Assim como os humanos, os animais de estimação estão sujeitos a desenvolver problemas de visão que, se não diagnosticados e tratados a tempo, podem até mesmo levar à cegueira. Não à toa a oftalmologia tem ganhado cada vez mais espaço dentro da Medicina Veterinária, se tornando uma importante aliada na busca pelo bem-estar dos bichinhos.
A jornalista de Santo André Erika Jodas, 28 anos, viu seu fiel companheiro Nick, um cocker spaniel, desenvolver catarata quando ele tinha cerca de 8 anos. A família percebeu que os olhos do animal começaram a ficar esbranquiçados e, no final da vida, aos 14, o cão já estava quase totalmente cego.
“Ele andava batendo nos objetos e nas paredes e se limitava ao espaço dele. Acho que era mais confortável, inclusive por conta da velhice”, conta.
Nick também teve de enfrentar um câncer e outras doenças características da raça. Para Erika, a catarata acabou sendo a enfermidade de menor impacto pela qual ele teve de passar. “Apesar de tudo, ele teve uma vida muito feliz. Apenas o último ano foi ruim. Talvez se soubéssemos da existência da catarata com antecedência, teríamos tido nosso cãozinho com mais visão para participar da nossa história. No entanto, mesmo cego ele sempre esteve presente nos melhores e piores momentos da família”, lembra.
A doença oftalmológica que acometeu Nick é uma das mais comuns verificadas nos animais de estimação, tanto cachorros como gatos. Caracterizada pela opacidade do cristalino, seu tratamento é apenas cirúrgico e, quanto mais cedo diagnosticado, maiores as chances de sucesso.
“Há dois modelos mais evidentes da catarata. A juvenil ou precoce ocorre entre os 2 e 4 anos de idade em raças que têm predisposição genética, como poodle, bulldog francês e lhasa apso. A mais comum, contudo, se desenvolve em animais idosos, por conta do desgaste do cristalino”, explica o veterinário de São Bernardo Alexandre Gurgel.
Outra patologia frequentemente diagnosticada é o glaucoma. Trata-se de uma doença neurodegenerativa caracterizada pela alta pressão interocular. Nesse caso, o olho fica maior, com uma aparência mais “saltada”.
Já as úlceras de córnea são caraterizadas por inchaço e dor. “A causa mais comum são os traumas ou problemas nos cílios. O dono deve observar que o olho fica mais fechado e o animal não quer encoste. Além disso, ele passa a apresentar fotofobia, ou seja, fecha o olho em contato com a luz”, afirma o oftalmologista veterinário Ricardo Pecora, também de São Bernardo. Raças braquicefálicas, ou seja, as de focinho curto, estão mais propensas a esse tipo de lesão. “As úlceras tem esse aspecto mais racial. Os olhos ‘para fora’ facilitam que os animais sofram traumas na córnea”, completa Gurgel.
A chamada uveíte (inflamação na íris) também é uma doença muito dolorida para o bicho. Com ela pode ocorrer a mudança de cor não só da íris, mas de todas as partes olho, inclusive a córnea. “Nesse caso, se pesquisa se existe uma doença concomitante”, diz Pecora.
Por fim, a ceratoconjuntivite seca é caracterizada pelo desgaste da glândula lacrimal. O olho fica o tempo todo ressecado e também é comum nas raças de focinho curto.
Prevenção – Não há muito o que se possa fazer para evitar que os bichinhos desenvolvam problemas oftalmológicos. Apenas alguns casos de úlcera de córnea ocasionadas por trauma podem ser prevenidos se alguns cuidados forem tomados. “O indicado é ter cautela na hora do banho, protegendo sempre a área dos olhos, inclusive na área da secagem e escovação. Porém, se a doença surgir por algum outro motivo, como infecções virais ou bacterianas, tudo o que se pode fazer é procurar o veterinário”, orienta Gurgel.
Os donos também podem ficar atentos a algumas mudanças de comportamento que indicam que algo não vai bem. “O mais comum é o animal fechar o olho, coçá-lo, apresentar vermelhidão ou mesmo bater a cabeça”, aponta Pecora. “O importante é ser rápido. Se perceber essas alterações, levar o quanto antes ao consultório. Quanto mais cedo identificar o problema, maior a probabilidade de conseguir corrigi-lo.”
As visitas ao veterinário, aliás, devem fazer parte da rotina do animal, tenha ele indícios de doenças ou não. “Assim como a gente, o ideal seria levá-los ao oftalmologista uma vez por ano. No consultório é possível fazer exame de fundo de olho, aferir a pressão e medir a quantidade de água na lágrima”, ressalta o especialista.
Fonte: DIÁRIO DO GRANDE ABC
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