quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Aves que arrancam penas




Pássaros, como papagaios, calopsitas e periquitos, são animais sociáveis, inteligentes, ativos e podem ser ótimos animais de estimação. Mantidos em gaiolas adequadas e devidamente exercitados e até adestrados, eles podem viver muito bem em ambiente doméstico. Porém, muitas vezes, esses animais são acometidos por um problema bastante comum, a automutilação, com o arrancamento das próprias penas.

A automutilação pode ocorrer por diversos motivos, sendo eles comportamentais ou médicos. Entre as causas médicas, podemos citar infestação por parasitas, fungos, alergias, disfunções hormonais e nutricionais. É importante o acompanhamento de um médico veterinário, para determinar corretamente a causa e o tratamento, e por muitas vezes, o comportamento de automutilação pode parar depois do tratamento adequado.

Porém, em muitos casos, esse distúrbio também tem um fundo comportamental, tornando-se um transtorno compulsivo, geralmente em aves que são pouco estimuladas ou passam por estresse.

Para manter a ave ativa e devidamente exercitada, é importante enriquecer o ambiente onde ela vive, proporcionando estímulos diversos: use a alimentação como enriquecimento, oferecendo castanhas com casca para que a ave possa bicar e quebrar a casca para se alimentar, frutas também com casca (peça orientação ao veterinário sobre os alimentos permitidos para psitacídeos), espalhe a ração em vários potes em níveis diferentes da gaiola para que a ave procure a comida, pendure sinos que emitam sons quando manipulados, galhos e poleiros em alturas diversas para o pet poder se movimentar bastante, e por fim, ensine alguns truques ao pássaro, usando método de reforço positivo, ou seja, recompensando-o a cada acerto.

Por exemplo, se a ave for calma, ensine-a a subir em sua mão, colocando-a próxima ao poleiro, e quando ela subir, recompense-a com um pedaço de fruta. Aves são muito inteligentes e totalmente aptas a aprenderem comandos, além de gostarem da interação com pessoas.

Outro fator que pode causar a automutilação é o estresse. Por isso, coloque a gaiola do seu pássaro em local adequado, abrigado do frio e do calor intensos, em que ele possa ver e interagir com pessoas, porém, que não seja muito movimentado (pois isso também pode estressar o bichinho). Para entretê-lo, é possível deixar um rádio ou até TV ligada. Mudanças no ambiente ou nas relações com as pessoas também podem gerar ansiedade.

Ao perceber o comportamento de automutilação, evite punir o pássaro. Nesses casos, punições só aumentam o problema, pois geram estresse. Trabalhe em conjunto com o médico veterinário e um adestrador, para tratar o distúrbio logo no início, quando há mais chances de sucesso, sempre aliando o tratamento médico com a terapia comportamental.
 
 

Como acostumar o papagaio a diversas pessoas



A maioria dos papagaios acaba se apegando a apenas uma pessoa da casa. Mas, com algumas dicas, esse comportamento pode ser melhorado e, assim, todo mundo poderá usufruir da companhia da ave.

Confira algumas dicas do especialista em comportamento animal, Alexandre Rossi:

- Primeiro, se aproxime da gaiola de uma maneira que você não fique submisso ao pássaro, ou seja, não demonstre medo ao se aproximar do bichinho.

- Busque se aproximar por cima, deixando a gaiola do bichinho um pouco abaixo do seu tamanho. Caso a gaiola esteja em uma altura maior do que a sua, o papagaio vai achar que você é submisso a ele.

- Transforme a aproximação em algo agradável. Uma boa dica é deixar uma fruta ou até sementes de girassol próximo à casinha dele. Assim, toda vez que alguém chegar perto, vai entregar o alimento a ele e, então, aos poucos, ele se acostumará com todos.


Fonte:
http://caocidadao.com.br/dicas/como-acostumar-o-papagaio-a-diversas-pessoas/

Dicas para cachorro que mora em apartamento

Photo credit: trentroche / Foter / CC BY-ND

Hoje, principalmente nas grandes cidades, o tempo está cada vez mais restrito. As pessoas saem cedo de casa e voltam tarde, e os bichinhos ficam a maior parte do tempo sem ter o que fazer. Muitos acabam até destruindo móveis e fazendo bagunça quando o dono não está, na procura de uma atividade. Em alguns casos, por conta dessa bagunça, acabam ficando presos em um espaço pequeno, para evitar a destruição.

Mas, antes de pensar que o seu pet é um bagunceiro que não vai aprender nada, ou que ele faz essa bagunça como um protesto por você ter saído, coloque-se por um instante no lugar dele: é como deixar a nossa vida com pouco contato social, sem internet, telefone, TV, livros, sem nosso trabalho e qualquer coisa que nos distraia. Chato, não é? Então, é assim que muitos animais se sentem, e por conta disso, criam as suas próprias brincadeiras, que podem terminar na destruição de um sofá, rasgar as revistas, roubar roupas do cesto, entre outras traquinagens.

O cachorro que mora em apartamento deve ter uma rotina de atividades. Passear é uma excelente forma de começar o dia, já que caminhar é um exercício muito completo, não apenas por gastar energia, mas também pelo contato com outras pessoas e animais, cheiros pelo caminho, sons do ambiente. Enfim, é uma atividade física e mental que gasta a energia do animal.

Para os donos que não possuem muito tempo para essa caminhada, existem muitos passeadores profissionais. Converse com amigos e peça uma indicação. Certamente, você encontrará algum profissional de confiança.

Dentro de casa, o enriquecimento ambiental é a forma mais adequada de oferecer atividade para os pets. Existem muitas opções de brinquedos interativos, e alguns podem ser feitos em casa, com material reciclado. Esses brinquedos dispensam ração e petiscos, e o animal se movimenta mais e, consequentemente, demora mais para terminar a refeição, gastando mais energia e servindo de estímulo mental.

Um brinquedo muito bacana, que pode ser preparado em casa, utiliza garrafa pet sem rótulo. Escolha um tamanho adequado para o cão, faça alguns furos na garrafa e coloque ração dentro. O furo deve ser um pouco maior do que o grão da ração, mas não muito grande para que caia tudo de uma só vez. Os animais deverão rolar a garrafa e retirar, aos poucos, a alimentação.

Outra brincadeira muito fácil de preparar é a “caça ao tesouro”, que nada mais é do que, ao invés de colocar a ração no pote, espalhá-la pela casa, em locais que o animal pode frequentar, e deixar que ele a procure. Dessa forma, ele terá atividade enquanto não tem ninguém em casa.

Ensinar comandos também é uma maneira de fazer com que os pets tenham mais enriquecimento e estímulo mental, além de ajudar na obediência.

Especial de Natal - O que não pode faltar na lista do bom velhinho?

 flickr.com/AustinKirk

A aproximação do fim do ano desperta em todos o desejo de mudanças e de traçar novos caminhos para 2016. Além da tradicional lista de presentes de Natal, o que você pediria para o bom velhinho para tornar o próximo ano melhor para os humanos e pets?

Que tal, o fim do abandono dos animais? Eliminar a violência contra os peludos também é outro grande desejo! Um pensamento comum é que mais animais sejam adotados e que ganhem famílias tão amorosas e dedicadas a eles quanto eles são aos humanos.

Não precisa ir muito longe: o que você faria de diferente para tornar o seu relacionamento com o bichinho ainda melhor no próximo ano e fazer com ele se sinta ainda mais feliz em família?

Mais momentos bons, menos problemas

Você sabia que, nos Estados Unidos, problemas comportamentais superam os de saúde entre as razões que levam animais a serem eutanasiados? Se o seu pet não foi um bom menino durante 2015, você até pode pedir para o bom velhinho que ele seja mais comportado no próximo ano, mas saiba que você pode fazer a diferença, também!

Primeiro, é preciso ter em mente que os animais podem, sim, se comportar de forma diferente da que os donos querem, mas que é possível mostrar para eles o que é certo e errado. Isso de forma positiva, com carinho e sem usar violência. Ao adestrar o pet, você melhora a sua comunicação com ele e esse é o caminho!

Tenha paciência e carinho, pois ele entenderá o que se espera dele! Muitos casos de devolução e abandono de animais passam por essas questões!

Juntos e não separados

A rotina de todos é muito agitada e não adianta pedir ao Papai Noel que o dia tenha 36 horas em 2016. Arrume um tempinho para se divertir ao lado do amigo. Que tal programar mais passeios, comprar aqueles mimos novos e oferecer ao amigo mais estímulos físicos e mentais? Ele também precisa se distrair!

Melhorar o relacionamento e a comunicação entre os donos e seus bichinhos sempre foi o nosso objetivo, então, Papai Noel, o que esperamos de 2016 é que possamos ajudar muitos outros pets e suas famílias a se entenderem e a conviverem melhor uns com os outros! 
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Fonte:
http://caocidadao.com.br/dicas/especial-de-natal-o-que-nao-pode-faltar-na-lista-do-bom-velhinho/ 



Por que cães se parecem com seus donos?

Basta dar uma volta na rua para notar o estranho fenômeno da versão canina de seu dono.

Seja um hispter barbado acompanhado de uma pequena bola de pelos que parece frequentar o mesmo barbeiro, ou um fortão carregando um buldogue: por que as pessoas escolhem cães que se parecem com elas?

Estranhamente, a resposta para isso parece ter um inesperado paralelo com a maneira como escolhemos nossos outros parceiros de vida.

O psicólogo Michael Roy, da Universidade da Califórnia em San Diego, foi um dos primeiros a testar a ideia. Ele frequentou três parques e fotografou os cães e seus donos separadamente. Depois pediu para um grupo de voluntários adivinhar os pares corretos.

Apesar de não receberem qualquer outra pista, os participantes conseguiram emparelhar as fotos com bastante precisão. E é importante notar que a semelhança nem sempre é tão aparente, mas sim sutil.

Relação com o sexo oposto Image copyright Gerrard Gethings Image caption Para psicólogos, tendemos a nos apegar a cães com personalidades parecidas com a nossa

Roy admite que os resultados só se mantêm para o caso de cães de pura raça (não vira-latas), e muitas vezes se baseiam em semelhanças superficiais, como a forma do corpo. Ainda assim, outras semelhanças surgem em aspectos mais sutis, como os formatos dos olhos.

Talvez isso tenha a ver com o apelo da familiaridade: um cachorro pode parecer mais reconfortante se ele lembrar outras pessoas da família, a quem conhecemos e amamos.

Mas alguns psicólogos acreditam que pode ser resultado da maneira como evoluímos para encontramos parceiros do sexo oposto: namorar alguém que se parece conosco pode garantir que os genes daquela pessoa sejam compatíveis com os nossos.

Por causa dessa tendência, é possível que estejamos escolhendo animais de estimação e até pertences materiais que se pareçam conosco.

Mas nosso narcisismo não é superficial: não escolhemos apenas as pessoas que tenham uma aparência semelhante à nossa, mas também costumamos gravitar em trono de indivíduos com personalidades parecidas. Traços em comum costumam predizer a satisfação de um casal com a sua união.

Há alguns anos, Borbala Turcsan, da Universidade Eotvos, em Budapeste, na Hungria, decidiu testar se o mesmo vale para os relacionamentos entre pessoas e suas almas-gêmeas caninas.

“O relacionamento com um cão é muito especial. Não se trata apenas de um animal de estimação, mas sim de um membro da família, um amigo, um acompanhante. Por isso acredito que exista esse paralelo com outros relacionamentos entre humanos”, explica a cientista.
Personalidades caninas

Segundo pesquisadores, maneira como nos ligamos a cães reflete busca por parceiro para reprodução

A própria ideia de que os cães têm uma personalidade pode parecer estranha para algumas pessoas, mas experiências anteriores demonstaram que características humanas como a extroversão podem corresponder a medições objetivas do comportamento de um cachorro – como, por exemplo, se ele é agressivo com estranhos ou se são mais tímidos.

Existe até uma versão canina do questionário tradicionalmente usado para medir as mais importantes dimensões da personalidade humana: neuroticismo, extroversão, consicenciosidade, afabilidade e abertura. Para aplicar isso aos cães, os especialistas exploram comportamentos, como a “tendência a ser preguiçoso” ou “tendência a ser desligado”.

Turcsan descobriu que cães e seus donos tendem a apresentar perfis de personalidade similares. “A semelhança foi até maior do que vemos entre casais ou amigos”, destaca.

A correlação não pode ser explicada pelo tempo de convivência entre cachorros e seus donos. Portanto, não parece ser o caso de o cão ter aprendido a mimetizar seu dono.

Parece ser uma decisão sábia escolher animais compatíveis conosco. Afinal, um cão pode viver mais do que um casamento, segundo as estatísticas de divórcio.

É interessante refletir sobre como essas relações surgiram. O homem começou a domesticar cães há pelo menos 30 mil anos, com o objetivo de usá-los em caçadas. Mas, aos poucos, fizemos essas criaturas à nossa imagem e semelhança, permitindo o surgimento de uma forte relação eomocional, que muitas vezes transpassa as fronteiras naturais entre as duas espécies.

Hoje, muitos cães se parecem conosco, agem como nós e, ao contrário de outros humanos, sempre oferecem seus sentimentos recíprocos. Em muitos aspectos, eles são até um reflexo melhor da nossa verdadeira natureza. Não é de se espantar que esses animais sejam considerados o melhor amigo do homem.

Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_aedes_aegypti_vetor_doencas_rb
 BRASIL

Por que o mosquito Aedes aegypti transmite tantas doenças?




No mundo, ele é chamado de mosquito da febre amarela. No Brasil, é conhecido como mosquito da dengue – e, mais recentemente, também da zika e da chikungunya.

Considerado uma das espécies de mosquito mais difundidas no planeta pela Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), o Aedes aegypti – nome que significa "odioso do Egito" – é combatido no país desde o início do século passado.

A partir de meados dos anos 1990, com a classificação da dengue como doença endêmica, passou a estar anualmente em evidência. Isso ocorre principalmente com a chegada do verão, quando a maior intensidade de chuvas favorece sua reprodução.

Agora, um novo sinal de alerta vem da epidemia de zika, uma doença com sintomas semelhantes aos da dengue, em curso desde o meio do ano.

Foi confirmado pelo governo federal que o zika vírus está ligado a uma má-formação no cérebro de bebês, a microcefalia, que já teve neste ano ao menos 1.248 casos registrados em 311 municípios em 14 Estados, a maioria deles no Nordeste.

O Aedes aegypti também esteve no centro de um surto de febre chikungunya ocorrido no país no ano passado, quando este vírus chegou ao Brasil e se espalhou com a ajuda do mosquito.

E, apesar de a febre amarela ter sido considerada erradicada de áreas urbanas brasileiras em 1942, casos de contaminação foram confirmados em cidades de Goiás e no Amapá em 2014.

"O Aedes aegypti está ligado ainda a males mais raros, do grupo flavivírus", afirma Felipe Piza, infectologista do hospital Albert Einstein.

"Entre os agentes de contaminação, esse mosquito é o que tem a capacidade de transmitir a maior variedade de doenças."

Alguns fatores contribuem para tornar o Aedes aegypti um agente tão eficiente para a transmissão desses vírus. Entre eles estão, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, sua capacidade de se adaptar e sua proximidade do homem.

Surgido na África em locais silvestres, o mosquito chegou às Américas em navios ainda na época da colonização. Ao longo dos anos, encontrou no ambiente urbano um espaço ideal para sua proliferação.

"Ele se especializou em dividir o espaço com o homem", afirma Fabiano Carvalho, entomologista e pesquisador da Fiocruz Minas.

"O mosquito prefere água limpa para colocar seus ovos, e qualquer objeto ou local serve de criadouro. Mesmo numa casca de laranja ou numa tampinha de garrafa, se houver um mínimo de água parada, seus ovos se desenvolvem."

Mas a falta de água limpa não impede que o Aedes aegypti se reproduza. Estudos científicos já mostraram que, nesse caso, a fêmea pode depositar seus ovos em água com maior presença de matéria orgânica.

Os ovos também podem permanecer inertes em locais secos por até um ano, e, ao entrar em contato com a água, desenvolvem-se rapidamente – num período de sete dias, em média.

"Outros vetores não têm essa capacidade de resistir ao ambiente", afirma Pizza, do Albert Einstein. "Por isso ele está presente quase no mundo todo, a não ser em lugares onde é muito frio." Image caption Ovos resistem por até um ano em locais secos e, uma vez em contato com água, desenvolvem-se rapidamente
Flexibilidade

Um aspecto que também favorece a reprodução é o fato de a fêmea colocar em média cem ovos de cada vez, mas não fazer isso em um único local. Em vez disso, ela os distribui por diferentes pontos.

"Quando tentamos exterminá-lo, é muito grande a chance de um destes locais passar despercebido", diz Carvalho.

Também se trata de um mosquito flexível em seus hábitos de alimentação.

O Aedes aegypti é, geralmente, diurno: prefere sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, evitando os momentos mais quentes do dia.

"Mas ele é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar de dia, vai picar de noite. Isso não ocorre com o pernilongo, por exemplo, que é noturno e só vai aparecer quando o sol começa a se pôr", afirma a bióloga Denise Valle, pesquisadora do laboratório de biologia molecular de flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Além disso, o mosquito costuma ter como alvos mamíferos, especialmente humanos. Como explica o agência europeia, mesmo na presença de outros animais ele "se alimenta preferencialmente de pessoas".
Simbiose

Por ser um mosquito urbano que fica em contato constante com o homem, ser muito adaptável e ter um apetite especial por sangue humano, o inseto se tornou um eficiente vetor para a transmissão de doenças.

"Todo ser vivo busca uma forma de se proliferar, e com os vírus não é diferente. Nestes casos, eles podem ser transmitidos por outros vetores, mas que não são tão efetivos", afirma Erico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. "Eles (vírus) conseguiram no Aedes aegypti e na forma como este mosquito evoluiu uma relação de simbiose muito boa."

Para ser capaz de infectar uma pessoa, o vírus precisa estar presente na saliva do inseto.

Valle, do IOC/FioCruz, explica que, no caso da dengue, por exemplo, após o Aedes aegypti picar alguém que esteja infectado, o vírus leva cerca de dez dias para estar presente em sua saliva.

"São poucos os mosquitos que vivem mais de dez dias. Mas, quanto menos energia ele precisa gastar para se alimentar e colocar ovos, mais tempo ele vive", diz Valle.

"Assim, o aglomerado urbano, com muitos locais de criadouro e muitos alvos para picar, faz com que o mosquito viva mais, favorecendo o processo de infecção."

A bióloga destaca ainda que se trata de um mosquito especialmente arisco: "Quando vai picar, se a pessoa se mexe, ele tenta escapar e picar outra pessoa. Se estiver infectado com algum vírus, vai transmiti-lo para várias pessoas".
Controle Image caption Mosquito chegou a ser erradicado duas vezes no Brasil no século passado

Exterminá-lo também é difícil. Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, o Aedes aegypti é "muito resistente", o que faz com que "sua população volte ao seu estado original rapidamente após intervenções naturais ou humanas".

No Brasil, ele chegou a ser erradicado duas vezes no século passado. Na década de 1950, o epidemiologista brasileiro Oswaldo Cruz comandou uma campanha intensa contra ele no combate à febre amarela. Em 1958, a Organização Mundial da Saúde declarou o país livre do Aedes aegypti.

Mas, como o mesmo não havia ocorrido em países vizinhos, o mosquito voltou a ser detectado no fim dos anos 1960. Foi erradicado novamente em 1973 – e retornou mais uma vez três anos mais tarde. "Hoje não falamos mais em erradicação. Sabemos que isso não é possível", diz Valle, do IOC/Fiocruz.

"O país é muito grande e tem muitas entradas para o mosquito. Também há muito mais gente vivendo em cidades, e a circulação de pessoas pelo mundo com a globalização aumentou muito. Os recursos humanos e financeiros para exterminá-lo seriam enormes."
Uma forma comum de combater o mosquito, a de dispersar uma nuvem de inseticida – técnica popularmente conhecida como "fumacê" –, não é muito eficiente, pois o componente químico tem de entrar em um espiráculo localizado embaixo da asa. Portanto, o inseto precisa estar voando, algo difícil tratando-se de uma espécie que fica na maior parte do tempo em repouso.

"Na maior parte das vezes, isso é jogar dinheiro fora e gera mosquitos mais resistentes. Hoje, levamos de 20 a 30 anos para desenvolver um inseticida e, em dois anos, ele perde sua eficácia por causa do uso abusivo", afirma Valle. "E os químicos usados no controle de larvas não estão disponíveis para a população."

Carvalho, da Fiocruz Minas, ressalta ainda que 80% dos criadouros são encontrados em residências, e que realizar a prevenção e exterminar focos do Aedes aegypti não é fácil.

"Quando temos uma epidemia, é mais simples conseguir o apoio da população, mas, fora deste período, é mais complexo sensibilizar as pessoas para a questão", afirma o entomologista. "Por tudo isso, acho muito complicado falar em erradicação. Talvez a melhor palavra seja controle."

Uma abordagem nova vem sendo testada na Bahia e em São Paulo. Machos transgênicos do Aedes aegypti são liberados na natureza e, no cruzamento com fêmeas comuns, geram larvas que morrem antes de atingir a fase adulta, o que, com o tempo, reduz a população do mosquito numa determinada área.

Responsável por testes realizados desde maio em Piracicaba, no interior paulista, a empresa Oxitec informou que os resultados estão sendo analisados por sua equipe técnica e que ainda não há uma previsão de quando serão divulgados.

Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_aedes_aegypti_vetor_doencas_rb
 BRASIL