, vetor das três doenças, têm se intensificado. Com o início do verão, o período de chuvas provoca uma maior proliferação do mosquito, que é considerado atualmente um dos principais problemas de Saúde Pública no Brasil.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2015 houve o registro de mais de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue no país, número recorde em 25 anos. O estudo do Ministério da Saúde também apontou 863 vítimas da doença.
No mesmo ano, foram registrados 20.661 casos de febre chikungunya no país e, até o dia 9 de janeiro de 2016, 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionados ao zika vírus.

Apesar dos esforços, o mosquito tem se dispersado ainda mais pelo país, seja pela facilidade de reprodução do vetor, seja pela urbanização, infraestrutura inadequada e pelas condições ambientais. A demanda crescente ampliou a necessidade de profissionais da saúde atuando no combate e prevenção do vetor, o que inclui o aumento de médicos veterinários dentro das secretarias de saúde municipais e estaduais nos últimos anos.

“Cada vez mais gestores públicos demandam um profissional como o médico veterinário, que conheça a dinâmica bioecológica do Aedes aegypti e as medidas de controle vetorial”, afirma o integrante da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV), Fred Monteiro, que também é responsável pelo Laboratório de Entomologia Médica do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) de Amapá (AP).

No Pará, por exemplo, são 60 profissionais atuantes na Secretaria de Estado de Saúde Pública. Na Bahia, 47 médicos veterinários compõem o quadro atual da Secretaria do Estado. Já na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, são 19 médicos veterinários ativos e 36 médicos veterinários especialistas em políticas e gestão da saúde.

No Ceará há registros de casos de dengue desde a década de 80. O estado possui condições favoráveis ao desenvolvimento do Aedes aegypti por conta das altas temperaturas. Atualmente, cerca de 30 médicos veterinários atuam direta ou indiretamente com ações de vigilância em saúde na Secretaria da Saúde do estado, de acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria e médico veterinário, Márcio Garcia.

Em sua visão, o conhecimento sobre a história natural da doença e as características do agente etiológico, vetor, hospedeiro e meio ambiente colaboram para o trabalho do médico veterinário no combate ao Aedes aegypti. Outro ponto de destaque é a epidemiologia, ciência que estuda os eventos de saúde em uma determinada população.

“Para o médico veterinário ou qualquer outro profissional que queira atuar na saúde pública é indispensável o raciocínio epidemiológico. Precisamos fazer uma saúde baseada em evidências e a epidemiologia nos dará essas evidências para nortear o planejamento e desenvolvimento das ações”, afirma Garcia.  

Além disso, ele destaca competências humanísticas necessárias à atuação do médico veterinário nesse campo, como a capacidade de trabalhar em grupo, a iniciativa, a humildade e a liderança.

Atuação integrada

A atuação do médico veterinário está diretamente ligada às ações preventivas das doenças, e incluem o planejamento, coordenação e orientação nas estratégias adotadas como medidas de controle. A prevenção ou redução da transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya dependem inteiramente do controle do mosquito vetor ou da interrupção do contato humano com o vetor.

“O médico veterinário também pode atuar na identificação do mosquito, tanto na forma alada, quanto imatura, e realizar o monitoramento da dispersão e densidade do mosquito”, explica Fred Monteiro.
No combate ao Aedes aegypti, o profissional trabalha de forma integrada, em conjunto com outras áreas da Saúde. “A prevenção e o controle das doenças transmitidas pelo mosquito envolve um trabalho conjunto, que além das ações governamentais deve contar com a participação popular, imprescindível para o sucesso do programa”, diz o integrante da CNSPV/CFMV.

Márcio Garcia também acredita que a multidisciplinaridade e a intersetorialidade são fundamentais para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade ao se falar de vigilância em saúde. “É necessário pensar e agir na lógica de uma Saúde Única, identificando interfaces entre a saúde humana e animal, e levando em considerações todas as questões do meio ambiente”, afirma.

Os médicos veterinários inseridos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) também podem trabalhar na atenção básica e fornecer orientações de medidas de controle e de educação em saúde. Durante visitas domiciliares em busca do foco do Aedes aegypti ou em monitoramentos por meio de armadilhas, os profissionais têm contatos mais próximos com a população.

“Nesses momentos são repassadas medidas de controle para evitar a proliferação do mosquito e ações de prevenção para reduzir o contato com o vetor”, explica Fred Monteiro.

Medidas importantes

Estima-se que em torno de 2/3 ou mais dos focos de Aedes aegypti estejam dentro dos domicílios. O diálogo e as orientações para a população são, portanto, fundamentais para que o indivíduo entenda seu papel e pratique o combate ao mosquito na sua rotina.

“Um trabalho de inspeção e eliminação de focos de Aedes aegypti, em cada domicílio, uma vez por semana, é suficiente para manter o espaço livre do mosquito”, afirma Márcio Garcia. Segundo ele, o maior desafio é reforçar as ações que evitem que o mosquito nasça. 

Em nota, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, também reforçou a importância de um combate coletivo ao Aedes. “É preciso que todos se mobilizem. É muito importante verificar sempre o adequado armazenamento de água em suas casas, o acondicionamento do lixo e eliminação de todos os recipientes sem uso”, afirmou.

Saiba que fazer:

  1. - Elimine locais com acúmulo de água e lixo, propícios à reprodução do mosquito. Alguns exemplos são vasos de plantas, lixo e garrafas pet.
  2. - Nas áreas rurais, fique atento a locais usados para armazenar grãos.
  3. - Limpe sua residência semanalmente.
  4. - Aplique repelentes na pele exposta ou nas roupas.
  5. - Use mosquiteiros.
  6. - Em ambientes fechados, recomenda-se o uso de inseticidas. Telas em janelas e portas também podem reduzir as picadas.
  7. - Quando um foco do mosquito é detectado e não pode ser eliminado pelos moradores do local, acione a Secretaria Municipal de Saúde do local.

A CNSPV/CFMV publicará um artigo na próxima edição da Revista CFMV (nº 68), sobre o papel do médico veterinário no controle do Aedes aegypti.

Assessoria de Comunicação do CFMV com informações do Ministério da Saúde

O que é falso e o que é verdadeiro nos boatos sobre zika

Reuters 

Nas últimas semanas, mensagens escritas e em áudio nas redes sociais – especialmente no WhatsApp – têm criado alarme na população ao narrar cenários catastróficos sobre o surto de zika vírus e sua relação com a epidemia de microcefalia no país.

Até o dia 30 de janeiro, foram notificados, segundo o Ministério da Saúde, 4.783 casos suspeitos de microcefalia, má-formação que prejudica o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Destes, 404 casos de microcefalia foram confirmados - 17 têm ligação confirmada com o zika vírus, os outros estão sendo investigados. Outros 709 foram descartados e 3.670 continuam sob investigação.
O Ministério da Saúde, a Fiocruz e especialistas consultados pela BBC Brasil explicam o que é falso, o que é verdadeiro e o que ainda não está totalmente confirmado entre as afirmações dessas mensagens.

Falso: Vacinas contra sarampo e coqueluche causaram microcefalia

Diversos boatos circulam nas redes sociais dizendo que vacinas estragadas contra rubéola dadas a grávidas teriam causado microcefalia.

Esta informação é falsa. Primeiro, grávidas não recebem esta vacina. Segundo, de acordo com especialistas e o Ministério da Saúde, as vacinas distribuídas pela pasta são seguras e passam por controle de qualidade.
Também há uma outra teoria, que partiu de um suposto estudo conduzido por um pesquisador independente chamado Plínio Bezerra dos Santos Filho, dizendo que o problema foi a oferta da mesma vacina - não estragada, dentro do prazo de validade - para mulheres em período fértil - e não para grávidas, como diz o outro boato.

O Ministério da Saúde afirma que "as vacinas dupla e tríplice viral são usadas mundialmente, e não haveria condições de isso (más-formações) ocorrer apenas no Brasil" se a culpa fosse da imunização em período fértil.

thinkstock 
Para Ministério da Saúde, 'não há até o momento nenhuma evidência científica nacional ou internacional que relacione microcefalia à administração da vacina dTpa (anticoqueluche) ou qualquer vacina que faça parte do calendário nacional de imunização'  

Além disso, esse "estudo" diz que a vacina contra coqueluche, aplicada no último trimestre de gestação, também teria influenciado no aumento dos casos.
Mas, segundo especialistas e o Ministério da Saúde, estas informações também não se confirmam.
O ministério diz que aplica em gestantes uma vacina contra coqueluche recomendada pela OMS e diz que ela, na verdade, "é comprovadamente uma estratégia importante na prevenção de adoecimento e morte de crianças pequenas".
"Não há até o momento nenhuma evidência científica nacional ou internacional que relacione o aparecimento da microcefalia à administração da vacina dTpa (anticoqueluche) ou qualquer vacina que faça parte do calendário nacional de imunização", afirma o órgão.
De acordo com Pedro Tauil, infectologista da UnB, a vacina contra rubéola tem o vírus atenuado e, se ficassem no organismo seria apenas pelo período em que a própria doença fica, ou seja, cerca de uma semana - e não um ano, como diz o boato.
A vacina contra a coqueluche, segundo ele, também é segura e recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
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Não há confirmação: Há aumento expressivo de casos de síndromes neurológicas associadas à zika

Ao menos seis Estados do Nordeste registraram, em 2015, aumento no número de casos registrados de Síndrome de Guillain-Barré, uma rara doença neurológica autoimune que pode ser provocada por diversos vírus e bactérias, incluindo o zika vírus, a dengue e a chikungunya.
A doença, que tem tratamento, provoca paralisia muscular e, em casos graves, pode atingir os músculos do tórax e impedir a respiração.

A OMS diz que pesquisadores estão estudando "uma relação potencial - mas não comprovada - entre surtos de Guillain-Barré e infecções pelo vírus da zika".
Segundo a organização, sete países reportaram um aumento na incidência de casos de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré desde o surgimento de surtos de zika.

No Brasil, a síndrome passou a ser registrada com mais frequência depois que foi confirmado que o vírus da zika poderia causá-la. Normalmente, os serviços de saúde não são obrigados a notificar ocorrências da doença para as secretarias estaduais.

O governo monitora a situação pelos registros de internações e atendimentos ambulatoriais relacionados à doença, que revelaram aumento nos casos no ano passado em relação a 2014.
Houve, por exemplo, 29,8% mais internações (1.868 em 2015 ante 1.439 em 2014) e 8,1% mais atendimentos ambulatoriais (69.703 ante 64.422). A alta foi puxada pelos Estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

O governo do Rio de Janeiro anunciou que tornará obrigatória a notificação de casos, após registrar 17 ocorrências de junho a janeiro passado.
No entanto, segundo o ministério da Saúde, não é possível estabelecer se esses casos foram causados pela infecção por zika, e a ocorrência de Guillain-Barré relacionada ao vírus continua sob investigação.

"Temos visto um aumento dos casos de Síndrome de Guillain-Barré sim, o que faz sentido, já que temos um surto de dengue, zika e chikungunya", diz a médica pernambucana Maria Angela Rocha, chefe do serviço de infectologia do Hospital Oswaldo Cruz, em Recife, e parte do grupo de pesquisa sobre o zika vírus e a microcefalia em Pernambuco.

"Mas não é nada como o aumento de casos de microcefalia que tivemos, que é muito fora do padrão."
De acordo com o vice-diretor do Instituto de Microbiologista da UFRJ Davis Fernandes Ferreira, a Polinésia Francesa registrou 20 vezes mais casos de Síndrome de Guillain-Barré após o surto de zika em 2014.
"Nós estamos vivendo possivelmente um dos maiores surtos documentados de zika vírus. Ainda estamos coletando os dados e tentando entender a relação entre ele e a síndrome."
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Falso: Crianças de 1 a 7 anos e idosos estão apresentando 'sequelas neurológicas graves' após zika

Segundo as autoridades de saúde, não está havendo nenhuma mudança significativa nos padrões de casos de danos neurológicos graves em crianças - além do que, estes podem ser provocados por vários fatores, e não necessariamente pelo vírus da zika.

Foto: ABr 
Médicos ainda investigam se leite materno pode transmitir zika vírus, mas não recomendam parar amamentação  

"O vírus da zika e outros, como varicela, herpes vírus, enterovírus e até dengue, podem causar outros danos neurológicos – encefalites, cerebelites e neurites (inflamações no sistema nervoso) –, mas no cenário atual não está havendo grande aumento desses casos em crianças. Isso acontece talvez em 1% dos casos totais e geralmente em pacientes com baixa imunidade", diz a neuropediatra Maria Durce Carvalho, que acompanha casos de microcefalia e outras infecções no Hospital Oswaldo Cruz, em Recife.

"Não sei de onde vem essa informação de que crianças de até sete anos seriam mais suscetíveis, mas não é bem assim", afirma.
Um dos áudios que circulam no WhatsApp diz que há crianças "chegando aos hospitais já em coma" em Pernambuco. Mas em nota sobre os boatos, a Secretaria de Saúde do Estado diz que "não está sendo observada, em qualquer idade, mudança no padrão de ocorrência dos casos de encefalite relacionados ao vírus da zika ou qualquer outro vírus".
"As crianças ou adultos podem apresentar diversos sintomas neurológicos, sendo que estas complicações têm ocorrido numa frequência muito baixa", afirma o comunicado.

O Ministério da Saúde, por sua vez, diz que "entre pessoas infectadas pelo vírus da zika, cerca de 80% não desenvolvem sintomas, sejam adultos ou crianças. Entre essas pessoas, apenas uma pequena parcela pode vir a desenvolver algum tipo de complicação, que deverá ser avaliada pelos médicos, uma vez que o zika é uma doença nova e suas complicações ainda não foram descritas".

Em estudo: Zika pode ser transmitida por fluidos corporais (sêmen, saliva, urina, leite materno, etc.)

Alguns trabalhos científicos internacionais identificaram a presença do vírus da zika no sêmen e no leite materno, mas os cientistas ainda pesquisam se a doença realmente pode ser transmitida por eles.
Na última sexta-feira, a Fiocruz constatou a presença do vírus zika ativo - com potencial de provocar infecção - na saliva e na urina, o que abriria a possibilidade de transmissão pela via oral, ainda sendo investigada. Por enquanto, ainda não é possível afirmar com certeza que o vírus é contagioso dessa forma.

Ainda assim, a entidade sugere a grávidas que evitem aglomerações, não compartilhem talheres ou copos ou beijem pessoas com suspeita de zika.
No caso da transmissão sexual, "(ela) seria possível, porque já há publicação e relato de pessoas com quem isso aconteceu. Mas é uma situação única, porque a pessoa tem que estar infectada, doente e ter relação exatamente nessa época. Não seria uma forma principal de infecção, mas é importante se prevenir", diz o microbiólogo Davis Ferreira.

Também na sexta-feira, o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC na sigla em inglês) emitiu comunicado sugerindo que gestantes em áreas da epidemia da zika - ou cujo parceiro viajou para áreas de risco - abstenham-se de relações sexuais desprotegidas.

Em 2011, um estudo divulgado na publicação científica Emerging Infectious Diseases registrou o caso de um cientista americano que, ao voltar do Senegal, que passava por um surto de zika, teve os sintomas da infecção em casa. Sua mulher, que não havia saído dos Estados Unidos, foi infectada pelo vírus, o que levou à interpretação de que ela teria sido infectada pelo sêmen do marido.
Foto: Thinkstock
Zika vírus pode, assim como outros vírus e bactérias, causar inflamações no sistema nervoso em pessoas de todas as idades, segundo autoridades de saúde
Na última terça-feira, o CDC informou que "o laboratório do CDC confirmou o primeiro caso de zika vírus em um não viajante." Como a pessoa infectada não havia saído do país e estava em uma área que não tem presença de Aedes aegypti, o centro acredita que a transmissão tenha ocorrido por contato sexual.

O vírus também foi encontrado em amostras de leite materno de duas mães na Polinésia Francesa. No entanto, o vírus encontrado não era do tipo replicante, que transmite a doença.
Para Ferreira, é difícil que o vírus no leite cause infecção no bebê, já que o zika não é adaptado para a transmissão por via oral. "Transmitido pelo leite, ele teria que passar pelo estômago do bebê, e o suco gástrico (que ajuda a digerir os alimentos) é muito hostil", diz.

Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, ainda não existem provas suficientes de que o vírus possa ser transmitido pelo leite materno para que se recomende interromper a amamentação. Além da nutrição do bebê, o leite materno é importante para protegê-lo de doenças.
Além disso, os especialistas esclarecem que, ainda que infectado pelo vírus, o bebê recém-nascido não desenvolveria microcefalia, porque seu cérebro já está praticamente formado.

Verdade: A melhor proteção contra a zika é combater o mosquito Aedes aegypti

Até o momento, não há vacina contra o zika vírus no mundo. E o processo de desenvolvimento e aprovação de uma pode levar até 10 anos, segundo o Ministério da Saúde.

Além disso, atualmente é difícil até mesmo diagnosticar a doença e diferenciá-la com certeza da dengue e da febre chikungunya.

EPA 
Governo engajou Exército no combate ao mosquito  

Portanto, a melhor forma de se prevenir continua sendo evitar o contato com o mosquito Aedes aegypti, que transmite todas elas.

Além de evitar manter água parada em reservatórios sem tampa ou em utensílios domésticos, é essencial usar repelente tanto em adultos quanto em crianças após os seis meses de idade.
Para gestantes e recém-nascidos, recomenda-se também usar roupas longas, que deixem menos partes do corpo expostas.

Algumas mensagens no WhatsApp recomendam o uso de repelentes caseiros, mas, segundo os médicos, não há comprovação de que eles sejam eficientes.
Nas farmácias, há repelentes à base de substâncias como DEET, EBAAP e Icaridina, em concentrações diferentes. Todos eles podem ser usados por gestantes e por crianças a partir dos 2 anos. Para as crianças, no entanto, são recomendados repelentes menos concentrados.

Os médicos recomendam passar o produto na pele e por cima das roupas, especialmente nos horários que os mosquitos mais atacam, à noite e no início da manhã.
  • Esta reportagem foi publicada originalmente em 10 de dezembro e atualizada com novos "rumores" de grande circulação nas redes sociais.
  • Colaboraram Marina Wentzel, da Basileia (Suíça), Luciani Gomes, do Rio, e Luiza Bandeira, de Londres.
 Fonte:
 

Ex-ministro da Saúde apoiará pedido de aborto legal por microcefalia no STF







A presidente Dilma nunca falou sobre o assunto (aborto) e nenhum dos ministros que me sucedeu tocou no tema. Eu me arrisquei, botei meu rosto no debate e nunca recuei', diz Temporão 


O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ) diz que apoiará a ação pelo direito legal ao aborto de fetos com microcefalia, que deve ser levada ao Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas.

"Me coloquei à disposição (do grupo que levou a questão ao Judiciário) e vamos continuar em contato", diz Temporão, ministro entre 2007 e 2011, no segundo governo Lula. "Eu apoio que isso seja levado ao Supremo e que se levante a discussão."
Nas palavras do médico, atual diretor executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde (ISAGS), o projeto "já nasceria derrotado" caso a discussão acontecesse na Câmara dos Deputados. "Jamais passaria. Este é talvez o mais reacionário corpo de deputados e senadores da história republicana", diz.

Daí vem a escolha pelo poder Judiciário. "O Brasil vive um momento na política em que o cinismo, a mentira e a hipocrisia têm que terminar no contexto do aborto. Temos que enfrentar a realidade e deixar de fingir que não estamos vendo o que acontece. Abortos ilegais são feitos todos os dias nas camadas mais ricas da sociedade."

Como a BBC Brasil revelou na última quinta-feira, o mesmo grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos no STF, acatada em 2012, se organiza para levar ação similar à Suprema Corte em meio à epidemia de microcefalia que se espalha pelo país.

À frente da ação, a professora Debora Diniz diz que a interrupção de gestações "é só um dos pontos de uma ação maior", que também cobra políticas que erradiquem o mosquito Aedes aegypti, vetor do zika vírus, e garantias de acompanhamento e tratamento de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença.

'Que país é este?'

Durante seu mandato como ministro, Temporão defendeu publicamente, por diversas vezes, o direito à escolha pelo aborto legal como questão de "saúde pública". Na época, chegou a afirmar que a discussão era conduzida no país "de forma machista".
 

Avanço da microcefalia e do zika vírus nas Américas foi declarado emergência internacional pela OMS nesta semana  


"A presidente Dilma nunca falou sobre o assunto e nenhum dos ministros que me sucedeu tocou no tema. Eu me arrisquei, botei meu rosto no debate e nunca recuei", diz hoje, se definindo como um "homem militante da causa feminista".

"A questão tratada nesta demanda ao Supremo se refere aos direitos da mulher", prossegue Temporão. "Caso seja comprovada esta relação entre zika e microcefalia, a mulher deve ter o direito de levar a gravidez adiante ou não."

O avanço da microcefalia e do zika vírus nas Américas foi declarado como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em reunião em Genebra nesta segunda-feira. Segundo a organização, o zika seguirá se alastrando rapidamente pelo continente e poderá afetar até 4 milhões de pessoas neste ano, com até 1,5 milhão de vítimas no Brasil.

A OMS ainda investiga a "potencial" relação entre o vírus e os casos de microcefalia, diz Bruce Aylward, diretor-executivo da instituição.
"Nesta etapa, o que precisamos é obter mais evidências científicas e de saúde pública que deem substância à questão que irá ao Supremo", argumenta Temporão. "Há robustas evidências epidemiológicas e clínicas, mas ainda não há comprovação determinada e absoluta. Por isso coloquei que é muito importante ouvir e ler mais sobre o tema."

O ex-ministro, que atendeu ao telefonema da reportagem em um hotel em Quito, no Equador, cita diversas o médico Drauzio Varella, que afirmou à BBC Brasil nesta terça-feira que a proibição do aborto no Brasil "pune quem não tem dinheiro".
"Que país é este que faz vista grossa para que a classe média faça o aborto e coloca na cadeia aquelas que ousam fazer, mas são pobres?", indaga Temporão, afirmando que o Brasil e a maioria dos países da América Latina estão entre os "mais atrasados do mundo" na legislação sobre o aborto legal.

'Falsa impressão'

Para o médico, que não quis comentar a gestão do atual ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-RJ), "é um absurdo que a sexta economia do mundo tenha índices tão altos de infestação" pelo vírus.
"Basta comparar bairros mais ricos e mais pobres, a diferença (na incidência da doença) é gritante. Isso coloca em risco de maneira diferenciada essas mulheres", afirma.
Temporão afirma que haveria "uma falsa impressão" de que epidemia seria fruto da "negligência das pessoas". Para o ex-ministro, a principal culpa é do Estado, que não ofereceria "coleta de lixo, fornecimento correto de água e esgotamento sanitário" de forma adequada.
"Cerca de 80% dos focos no Nordeste não estão lá por culpa das famílias. Elas não têm acesso a água de forma contínua, por isso estocam. O Brasil enfrenta surtos permanentes de zika, dengue e chikungunya há 30 anos porque estas questões não foram atacadas."

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Pesquisadores criam método que permite detectar Zika em sangue de transfusão

Hemocentro de São Paulo usará teste desenvolvido com apoio da FAPESP para triar bolsas destinadas a gestantes e a transfusões intrauterinas (foto: Wikimedia Commons)

Karina Toledo | Agência FAPESP

Um método para detectar a presença do vírus Zika no sangue usado em transfusões foi desenvolvido no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado por José Eduardo Levi, chefe do Departamento de Biologia Molecular da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo – instituição ligada à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
De acordo com o pesquisador, inicialmente, a metodologia seria indicada apenas para a triagem de bolsas de sangue destinadas a gestantes ou a transfusões intrauterinas (nas quais o sangue é transfundido diretamente no feto). A iniciativa é medida de precaução, já que não existe confirmação de que a transmissão transfusional do vírus represente risco ao feto.

“No caso do Zika, a grande preocupação é com grávidas e fetos. Achamos que não seria boa ideia, nesses casos, usar sangue com risco de ter o vírus. Nossa proposta foi fazer um teste para ser usado em um pequeno número de bolsas de sangue – 0,16% do estoque do banco de sangue – destinado a esse público-alvo. Pretendemos começar a aplicar o teste no Hemocentro de São Paulo logo após o Carnaval”, afirmou.

Desde o início da epidemia de Zika no Brasil, em 2015, pelo menos dois casos de transmissão por meio de transfusão sanguínea foram confirmados no Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), interior de São Paulo.

Em relação à dengue, já é conhecida a possibilidade de ocorrer transmissão transfusional. Segundo Levi, estima-se que até 1% dos doadores de sangue – nos períodos de pico epidêmico – sejam positivos para o vírus da dengue no momento da doação, mas não é feita nenhum tipo de triagem laboratorial.

“Isso nunca foi considerado um problema, pois, na maioria das vezes, o receptor do sangue nem sequer chega a desenvolver a doença. No Brasil, nunca foi detectado um caso grave de dengue transfusional. Esse primeiro receptor contaminado com Zika em Campinas também não apresentou sintomas da doença, embora tenha sido confirmada a presença do vírus em seu sangue (o segundo paciente morreu em decorrência dos ferimentos por arma de fogo que levaram à necessidade de transfusão). De maneira geral, ainda não há evidências de que o vírus Zika seja algo problemático do ponto de vista transfusional, com exceção das grávidas”, explicou o pesquisador. "Não temos evidência, por exemplo, de que o Zika adquirido pela via transfusional possa causar microcefalia, mas acreditamos que exista uma alta probabilidade de que isso ocorra."

Levi também é professor do Instituto de Medicina Tropical da USP e integra a chamada Rede Zika – grupo articulado de maneira emergencial no último mês de dezembro, sob a coordenação do professor Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, para tratar de questões relacionadas à epidemia de Zika e aos crescentes casos de microcefalia associados.

“Já estava em andamento um projeto, apoiado pela FAPESP, dedicado à prevenção da transmissão transfusional da malária no Estado de São Paulo. Em dezembro, solicitamos um recurso adicional que foi usado no desenvolvimento do teste para detectar o vírus Zika”, contou Levi.

A metodologia alia um método de biologia molecular conhecido como PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real a protocolos desenvolvidos no Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, para detecção do vírus Zika.

“O protocolo do CDC sugere alguns reagentes específicos, primers e sondas, já testados e aprovados para detecção do vírus Zika usando PCR em tempo real. Fizemos algumas adaptações nesse protocolo aqui no Hemocentro de São Paulo”, contou.

A validação do método foi feita com controles positivos (isolados do vírus cultivados em laboratório que servem para confirmar se o que está sendo detectado é de fato o vírus Zika) fornecidos por pesquisadores da Rede Zika.

“Depois validamos também no plasma do receptor contaminado por transfusão – gentilmente cedido pelo dr. Marcelo Addas, do Hemocentro da Unicamp. Como obtivemos sucesso, já distribuímos o método para a Rede Zika, para quem quiser usar”, contou Levi.

Diante da falta de evidências sobre a importância de triar todo o sangue doado para a presença do vírus Zika, avaliou Levi, não haveria possibilidade e/ou necessidade de incluir o teste na rotina de todos os bancos de sangue do país. “Estamos observando atentamente a evolução dos casos e, se forem surgindo evidências de que isso é necessário, vamos batalhar para obter mais recursos. Por enquanto o que entendemos prudente é triar apenas essa pequena parcela”, avaliou. 


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