Uma população crescente significa maior pressão ambiental. A solução poderia estar nos direitos das mulheres.
Na Etiópia, o ativismo ambiental pode parecer um pouco estranho para alguns. Profissionais de saúde são vistos de porta em porta entregando folhetos sobre a restauração florestal no país, ao mesmo tempo em que distribuem preservativos.
Acesso ao controle de natalidade voluntário — que tipicamente significa pílulas, preservativos e DIUs — para reduzir o índice de 40% de gestações indesejadas por ano no mundo todo reduzirá nossa pegada de carbono coletiva, e um crescente número de países está levando isso em conta em seus planos de mudança climática, apontam especialistas.
“Mais pressão populacional está criando muita carga sobre o meio ambiente.”
“Mais pressão populacional está criando muita carga sobre o meio ambiente — bem como sobre os sistemas de assistência médica, de educação e desemprego”, disse ao The Huffington Post Yetnayet Asfaw, vice-presidente de Estratégia e Impacto da EngenderHealth, ONG com sede na cidade de Nova York que controla a PHE Etiópia.
“E mais e mais governos estão reconhecendo as inter-relações. Vemos o planejamento familiar como uma resposta.”
De quem é a culpa no final das contas?
A realidade é que, enquanto a maior parte do crescimento da população mundial está ocorrendo na África e na Índia, o consumo de energia de países industrializados causa um maior impacto no meio ambiente.
Um estudo conduzido pelo estado americano de Oregon em 2009 revelou que uma criança nos Estados Unidos emite 160 vezes mais emissões de carbono do que uma de Bangladesh.
E, nos Estados Unidos, reduzir o número de gestações indesejadas pode diminuir as emissões em margens muito superiores do que esforços como reciclagem, tornando os lares mais eficientes em termos de energia e limitando viagens.
“Em países desenvolvidos, existem reduções no consumo que são benéficas globalmente para a mudança ambiental”, disse Jason Bremmer, vice-presidente associado do Escritório de Referência da População, em entrevista ao HuffPost.
Ele destaca que é essencial ter esse tipo de conversa e fazer essas conexões, desde que sejam adequadas.
Antes de tudo, um direito imperativo moral das mulheres
Em princípio, especialistas destacam o fato de que fornecer à população mundial acesso ao controle voluntário de natalidade é, antes de tudo, uma questão moral que, a propósito, tem um efeito ambiental positivo.
“Precisamos fazer planejamento familiar, empoderar as mulheres e reduzir o casamento infantil para diminuir a taxa de natalidade, porque isso é o correto para os indivíduos. E, além disso, as pessoas terão um benefício ambiental.”
“Precisamos fazer planejamento familiar, empoderar as mulheres e reduzir o casamento infantil para diminuir a taxa de natalidade, porque isso é o correto para os indivíduos. E, além disso, as pessoas terão um benefício ambiental”, disse Bremmer.
Qualquer tipo de conexão entre população e mudança climática muitas vezes remete a questões enraizadas em igualdade de gênero e pobreza, disse Asfaw, da EngenderHealth.
Ela forneceu cenários como exemplo no mundo em desenvolvimento, no qual uma mulher não praticaria o controle de natalidade porque, culturalmente, ela não é empoderada para pedir que um homem use preservativo. Ou poderia viver em um país que não tem estradas pelas quais ela conseguiria ter acesso a uma clínica.
A EngenderHealth também trabalha em outras localidades como o Texas, fornecendo informações sobre planejamento familiar voluntário para estudantes que estejam recebendo orientação que se restringe à abstinência sexual.
Relaxe, isso não tem a ver com aborto. Então, por que ninguém quer falar sobre o impacto da população no meio ambiente?
Especialistas chamam a atenção para o fato inegável que a mudança climática, saúde reprodutiva e planejamento familiar são questões que envolvem políticas públicas.
Quando políticos e especialistas falam sobre planejamento familiar voluntário, são chamados de “eugenistas” e “nazistas”.
Em 2009, a então secretária de Estado dos EUA Hillary Rodham Clinton disse que deveríamos relacionar a mudança climática à superpopulação. Ela foi rapidamente massacrada pela mídia. Além disso, existe uma questão de percepção.
Bremmer destacou que um grande equívoco é pensar que reduzir a taxa de natalidade inclui o aborto. Mas a assistência de planejamento familiar voluntária tem regras que asseguram que as verbas não sejam usadas para a interrupção da gravidez ou campanhas relacionadas ao tema.
“Os Estados Unidos são um caso único no qual ainda estamos paralisados na política da questão. Se temos uma administração favorável ou não determina se vemos apoio para o planejamento familiar.”
"Os Estados Unidos são um caso único no qual ainda estamos paralisados na política da questão”, disse Bremmer. “Se temos uma administração favorável ou não determina se vemos apoio para o planejamento familiar.
Normalmente há menos dinheiro e mais restrição à prática sob uma administração republicana. Mas o resto do mundo não opera dessa forma.”
Corey Bradshaw, professor da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Adelaide, na Austrália, destacou o fato que proporcionar às mulheres alternativas relacionadas à saúde reprodutiva, educação e caminhos para sair da pobreza é essencial para qualquer solução — para a mudança climática e outras questões.
“Dar às mulheres direitos iguais em termos de salário e tratamento geral em países em desenvolvimento não é algo que tenhamos conquistado ainda”, disse. “É um bom começo.”
Não quer dizer que planejamento familiar seja uma poção mágica na luta contra a mudança climática
Embora haja discussão sobre quais estratégias ambientais são mais eficazes e menos onerosas, apenas o planejamento familiar voluntário não é suficiente para fazer grande diferença.
Um filhote de golfinho morreu depois que banhistas o retiraram do mar de Santa Teresita, na Argentina, para fazer selfies com o animal.
A ONG WWF (World Wildlife Foundation), que denunciou o caso, informou na última quarta-feira (17) que os turistas tiraram dois golfinhos da água e passaram de mão e mão para dezenas de pessoas tirarem fotos. Um deles não resistiu depois de ficar tanto tempo fora da água.
O caso aconteceu no último final de semana. Em nota, a WWF afirmou que o filhote era um golfinho Franciscana, um dos menores golfinhos do mundo, medindo entre 1,30 e 1,70 metro de comprimento, que tem pele frágil e, portanto, não pode passar muito tempo longe da água porque ele superaquece e morre.
"Por isso, a ocasião serve para informar a população sobre a necessidade urgente de devolver estes golfinhos ao mar ao encontrá-los na orla", alertou a ONG. "Isto é fundamental para que pessoas ajudem a resgatar estes animais, porque cada Franciscana conta."
"Por ser uma espécie prioritária para a vida silvestre, há mais de dez anos trabalhamos junto a diferentes instituições para a proteção destes animais."
A espécie, também chamada de "golfinho La Plata", é encontrada na Argentina, Uruguai e Brasil e está vulnerável à extinção, de acordo com a Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (UICN). Estima-se que existem menos de 30.000 na Argentina.
ATUALIZAÇÃO
Após grande repercussão do incidente, o site E-farsas levantou novas questões ainda não esclarecidas sobre o ocorrido. Segundo o site, a ONG Mundo Marinho, que atendeu ao chamado da ocorrência, disse que não se sabe se o golfinho já estaria morto quando foi tirado da água pelos banhistas ou se ele morreu de desidratação após o ato.
Um dos turistas que estavam na praia, inclusive, explicou que o filhote já estaria morto ao ser resgatado pelos presentes na praia. Ele fez um vídeo, no qual pode-se notar que o animal já não reagia quando era passado de mão em mão. Segundo ele, os banhistas estão com o filhote no colo tentando salvá-lo.
"Não está bem claro sobre o que realmente ocorreu com esses pobres animais", escreveu o E-farsa. "Mas é certo que os banhistas (pelo menos, os que aparecem no vídeo) estão claramente tentando salvar o bicho."
Viver não é fácil. Quando crianças e adolescentes, temos pouco
controle e autonomia. Quando adultos, temos pouco foco e muitas
responsabilidades. Quando velhos, temos menos tempo pela frente e pouca
autonomia física. Falando assim, parece que nem vale a pena estar vivo.
Mas, se não valesse, não estaríamos todos aqui.
Observando-se os
diferentões, que registram a tragédia das próprias vidas em conversas
informais e pelas mídias sociais, percebe-se a curiosa tendência humana à
frustração e autopiedade. Não sei exatamente de onde vem isso, ainda
que tenha uma série de hipóteses que talvez caibam em outro texto.
Eu
não sou muito de reclamar, mas nem sempre fui assim. Já encarei o mundo
como essencialmente injusto, cruel e com tendências à falência total e
irremediável. Ainda bem, essa impressão passou. Credito a mudança a um
processo de maturidade, tanto passivo como ativo. Em relação à parte que
não controlo, tenho pouco a dizer e muito a agradecer. Minha
personalidade (que não escolhi) e criação (pela qual tive o prazer de
passar) ajudaram demais a construir minha visão de mundo.
A
partir dessa estrutura, posso dizer que comecei a agir para as coisas se
ajeitarem para o meu lado. Eu tenho uma série de estratégias que
utilizo para viver melhor. E sempre estou em busca de mais. Esse
processo é curioso, principalmente, porque muitas vezes eu me percebo
executando uma estratégia inédita, ou seja, ainda não racionalizada por
mim. O legal de fazer isso é que, a partir daí, posso usufruir dela
quando bem entender, passando a executá-la de forma consciente.
Aconteceu comigo um dia desses.
Em meio à correria cotidiana e
reflexões diárias, é possível que encontremos tempo para pensar
exatamente no que estamos fazendo naquele momento. Por exemplo, você
está parado no sinal rumo ao trabalho pedido em devaneios sobre aquela
sua reunião planejada para durar 15 minutos, mas que vai levar 2 horas
e, então, olha para o lado. Se você mora em Brasília, é possível que dê
de cara com um ipê amarelo. Esse milagre da natureza, por alguns
segundos, apagou seus devaneios e preocupações e você se deu ao luxo de
simplesmente aproveitar o momento com o seu ipê, o que pode ter lhe
gerado um sorriso, um suspiro ou apenas a consciência de que existem
coisas lindas demais nesse mundo horroroso (calma, gente, também não
precisa ser tão dramático).
Essa consciência do "agora" é poderosa e melhora minha vida de uma forma prática. Tanto que acabei a nomeando: microvitória ou microderrota cotidiana.
Os termos definem a ação de aproveitar as pequenas coisas legais e
ruins que acontecem recorrentemente - e, por isso mesmo, não são
valorizadas ou passam despercebidas - e considerá-las vitórias ou
derrotas que tornam nossas vidas mais divertidas, significativas e
didáticas. Exemplos?
Microvitórias
Chegar à parada de ônibus e, segundos depois, seu ônibus aparecer. YES.
Dormir com barulho de chuva. BOOM. Achar uma vaga rapidamente em um
estacionamento lotado. FLAWLESS VICTORY. Ter batata frita para o almoço
em casa. AHAM-AHAM. Encontrar acidentalmente com um amigo querido que
não se vê há tempos. RÁ! Conseguir tirar aquela comida presa entre os
dentes depois de uma hora tentando. WE. ARE. THE. CHAMPIONS.
Microderrotas
Passar pelo mesmo engarrafamento diariamente. URG. SAIR MAIS CEDO OU
MAIS TARDE. Quase bater o carro por desatenção. VIGI. OLHOS NA PISTA
SEMPRE. Derramar café sobre o teclado. RAPAZ... CAFÉ SÓ NA COPA AGORA?
Trincar a tela do celular por descuido. NÃÃÃO! COMPRAR UMA CAPINHA? A
cada microvitória cotidiana, meu dia melhora. E há muitas delas para
aproveitar. Já as microderrotas, para não se perderem no limbo da falta
de sorte, viram lições que devem gerar mudanças de atitude.
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Assimilar algo tão complexo como a vida não é fácil. Por isso, a
gente costuma fazer análises superficiais que, como já mencionei,
tendem à catástrofe do mundo. Mas, se você for, aos pouquinhos,
percebendo as pequenas coisas boas da vida e como as pequenas coisas
ruins podem te ajudar a ser alguém melhor, talvez sua percepção possa
ganhar escala e se transformar em algo cada vez mais significativo. Com sorte, você perceberá com mais clareza como é bom viver. Rodrigo Borges Publicitário, adepto do "calma, gente" Fonte:
Caso você precise de mais evidências de que os homens estão fazendo
um belo trabalho de destruição do planeta, considere o seguinte: se
continuarmos desse jeito, vai haver mais plástico que peixes nos
oceanos. Essa é a conclusão de um novo relatório do Fórum Econômico Mundial e da Fundação Ellen MacArthur.
"As melhores pesquisas disponíveis hoje estimam que haja mais de 150 milhões de toneladas de plásticos no oceano hoje", diz o relatório. "Num cenário em que nada mude, espera-se que o oceano contenha 1 tonelada de plástico para cada 3 toneladas de peixes em 2025 e, em 2050, mais plásticos que peixes (por peso)."
Em outras palavras, em apenas 34 anos, a quantidade de lixo plástico no oceano vai superar, em peso, a de peixes.
O estudo descreve os plásticos como "material faz-tudo ubíquo da economia moderna" e afirma que, depois de um curto primeiro ciclo de uso, 95% do valor material das embalagens plásticas, entre 80 bilhões e 120 bilhões de dólares anualmente, são perdidos.
Pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico - o equivalente a um caminhão de lixo por minuto - são despejadas no oceano anualmente, segundo o Fórum Econômico Mundial.
O relatório, "A Nova Economia do Plástico: Repensando o Futuro dos Plásticos", também oferece esperanças.
Novos materiais e tecnologias indicam que é possível erradicar o desperdício de plástico.
Alcançar tal mudança sistêmica, diz a Fundação Ellen MacArthur, vai exigir uma importante colaboração, incluindo empresas de bens de consumo, fabricantes de plásticos, empresas envolvidas na reciclagem e autoridades.
"Esse relatório demonstra a importância de começarmos uma revolução no ecossistema industrial dos plásticos", disse em comunicado Dominic Waughray, do Fórum Econômico Mundial, "e é um primeiro passo para mostramos como transformar a maneira que os plásticos se movimentam na nossa economia."
Hoje, só 14% das embalagens plásticas são coletadas para reciclagem, segundo o Fórum Econômico Mundial. Em comparação, o índice de reciclagem de papel é de 58%, e o de ferro e aço está entre 70% e 90%.
Nos últimos 15 anos, cerca de 95 mil toneladas de embalagens descartadas
foram entregues por consumidores em 141 lojas do Pão de Açúcar, maior
varejista do país. Criado em parceria com a fabricante de bens de
consumo Unilever, o programa envia o material para cooperativas de
catadores e, assim, ajuda a diminuir a pressão sobre os aterros
sanitários e os quase 2.500 lixões existentes no Brasil. Desde
dezembro, a rede começou a testar mudanças para elevar a média recente,
de cerca de 10 mil toneladas por ano. Num projeto piloto, sete pontos
passaram por reformas e se tornaram mais visíveis e organizados. Ao
entregar os resíduos que separou em casa, o consumidor começa a ser
informado sobre as condições em que as embalagens devem ser entregues.
Potes
com restos de alimento, por exemplo, não são aproveitados. “Sem
informar o cliente, não vamos avançar”, diz Laura Pires, gerente de
sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar. A movimentação retrata o início
da corrida para atingir metas previstas pelo recém-firmado acordo
setorial das embalagens.
Assinado em novembro, após três anos de
negociações, faz parte dos esforços de implementação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010.
Vinte e duas
associações empresariais - entre fabricantes de bens de consumo e
fabricantes diretos de embalagens - firmaram com o governo federal o
compromisso de ajudar a reduzir 22% do volume desses resíduos que chegam
aos aterros até 2018, na comparação com 2012.
Estima-se que,
para isso, as empresas envolvidas no acordo deverão coletar
conjuntamente 3 815 toneladas por dia nos próximos dois anos. Sobram
obstáculos no caminho - desde a baixa capilaridade dos postos de coleta
no varejo até a pouca informação que o consumidor final tem a respeito
do assunto país afora.
A única boa notícia é que o processo de
coleta e triagem por catadores de material reciclável está amplamente
estabelecido nos principais centros de consumo. “O acordo é o ponto de
partida para formalizar uma cadeia enorme já existente”, afirma Victor
Bicca, diretor de relações públicas da Coca-Cola e presidente do
Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), uma das entidades
que coordenaram a assinatura do documento.
Também nesse quesito,
porém, sobram problemas a resolver. Estima-se que hoje existam 600 mil
catadores no país. Muitos vivem e trabalham em condições precárias.
Apenas 10% deles estão vinculados a uma cooperativa e, ainda assim, isso
não significa muita coisa.
A maioria não está legalizada nas
prefeituras e sofre com falta de infraestrutura e gestão: não oferece
treinamento aos cooperados e tem dificuldade para contabilizar as
vendas. Segundo o acordo, caberá às empresas signatárias ajudar a dar
corpo a essas cooperativas - uma tarefa que exige muito mais do que
dinheiro.
“Montamos um programa para ajudá-las a superar
problemas básicos de organização e de segurança no trabalho”, afirma
Simone Veltri, gerente de relações socioambientais da fabricante de
bebidas Ambev, que mantém um programa de coleta de embalagens desde 2012
e se relaciona hoje com cerca de 60 cooperativas em todo o país.
Hoje
uma equipe da empresa faz um diagnóstico técnico de cada uma e
estabelece um plano de ação e metas anuais de melhoria. As dificuldades
surpreenderam os executivos da fabricante de cosméticos Natura, que há
menos de um ano se aproximaram de cinco cooperativas em São Paulo.
Para
coordenar o projeto piloto, a empresa escalou o executivo Sérgio
Talocchi, que por sete anos foi responsável pela gestão do
relacionamento com cooperativas rurais fornecedoras de insumos para
cosméticos. “A rotatividade e os problemas de liderança são muito
maiores no universo urbano do lixo do que no rural”, diz Talocchi.
Tão
árduo quanto o trabalho com os catadores será mudar hábitos do
consumidor. Em primeiro lugar, é necessário ter mais pontos de coleta.
Nesse sentido, o acordo prevê que as empresas de embalagens deverão
custear e operar pontos de entrega voluntária, os chamados PEVs - que
deverão ser instalados preferencialmente em supermercados ou em outros
pontos de fácil acesso ao público.
A obrigação do varejo é de
apenas oferecer espaço nas lojas. Estima-se que 215 pontos como esses
existam hoje no Brasil, boa parte em grandes redes de varejo. O objetivo
é triplicá-los até 2018 - em Portugal, país muito menor do que o
Brasil, esse número é quase 200 vezes maior. Boa parte dessa expansão
deverá ser feita em varejistas menores, o que torna a tarefa mais
complexa para a indústria.
No que se refere aos incentivos para
que os consumidores saiam de casa com seu lixo reciclável nas mãos,
alguns testes começam a ser feitos. A cervejaria Heineken, por exemplo,
lançou nas lojas do Pão de Açúcar uma promoção em que oferecerá desconto
de 30% a consumidores que retornarem 12 garrafas de vidro ou latas de
qualquer marca aos PEVs da rede.
A duração será de 30 dias, com
término previsto para 12 de fevereiro, e só será válida às
terças-feiras. A empresa participa, desde 2014, de um programa de coleta
de embalagens de vidro em bares, mas quer entender agora o que pode
motivar o consumidor final. “Queremos verificar a eficácia de um
incentivo como esse”, afirma Renata Zveibel, diretora de comunicação
externa e sustentabilidade da Heineken.
Nesse sentido, o acordo
prevê que a indústria fará campanhas massivas de comunicação, sem
detalhes sobre prazos e valores envolvidos. “É preciso informar
exaustivamente”, diz o português Ricardo Neto, da ERP Recycling
Portugal, entidade de gestão de resíduos da União Europeia.
Em
Portugal, uma política de gestão de resíduos vigora desde a década de 90
e, ainda hoje, o setor privado investe 2,5 milhões de euros por ano em
propaganda sobre o descarte correto do lixo. Em 2018, verificar o
sucesso dos esforços dependerá de relatórios produzidos pelas próprias
empresas e de dados públicos sobre aterros e lixões.
Existe aí um
problema básico: apenas 30% dos municípios brasileiros têm informações
confiáveis sobre a natureza e o volume de seus resíduos, o que tornará a
checagem dos dados mais difícil. Especialistas afirmam que essas falhas
não devem ser motivo para que as empresas não se mexam.
“Esses
dois anos serão destinados à experimentação e não caberá penalidade
ainda”, afirma Fabricio Soler, advogado do escritório Felsberg e
Associados, de São Paulo. Passado esse período, no entanto, multas
poderão ser aplicadas.
Para as empresas, é importante mostrar que
algo foi feito - até para evitar que o governo decida, a partir de
2018, tomar medidas mais draconianas. Se a indústria ficar para trás na
corrida pelo lixo, também poderá acabar com um prejuízo nas mãos.