terça-feira, 15 de setembro de 2015

Salivação em excesso pode ser indício de problemas mais graves

Causas
Apesar de ser uma característica comum em peludos de raças braquicefálicas (de focinho curto), asalivação excessiva pode ser indício de intoxicação de produtos ou até mesmo raiva. “Se o animal tiver sido intoxicado ou estiver com raiva, além de salivar ele pode fi car apático e até mesmo apresentar sintomas neurológicos como convulsão”, aponta o nosso colunista Mário Marcondes, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira (SP).
Tratamento
Caso a salivação venha acompanhada dos sintomas citados acima, é indicado levar o mascote o mais rápido possível ao veterinário. “Se for intoxicação será necessário interná-lo para receber medicações e tratamento com soro”, afirma Marcondes. Já se o profissional suspeitar de raiva deve-se fazer exame de sangue urgentemente para comprovar a doença. Vale lembrar de manter sempre a oferta de água fresca ao peludo, pois a salivação intensa pode ser sinal de sede.
Dicas

• A raiva pode se manifestar como furiosa (quando o animal fica agressivo), muda (o pet se sente apático) ou intestinal
• Se desconfiar de raiva, não entre em contato com a baba, pois você pode ser infectado. Por isso, proteja o seu amigão com a vacina.
• Os gatos costumam espumar ao tomar remédio com gosto amargo. Ofereça água para amenizar a reação do bichano.
• O pet pode babar demais se estiver com algum objeto preso nos dentes ou nas gengivas. Se precisar, leve-o ao veterinário para a retirada.
O que diz o especialista
“Pets de focinho curto, como Buldogue, Pug e Boxer, podem salivar mais por questões anatômicas, principalmente em dias quentes. Por isso deve-se oferecer sempre água a eles. Outros cuidados que o dono deve ter para evitar os problemas que provocam salivação excessiva é retirar produtos químicos de locais a que o mascote tenha acesso para prevenir intoxicações e vaciná-lo anualmente contra a raiva”, ressalta o veterinário Mário Marcondes.


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Sonolência demais pode ser um distúrbio ou até doença cardíaca



Se seu cão tem algum dos seguintes sintomas, fique atento, a sonolência além do normal pode significar uma doença: Sono além do normal, falta de disposição para passear e praticar exercícios, aumento de pesoou até ocorrência de obesidade

Causas

Se o seu mascote sempre teve um comportamento ativo, mas, nos últimos tempos, tem demonstrado desânimo e sonolência, é importante ficar ligado nos sintomas. “Tosse, falta de ar e cansaço caracterizam doença cardíaca. Distúrbios de comportamento, sonolência e convulsão têm tudo a ver com alteração neurológica; já sonolência e aumento de peso estão ligados ao hipotiroidismo”, explica o veterinário Mário Marcondes. Mas acalme-se, em todos os casos há tratamento com medicamentos ministrados por via oral.

Raças mais preguiçosas

Algumas raças têm predisposição a sofrer da tal sonolência, como Buldogue, Lhasa Apso, Pug e Basset Hound. Isso acontece por causa da própria anatomia dos cães. “O Buldogue e o Lhasa Apso têm focinho mais curto e respiram com maior dificuldade, o que garante a preguiça. Já o Basset Hound é uma raça pesada, com membros curtos e coluna longa, dificultando assim sua rápida locomoção”, ensina Marcondes, que ainda diz que a teoria do focinho curto também vale aos Persas.

Castrado e preguiçoso

Engana-se quem acredita que é normal animais castrados ficarem com muito sono. “Eles ficam mais calmos, mas não sonolentos. Ao perceber essa mudança de comportamento, independentemente de o bicho ser castrado ou não, leve-o ao médico veterinário. Um check-up pode identificar o problema, e o profissional saberá indicar o tratamento ideal”, afirma Marcondes.

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Crise hídrica está longe de acabar - Reúso poderia diminuir o consumo em 50%

A crise hídrica está longe de acabar, e o Brasil precisa avançar na adoção do reúso – que permite levar ″a água da privada de volta para a torneira″

Jennifer Ann Thomas - VEJA - 14/09/2015


Caio Guatelli/VEJA
Jardim do WTC, complexo comercial de São Paulo regado com água tratada: sustentabilidade

Nos últimos meses, o assunto murchou, por assim dizer, nas conversas do dia a dia. Mas o problema da crise hídrica, especialmente em São Paulo, está longe de ser resolvido. As chuvas que caíram na última semana na capital paulista não alteraram o quadro alarmante. Até agosto de 2014, o nível dos principais reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estava em 23,5%. Hoje, chega a no máximo 21,1%. Responsável pelo atendimento de 5 milhões de pessoas, o Sistema Alto Tietê atingiu em agosto o nível mais baixo desde 2003, de 13,8%. No último dia 3 de setembro, o volume útil do maior reservatório que abastece o Estado do Rio de Janeiro, o de Paraibuna, chegou a 0,83%. Um ano atrás, estava em 11%. A conclusão é - para usar um termo incontornável - cristalina: não há como deixar de economizar água.

O aproveitamento da chuva para irrigar jardins ou limpar áreas comuns reduz o consumo em 26%. A instalação de hidrômetros individuais derruba o valor da conta de água em até 56%. Contudo, independentemente dessas estratégias, é imperioso lançar mão de outro recurso: o reúso. É verdade que, a partir da crise, foi disseminada a prática de reutilização da água do banho e da máquina de lavar para alguns fins específicos, como a descarga sanitária. No entanto, uma vez derramada na rede de esgoto, o entendimento é que aquela água havia se tornado inaproveitável. Nada mais equivocado. Com o tratamento adequado do esgoto, um estabelecimento comercial de grande porte, como um shopping center, pode reaproveitar tão bem a água que o consumo tenderá a cair até 50%.

O reúso é largamente empregado, por exemplo no Estado americano da Califórnia, onde a escassez abriu a possibilidade de levar água "da privada para a torneira", como os técnicos costumam dizer. De acordo com a legislação local, é permitida a chamada potabilização indireta. Funciona da seguinte maneira: a água tratada é misturada com a das bacias subterrâneas e depois passa para o sistema de abastecimento comum. "Escutamos pessoas dizendo que não querem beber água da privada. Depois de passar por três estágios de purificação, porém, ela sai mais limpa do que a água que não é de reúso e chega a sua casa", comparou o americano Henry Vaux, professor de economia dos recursos da Universidade da Califórnia. Para motivar a população, Bill Gates, fundador da Microsoft, o homem mais rico do mundo, gravou um vídeo no qual aparece bebendo água produzida em uma estação de tratamento de esgoto. A Fundação Bill & Melinda Gates pretende distribuir miniusinas de tratamento por toda a África.

Em dezembro do ano passado, um projeto enviado à Sabesp pelo professor de hidrologia Ivanildo Hespanhol, da Universidade de São Paulo, defendeu o tratamento de esgoto para solucionar a crise hídrica - e, de quebra, despoluir os rios. Com previsão para entrar em operação daqui a dez anos, ao custo de 3 bilhões de reais, o sistema abasteceria 3,5 milhões de pessoas. De qualquer forma, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, no Brasil as ações em torno do reúso de água não levam em conta a possibilidade de consumo. O emprego aqui é mais comum em processos industriais, geração de energia, irrigação, jardinagem, limpeza etc. Diferentemente do que se observa na Califórnia, a legislação brasileira não deixa claro o que é permitido ou não nessa frente. De acordo com o advogado Vinicius Vargas, do escritório Barros Pimentel, a lei de saneamento fala sobre água potável, mas não sobre reciclagem. "O saneamento é um serviço público e por isso deve ser especificado em lei para que os agentes possam seguir a mesma fórmula", explica ele.

Segundo o engenheiro hídrico Thiago de Oliveira, da fornecedora de água de reúso General Water, a prática, na realidade, já existe no país - "Só não é assumida". Oliveira afirma que um exemplo claro disso é a Represa Guarapiranga, na região metropolitana de São Paulo, rodeada por esgotos irregulares. "Pouco se fala sobre ela, mas 15% do nível da represa é o próprio esgoto voltando para o tratamento", garante. O engenheiro diz também que a General Water já produziu água potável. "Nos nossos testes, tivemos o mesmo nível de pureza da água que é distribuída para consumo." Desde o início da crise, a empresa viu a procura pelo seu serviço crescer 100% e teve 30% de aumento no número de clientes. Entre eles, há até um centro administrativo que, com reúso de água e poços artesianos, se tornou totalmente independente da rede pública. A Aquapolo, parceria entre a Odebrecht e a Sabesp, fornecedora do mesmo serviço, abastece o polo petroquímico da região do ABC Paulista, produzindo um volume equivalente ao necessário para o consumo de uma cidade de 500 000 habitantes. Com isso, as empresas da área de Mauá economizam 50% do valor que pagavam antes por água potável.

Para Thiago de Oliveira, aceitar estações de tratamento de esgoto "é adotar um novo modo, mais consciente, de lidar com os recursos hídricos". Ele observa que o modelo atual mantém a mentalidade no Império Romano, quando se construíam extensos aquedutos para buscar abastecimento em lugares distantes com nascentes puras. O cenário do momento, entretanto, argumenta Oliveira, "pede que a nossa política para o meio ambiente se espelhe no exemplo de Londres, onde o Rio Tâmisa, cuja despoluição levou 150 anos, hoje é povoado por 125 espécies de peixe e voltou a receber os esportes náuticos".

Curiosamente, ao mesmo tempo em que, no Brasil, é grande a resistência à reutilização de água, a reciclagem do lixo já faz parte das políticas públicas. Segundo Gabriela Yamaguchi, gerente de campanhas do instituto ambiental Akatu, "a água está em outro capítulo da cultura do brasileiro; a reciclagem ficou restrita à categoria das embalagens, por exemplo". E conclui: "Pelo menos, ao reciclá-las, também estamos economizando água". Diante dos números da crise hídrica atual, será prudente não demorar a entrar de vez no próximo capítulo.


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