Estamos vivendo uma extinção em massa. As causas vão da mudança
climática e superpopulação à caça furtiva. O mundo industrializado que
criamos está se aproximando rápido dos animais e ainda há uma série de
coisas misteriosas que não sabemos a respeito deles.
Para o conservacionista marinho Carl Safina, os cientistas, por um
longo tempo, têm abordado o estudo de animais a partir de um ângulo
prejudicial, que encara inclusive uma certa competição entre eles e a
espécie humana.
Assumir que outros animais têm pensamentos e sentimentos foi um bom começo para uma nova ciência.
O estudo de animais foi por um longo tempo também um estudo de
arrogância humana, um exercício de realização de nossa própria suposta
superioridade. Felizmente, isso está começando a mudar. O livro de
Safina (“Beyond Words – What Animals Think and Feel”, ou “Além das
Palavras: o que os animais pensam e sentem”, em tradução livre) trabalha
para derrubar a nossa compreensão limitada sobre o que os animais são
capazes de fazer.
Os seres humanos não são a medida de todas as coisas
Se você for mais a fundo na literatura especializada, vai descobrir
que certos animais possuem algumas habilidades cognitivas que os
próprios seres humanos não possuem.
Em seu livro, Safina escreve que orcas e golfinhos parem ser capazes
de ler mentes. Ele também escreve sobre dois chimpanzés machos que foram
vistos de mãos dadas olhando o pôr do sol juntos na Tanzânia. Parecem
evidências bastante interessantes para considerarmos uma outra
abordagem, não?
Para o doutor em ecologia, a diferença entre seres humanos e animais
nunca realmente existiu. Para ele, nós sempre fomos basicamente a mesma
coisa.
1. Diferenças na comunicação não são desculpa
É fácil usar nossa incapacidade de nos comunicar com os animais como
prova de que suas vidas interiores são menos complexas do que as nossas.
Quão importante são as palavras, realmente?
Menos do que nós pensamos. A maioria de nossa empatia e muitos dos
nossos pensamentos ocorrem sem palavras, e nossa capacidade viver o dia a
dia ocorre sem palavras. Se você está dirigindo, você não diz “Oh, há
um outro carro ali”, você simplesmente vê o carro e
responde a ele.
Pensamos que estamos constantemente usando palavras para tudo, mas
realmente, nós fazemos muitas coisas sem elas. O mesmo, de acordo com
Safina, se aplica aos animais. Provavelmente, a forma como eles
experimentam o amor, a raiva, o medo e outras tantas emoções que não
existem nem palavras para definir é muito semelhante a forma como
fazemos isso.
2. Os animais também são “indivíduos”
Um “indivíduo” em um grupo social animal é definido por sua relação com
outros indivíduos do grupo. Um chimpanzé é um “indivíduo” e um elefante é
um “indivíduo”, mas um mosquito não é, porque um mosquito não tem
quaisquer relações sociais.
Mas…
No meio disso, existem alguns animais que têm uma relação muito mais
temporária que outros, como uma corça e seus filhotes, que podem ficar
juntos por cerca de um ano. Então, como tudo na vida, essa ideia de
“indivíduo” existe em uma escala móvel. Só que, assim como nós, alguns
animais vivem em grupos sociais complexos e a relação com os outros é
uma parte constante de sua vida.
Elefantes e orcas, por exemplo, vivem em estruturas familiares
matriarcais. Safina acredita que há uma conexão entre a alta
inteligência social e grupos sociais estruturados, porque se indivíduos
diferentes significam coisas diferentes para você, as relações devem ter
nuances.
Mas as sociedades matriarcais parecem, pelas observações do ecologista, ser muito mais agradáveis.
O contraste é mais gritante entre chimpanzés e bonobos: eles são
muito semelhantes, mas uma espécie tem a fêmea como líder e a outra tem o
macho. Os machos fazem um monte de coisas típicas de macho: há um monte
de agressão envolvida, muita luta, e isso limita o que a espécie pode
ser como uma sociedade. (Usem essa dica, seres humanos).
3. Os animais também sentem ciúmes e ficam de coração partido
No mundo animal, há um monte de desgosto, preocupação, corações partidos e o tradicional ciúmes.
Nós viemos dos mesmos ancestrais, das mesmas profundezas do tempo, e
estamos conectados a todas estas coisas, embora no século passado ou
algo perto disso tenhamos nos tornamos muito desconectados de nossas
origens.
Mas a realidade é que somos um pouco de tudo isso: quer percebamos ou não.
4. Os chimpanzés, por exemplo, têm expressões faciais
Eles são muito melhores do que a média das pessoas em se expressar,
aliás. Eles tendem a ser muito sérios na disciplina de seu trabalho, mas
são muito casuais socialmente e, geralmente, muito fáceis de serem
respeitados. Para Safira, eles certamente veem realidades mais
profundas.
As coisas que chipanzés pensam sobre o seu trabalho não são os ganhos
do trimestre da empresa, ou a concorrência de mercado. O que eles
carregam em suas mentes é a compreensão de como a vida funciona, coisas
como o ciclo da água, a história geológica da Terra, como o corpo
funciona – logo, eles têm uma perspectiva diferente sobre o mundo.
5. Alguns cetáceos, como orcas e golfinhos, parecem realmente ser capazes de ler mentes
Safira acha que isso realmente é possível. Primeiro de tudo, nós não
entendíamos que orcas tinham uma espécie de sonar até 1960. Então,
talvez algo mais esteja acontecendo com elas que nós simplesmente não
somos capazes de entender.
Recentemente, pesquisadores descobriram uma nova parte de seu cérebro
que nós não temos, e talvez esta parte seja responsável por fazer algo
diferente. Mas isso ainda é um mistério. É, contudo, uma hipótese que
não devemos ignorar.
6. Os elefantes e as orcas também sabem se adaptar ao meio
Conforme as alterações climáticas acontecem, além da sobrepesca, caça
furtiva e outros fatores que nós provavelmente não podemos controlar,
as ameaças a espécies como elefantes e orcas ficam cada vez maiores. É
natural que as pressões da população humana tornem sua sobrevivência
ainda mais complicada.
Contudo, estes animais são muito adaptáveis, porque já passaram por
uma série de mudanças climáticas no passado, embora elas fossem, em sua
maioria, muito mais lentas. Muitos deles se adaptam e encontram até mais
vantagens.
No oceano, a acidificação é a grande ameaça para as orcas. É impossível estimar quantas irão sobreviver ou morrer.
7. Orca e elefantes têm uma gentileza inexplicável
Quando se trata de seres humanos, eles são muito gentis ao invés de agressivos conosco. Por quê? Ainda não sabemos.
O ecologista levanta a possibilidade de os animais terem medo. Fazer
contato com os seres humanos é uma coisa desconhecida para eles, e
talvez eles não façam coisas que possam ter resultados imprevisíveis.
Isso não vale para animais treinados (ou explorados), é claro.
Há muitos animais que nos tratam como se tivéssemos mentes, como se
entendessem que nós os compreendemos. Algumas raias, que nem são peixes
ósseos, chegam perto de mergulhares meio que pedindo ajuda quando estão
enroladas em redes de pesca. Depois de serem socorridas, nadam em
círculos ao redor dos mergulhadores por um tempo – mesmo estando livres
para partir – o que pode ser entendido como uma demonstração de
gratidão.
Coisa que, muitas vezes, não vemos nem nas relações entre os humanos.
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