terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ESPOROTRICOSE - Prevenção, Transmissão, Sintomas, Disgnóstico e Tratamento


ESPOROTRICOSE: DEFINIÇÃO

A esporotricose é uma micose cutânea ou subcutânea que afeta também os vasos linfáticos próximos ao local da lesão, de evolução subaguda ou crônica, causada pelo fungo dimórfico do Complexo Sporothrix, espécies schenckii e brasiliensis. A espécie S. brasiliensis foi considerada mais virulenta em modelos animais, fazendo com que a invasão de tecidos ocorra de forma rápida, com altas taxas de letalidade. Em temperaturas de 25 a 30oC o fungo apresenta-se sob a forma de hifas nos componentes do ambiente, porém à temperatura de 37oC assume a forma parasitária de levedura que se multiplica nas lesões de pele.

É uma saprozoonose e antropozoonose que pode infectar animais e humanos. A doença tem sido associada a arranhaduras ou mordeduras de ratos, cães e gatos, mas são estes últimos os animais mais suscetíveis. Desde 1998, a cidade do Rio de Janeiro convive com uma epidemia de esporotricose em gatos e seres humanos, onde a espécie S. brasiliensis tem sido predominantemente isolada.

Cerca de 3.800 gatos, 120 cães e 4.000 casos humanos foram diagnosticados. No Estado de São Paulo é menos frequente; mas de 2011 a 2015, o Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde da capital, detectou a ocorrência da doença nas regiões de Itaquera, Itaim Paulista, Pedreira, Campo Grande, Vila Maria e Tremembé, em 148 gatos e um cão; e 13 pessoas foram encaminhadas para diagnóstico e tratamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. A esporotricose persiste como uma doença negligenciada, subdiagnosticada e um grave problema de saúde pública.

ESPOROTRICOSE: TRANSMISSÃO

As espécies fúngicas do Complexo Sporothrix são encontradas nos componentes do meio ambiente como terra, vegetações com espinhos, troncos de árvores, galhos, madeira e solo rico em matéria orgânica em decomposição particularmente nas regiões de clima quente e úmido. A esporotricose é considerada zoonose ocupacional associada às atividades de agricultura e floricultura, e de médicos-veterinários, tratadores e responsáveis por animais.

A infecção dos seres humanos ocorre quando há a inoculação traumática de material contaminado pelo fungo em feridas ou cortes na pele, assim como pelo contato direto com feridas dos animais doentes. Tanto gatos doentes quanto sadios carreiam na boca e nas unhas os fungos provenientes dos hábitos de esfregar-se no solo, enterrar excretas e afiar unhas. A infecção dos animais ocorre quando o fungo penetra pela pele devido a arranhões e mordeduras, principalmente por brigas. O animal que apresenta lesões deve ser isolado do contato com outros animais até que receba os cuidados do médico-veterinário. Animais doentes não devem ser abandonados, pois darão origem a novos focos da doença para outros animais e seres humanos. Quando da morte do animal com esporotricose, é essencial que o corpo seja cremado, e não enterrado, porque o fungo se mantém no ambiente, continuando o ciclo de transmissão.

ESPOROTRICOSE :SINTOMAS ANIMAIS

Nos felídeos as principais manifestações clínicas da esporotricose iniciam-se comumente nos membros, cabeça ou base da cauda, eventualmente atingem a região dos olhos e da boca e se assemelham a feridas devido a brigas, principalmente em gatos machos livres; o que confunde o proprietário do animal. São lesões circulares elevadas (pápulas ou nódulos), com alopecia, que evoluem para ulceração com necrose central (gomas) crostosas e com exsudato purulento e hemorrágico.

As lesões não cicatrizam, não respondem a antibioticoterapia e apresentam rápida evolução, difundindo-se pelo corpo. Por vezes, a partir do ponto de entrada do fungo, surgem nódulos enfileirados, às vezes exsudativos, que se constituem em linfonodos aumentados de volume, em cadeia linear, dando o aspecto de “rosário” (sinal do rosário esporotricótico). Essas lesões se espalham por todo o corpo, agravando o quadro, que evolui para esporotricose sistêmica, atingindo várias cadeias linfáticas, pulmões, fígado, baço, rins, trato gastrintestinal, sistema nervoso central, ossos, articulação, testículos e mamas. Os animais apresentam febre, prostração, anorexia e emagrecimento progressivo, vindo a óbito.

ESPOROTRICOSE: SINTOMAS EM HUMANOS

Em seres humanos, após os fungos penetrarem na pele, as lesões surgem entre poucos dias a três meses, mais frequentemente nos braços e na face. Pelo menos duas formas de esporotricose podem ser evidenciadas; cutâneas, restritas à pele, tecido subcutâneo e sistema linfático, que são as mais freqüentes e formas extracutâneas, que afetam outros órgãos e são mais raras. A presença de dor nas articulações e a elevação da temperatura corpórea também têm sido registradas. A forma cutânea, por sua vez, pode ser:

Cutâneo localizada: restrita à pele caracterizada por um nódulo (lesão elevada) avermelhado, que pode ser verrucoso (endurecido e com superfície áspera) ou ulcerado (ferido), geralmente recoberto por crostas, com discreto comprometimento linfático. Esta forma também pode ocorrer nas mucosas (boca, olhos); forma cutâneo linfática: como os fungos do nódulo inicial são drenados para os vasos linfáticos locais, ao longo do trajeto formam um cordão de nódulos subcutâneos que configuram aspecto de rosário. Esses nódulos aumentam de tamanho, ficam soltos abaixo da pele e alguns podem ulcerar.

Cutâneo-disseminada: as lesões nodulares, ulceradas ou verrucosas se disseminam pela pele. Esta forma é mais comum em pacientes imunodeprimidos. Pode ocorrer ainda a forma extracutânea, mais rara, que atinge outros órgãos como: pulmão, testículos, ossos, articulações e sistema nervoso. Nesta forma, a via de contaminação costuma ser a ingestão ou inalação do fungo. Diabetes, uso prolongado de corticoides, e imunossupressão estão frequentemente associadas à forma extracutânea ou sistêmica.

ESPOROTRICOSE: DIAGNÓSTICO EM ANIMAIS E HUMANOS

O diagnóstico da esporotricose animal baseia-se no histórico, exame físico e dermatológico feito pelo médico-veterinário. O diagnostico diferencial com piodermatites, criptococose, carcinoma epidermóide, micobacteriose atípica, histoplasmose e leishmaniose tegumentar é obrigatório. A suspeita diagnostica nos seres humanos depende da investigação pelo médico da atividade ocupacional do paciente, contato com animais juntamente com verificação do aspecto das lesões. Para a confirmação diagnóstica há necessidade de exames laboratoriais como o cultivo do pus, exudato e do raspado de lesões abertas.

O aspirado com seringa dos nódulos cutâneos fechados é controverso devido a possibilidade de disseminação do fungo via corrente sanguínea (fungemia). Nas formas mais graves, sistêmicas ou extracutânea, o escarro e líquor também podem ser examinados. As colônias crescem rapidamente, em média em três a sete dias, mas o tempo total de observação é de no mínimo um mês A presença de dimorfismo do fungo nas diferentes temperaturas no cultivo tem valor diagnóstico.

A biópsia de pele seguida da histopatológica, a intradermorreação tem sido utilizadas para pacientes humanos ou para inquéritos epidemiológicos. Atualmente, o emprego de testes sorológicos e moleculares agilizam o diagnóstico da esporotricose. Um teste de ELISA foi validado clinicamente pelas doutoras Leila Lopes Bezerra, da UERJ, e Rosane Orofino Costa, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ. No HUPE já é oferecido aos pacientes que desejem se beneficiar do mesmo, desde 2005. Para que seja ampliada a oferta, seria necessária a produção em uma escala industrial e uma parceria público-privada.
 
O diagnóstico deve ser realizado rapidamente para que o animal e as pessoas envolvidas recebam o tratamento e as orientações adequadas. O Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (CCZ), disponibiliza o diagnóstico micológico para animais gratuitamente. O material colhido pelo médico veterinário deve ser encaminhado ao CCZ, situado na Rua Santa Eulália, 86, Santana, São Paulo, com todas as informações clínicas e de contato com os responsáveis. Os casos de doença no município de São Paulo devem ser notificados ao CCZ pelo e-mail zoonoses@prefeitura.sp.gov.br ou no telefone 3397-8918, para que se proceda à busca ativa de novos casos em animais e pessoas, principalmente nas áreas ainda não detectadas, de forma a intervir e diminuir a transmissão para outros animais e pessoas.

Nas situações acompanhadas por equipe do CCZ em que se detecta a presença de pessoas com lesões suspeitas, é feito o encaminhamento ao serviço do Ambulatório de Zoonoses do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, localizado a Av. Dr. Arnaldo, 165, telefone 3896-1200, Prédio dos Ambulatórios, sob responsabilidade do Dr. Marcos Vinicius da Silva (marcos.silva@emilioribas.sp.gov.br ou mvsilva@pucsp.br, as consultas poderão ser agendadas por telefone ou no site do Instituto de Infectologia Emílio Ribas).

ESPOROTRICOSE: TRATAMENTO

A terapêutica de escolha para os animais e humanos é o antimicótico itraconazol de uso sistêmico (via oral), por meses ou anos e deve ser receitado pelos profissionais habilitados, respectivamente, médicos-veterinários e médicos.

Nas formas graves onde a infecção se propaga por todo o organismo e puser em perigo a vida da pessoa pode ser necessário tratamento com antimicótico por via venosa. Alternativa é prescrever iodeto de potássio, mas não é tão eficaz e causa efeitos colaterais na maioria dos doentes, tais como erupção cutânea, congestão nasal e inflamação dos olhos, boca e garganta.

Para os animais, a medicação deve ser administrada misturada ao alimento palatável de consistência pastosa (patês ou ração úmida, por exemplo) para evitar a manipulação e risco de infecção dos tratadores no momento de medicar. Casos de reinfecção ou recidiva podem ocorrer, devendo-se então reavaliar o animal e reiniciar a medicação. O tratamento pode prolongar-se por meses ou até anos sob avaliação médica. Nas formas graves onde a infecção se propaga por todo o organismo e puser em perigo a vida da pessoa pode ser necessário tratamento com antimicótico por via venosa. Nas áreas mais excluídas do município de São Paulo e identificadas com surto de casos, o CCZ disponibiliza o tratamento para o animal.

ESPOROTRICOSE: PREVENÇÃO E CONTROLE

As ações de prevenção e controle da esporotricose animal dependem dos diagnósticos clinico e laboratorial precisos, do correto tratamento incluindo o tempo necessário e das orientações prescritas pelo médico veterinário. Na suspeita de infecção humana, a pessoa deve ser encaminhada aos serviços médicos de saúde. Os trabalhadores que lidam com jardins e terra devem usar luvas e até máscara e procurar a assistência médica caso apareçam feridas na pele.

Até o presente, não existem vacinas contra a esporotricose tanto para animais quanto para os seres humanos. Os animais em tratamento devem ficar isolados em local seguro, mantendo o ambiente sempre limpo e desinfetado. Para execução de todas as tarefas de lida com animais doentes e seu ambiente, deve-se usar luvas e máscara. As feridas dos animais não deverão ser cobertas com curativos. Os animais não poderão tomar banho.

Animais infectados nunca devem ser abandonados e caso venham a morrer deverão ser cremados e jamais enterrados. A castração de felinos saudáveis evita que saiam de casa e venham a se infectar.

Fonte:

Filhote de gato: como torná-lo um adulto dócil e sociável

As primeiras semanas de vida são as que mais influenciam na definição do comportamento do gato. Desde como ele reagirá quando for acariciado até como se adaptará ao convívio com outros animais. Por isso, devemos aproveitar essa fase crítica do desenvolvimento para preparar bem o filhote para a vida adulta

Sem controle total
Embora a fase da sociabilização tenha uma enorme influência no comportamento do filhote, não quer dizer que podemos controlar ou determinar o comportamento futuro do animal. Já vi proprietários de gatos anti-sociais se culparem por isso ou serem culpadas por amigos. Mesmo depois de uma boa sociabilização, alguns gatos tornam-se agressivos, medrosos ou desenvolvem ambos os comportamentos com outros animais e com pessoas.

Temperamento e personalidade
Numa mesma ninhada, alguns gatinhos são mais corajosos e extrovertidos que outros. As diferenças de temperamento são influenciados pela genética de cada exemplar. Por isso, quanto mais anti-social e medroso for o gatinho, mais importantes serão os procedimentos descritos a seguir. Esse raciocínio é válido também quando o filhote tem pais medrosos, agressivos ou anti-sociais.

Brincalhão quando filhote, medroso quando adulto
Muitos proprietários de um filhote sociável e desinibido deixam de sociabilizá-lo e de acostumá-lo a procedimentos e situações que enfrentará futuramente por causa do bom temperamento do gatinho. Mas muitos filhotes, principalmente quando não foram corretamente expostos a diversas situações, animais e pessoas, começam a ficar medrosos e cautelosos depois de saírem da infância.

Como sociabilizar
Apresente o seu gatinho de maneira agradável a diversas pessoas e animais. Evite qualquer desconforto ou susto durante essas interações. Por exemplo, procure brincar com o gato e alimentá-lo enquanto recebe visitas. Lembre-se que o filhote pode se assustar com pessoas, especialmente as crianças, e com animais que agem de maneira inesperada, o que pode resultar em trauma difícil de ser recuperado.

Importância das brincadeiras
Estudos demonstraram que brincadeiras aproximam o gato das pessoas. Brincar é, portanto, uma ferramenta importante para facilitar a interação. Mas brincadeiras feitas com o uso do próprio corpo podem estimular a agressividade do gato para com as pessoas. Por isso, ao brincar prefira fazê-lo com algum objeto. Em vez de estimular o felino a morder ou a caçar a sua mão ou pé, use um cordãozinho ou uma bolinha, por exemplo.

Procura por carinhos
Gatos acostumados a receber carinho nas primeiras semanas de vida tendem a procurar mais carinho quando adultos e a gostar de recebê-lo. É relativamente comum o gato ficar ansioso e atacar o proprietário depois de receber carinho por algum tempo. Uma maneira de evitar esse comportamento é acostumar o filhote a longas sessões de carinho. Se ele não for muito fã de afagos, procure acariciá-lo durante as refeições ou enquanto a estiver preparando. Outro momento propício é quando ele estiver acordando ou quase dormindo, pois a ansiedade estará bem baixa.

Pequenas restrições de movimento
Habituar o gato a ter uma parte do corpo imobilizada é importante para que ele venha a se comportar com naturalidade quando lhe dermos banho, cortarmos suas unhas e o escovarmos, por exemplo. Segure o gato firmemente, mas com muito cuidado para não provocar um trauma. Procure imobilizar gradativamente uma parte do corpo dele. Treine isso com freqüência, mas sem provocar grande desconforto. É importante fazer a restrição com firmeza e, se o gato tentar escapar, não soltá-lo enquanto esperneia, para evitar que aprenda a acabar com o desconforto dessa maneira.

Acostumar ao banho
Ensina-se o gato a tomar banho nas primeiras semanas de vida. Mas com muito cuidado para não transformar a experiência em trauma. Um erro clássico é tentar dar banho completo ao gato que nunca passou pelo processo antes. Se ele for contido por vários minutos contra a vontade, esfregado, enxaguado e secado, isso, além do pavor que a água é capaz de causar, pode fazê-lo associar o banho a algo odiável. O truque é acostumar o gato às fases do banho antes de dá-lo por completo, associando-as a coisas agradáveis, como brincadeiras e petiscos. Antes de molhar o felino, procure habituá-lo também com a toalha e o secador. Você não gostará de descobrir, no momento em que ele estiver encharcado, que entra em pânico quando o secador é ligado!
 
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.  
 
Fonte:http://caocidadao.com.br/dicas/filhote-de-gato-como-torna-lo-um-adulto-docil-e-sociavel/
 

A ciência revela o universo oculto no cérebro dos animais

 
Estudos mostram o que passa pela cabeça dos animais

Golfinhos são sádicos, vacas têm inimigas, gatos e cachorros são experts em dissimulação e galinhas fazem planos para o futuro.

"Numa manhã, enquanto Gregor Samsa acordava de sonhos inquietantes, descobriu que tinha se transformado num inseto monstruoso. As várias pernas, miseravelmente finas em comparação com o resto do corpo, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos. ´O que aconteceu comigo?´, pensou." Sim: este é o começo de A Metamorfose, do Franz Kafka: Gregor Samsa acorda transformado numa barata. É tudo uma alegoria sobre a solidão, a timidez... 
Mas se acontecesse essa desgraça com você na vida real, não precisaria se preocupar: uma barata é só uma máquina programada para encontrar comida e fugir de chineladas. É burra como um glóbulo branco. Uma barata não sabe que é uma barata. Você não teria nojo de você mesmo se acordasse como uma - só iria pensar em comer uma lata de Nescau na cozinha. Mas um golfinho sabe que é um golfinho. Um elefante sabe que é um elefante. Um cachorro sabe que é... gente. O incrível é que, até há pouco tempo, a ciência não aceitava isso. Dividia tolamente a vida entre "humanos" e "animais" - como se uma baleia tivesse mais a ver com uma ameba do que com você. A noção geral dos cientistas hoje é bem mais complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos, chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo. É como comparar um Porsche com um Fusca: há uma clara diferença de nível entre eles, mas ambos são carros. E saíram da prancheta do mesmo projetista.

O próprio Charles Darwin é um precursor da noção moderna de como a ciência vê os animais. Para o homem que descobriu a identidade do projetista de homens e animais (a seleção natural), a mente parecia seguir uma certa continuidade ao longo da evolução das espécies. Os bichos mais abaixo na escala evolutiva também teriam inteligência e sentimentos, só que em níveis distintos. E Darwin estava certo. "As evidências de hoje indicam que muitos animais sentem alegria, tristeza, pena...", diz o biólogo Marc Bekoff, da Universidade do Colorado.

Claro que as pesquisas têm limitações: não existe uma máquina capaz de entrar na cabeça de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha e mostrar o que é ver o mundo com os olhos de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha. Mas dá para chegar mais perto do que você imagina.

CONSCIÊNCIA


Um camaleão não sabe que está mudando de cor quando se camufla. Cobras não têm consciência de que enganam predadores quando se fingem de mortas. E pelicanos voam numa formação em V sem compreender que assim poupam energia e facilitam a comunicação entre o bando e o líder. Tudo isso é obra da seleção natural. Tem tanto a ver com inteligência quanto não conseguir tirar os olhos de uma outra pessoa porque ela é bonita. É instinto cego, obra da natureza.

Por outro lado, um corvo que entorta um arame com o bico para utilizá-lo como vara de pesca não está agindo de forma programada. Corvos fazem isso para fisgar peixes. E tiveram de ser criativos para isso, tanto quanto nós, humanos, quando inventamos nossas varas e anzóis num dia qualquer há 80 mil anos. Os corvos agregaram uma nova ferramenta ao seu kit de instintos. Mas chamar isso de inteligência pode, Arnaldo? Pode, Galvão. Não só pode como deve.

Mas para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar pra ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí, sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.

"Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o focinho", diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.

Assim, o universo dos cachorros é um estrato de cheiros diferentes. Talvez por isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo que não concluam que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro diferente, então não interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças aos odores que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão e bexiga também já foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas nem vem, cachorrada: nossa capacidade de ler placas lá longe na estrada deixaria vocês morrendo de inveja...

Bom, para sentir inveja, um animal precisaria ter autoconsciência - uma noção ampla sobre quem ele é no mundo. Chimpanzés, por exemplo, têm sentimentos complexos como inveja e vergonha (escondem o rosto quando fazem alguma besteira). E quem tem vergonha não é menos consciente que nós.

O teste mais clássico para auferir consciência é o do espelho. Seu cachorro ou gato não passa por essa prova. Mas chimpanzés, elefantes e golfinhos fazem isso sem problema. Eles não só sabem quem e o que são como têm o poder de analisar o que os outros estão pensando. A primatologista Jane Goodall observou que um chimpanzé evita até olhar para uma fruta enquanto outros chimpanzés estão presentes - só para abocanhá-la inteira quando está sozinho. Alguns tampam a cara para impedir que os outros saibam que estão com medo. Tudo bem que falar de chimpanzés é covardia: geneticamente, eles estão mais próximos de nós que dos gorilas - se um ET chegasse à Terra, provavelmente não saberia distinguir a Scarlet Johanson de uma chimpanzé mais ajeitada. Ele pensaria: "Essa macacada é tudo igual"... Você não acha que ovelha, por exemplo, é tudo igual? Claro. Mas as ovelhas não. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge mostrou que elas identificam o rosto de pelo menos outras 50 ovelhas. É isso aí: até os animais menos brilhantes podem surpreender. Mas nenhum é tão malandro quanto os que a gente tem dentro casa.

ESPERTEZA


Poucas coisas incomodam tanto quanto choro de gato com fome. Parece que ele vai morrer se você não der comida na hora. Mas não se desespere: pode ser um truque do bichinho. A cientista Karen McComb, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que alguns gatos emitem uma súplica de alta frequência, similar ao choro de um bebê, que dispara um senso de urgência no cérebro humano. Resultado: os donos se sentem compelidos a alimentá-los. Isso é um instinto que animais domésticos desenvolvem. Eles nascem sabendo isso. Então não é indício de inteligência para valer, certo? Errado: "Dos gatos que analisamos, só choravam assim os que viviam em casas habitadas por uma só pessoa. Ou seja: gatos aprendem a enfatizar dramaticamente o choro quando vivem com humanos numa relação de um para um", diz McComb.

Com esse miau histérico, Garfield e sua turma dão um show de inteligência emocional: eles sacam a fraqueza do dono para manipulá-lo. Cachorros não são menos malandros. Eles também fazem suas demandas de acordo com o público da casa. "Cães aprendem rápido quem são as pessoas que podem colaborar e as que não lhes dão bola", diz Horowitz.

Eles fazem isso melhor que qualquer outro animal. Num ranking de inteligência emocional, os cães seriam os campeões, de longe. O segredo deles é o contato visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo com ele. Essa habilidade é um atributo evolutivo: cães são descendentes de lobos que trocaram a matilha pelas aglomerações humanas há 13 mil anos. Os que melhor emulavam o comportamento humano (incluindo aí a habilidade de ler a mente do outro olhando nos olhos) cresceram e se multiplicaram porque viraram os preferidos dos humanos. Os que não tinham esse dom ficaram pelo caminho. E hoje todo cão é um expert em contato visual. Como eles sabem aplicar essa habilidade inata para resolver desafios (identificar seus potencias colaboradores entre os humanos da casa), não há como negar sua inteligência.

Mas o brilho da mente dos cachorros e gatos não chega perto da de um concorrente quase descerebrado: o papagaio. Um exemplar da espécie, Alex, contava até 6 e manejava um vocabulário equivalente ao de uma criança de 2 anos. O papagaio, morto em 2007, aos 31 anos, também distinguia objetos pelo formato, cor e composição. Sua treinadora, Irene Pepperberg, lhe mostrava 5 objetos de plástico (3 amarelos, 1 roxo e 1 vermelho) e um pedaço de madeira verde. Depois perguntava: "Qual é o material verde, Alex?". Ele respondia: "Madeira". E quando ela indagava "Quantos amarelos tem aqui?", ele tirava de letra: "Três".

Essa capacidade de entender o mundo somada à habilidade que os papagaios têm de imitar nossa voz fazia com que Alex fosse visto como uma pessoa com asas, um desenho animado ao vivo. Era a noção humana de inteligência encarnada numa ave com o cérebro do tamanho de 3 castanhas-do-pará.

Por essas Alex jogou uma pá de cal numa antiga noção da ciência: a de que sempre há uma relação direta entre o tamanho do cérebro e a capacidade cognitiva. Com seu cérebro de 9 g (o nosso tem 1 500 g), o papagaio era mais perspicaz que um cachalote - dono do maior cérebro do planeta, com quase 8 quilos. A proporção entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo também não diz tudo, pois favorece bichinhos nada brilhantes. No esquilo, por exemplo, a relação entre o tamanho do cérebro e o do corpo é de 3%, contra 2% no homem.

Outra explicação clássica é o tamanho do neocórtex. É a parte mais externa do cérebro, justamente a que evoluiu por último no reino animal. Só os mamíferos têm (e o nosso é enorme). Mas hoje sabbe-se que ele não é indispensável para o pensamento. Alex, que não era mamífero, não tinha neocórtex. Mas raciocinava. E outros pássaros também dão show de inteligência. Principalmente os corvos. O zoólogo de Cambridge Christopher Bird (piada pronta: bird, hehe) viu corvos jogando pedras dentro de um reservatório para fazer subir o nível da água e, assim, poder tomá-la. Eles selecionavam as pedras maiores para que a água subisse mais rápido. Nas praias do norte da Europa, corvos pegam conchas com o bico na areia. Levam até o alto e jogam em cima das pedras. Depois de alguns arremessos as conchas quebram e eles comem o recheio. Seus parentes de áreas urbanas fazem a mesma coisa. Só que jogam as conchas na faixa de pedestre das avenidas à beira-mar, esperam os carros passar por cima e catam o recheio quando o sinal fica vermelho. É fato: os corvos entendem causalidade ("se eu fizer X, acontecerá Y"). Em outras palavras, eles pensam muito bem. E melhor do que qualquer outro animal, fora os primatas e cetáceos.

LINGUAGEM

O Homo sapiens é o único animal capaz de dominar sintaxe, formar frases complexas e registrar o que pensa. Fato. Mas alguns bichos podem compreender a nossa linguagem quase como se fossem uma pessoa - embora não consigam reproduzi-la com a desevoltura de um papagaio .

Que o diga Kanzi, um bonobo (parente do chimpanzé) criado pela pesquisadora americana Sue Savage-Rumbaugh. Ele cresceu exposto ao nosso vocabulário e domina 400 palavras. Como não pode falar, Kanzi forma frases apontando para um glossário com símbolos. Eles representam de substantivos e verbos simples, como "banana" e "pular", a conceitos complexos, como "antes" e "depois". Kanzi pode até conjugar verbos - inclusive no passado e no gerúndio. É mais ou menos como você tentando se virar numa viagem para o Camboja. Você pode até voltar entendendo algumas palavras do cambojano, mas dificilmente vai ter aprendido a conjugar algum verbo. É bem mais difícil. E olha que cambojanos e brasileiros são todos animais da mesma espécie. Ponto para Kanzi, então.

Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas, palavras representadas por sons de computador formavam 2 mil frases. Quando os golfinhos ouviam "ESQUERDO BOLA BATER", por exemplo, entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido "PRANCHA PESA ÁGUA" era para que levassem uma prancha a uma pessoa que estava na água. Já "PESA PRANCHA ÁGUA" era para levar a pessoa à prancha na água. Não existe diferença entre fazer isso e apremder um idioma. Ponto para os golfos.

Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser, uma border collie. A cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a maioria brinquedos, mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática.

Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem compreender parte da linguagem humana. Mas o que isso importa para os outros animais de sua espécie? Kanzi não vai usar seu glossário com bonobos que vivem na floresta. E Chaser pode até aprender versos de Shakespeare, mas será inútil tentar esbanjar seu intelecto com outros cães. Mas a ideia de que eles praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas fazem isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes de alimentos.

Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe confere uma voz individual.

Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda falta muito para decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é difícil captar uma conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso, cada sinal varia conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da situação, uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer "tchau", "pare" ou "custa R$ 5".

O mistério sobre a língua dos golfinhos - e a das baleias, que se comunicam de um jeito parecido com o de seus primos - continua. Mas a tecnologia pode dar uma força. Merlin, um golfinho nariz-de-tesoura que vive em Puerto Aventuras, no Caribe mexicano, é o primeiro de sua espécie a usar iPad. Seu treinador, Jack Kassewitz, espera que a tela sensível ao toque do focinho comece a facilitar a comunicação entre humanos e cetáceos. Bom, tomara que eles não fiquem só jogando Angry Birds, como fazem os humanos quanto colocados diante do tablet.

EMOÇÕES


Falando em Angry Birds, passarinhos não só ficam nervosos como amam também. Mais de 90% das aves são monogâmicas. Gansos e corvos passam a vida fiéis a um único parceiro - já os casais de pombos não são tão pombinhos assim: eles traem; mas não tiram a aliança da pata. "Desconfio que aves se apaixonam mesmo, porque alguma recompensa interna [a sensação boa de amar alguém] é necessária para manter um relacionamento de longo prazo", diz o biólogo Bernd Heinrich, da Universidade de Vermont, EUA.

É realmente improvável que o amor tenha aparecido entre os Homo sapiens sem nenhum precursor na escala evolutiva. E, como imaginou Darwin, o mesmo vale para o prazer, a dor... e a saudade.

Veja o caso dos cachorros. A espécie evoluiu para se tornar mais que uma subespécie de lobo. Emocionalmente ele está mais para um humano de quatro patas. Na alegria e na tristeza. Alguns se recusam a comer quando o dono vai viajar e voltam a aceitar o prato depois de ouvir a voz de seus pais humanos no telefone. É uma forma primitiva de saudade.

Mas poucos animais mostram suas emoções com tanta clareza quanto os elefantes. Eles ficam de luto, por exemplo. Quando reconhecem a ossada de um membro do grupo, eles gentilmente se reúnem em volta dele. Joyce Poole, que estuda elefantes há mais de 30 anos, acredita que órfãos dessa espécie sofrem de depressão, até: filhotes que presenciaram a mãe ser morta acordam gritando. Chimpanzés órfãos também são emotivos: passam horas se despedindo do corpo da mãe. Vacas também têm seus momentos down. Mas a maior característica delas é outra: são fofoqueiras. Formam pequenos grupos de amigas, têm rixas com outras vacas e guardam rancor por anos. Elas também sentem prazer ao vencer desafios. Um estudo da Universidade de Cambridge mostrou que, quando elas aprendiam a abrir uma porta para obter comida, por exemplo, suas ondas cerebrais e seus batimentos cardíacos mostravam um alto nível de excitação. Acontecia a mesma coisa quando elas estavam prestes a transar - mesmo quando quem vinha por trás era outra vaca, brincando de montar em cima dela.

O prazer com o sexo também parece universal. E entre os mamíferos é parecido com o nosso. Às vezes, melhor. As fêmeas de bonobo têm órgãos sexuais enormes, do tamanho de bolas de futebol. E clitóris comparável a um dedo. Elas passam o dia se masturbando e chamando para a cama qualquer macho que passe pela frente - até por isso os bonobos são os mais pacíficos entre os grandes macacos: os homens não brigam por mulher. E mulher não briga por homem: na falta de macho, elas se viram entre si.

Nada é tão comum entre nós e as outras coisas vivas do mundo quanto a busca pelo prazer. Hipopótamos estiram as pernas para deixar que os peixes mordisquem seus dedos, numa verdadeira sessão de massagem. Os batimentos cardíacos dos cavalos caem quando têm o cabelo da nuca escovado. Eles relaxam. O perfume Obsession for Men, da Calvin Klein, é atrativo para fêmeas de guepardos. E existe o prazer em fazer o mal também. Golfinhos, por exemplo, têm um lado sádico: se aproximam sorrateiramente de gaivotas que descansam na água, dão um caldo nelas e as liberam depois de mantê-las alguns segundos debaixo d’água, sofrendo.

Mas o macaco rhesus, um primata asiático com jeito de babuíno, está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade Northwestern, EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre que eles faziam isso outros rhesus levavam um choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram. Mas com outros foi diferente. O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: "Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros". Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.


GALINHAS FAZEM PLANOS

Galinhas se preocupam com o futuro. Cientistas ensinaram galinhas a bicar 2 botões para obter 2 recompensas distintas. Com o botão 1 elas esperavam pouco (2 segundos) para obter pouca recompensa (3 segundos de acesso a comida). Com o 2, elas esperavam muito (6 segundos) para obter muito (22 segundos de comilança). A conclusão? A pesquisadora britânica Christine Nicol resume: "Com incentivo, as galinhas foram capazes de exercer auto-controle".


LÍNGUA PRIMATA


O vervet aqui em cima, um miquinho africano, tem um idioma próprio. É um sistema de alarmes sonoros, em que cada grunhido corresponde a um predador. Grandes macacos, como chimpanzés, também usam gestos e expressões faciais. E tentam levar vantagem em tudo. Um macaco que tem uma lesão na pata e descobre que, enquanto estiver ferido, não é atacado pelo macho dominante, continua mancando na frente dele depois de a ferida ter sarado completamente.

QI canino
Os mais inteligentes
• Border collie
• Poodle
• Pastor alemão
• Golden retriever
•Doberman

Os mais ou menos
• Dálmata
• Husky siberiano
• Greyhound
• Boxer
• Dinamarquês

Os menos

• Shih-tzu
• Chow chow
• Buldogue
• Basenji
• Afghan hound

Os mais espertos
1º Grandes macacos e cetáceos
Chimpanzés, gorilas, golfinhos e baleias se comunicam bem entre si e se entendem com os humanos.

2º Corvídeos
São aves superdotadas. Vivem em sociedades complexas, se reconhecem no espelho (coisa rara no mundo animal). E confeccionam ferramentas.

3º Carnívoros sociais (leões, hienas, lobos)
Não são grandes crânios, mas na hora da caça cooperam com mais eficiência que um time de futebol. Os cachorros, parte desse grupo, são os que melhor entendem nossa mente.

4º Animais de rebanho (vacas, cabras)

Têm cara de burros. São burros. Mas mantêm alguns vínculos sociais. E sentem prazer, excitação e ansiedade.


Para saber mais

A Cabeça do Cachorro
Alexandra Horowitz, Best Seller, 2010

Minding Animals

Marc Bekoff, Oxford University Press, 2002

Wild Minds
Marc Hauser, Henry Holt, 2000

Fonte:
http://super.abril.com.br/tecnologia/um-implante-para-remendar-a-coluna

Um implante para remendar a coluna

e-dura

1. O implante estimula a medula espinhal e reanima as células nervosas bem ao lado do tecido lesionado.

2. Ele é preso abaixo da dura-máter (a mais externa das três membranas que envolvem o cérebro e a medula).

3. Os implantes anteriores eram rejeitados pelo corpo. O e-Dura, não: é flexível e elástico como nossos tecidos.

''O método proposto ainda precisa ser validado em pessoas e isso pode levar muitos anos'', diz Stéphanie Lacour, cientista do projeto.
 

¹Electronic dura mater for long-term multimodal neural interfaces, Grégoire Courtine, Stéphanie P. Lacour, Escola Politécnica Federal de Lausanne, Science Magazine

Fonte:
http://super.abril.com.br/tecnologia/um-implante-para-remendar-a-coluna

Será que seu cão precisa da companhia de outro animal de estimação?

Será que seu cão precisa da companhia de outro animal de estimação?
É assim que você imagina o dia do seu cão enquanto você está no trabalho? (Stocksy)

Se você tem um cachorro e um emprego, é provável que seu animal de estimação fique sozinho em casa por até 10 horas todos os dias. É natural imaginar se ele se sente solitário ou se ficaria mais feliz tendo uma companhia.

Entretanto, quando surgiu a notícia de que um produto com uma campanha de financiamento coletivo no site Indiegogo - um pequeno aquário de mesa chamado EcoQube C - poderia ser a solução perfeita para que um cão se sentisse menos sozinho ou entediado, foi impossível não pensar: será que um cachorro precisa de um animal de estimação?

A resposta rápida, dada por Debra F. Horwitz, veterinária comportamental certificada pela American College of Veterinary Behaviorists, nos Estados Unidos, e autora do livro ‘Decoding Your Dog’, é um claro e retumbante não.

É improvável que cães considerem qualquer nova adição à casa como seus animais de estimação, Horwitz explica, mas podem vê-los como companheiros. No entanto, é improvável que eles se importem com um peixe, já que ele não oferece nenhuma possibilidade de interação social.

“Os cães são curiosos por coisas que se movem, coisas com um cheiro característico, e coisas que os tornam mentalmente ativos. Eu suspeitaria que alguns cães até podem achar que assistir a um aquário é algo divertido, mas realmente duvido que eles considerariam o peixe um companheiro, embora possam assistir ao movimento,” Horwitz diz com uma risada.

Os cães, assim como os humanos, são indivíduos com um leque próprio de preferências que podem envolver fatores como deixar a TV ligada o dia todo ou ficar com a casa em silêncio, ter um animal como companhia ou ficar sozinho, e gostar ou ficar totalmente indiferente a um pequeno aquário (com uma tendência bem maior para esta última opção).

Uma maneira mais eficaz de alegrar seu cão é garantir que ele faça exercícios e atividades que promovam o desenvolvimento mental. Horwitz explica que os exercícios não precisam ser muito físicos, mas devem ser adaptados à idade e raça do cachorro, com uma ênfase em permitir que eles parem para cheirar o que quiserem durante o passeio. Para promover o estímulo mental, ela sugere explorar alguns dos muitos quebra-cabeças e brinquedos de distribuição de alimentos para cães presentes no mercado.

“Cada cão é um indivíduo. Quando nós observamos o que eles fazem quando ficam sozinhos, descobrimos que a maioria dos cães adultos não faz nada… Mesmo quando o dono está em casa, eles preferem espalhar e juntar a comida a comer direto da tigela, pois é isso que eles estariam fazendo se não tivessem a sorte de ter quem cuidasse deles,” Horwitz diz.

Se você está pensando em dar um companheiro ao seu animal de estimação, Horwitz ressalta a importância de levar as necessidades e preferências individuais dele em consideração. Simplesmente trazer um novo animal para dentro de casa não irá resolver problemas comportamentais que seu cão possa ter.

“Estudos tentaram analisar este tema, mas no momento não há evidências de que cães que ficam ansiosos quando os donos saem de casa ou realmente têm um diagnóstico de transtorno de ansiedade de separação sejam ajudados de alguma maneira pela presença de outro animal de estimação. Na verdade, pode ser que ocorra exatamente o contrário,” Horwitz diz.

Se o seu cão fica ansioso quando você o deixa sozinho em casa, consulte seu veterinário ou um veterinário comportamental certificado. Horowitz explica que é preciso descobrir se o que ele está experimentando é apenas um pouco de estresse emocional quando você sai, ou se é algo mais sério, que continua durante todo o tempo em que ele fica sozinho. Se for o segundo caso, seu cão “realmente precisa de uma intervenção e de um programa de modificação de comportamento, ou talvez até de medicação.”

Courtney E. Smith
 
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