IDENTIFICANDO A CAUSA
Para o médico veterinário comportamentalista Marcel Perez Pereira, casos como esse devem ser avaliados de duas formas: a primeira, com um check-up que descarte doenças que possam levar à incontinência urinária, e depois se voltando à conduta e personalidade do peludo. “Descartadas as alterações de saúde,p odemos pensar nas causas comportamentais do problema, geralmente desencadeado por estresse e dominância”, aponta, lembrando que o comportamento dos tutores ao se depararem com o xixi fora do lugar pode gerar ainda mais episódios do tipo. “Punir o animal não o fará associar a bronca ao xixi, que provavelmente ocorreu bem antes de o dono chegar em casa, e ainda pode acarretar uma série de problemas comportamentais”, diz.
Excluídas as punições físicas e verbais ao mascote, é importante também que a pessoa se mantenha completamente neutra à urina, inclusive no que diz respeito à expressão corporal. De acordo com Karina Pongracz, adestradora da Cão Cidadão (SP), qualquer alteração pode ser vista pelo cão como recompensa. “Até uma bufada é recompensadora para um bicho que estava ansioso para ver seu tutor. É como se pensasse ‘Nossa, ele está olhando para mim!’, o que influencia a repetição daquele comportamento”, frisa. Essa indiferença à situação pode parecer difícil, e talvez esteja aí um dos principais motivos que levaram Frederico a fazer suas necessidades por todos os lugares quando sozinho. “Sempre falamos de forma brava com ele quando isso acontece, porque parece que ele faz de propósito, só para chamar atenção”, conta Giovana, sem perceber que, se é atenção que o pet quer, então a algazarra tem dado resultado.
CONTROLANDO A ANSIEDADE
Além de desejar uma maior proximidade com o dono, outro fator que pode levar o mascote a agir dessa forma é a ansiedade, desencadeada quando ele se sente triste e entediado por estar separado de seu guardião. Nessa situação, fora o xixi, o bicho pode também apresentar outros sintomas, como destruição de objetos, tentativa de escapar e latidos e uivos excessivos quando deixado sozinho. Se esse for o caso, é importante que o dono ofereça atividades físicas e mentais durante o tempo que passar junto com o peludo e, ainda mais, quando o deixar sozinho. Para tentar conter a ansiedade dos cães, existem muitas formas eficazes como corridas, caminhadas, treinos de adestramento simples e complexos, brincadeiras e brinquedos. Em se tratando dos pets que passam pouco tempo acompanhados, enriquecer o ambiente com brinquedos educativos e que envolvam alimentos pode ajudar a desviar sua atenção da ausência dos tutores. “Quando bem exercitados e estimulados com as atividades certas, eles não têm energia para desperdiçar com coisas que prejudicam a convivência, como destruição e necessidades feitas em lugares indevidos. Antes de culpar o animal, é mais correto avaliar o que a pessoa está deixando de fazer pelo seu mascote”, analisa o médico veterinário.
ESTRATÉGIAS ANTES DE SAIR
Muitas vezes, mesmo que o seu peludo direcione sua energia para outras ações, acidentes molhados podem acabar acontecendo. De acordo com a adestradora Karina, ainda que o pet seja treinado e receba os estímulos necessários, é fundamental que algumas regras básicas não sejam esquecidas. “Antes de sair, o dono deve levá-lo ao local apropriado ou para passear, e incentivá-lo a fazer xixi e cocô. Caso ele faça, é essencial que seja elogiado, como forma de reforçá-lo a repetir o comportamento”, comenta. Já no que se refere aos filhotes, o período entre a alimentação e o momento de fazer as necessidades é bastante curto, como conta o adestrador Gilberto Miranda: “Uma das características dos mais novos é ir ao banheiro logo após as refeições. Se não forem levados para passear, ou ficarem sozinhos em qualquer ambiente da casa, correm o risco de fazer tudo ali mesmo”, diz.
Por mais que a maioria das pessoas negue, suas atitudes também podem, sim, levar o mascote a urinar no lugar errado quando sozinho. Porém, ao contrário do que se pensa, sucessivas broncas e agressões, como esfregar o focinho dele no xixi, por exemplo, influenciam o animal a se recusar a fazer suas necessidades na presença do tutor, o levando a aproveitar sua ausência para isso. Além de sujar a casa, esse quadro pode ser prejudicial à saúde, já que o companheiro de quatro patas tende a ter problemas urinários decorrentes do tempo prolongado em que segura o xixi. Outra conduta do dono que pode motivar o hábito de molhar a casa é causar excitação no cachorro antes de sair e quando volta para a residência. Conforme explica o veterinário, “isso mostra instabilidade e pode estimular a ansiedade nos cães”, então, acrescenta Pereira, “os donos devem dar atenção aos pets somente quando eles estiverem calmos”, bem como sair de casa sem fazer nenhum alarde.
ENGANANDO O PET
Quando deixados sozinhos, alguns peludos fazem xixi sempre nos mesmos (e inconvenientes) locais. Entre as fêmeas, a “privada” geralmente escolhida é o tapete, já que elas tendem a não gostar de pisos lisos, que fazem com que o líquido escorra para suas patas. Para elas, o dono pode apostarem repelentes de urina – produtos que contêm cheiro produzido para afastar o animal – e em tapetes higiênicos espalhados pela casa. Já quando o bicho que setem na residência é um macho, além da possibilidade de o xixi ser usado para marcar território, os pontos escolhidos para serem “regados” variam ainda mais.
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