terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Pontos críticos a serem considerados na Terapia Assistida por Animais


A razão: "A Terapia Assistida por Animais – TAA, é uma técnica empregada, por profissionais da área da saúde, no tratamento de patologias no âmbito da saúde física, mental ou social. Tem objetivos terapêuticos específicos, sendo a terapia adaptada e direcionada à demanda clínica do profissional que a promove e utiliza o animal de estimação como ferramenta do processo terapêutico." (MONTEIRO, A. 2007 – CENTRONATI/ANIMALLIS).

Dentre as TAA, a Equoterapia, foi reconhecida como método terapêutico em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina, e se baseia na equitação, em uma abordagem multidisciplinar e transdisciplinar, cujo objetivo principal consiste na estimulação e desenvolvimento biopsicossocial de indivíduos portadores de deficiências ou necessidades especiais.

A precaução: Considerando as diversas possibilidades de relação, exposição e contato direto e indireto com os diferentes animais antes, durante e após os procedimentos planejados da TAA, preocupa estabelecer quais os pontos ou fatores devamos considerar críticos desta relação, identificando aqueles que oferecem algum tipo de possibilidade de dano ao paciente (assistido), ao agente (executor/assistente), ao animal (instrumento), aos coadjuvantes (apoiadores, acompanhantes, assistentes), e o ambiente (teatro de operações, manejo, trânsito).

A primeira e mais evidente preocupação está no perigo zoonótico, quando a exposição e o contato direto e frequente entre espécies animais e humanos de alguma forma fragilizados orgânica e psicologicamente, determinam uma circunstância de risco de contagio.

O animal envolvido na TAA deve obrigatoriamente estar submetido a um rigoroso e controlado processo sistematizado de monitoramento contínuo que possa assegurar sua inocuidade zoonótica. O processo estende-se da avaliação da origem, do perfil clínico e comportamental, das tendências estruturais e fisiológicas, da relação com os ambientes que está exposto, do manejo alimentar e higiênico que está submetido, das substâncias químicas e farmacêuticas que recebe. Esta rigorosa monitoração deve considerar as condições da microbiota existente(oral, conjuntival, cutânea, intestinal, genital), pelo que pode representar.

DE LORENZO, J. (2010), abordando o Ecossistema Bucal, nos indica que, a microbiota bucal é a mais complexa de todo o organismo: só de bactérias existem mais de 30 gêneros diferentes, abrangendo mais de 500 espécies diferentes. Socransky e Haffajee (2002) relataram que, na boca (humana), existem aproximadamente 350 espécies bacterianas já cultivadas e mais de 200 que foram reconhecidas por métodos genéticos.

BRAGA,C E COLS (2005), avaliaram a microbiota periodontal de 29 cães, constatando que 27 cães (93,10%), apresentavam vários sítios com quadro clínico de gengivite, e, somente 2 cães (6,90%), apresentavam todos os sítios avaliados saudáveis. Seiscentas e setenta e duas amostras microbianas foram isoladas dos cães, sendo 379 (56,40%) bactérias anaeróbias estritas, 236 (35,12%) anaeróbias facultativas, 46 (6,84%) aeróbias estritas ou microaerófilas e onze (1,64%) leveduras. A identificação microbiana permitiu o agrupamento dos isolados em 49 espécies diferentes, entre as quais se destacam:





O que nos chama a atenção é a ocorrência de Pasteurella spp, E. coli, Staphylococcus spp, Streptococcus β hemolitico, Corynebacterium spp e Bastonete e cocobacilo G- e G+, Fusobacterium spp e Bacteroides spp reconhecidamente de potencial zoonótico oportunista.

VIEIRA E COLS (2009), descreveram a recuperação e a identificação de bactérias da microflora oral de 48 equinos adultos sadios quando foram isolados Staphylococcus spp e Streptococcus spp, Moraxella spp, Nocardia spp e Bacilus spp das regiões periodontal e terço médio da língua. Das espécimes periodontais foram isolados uma grande concentração de Staphylococcus spp 81,25% (39/48) em relação aos Streptococcus spp 41,67% (20/48). 
Segundo Smith e MacFarlane (1999), da mesma forma que o estafilococos pode ser considerado um organismo transiente da cavidade oral, sua frequente presença neste local pode ser considerada uma potencial fonte de infecção, sugerindo uma detecção detalhada da microbiota oral não só de animais clinicamente saudáveis.

Segundo SANTIN, (2009), as leveduras do gênero Candida são componentes da microbiota de humanos e animais clinicamente sadios e são descritos como agentes oportunistas causadores de micoses em todo o mundo. Em cães, Candida spp. já foi isolada da mucosa vaginal, oral e anal, bem como da pele, meato acústico externo e espaço interdigital (CLEFF et al., 2005; BRITO et al, 2009). Malassezia pachydermatis é a espécie mais estudada em animais e é considerada parte da microbiota de vários sítios anatômicos em cães e gatos, principalmente do meato acústico externo e tegumento cutâneo, embora também possa ser isolada do reto, sacos anais, vagina e espaço interdigital (NOBRE et al.,1998; NASCENTE et al., 2004).

Segundo BENTUBO E COLS, (2010), a literatura indi-ca que os principais gêneros de fungos associados com a colonização do pelame e cavidades naturais de cães e gatos são: Aspergillus spp., Cladosporium spp.,Candida spp., Cryptococcus spp., Fusarium spp., Geotrichum spp., Malassezia spp., Microsporum spp., Penicillium spp., Rhodotorula spp., Scopulariopsis spp., Trichophyton spp., e Trichosporon spp. (Cabañes et al., 1996; Cleff et al., 2007). Os autores ressaltam que os animais, principalmente os domésticos, podem desempenhar papel importante como reservatórios de C. albicans para seres humanos susceptíveis que mantêm contato próximo com esses animais (Edelmann et al., 2005). Leveduras do gênero Rhodotorula, encontradas em fontes naturais e superfícies úmidas, também são integrantes da microbiota residente/transitória normal da pele de cães (Gambale et al., 1987; Cabañes et al., 1996;Lunardi et al., 2006). Segundo Holanda et al. (2007), Rhodotorula spp. têm sido apontadas como emergentes em quadros de infecção humana.

ISHIKAWA E COLS, (2006), motivados pela escassez de publicações com enfoque sobre a microbiota fúngica de equinos hígidos, investigaram a ocorrência das principais espécies de dermatófitos em 175 equinos com e sem lesões suspeitas de dermatofitoses. Foram isolados no grupo desprovido de lesões cutâneas (133 equinos), Penicillium spp (80,4 %), Rhizopus spp (62,4%), Aspergillus spp (41,3%), Fusarium spp (40,6%), Cladosporium spp (33,1%), Trichoderma spp (21,0%), Mucor spp (18,0%), Epicoccum spp (12,0%), Mycelia sterillia (8,8%), Rhodotorula spp (2,2%), Neurospora spp (4,5%), Alternaria spp (3,7%), Aureobasidium spp (3,7%), Geotrichum spp (3,0%), Paecilomyces spp (2,0%), Monascus spp (2,2%), Cephalosporium spp (1,5%), Nigrospora spp (0,7%), Scopulariopsis brevicaulis (0,7%), e Trichosporun spp (0,7%).

GATTO; KOZUSNY, (2011), investigaram, por cultivo, amostras cutâneas de equinos hígidos no noroeste paulista, onde foi verificada presença de Trichophyton mentagrophytes (9), T. verrucosum (25) e T. equinum (12). Em 16% dos animais foram isolados Microsporum gypseum e 8% M. equinum. Verificou-se que 12 animais que apresentaram T. verrucosum estavam também contaminados com M. gypseum. Todos os animais com lesões apresentaram T. equinum . Os resultados obtidos mostram a importância da determinação por meio de cultivos dos dermatófitos presentes em pelos de equinos para direcionar o tratamento e evitar a disseminação dos agentes para o ser humano. Recomendamos a leitura atenciosa e muito interessante do Guidelines for environmental Infection Control in Healthcare Facilities. Recommendations of CDC and the Healthcare Infection Control Pratics Advisory Committee (HICPAC). U.S. Department of Health and Human Service Atlanta: Centers for Disease Control-CDC. 2003, que faz recomendações e sugestões muito adequadas ao propósito de assistir tecnicamente com competência e segurança os procedimentos da TAA.

A monitoração: Há denominados pontos críticos e sugerimos alguns que julgamos importantes e colocamos em discussão:

Quanto a espécie envolvida no TAA:

• Origem; procedência conhecida; perfil hereditário; histórico de relações com pessoas e antecedentes históricos gerais.
• Perfil comportamental; temperamento; instinto; atitude; habilidades; previsibilidade; controle; equilíbrio; reatividade/resposta e tendência.
• Perfil orgânico; condição física; antecedentes clínicos; funções orgânicas; desempenho e habilidades físicas.
• Perfil epidemiológico; imunizações; condição parasitária; exposição a sinantrópicos e contato com outros animais.
• Perfil microbiológico; microbiota oral, auricular, conjuntival, cutânea (pelame), intestinal e genital.
• Procedimentos de preparo para o procedimento de TAA.
• Qualificação e Certificação para nível de exposição em TAA.
Quanto ao manejo e apoio operacional em TAA:
• Habilidade e capacitação do assistente (fisiologia, comportamento, bem-estar animal, biossegurança, contenção, transporte e primeiros socorros).
• Imunização e antecedentes clínicos; higiene pessoal.
• Equipamentos de proteção individual e de segurança complementar.
• Uniforme.
• Equipamentos.
Quanto ao ambiente de operação/procedimento de TAA:
• Localização; acesso; espaço disponível; iluminação; ventilação; restrições e limitações operacionais; ruídos e inspeção prévia.
• Presença de outras espécies(silvestres, pets, domésticas, sinantrópicas).
• Proteção ambiental; ergonomia; conforto físico, térmico e higiênico.
• Condição climática e ambiência.
• Programação; horário e frequência.
• Higienização prévia e pós atividade; desinfecção e destinação de resíduos.

A competência responsável: O caráter multidisciplinar e transdisciplinar da TAA, demanda competências e habilidades gerais e específicas de cada participante envolvido no conjunto/equipe promotor. A logística necessária ao planejamento, operação e avaliação dos procedimentos exige coordenação, administração e responsabilidade técnica, do mais elevado nível de integração, simplesmente por ter como objeto a vida (recuperada, adaptada, preservada e aprimorada).

Os programas de TAA devem ser profissionalizados intensivamente e oferecidos sobre a responsabilidade técnica da competência legal constituída, assegurando credibilidade e qualidade à população assistida.


Referências
ALLEN K. Dog ownwership and Control of borderline hypertension: A control randomized trial. Division of clinical Pharmacology – Department of Medicine. Bufalo: Millard Fillmore Hospital; 2001.
ANDRADE, A.L.; STRINGHINI, G;BONELLO, F.L.; MARINHO, M.; PERRI, S.H.V.: Microbiota conjuntival de cães sadios da cidade de Araçatuba (SP). Arq. Bras. Oftalmol. vol.65 nº3, São Paulo, June 2002. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27492002000300008.
BENTUBO, HDL.; GAMBALE, W.; FISCHMAN, O: Leveduras isoladas do pelame de cães sadios que vivem em regime domiciliar. [Yeasts isolated from the haircoat of healthy dogs that live indoor] Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.62, n.4, p.1018–1021, 2010.
BRAGA,C E COLS: Isolamento e identificação da microbiota periodontal de cães da raça Pastor Alemão. Cienc. Rural vol.35 nº2 Santa Maria Mar./Apr. 2005. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005000200022. BUSSOTI EA, LEÃO ER, CHIMENTÃO DMN, Silva CPR. Assistência individualizada: "Posso trazer meu cachorro?" Rev Esc Enferm USP. 2005; 39 (2): 195–201.
CABAÑES, F.J.; ABARCA, M.L.; BRAGULAT, M.R. et al. Seasonal study of the fungal biota of the fur of dogs. Mycopathologia, v.133, p.1–7, 1996. CDC-Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for environmental Infection Control in Healthcare Facilities. Recommendations of CDC and the Healthcare Infection Control Pratics Advisory Committee (HICPAC). U.S. Department of Health and Human Service Atlanta: Centers for Disease Control; 2003.
DE LORENZO,J.L.: Microbiologia, Ecologia e Imunologia Aplicadas à Clínica Odontológica. Cap-5, p.18-39. Ed. Atheneu. 640p.SP–201.
GAMBALE, W.; CORRÊA, B.; PAULA, C.R. et al. Ocorrência de fungos em lesões superficiais de cães na cidade de São Paulo, Brasil. Rev. Fac.Med. Vet. Zootec., v.24, p.187-191, 1987.
GARCIA,A.: O emprego de animais na terapia infantil. Pediatr Mod. 2000; 26:75-9.
GATTO IRH; KOZUSNY-ANDREANI DI: Isolamento e caracterização de dermatófitos e fungos associados a tegumento em equinos. V ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-UNICASTELO, ANAIS- p.29. SP. 2011. http://www.unicastelo.br/site/file/pesquisa/Anais-IC-2011-2012.pdf
ISHIKAWA,M.M;LUCAS,R;LARSSON,C.E;GAMBALE,W;FERNANDES,W.R.Isolamento e identificação da microbiota fúngica e de dermatófitos da pele de equinos hígidos e daqueles afetados por dermatofitosese. Braz.j.vet.res.anim.sci;33(3):170-5,1996.
SANTIN, R.: Isolamento, identificação e suscetibilidade in vitro de leveduras isoladas da cavidade oral de fêmeas caninas em Pelotas, 2009, Dissertação de Mesttrado-Universidade de Pelotas-RGS-2009. http://www.ufpel.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=588
SANTIN, R.: Isolamento, identificação e suscetibilidade in vitro de leveduras isoladas da cavidade oral de fêmeas caninas em Pelotas, 2009, Dissertação de Mesttrado-Universidade de Pelotas-RGS-2009. http://www.ufpel.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=588
VIEIRA, C.A., FERNANDO, F.S., VIGNOTO, V.C., WOSIACKI, S.R., RIBEIRO, M.G. Identificação da microbiota da cavidade oral de eqüinos. Anais... Gramado: 35º Combravet, 2008.
http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/lista_area_04.htm
http://www.inataa.org.br/taa.htm
http://www.animallis-taa.com/
http://www.centronati.com/

http://www.centronati.com/terapia-assistida-por-animais

Prof. Dr. Carlos Augusto Donini
Doutor em Medicina Veterinária Preventiva; Mestre em Saúde Pública Veterinária; Professor de graduação e pós-graduação de Zoonoses e Saúde Pública, Extensão e Saúde Ambiental – FMU-SP


Fonte:




Um comentário:

  1. COMO EU ME CUREI DO VÍRUS DE HERPES.

    Olá pessoal, estou aqui para dar meu testemunho sobre um herbalista chamado Dr. imoloa. Eu estava infectado com o vírus herpes simplex 2 em 2013, fui a muitos hospitais para curar, mas não havia solução, então estava pensando em como conseguir uma solução para que meu corpo possa ficar bem. um dia, eu estava na piscina, navegando e pensando onde conseguir uma solução. Eu passo por muitos sites onde vi tantos testemunhos sobre o Dr. Imoloa sobre como ele os curou. eu não acreditava, mas decidi experimentá-lo, entrei em contato com ele e ele preparou o herpes para mim, que recebi através do serviço de correio da DHL. tomei por duas semanas depois, em seguida, ele me instruiu a ir para o check-up, após o teste, foi confirmado herpes negativo. sou tão livre e feliz. portanto, se você tiver algum problema ou estiver infectado com alguma doença, entre em contato com ele pelo e-mail drimolaherbalmademedicine@gmail.com. ou / whatssapp - 2347081986098.
    Esse testemunho serve como expressão de minha gratidão. ele também tem
    cura à base de plantas para, FEBRE, DOR CORPORAL, DIARRÉIA, ÚLCERA DA BOCA, FATIGUE DE CÂNCER DE BOCA, DORES MUSCULARES, LÚPUS, CÂNCER DE PELE, CÂNCER DE PÊNIS, CÂNCER DE MAMA, CÂNCER DE PÂNICO, DOENÇA RENAL, CANCRO VAGINAL, CANCER VAGINAL, CANCRO DOENÇA DE POLIO, DOENÇA DE PARKINSON, DOENÇA DE ALZHEIMER, DOENÇA DE BULÍMIA, DOENÇA INFLAMATÓRIA DE DOENÇAS FIBROSE CÍSTICA, ESQUIZOFRENIA, ÚLCERA CORNEAL, EPILEPSIA, ESPETO DE ÁLCOOL FETAL, LICHEN, PLANTIA, CLÍNICA DE SAÚDE / AIDS, DOENÇA RESPIRATÓRIA CRÔNICA, DOENÇA CARDIOVASCULAR, NEOPLASIAS, TRANSTORNO MENTAL E COMPORTAMENTAL, CLAMÍDIA, VÍRUS ZIKA, ENFISEMA, TUBERCULOSE, BAIXO CONTAGEM ESPÉCIE, ENZIMA, INFORMÁTICA, BARRIGA, DISTRIBUIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO EREÇÃO, ALARGAMENTO DO PÊNIS. E ASSIM POR DIANTE.

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