sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Porque faz bem ter um bicho de estimação?


O impacto da interação entre animais e seres humanos em serviços de saúde


O primeiro relato sobre uso de animais
como parte de tratamentos ocorreu por
volta de 1792 na Inglaterra. Estudos
mostraram que as pessoas se beneficiaram
psicologicamente com a interação
homem-animal (por meio da redução da ansiedade e
do isolamento, do combate à depressão e da redução de
outros aspectos negativos da institucionalização). Alguns
benefícios físicos também foram demonstrados como a
melhora dos parâmetros cardiovasculares e diminuição
da rigidez muscular.

Atualmente, animais têm sido utilizados em algumas
instituições de saúde através de visitação, atividades
assistidas com animais (A.A.A.), terapia assistida com
animais (T.A.A.) e animais de serviço. A incorporação
desta prática implica no desenvolvimento de guias e
políticas para prover um ambiente seguro tanto para as
pessoas quanto para os animais.

Dentre os animais de estimação, os cachorros são os
mais amplamente utilizados nos programas de terapia e
tem-se observado um efeito terapêutico muito positivo.

Os gatos e os pássaros também têm sido utilizados, porém
em menor proporção.

Entretanto, existem riscos associados ao contato entre
ser humano e animais, dentre eles: traumas, reações
alérgicas, zoonoses. Mais de 200 doenças infecciosas dos
animais podem ser transmitidas aos humanos (tabela 1).

No que se refere ao controle de Infecção Relacionada à
Assistência à Saúde (IRAS), o Centers for Disease Control
and Prevention (CDC) fez algumas recomendações para
A.A.A., as quais, se incorporadas à prática assistencial,
podem minimizar este risco.

A Minimizar o contato com saliva, urina e fezes do
animal.

B Higienizar as mãos antes e após qualquer contato com
o animal. 1 Lavar as mãos com água e sabão, especialmente
se as mãos estiverem visivelmente sujas ou
contaminadas com material proteico. 2 Utilizar gel
alcoólico à 70% para higiene das mãos quando elas
não estiverem com sujidade visível.

C Evitar o uso de primatas, répteis, anfíbios, mamíferos
roedores (ratos, hamsters etc.), animais não adultos
(gatos com menos de 1 ano ou cachorro com menos
de 2 anos) para atividades e terapias assistidas com
animais.

D Registrar e estabelecer avaliação periódica dos animais
que estão vacinados contra todas as zoonoses e que
estão sadios, limpos, isentos de ectoparasitas, parasitas
entéricos ou que tenha recentemente completado
tratamento anti-helmíntico sob orientação de um
veterinário.

E Assegurar que os animais são controlados por pessoas
treinadas, proporcionando atividades e terapias seguras
e que conhecem o histórico de saúde e características
do comportamento do animal.

F Agir rapidamente quando ocorrer um incidente tipo
mordedura ou arranhão por um animal durante a atividade
ou terapia. 1 Retirar o animal definitivamente
deste programa. 2 Relatar o incidente rapidamente às
autoridades pertinentes (por exemplo: profissionais
do controle de infecção hospitalar, coordenador do
programa de animais ou pessoal de controle de animal
local). 3 Limpar e tratar rapidamente arranhões,
mordidas ou outras soluções de continuidade da pele.


G Planejar previamente as atividades a serem realizadas com a participação do treinador e do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, visando estabelecer se estas podem ser realizadas em área pública ou no quarto do paciente.

H Precauções para atenuar reações alérgicas a animais. 1. Minimizar a irritação, dando banho até 24 horas antes da visita. 2. Pentear os animais para remover os pelos antes da visita ou utilizar uma capa.

I Realizar rotineiramente limpeza das superfícies ao término das sessões.

Antes de se iniciar uma A.A.A./T.A.A. é necessário verificar se o paciente quer interagir com o animal e se existe alguma condição que inviabilize esta atividade, como:
• alergia a pelos de animais;
• feridas abertas ou queimaduras;
• traqueostomia aberta;
• imunossupressão;
• agitação ou agressividade;
• presença de precauções específicas: durante o contato, gotículas, aéreas;
• pavor de animais;
• pacientes com tuberculose, salmonelose, shiguelose, infecção por Campylobacter spp, Streptococcus do grupo A, Staphylococcus aureus meticilino resistente, Tinha, Giardia e Amebíase;
• pacientes esplenectomizados pela sua maior susceptibilidade em desenvolver sepse por Capnocytophaga canimorsus, normalmente encontrado em saliva de cachorros e gatos;
• não permitir visitas em unidades críticas (como, por exemplo, terapia intensiva, unidades de transplante, centro cirúrgico, etc) ou em áreas de preparo ou armazenamento de alimentos e medicamentos.

Maria Fátima dos Santos Cardoso1
, Fernando Gatti de Menezes2
Luci Corrêa3
, Paulo de Tarso Lima4
, Rita de Cássia Grotto5
1) Enfermeira Especialista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital 
Israelita Albert Einstein; 2) Médico do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do 
Hospital Israelita Albert Einstein; 3) Coordenadora médica do Serviço de Controle de 
Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein; 4) Médico coordenador do 
Serviço de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein; 5) Gerente do Serviço 
de Atendimento ao Cliente do Hospital Israelita Albert Einstein

Fonte:




Porquê não é possível manter porcas prenhes fora da gaiola


Vários estudos realizados no Hemisfério Norte mostram
que a cultura contemporânea vê o conforto animal
como um fator que agrega valor ao alimento
oferecido nos mercados. A Comunidade Européia
estimula e oferece apoio econômico aos granjeiros
que empregam métodos de produção que respeitem o
bem-estar animal e a qualidade passa a tomar lugar da
quantidade. Esse apoio econômico é impulsionado pelo
próprio consumidor. O Wellfare Quality Project prevê
acordos multilaterais, entre países, para garantir uma
uniformidade de pensamento e de produção. Alguns
países dentro e fora da Comunidade Européia já caminham
nesta direção.Hoje não interessa “QUANTO” se
produz, mas “COMO” se produz : FF - From Fork to
Farm, expressão inglesa que indica quem dita as regras
do consumo, ou seja o próprio consumidor.

Durante muito tempo, a humanidade cometeu agressões
contra o meio ambiente e a natureza, incluindo
nestes erros, as criações intensivas, muitas vezes foram
levadas aos extremos como por exemplo a desmama ultra-
precoce, tratamentos medicamentosos sem necessidade,
ou restrições de espaços que chegavam a impedir
o animal de deitar-se com conforto.

O “bem-estar animal" não é nada mais que uma
passagem, lenta e gradual, para uma cultura mais
evoluída que é parte inexorável da evolução humana.
Monstruosidades que eram uma coisa normal durante
o Império Romano, como a arena dos leões, lutas e
sacrifícios de pessoas e animais, não eram percebidas,
na época, como tais. Hoje são tidas como atrocidades.

Como seremos vistos daqui a centenas de anos,
criando animais em gaiolas por toda a vida, com limitação
de movimentos, limitação de alimentos e condições
de limpeza inadequadas?

Introdução
Vivemos em uma sociedade industrial, informatizada e
fria do ponto de vista humano, mas é crescente o número
de pessoas no mundo que desfrutam de altos padrões de
vida, onde a preocupação com este padrão também passa
a ser compartilhada com outras pessoas. Este é um pensamento
que chega a uma sociedade que já alcançou o
próprio conforto e passa a interessar-se pelo conforto de
outras pessoas e dos animais. Neste tipo de sociedade,
existe a necessidade de consumir alimentos que foram
produzidos de acordo com os padrões mais altos de saúde:
um alimento de qualidade, sem a presença residual de pesticidas,
substâncias antibióticas ou poluentes.

Como veterinária de campo há mais de 20 anos, tenho
contato frequente com granjas no Brasil, na Itália e outros
paises europeus e, muitas vezes, percebo que os animais
poderiam ser tratados de um modo melhor. Tratar bem
os animais não significa nenhum custo adicional e não é
prerrogativa da criação intensiva. É provável que a falta de
humanidade e comunicação para com os animais seja um
reflexo da própria falta de humanidade da “sociedade industrial”
de hoje. Não custa acompanhar os animais com
um aparador ao invés de um bastão. Não custa deixar o
caminho livre para que o animal não se distraia e não pare.

Não custa depositar o leitão no solo ao invés de lançá-lo ao
chão. Não custa tocar a porca na região lombar durante a
cobertura porque o contato físico ajuda a liberar oxitocina,
que, por sua vez, ajuda a subida dos espermatozoides em
direção a tuba ovárica onde acontece a fecundação, propiciando
assim maior eficiencia e qualidade da cobertura .

É seguindo algumas regras de comportamento como
estas que o sistema de criação intensivo se desenvolverá, levando
em consideração o bem-estar animal como “modo”
de criação, mesmo que esta seja intensiva.


A legislação
O bem-estar animal põe em evidência
as necessidades biológica e
fisiológica de cada espécie e são fundamentais
para o alcance de um bom
resultado na granja. A atual legislação
européia do bem-estar animal
baseia-se em estudos científicos e
faz parte do processo evolutivo lento
e gradual do ser humano : em 1824,
nascia, na Inglaterra, a SPCA (Sociedade
para Prevenção de Crueldade
para Animais) no mesmo período
em que a abolição da escravidão já se
espalhava pelo mundo.


Manejo das porcas livres
É possível criar com eficiência
econômica as porcas em fase de gestação
sem gaiolas, desde o desmame
até a entrada na maternidade.

É tudo uma questão de manejo.
A partir de 2013, a regulamentação
européia prevê o uso da gaiola
apenas na prenhês por não mais de
28 dias de gestação. Muitos países
já se adequaram; por exemplo, na
Dinamarca, mais de 70% das granjas
já foram transformadas, mas
infelizmente outros países ainda
não se incomodaram em resolver
o "problema".

Acompanhei durante 5 anos
uma empresa formada por 3 granjas
que, nos últimos anos, aderiu
a um programa de bem-estar animal,
no qual era previsto a exclusão
do uso da gaiola durante todo o período da gestação,
ficando as gaiolas restritas apenas à fase de lactação.

Duas destas granjas adotaram esse sistema. São até hoje
as únicas da Itália. Visavam inicialmente melhorar o
sistema de produção, não apenas baseando-se no bemestar
animal, mas pelo retorno econômico: sendo a Itália
um país conhecido pela produção de bons salames e
embutidos, garantir esta alta qualidade aos produtos é
essencial para satisfazer o cliente ( no caso a Inglaterra)
e poder exportar.
Devemos destacar, porém, que um ponto crucial
para obter-se bons resultados é o profissionalismo dos
funcionários; pois, sem uma equipe bem treinada, a
adoção do manejo das porcas livres pode resultar num
verdadeiro desastre.

Fisiologia e hierarquia
A espécie suína possui um tipo de placenta chamada
de epitélio-corial, que pode levar a uma gestação de risco
elevado. Ao mover-se uma porca grávida de 28 dias de
uma gaiola individual para uma baia com mais animais,
essa mudança determina um stress múltiplo: mudança
ambiental, mudança social (com formação de uma nova
hierarquia, componente fundamental para uma relação
equilibrada), mudança na forma de administrar a ração,
mudança no acesso a água, fatores esses que levam a um
esforço de adaptação física e psíquica por parte da porca.

Nesta situação, os pequenos embriões da placenta epitélio-
corial podem ser prejudicados.

Mover as porcas nos primeiros dias depois da cobertura,
ou no mesmo dia, pode superar todas as desvantagens
da manipulação das porcas com 28 dias de
prenhês. Sabe-se que existem perdas, mesmo quando
os animais são agrupados tardiamente, normalmente
depois de 35-40 dias de gestação. Estas perdas são cada
vez menores com a consolidação da gravidez. Muito se
tem estudado a respeito das perdas embrionárias e o
método de criar porcas em grupos dentro de baias, com
os menores danos possíveis. No caso dessas 2 granjas,
foi feita uma reestruturação, utilizando baias com capacidade
para 8/9 porcas, ou seja, grupos pequenos, com
alimentação líquida 2 vezes ao dia (o ideal nestes casos
seria a alimentação seca) em chão sólido com área de
defecação em ripas de cimento.

Aparentemente a situação hormonal que circunda
os dias de estro e ovulação favorece o agrupamento
dos animais, pois, nestes dias, apresentam uma agressividade
reduzida frente às companheiras de baia.

Pude observar este evento em várias granjas, onde por
uma razão ou outra, foi preciso fazer os grupos nos
primeiros dias de gestação.

Colocando o plano em prática

Ponto N° 1: O desmame
Na granja citada acima, localizada na Emiglia Romagna,
a estrutura disponível era de baias de 8-9 porcas.
O ideal seria poder colocá-las, após o desmame dos leitões,
em baias maiores com lotes um pouco maiores, de
10-12 porcas, para evitar um segundo agrupamento depois
da inseminação. Mas, na prática, não é fácil ter estes
ambientes sempre a disposição. Existem alguns pontos críticos
na gestão das porcas desmamadas em grupos:
• Disponibilidade de pelo menos 2,25 metros² por porca.
• Alimentação ad libitum
• Desenho correto da baia: retangular, com piso não
escorregadio, definição clara das zonas de alimentação,
defecação e repouso.

Ponto N° 2: A área de detecção do cio (ADC)
e estimulação
Ao desmamar os leitões, as porcas atravessavam
a zona de estimulação/detecção do cio. Neste tipo de
manejo, é extremamente importante criar e definir
uma área de detecção do cio, também chamada "Eros
Center", muito difundido na Holanda, há anos. Nesta
zona, estão alojados os cachaços rufiões (pelo menos
4). A área deve ser muito espaçosa (cerca de 5 m² por
porca), sendo a medida total em função do número de
animais a estimular.Deve ser recoberta de serragem e a
largura máxima é de 3,0 m. O lote inteiro é trazido para
a estimulação às quinta- e sexta-feiras. As porcas são
estimuladas, por alguns minutos. Sábado e domingo, a
estimulação é feita no corredor, de baixa altura, onde a
parede é vazada para um melhor contato com os cachaços,
economizando tempo no fim de semana.

Ponto N° 3: Inseminação sem gaiola
É aqui que o treinamento dos tratadores é ainda mais
decisivo. Além do profissionalismo da equipe, o ambiente
tem um papel fundamental: desenho e concepção
da baia, forma e tipo de alimentação, composição dos
grupos, área de detecção do cio. São itens de extrema importância
sem os quais não podem ser assegurados os
índices de desempenho. O aspecto ambiental, em termos
B E M es t a r a nim a l

Alimentador de caida lenta, também chamado de "fixação":
o alimento é oferecido lentamente, poucas gramas por vez,
desestimulando a porca de deixar o seu lugar Área de revelação do cio também pode ser usada para cobertura
de estrutura e concepção da granja, pode ser o segredo de
resultados excelentes.

Na prática, na fase de estimulação, as porcas são levadas
em grupos completos para a ADC. Na segundafeira,
não se procede da mesma forma: as porcas são
levadas à ADC em grupos menores, de 4-5 animais por
vez, e é praticada imediatamente a inseminação das
porcas que apresentam inequivocadamente o reflexo de
imobilidade em frente ao cachaço escolhido por elas.

Este manejo prevê a detecção do cio, seguida de inseminação,
somente 1 vez ao dia. Nestas circunstâncias,
a qualidade da cobertura e os estímulos chegam a ser
o máximo que se pode obter. Em granjas de grandes
dimensões, onde tem algum problema reprodutivo, o
diagnóstico ineficiente do cio é freqüentemente a causa
do mau desempenho reprodutivo.

Ponto N° 4: Os grupos
A formação dos grupos deve ser feita no final do cio,
ou seja apos a ultima cobertura. Certamente, não poderemos
ter todos os animais em cio concentrados em
2 ou 3 dias. Mas, considerando o evento da desmama,
onde temos aproximadamente 90% ou mais de animais
no cio em poucos dias, o problema se reduz. É lógico
que existem os animais "atrasados" que, além de tudo,
são também menos férteis e menos prolíficos e poderão
ser submetidos a um stress maior na reunião com outros
animais, sofrendo perdas. Fica evidente, mais uma vez,
que, além das baias bem desenhadas, do manejo da alimentação,
da qualidade da ração, o profissionalismo dos
tratadores é de suma importância. Facilitando uma ótima
estimulação dos animais ao desmame, com um bom manejo,
teremos uma melhor concentração dos cios das
porcas, cios esses de melhor qualidade e precoces.

Uma vez inseminadas na ADC, as porcas são gentilmente
acompanhadas de volta à baia, e dentro de 2 dias se
faz um controle, ou seja, verifica-se se todas as porcas foram
cobertas ou se existe a necessidade de remanejamento,
retirando e/ou juntando animais ao grupo.


Resultados zootécnicos
No início do projeto de transformação desta granja,
a maior dúvida que meus colegas e eu tínhamos era de
quanto a granja poderia suportar em perdas de produtividade
em consequencia às perdas reprodutivas e ao aumento
da mão de obra, além do aumento nos custos pelo
investimento na construção, pela retirada das gaiolas e pela
transformação das baias e uma diminuição das porcas do
plantel. Ninguém havia passado por um experiência deste
tipo e não sabíamos quanto isto iria custar. O cálculo foi
feito com uma previsão de perda ao redor de alguns pontos
percentuais na taxa de parto e um aumento de alguns
pontos percentuais na taxa de eliminação das porcas.

Para nossa surpresa, passados os primeiros meses da
experiência, na transição de um sistema a outro, observamos
que a taxa de parto e a prolificidade tiveram um aumento.
A taxa de eliminação aumentou de alguns pontos e,
neste ponto, o objetivo da reestruturação deixou a desejar.

Houve também um aumento de animais com problemas
de articulação e aumento de problemas genito-urinários.

Se as instalações fossem adequadas, estes problemas poderiam
ter sido evitados, ou seja, demonstra-se mais uma vez,
que as instalações, na prática do manejo de porcas livres,
são de fundamental importância. Para a realidade italiana,
esta granja de manejo de porcas livres, apresentando um
estado sanitário médio, inclusive com a presença de PRRS,
tem desempenho superior à média nacional (com 85% de
taxa de parição e 11,0 leitões desmamados por parto).
b em es t a r a nim a l


Conclusões
Conhecer bem a fisiologia da reprodução, atualizarse
com os numerosos estudos a respeito do manejo de
porcas em grupo, são a base de uma gestão correta e
economicamente viável para criar porcas prenhes em
grupos. Seguramente o fundamental é adaptar-se às
mudanças. Diante dos resultados, o investimento necessário
para esta adaptação não deve ser uma desculpa
ou obstáculo para descontinuar o projeto, a aplicação
de novas técnicas, os conceitos de bem-estar dos animais
ou do comportamento do criador e de toda a sua
equipe frente aos animais.

Num recente estudo espanhol, da SIPCONSULTORS
(www.sipconsultors.com) foram analisados e confrontados
dados de granjas tradicionais e granjas já transformadas
conforme a legislação do bem-estar animal.
São dados de aproximadamente 144.000 porcas criadas
tradicionalmente e cerca de 54.000 porcas criadas no
sistema de bem-estar animal. Nestas granjas, a adaptação
consistiu na criação em baias após 28 dias de
gestação e no aumento do período de lactação. Foram
consideradas na análise, os investimentos na renovação
das instalações ou de novas construções, custos de
perda de produção durante o período de adaptação e a
variação dos resultados zootécnicos . No final, foram
computados o aumento das despesas fixas (estruturas
novas e diminuição da ocupação com menos porcas
presentes) e a melhora de alguns índices produtivos
(mais leitões desmamados e maior peso ao desmame).

O grupo “bem-estar animal” melhorou de 0,48 centavos
de euros por leitão desmamado, admitindo uma
amortização das instalações em 20 anos. A conclusão
de SIPCONSULTORS é que a melhora dos resultados
zootécnicos pode ser imputada principalmente à renovação
de instalações obsoletas .
Minha conclusão é que o tema do bem-estar animal
vai além da legislação ou de resultados produtivos: são
essenciais para a sobrevivência do setor. É possível estabelecer-
se padrões na criação de suínos, melhorando o
bem-estar desses animais, diminuindo seu stress e melhorando
a produção sem perdas financeiras. Pode-se
criar melhor dando mais aos animais de modo eficiente
e econômico.
Observação da redação
Recentemente, o governo holandês anunciou que irá
alocar dois milhões de € de fundos europeus para financiar
dois regulamentos que visam melhorar o bem-estar
animal. 

Um regulamento compensará os custos adicionais
que os agricultores terão ao pedir o certificado de produtores
"respeitadores" dos animais e o outro será usado para
subsidiar medidas para melhorar o bem-estar nas granjas
de aves e suínos.

Estes regulamentos contemplam subsídios para contribuir
ao objetivo de que, até 2023, todos os agricultores
produzam com métodos que respeitem a pessoa, o animal
e o meio ambiente. 

Os agricultores que não querem
o certificado, mas que querem criar os animais segundo
as nomas de bem estar, poderão recuperar determinados
custos. Por exemplo, colocar nas baias dos suínos mais
material de distração como, por exemplo, mais palha ou
equipamentos para brincar, como cordas.

Os regulamentos estabelecem que os subsídios entram
em vigor em 01 de janeiro de 2011. Os agricultores
poderão pedir as normas de certificação ou a regulamentação
do bem-estar animal e poderão solicitá-los
junto com sua declaração anual no Departamento de

Telma Vieira Tucci
Veterinária autônoma, Itália.
telmatucci@gmail.com


Fonte:

Idade de cães correspondente no homem por por tamanho do cachorro


Saiba mais sobre mastocitoma: Um dos tumores malignos mais diagnosticados na espécie canina - Saiba mais


O mastocitoma é um dos tumores cutâneos mais diagnosticados
em cães. O presente trabalho é uma revisão
de literatura que trata da incidência, etiologia, apresentação
clínica, estadiamento clínico do tumor, diagnóstico,
modalidades de tratamento e prognósticos.

Incidência e etiologia
Na espécie canina, o mastocitoma é um dos tumores malignos
mais diagnosticados, com incidência de aproximadamente 20%
(LONDON & THAMM, 2013). Villamil et al. (2011) A sua apresentação
cutânea representa cerca de 11% dos tumores cutâneos no cão.

Os mastocitomas podem ocorrer em animais de qualquer faixa etária,
mas acometem principalmente animais adultos, com a média de nove
anos (LONDON & THAMM, 2013). Algumas raças, como Boxer,
Labrador, Golden Retrievers e Shar-pei Chinês, são acometidas com
maior frequência (VILLAMIL et al., 2011).
Laufer-Amorim (2011) observou que as cadelas apresentavam
mastocitomas menos agressivos, e Kiupel e colaboradores (2005) já
haviam inferido que os cães machos apresentavam menos tempo de
sobrevida. 

Dentro desse contexto, White et al. (2011), sugeriram a
existência de influência hormonal no desenvolvimento do mastocitoma
dos cães, já que as fêmeas castradas apresentaram maior risco
de ocorrência da doença.


A etiologia dos mastocitomas não está comprovadamente
definida, as hipótes aventadas incluem inflamação
crônica, aplicação de substâncias irritantes na pele, infecção
viral, alterações genéticas, porém, a verdadeira
razão de sua elevada incidência ainda é desconhecida
(DALECK et al., 2009). Todavia, o envolvimento do
receptor de tirosina-quinase c-KIT na patogenia desta
neoplasia já foi confirmado (ZEMKE et al., 2001).

Apresentação clínica e estadiamento
Mastocitomas ocorrem frequentemente na pele, principalmente
na derme e tecido subcutâneo, enquanto
mastocitomas extra-cutâneos são pouco observados
(FURLANI et al., 2008; DALECK et al., 2009). Cães com
mastocitoma cutâneo podem apresentar lesões múltiplas
ou um tumor solitário. As lesões na derme são frequentemente
bem circunscritas. A presença de ulceração
e eritema é mais observada na apresentação dérmica,
sendo que mastocitomas subcutâneos raramente provocam
essas alterações. Contudo, em geral, os mastocitomas
podem mimetizar qualquer lesão cutânea (DOBSON &
SCASE, 2007; MURPHY & BREALEY, 2008) (Figura 1).

Na análise retrospectiva de 49 cães atendidos na
Universidade Estadual Paulista – Campus de Jaboticabal,
foi constatado que as localizações mais frequentes do mastocitoma
cutâneo foram membros e as regiões escrotal,
abdominal, inguinal, torácica e axilar Furlani e colaboradores
(2008). (KIUPEL et al., 2005a; SFILIGOI et al., 2005)
relataram que mastocitomas localizados nas regiões escrotal,
prepucial e inguinal são os mais agressivos (Figura 1).

O comportamento biológico do mastocitoma é muito
variável, há casos benignos que não comprometem o estado
clínico do animal e outros extremamente malignos que
podem provocar óbito (DALECK et al., 2009). A qualidade
de vida de cães com mastocitoma pode ser comprometida
pela manifestação de síndromes paraneoplásicas decorrentes
da degranulação de mastócitos, seguida da liberação
de histamina, heparina e enzimas proteolíticas. Em muitos
casos, os pacientes apresentam gastrite ou úlcera gástrica,
hipotensão e hemorragias (LONDON & SEGUIN, 2003;
LONDON & THAMM, 2013).

O estadiamento clínico é muito importante para a
determinação da extensão da doença e do estado geral
do paciente (LONDON & SEGUIN, 2003; LONDON
& THAMM, 2013). Para a sua determinação, além dos
exames de imagem, é necessária a realização de exames
citológicos e/ou histológicos dos órgãos com suspeita da
ocorrência de metástases. Recomenda-se a realização
dos exames: hemograma completo, perfil bioquímico e
urinálise destinados a revelar a existência de possíveis
síndromes paraneoplásicas (como anemia e hipereosinofilia)
ou algumas comorbidades, tais como doenças
infecciosas, renais e hepáticas. Nos casos de doença sistêmica
avançada, o mielograma pode identificar a presença
de mastócitos (LONDON & SEGUIN, 2003).

O estadiamento clínico estabelecido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) considera a localização do tumor
primário e a presença de metástase à distância, (p.
ex. linfonodos, fígado e baço) (LONDON & THAMM,
2013) (Tabela 1).

Diagnóstico
Os mastocitomas são frequentemente diagnosticados
pela citologia aspirativa com agulha fina (CAAF), pois os
seus grânulos são de fácil visualização ao miscroscópio.

Porém, nos tumores mais indiferenciados, a identificação
dos mastócitos pode ser difícil (LAVALLE et al., 2003).
A despeito do diagnóstico de mastocitoma ter sido firmado
pela CAAF, ainda se faz necessária a sua avaliação
histológica, uma vez que o comportamento e prognóstico
duação histológica.

Bostock (1973) desenvolveu um sistema que classificava
os mastocitomas em três graus histológicos.
Uma década depois, Patnaik et al. (1984) criaram outro
esquema de classificação, também considerando três
categorias: (1) bem diferenciado; (2) moderadamente
diferenciado; e (3) pouco diferenciado, e que, até hoje, é
o mais utilizado pelos patologistas.

Contudo, quando uma mesma amostra é analisada
por diferentes observadores podem ocorrer discordâncias
na determinação do grau histológico (NORTHRUP
et al., 2005; PINKZOWSKI et al., 2008). Por esta razão,
Kiupel et al. (2011) propuseram uma classificação que divide
o mastocitoma em baixo e alto grau de malignidade,
que proporciona elevado nível de concordância para a
graduação histológica da neoplasia.
Independentemente da classificação utilizada, o
exame histopatológico tem influência direta na conduta
terapêutica, que, por sua vez, depende do grau de diferenciação,
intensidade de proliferação e envolvimento
das margens cirúrgicas (LONDON & THAMM, 2013).

Tratamento
Sempre que possível, a ressecção cirúrgica do mastocitoma
é a modalidade de tratamento mais efetiva, desde
que realizada com margens de segurança (FULSCHER
et al., 2006). No entanto, a escolha da terapia depende
principalmente do estadiamento clínico e do grau histológico
do tumor (LONDON & SEGUIN, 2003).

A cirurgia pode ser curativa, sobretudo nos casos de
tumores bem diferenciados, mas os mastocitomas de
grau II ou III podem exigir o tratamento medicamentoso.

Nesses casos, a quimioterapia antineoplásica pode
ser empregada com o objetivo de cito-redução ou como
adjuvância. Fármacos comumente utilizados para o
tratamento do mastocitoma em cães são a vimblastina,
prednisona, ciclofosfamida e lomustina, com posologia
variável, dependendo do protocolo terapêutico adotado
(LONDON & SEGUIN, 2003; WELLE et al., 2008;
LONDON & THAMM, 2013) (Tabela 2).

A utilização dos inibidores de receptores de tirosinaquinase
é uma opção de tratamento para os tumores que
apresentam mutação em c-KIT e, nesses casos, consiste
em uma das terapias mais efetivas (LONDON, 2009;
JARK et al., 2012). Esta nova classe de medicamentos,
apesar de ter eficácia comprovada contra os mastocitomas,
ainda está sob constante investigação para avaliação
de seus efeitos benéficos e colaterais (BLACKWOOD
et al., 2012, JARK et al., 2012). Toceranib (Palladia) e
Masitinib (Masivet) são medicamentos de uso veterinário,
incluídos em tal grupo cuja comercialização ainda
não está aprovada no Brasil. Há evidências de que a sua
utilização concomitante com a quimioterapia também
pode ser benéfica para os pacientes com mastocitoma
(BLACKWOOD et al., 2012; ROBAT et al., 2012).

Prognóstico
Fatores relacionados à apresentação clínica, tais como:
localização, número de tumores e presença de ulceração
podem influenciar o prognóstico. Os mastocitomas localizados
no leito ungueal, escroto, prepúcio e focinho
são os mais agressivos e proporcionam um tempo de
sobrevida mais curto (GIEGER et al., 2003; THAMM
et al., 2006; HILLMAN et al., 2010). De maneira oposta,
Newman et al. (2007), demonstraram que os cães que
Mastocitoma cutâneo em c ã es

TA BELA 1 – Estadiamento clínico do mastocitoma canino*
ESTÁDIO 0:
Presença de um tumor incompletamente excisado
da derme, identificado histologicamente, sem
envolvimento de linfonodo regional.
ESTÁDIO I:
Presença de um tumor confinado à derme, sem
envolvimento de linfonodo regional.
ESTÁDIO II:
Presença de um tumor confinado à derme, com
envolvimento de linfonodos regionais.
ESTÁDIO III:
Tumores dérmicos múltiplos, tumores grandes e
infiltrativos com ou sem envolvimento de linfonodo
regional.
ESTÁDIO IV:
Qualquer tumor com metástase à distância, com
envolvimento de sangue ou medula óssea

*Os estádios I a III são classificados em subestádios 1(sem sinais sistêmicos) e 2 (com
sinais sistêmicos).

Tabela 2 – Protocolos de quimioterapia para o mastocitoma cutâneo em cães
PREDNISONA E VIMBLASTINA (THAMM et al., 1999)
Prednisona: 2 mg/Kg, por via oral, diariamente. Reduzir a dose após 30
dias. Suspender após 12 a 26 semanas.
Vimblastina: 2 mg/m2, por via intravenosa, semanalmente, totalizando
quatro aplicações. Depois, administrar a cada duas semanas, totalizando
quatro aplicações.

PREDNISONA, VIMBLASTINA E CICLOFOSFAMIDA
(CAMPS-PALAU et al., 2007)
Prednisona: 1 mg/Kg, por via oral, diariamente. Reduzir a dose após 30
dias. Suspender após 24 a 32 semanas.
Vimblastina: 2 a 2,2 mg/m2, por via intravenosa, a cada três semanas.
Ciclofosfamida: 200 a 250 mg/m2, por via oral ou intravenosa, a cada
três semanas. Iniciar sete dias após a vimblastina.
LOMUSTINA* (RASSNICK et al., 1999)
Lomustina: 70 a 90 mg/m2, a cada 21 dias.
VIMBLASTINA E LOMUSTINA* (COOPER et al., 2009)
Vimblastina: 2 mg/m2, por via intravenosa.
Lomustina: 60 a 70 mg/m2, por via oral.

Alternar os fármacos a cada duas semanas.
*A prednisona pode ser adicionada a estes protocolos
42 mv&z c rmv s p . g o v . b r
apresentaram tumores localizados no tecido subcutâneo
sobreviveram por mais tempo. Independentemente da
localização, os tumores ulcerados apresentaram o pior
prognóstico (MULLINS et al., 2006).

A influência do número de tumores sobre o prognóstico
é controversa. Enquanto MULLINS et al., (2006)
sugeriram não haver relação com o tempo de sobrevida,
Furlani et al., (2008) associaram a presença de múltiplos
nódulos com prognóstico desfavorável.

Um dos fatores prognósticos mais confiáveis para o
mastocitomas caninos é o grau histológico (LONDON
& SEGUIN, 2003). Tumores de alto grau (KIUPEL et al.,
2011) ou tumores de grau II e III (PATNAIK et al., 1984)
apresentam pior prognóstico, pois estão relacionados a
tempo de sobrevida mais curtos.

Padrões de expressão da proteína c-kit e do índice
de proliferação pela proteína Ki-67 têm sido crescentemente
determinados pela técnica de imuno-histoquímica
e quando são associadas apresentam um valor prognóstico
relevante. Cães com mastocitoma que apresentam
mutação em c-KIT apresentam prognóstico desfavorável
(ZEMKE et al., 2002), especificamente quando a marcação
segue um padrão citoplasmático focal ou difuso
(Webster et al., 2004). O Ki-67 é um indicador de proliferação
celular e, assim como o c-KIT, está relacionado
com tempo de sobrevida índice de metástase (WEBSTER
et al., 2007; THOMPSON et al., 2011). Adicionalmente,
a proliferação celular também pode ser avaliada pelo índice
mitótico (ROMANSIK et al., 2007)..

Considerações finais
Apesar dos avanços obtidos na análise do diagnóstico e
tratamento dos mastocitomas cutâneos dos cães, ainda é
difícil o estabelecimento do prognóstico desta patologia,
pois a sua apresentação clínica, o comportamento biológico
e a resposta ao tratamento são muito variáveis.

Fonte: 

Revista  mv&z




Autores:
Isadora Helena de Sousa Melo1
Geórgia Modé Magalhães2
Carlos Eduardo Fonseca Alves3
Sabryna Gouveia Calazans4


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