de animais tem sofrido grandes mudanças
na União Européia. Empregados com sucesso
há mais de 50 anos, estes aditivos foram banidos na
Europa em 2006, o que intensificou as pesquisas para descobrir
produtos alternativos. Já estão em uso com bons
resultados na alimentação de aves, suínos e bovinos os
pré-, os pro-bióticos e as leveduras. Ultimamente, certos
tipos de óleos demonstraram interferir na fermentação
do rúmen produzindo mais ácidos gráxos.
As pesquisas vêm demonstrando que, alguns óleos
podem ter uma atuação similar à dos inóforos, inibindo o
desenvolvimento de alguns tipos de bactérias, mudando
o perfil de ácidos graxos ruminais e diminuindo a produção
de gás metano e perdas metabólicas.
Classificação
Entre os produtos que podem desempenhar o mesmo
papel que os antibióticos tanto na alimentação de bovinos
como de aves e suínos, estão os óleos essenciais presentes
em plantas como alho, anis, alecrim, canela, cravo, tomilho,
pimenta e os óleos funcionais que desempenham funções
antioxidantes, anti-microbianas e até anti-inflamatórias.
Antes de entrar em detalhes sobre os OE (óleos essenciais)
e os OF (óleos funcionais) é conveniente definir
bem os termos usados. Embora se use as palavras “óleos”
e “gorduras” como se estas substâncias sempre estivessem
formadas por misturas de triglicerídeos e ácidos graxos,
na realidade dentro dos óleos e gorduras existem muitas
substâncias que nem são ácidos graxos nem triglicerídeos.
São substâncias lipofílicas (solúveis em óleos) que
aparecem dissolvidas dentro dos óleos.
Exemplos muito conhecidos de substâncias lipofílicas
seriam as vitaminas lipossolúveis (A, D, E) e o colesterol.
Essas substâncias têm funções bem conhecidas no
metabolismo animal, mas não fornecem energia. Existem
muitos outros compostos lipofílicos que aparecem em
maior ou menor quantidade em certos óleos com características
particulares. Alguns destes compostos são, por
exemplo, carotenóides, alguns com efeito provitamina A,
outros com efeitos na pigmentação.
Outros compostos lipofílicos, normalmente voláteis,
são usados em perfumaria e especiaria. Estes compostos
são os chamados óleos essenciais. O adjetivo “essencial”
não vem por serem essenciais para o metabolismo, como
poderiam ser alguns aminoácidos ou ácidos graxos, mas
por terem o cheiro característico, ou “essência”, da planta
da qual foram obtidos.
Resumindo, quando se fala de óleos, fala-se realmente
de substâncias lipofílicas e, dentro destas substâncias
lipofílicas, há:
1. Ácidos graxos e triglicerídeos de ácidos graxos que são
usados como fonte de energia (como soja ou arroz).
2. Outras substâncias que podem ser usadas em funções
não relacionadas com a produção de energia. Como
estas substâncias têm funções, estas substâncias são
definidas como “óleos funcionais”. Existem muitos
tipos de OF, e podem ser classificados de formas muito
diversas. Por exemplo, se essas substâncias tiverem o
cheiro característico da planta da qual foram obtidos
seriam óleos essenciais, ou se forem pigmentos orgânicos
tetraterpenoides, são carotenóides. Por tanto,
dependendo do intúito da classificação, seja por função,
ou seja por estrutura química, existem inúmeros
tipos de OF.
Em conclusão, todos os OE são OF, mas
não todos os OF são OE.
É importante sublinhar que as atividades de tanto os OF
como os OE não estão restringidas a ações antimicrobianas.
Alguns OF podem ter ações antioxidantes, outros podem ter
ação anti-inflamatória, ou como mencionado anteriormente,
podem afetar a pigmentação do animal ou seus produtos.
Não existe “um” mecanismo de ação. Cada substância
age de uma forma diferente. Não se pode simplificar.
Assumir que os OF ou OE têm todos o mesmo mecanismo
de ação é como assumir que todos os antibióticos
agem da mesma forma. Dependendo do ingrediente
ativo, o mecanismo de ação será diferente. Embora o
conhecimento sobre os mecanismos de ação seja limitado,
sabe-se que alguns são ionóforos naturais (ácido
ricinoléico e cardol) e outros desarranjam as membranas
lipídicas (carvacrol, timol).
Cada produto tem indicações diferentes. No caso
particular de OE, devido a serem especiarias, podem,
se usados de forma errada, dar sabores não desejados à
carne, ovos ou leite. Seu preço varia muito conforme sua
indicação e, sendo muito usados como especiarias, têm
um valor agregado maior na alimentação humana.
Pesquisa Brasileira
No Brasil, a empresa Oligo Basic Produtos Funcionais,
sediada em Cascavel,PR, desenvolveu um OF a partir da
mistura do óleo de caju (cardanol e cardol) e do óleo de
mamona (rícino) como alternativa aos inóforos tendo o
produto recebido a marca comercial “ESSENTIAL”.
Quanto ao óleo de mamona, os compostos tóxicos da
mamona não são solúveis em óleo, portanto, quando o
óleo é extraído, estes compostos tóxicos ficam na torta.
É certo que o óleo de rícino é purgante, mas depende da
dosagem. No caso do”Essential”, a quantidade de óleo de
rícino fica mais de 10 vezes abaixo da dosagem laxativa.
“O desenvolvimento dos OF começou no momento
em que a humanidade começou usar plantas para tratar
diferentes doenças. Por exemplo, Hipócrates no século
5º AC já falava que o pó amargo extraído da casca do
salgueiro aliviava as dores e reduzia a febre. O composto
ativo da casca do salgueiro é o ácido salicílico, que é o
composto ativo da... aspirina! Outro exemplo de substância
de origem vegetal usado como medicamento é
o taxol (paclitaxel), uma droga anticancerígena obtida
inicialmente do teixo (Taxus brevifolia).
Não fizemos mais do que seguir o mesmo caminho de
muitos pesquisadores ao procurar substâncias de origem
vegetal com atividade funcional. O nosso grande diferencial
foi usar matérias primas brasileiras e, desta maneira,
quebrar o paradigma de só usar OE.
Ao mesmo tempo conseguimos construir uma plataforma que tem nos
permitido não só desenvolver um produto já conhecido
e aceito pelo mercado, mas também outros produtos,
baseados nos mesmos tipos de óleos com funções e atividades
diferentes” diz Dr. Torrent.
Antes de chegar a esse produto, a empresa testou
alguns óleos melhoradores da fermentação do rúmen.
Foram descartados por não apresentarem uma uniformidade
de ação principalmente frente a diversidade da
dieta dos bovinos. Outros foram abandonados por deixar
sabor na carne ou por oferecer risco de intoxicação.
O cardol, o cardanol e o ácido ricinoléico atuam na
membrana celular como os inóforos e inibem a multiplicação
das bactérias gram positivas, controlando pH do
rúmen e melhorando a digestibilidade da fibra.
Por exemplo, o mecanismo de ação do produto
“ESSENTIAL” é o mesmo em todas as espécies: a inibição
das bactérias gram positivas. No caso dos monogástricos,
este efeito baixaria o desafio por patógenos gram
positivos, como os clostrídeos. No caso dos ruminantes,
embora as dosagens de produto sejam menores, a inibição
dos gram positivos ajuda a controlar o pH no rúmen.
O “ESSENTIAL” é objeto de estudo em dois institutos
brasileiros: Departamento de Zootecnia da ESALQ e na
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos do
campus de Pirassununga. O Ministério da Agricultura
registrou o rótulo “ESSENTIAL” como “aditivo flavorizante
melhorador de desempenho”. Embora não possa
ser ainda promovido para algumas outras atividades
que ainda não estã registradas, existem pesquisas feitas
em diferentes universidades e institutos independentes
(Brasil, Estados Unidos e Espanha) mostrando efeitos
anticoccidianos, melhora de qualidade de carcaça,
aumento de ingestão, controle do pH ruminal, atividade
antioxidante tanto na ração como in vivo, melhoras na
conversão e ganho de peso e aumento da energia metabolizável
das rações suplementadas.
Sobre a diminuição de metano, embora não tenhamos
dados diretos, este OF muda o perfil de ácidos graxos
voláteis no rúmen, aumentando o propionato e diminuindo
o acetato. Este efeito já deveria diminuir a produção
de metano por simples estequiometria. Além disso,
seus óleos não são by pass pois têm que agir no rúmen,
lembrando que os óleos by pass são por definição inertes
no rúmen e portanto, não tem nenhum efeito sobre a
produção de metano.
Finalmente, os OF têm usos possíveis em cães em
gatos como a prevenção de processos entéricos e a
melhora da capacidade antioxidante dos animais, dando
como resultado uma melhora da imunidade e longevidade
destes animais. No entanto, são necessárias mais
pesquisas a respeito.
ÓLEOS FUNCIONAIS : UMA ALTERNATIVA
COMO PROMOTOR DE CRESCIMENTO*
Dr. Joan Torrent – Skype: jtorrent - e-mail: jtorrent@oligobasics.com
Médico Veterinário – Universitat Autònoma de Barcelona – Bellaterra – Espanha - 1988
Doutorado em Nutrição Animal (Dissertação: Acetogénese Autotrófica em Ruminantes) - Colorado State University - Fort Collins, CO, USA -1994
Mestrado em Nutrição Animal (Tese: Digestibilidades de subprodutos fibrosos) – Colorado State University – Fort Collins, CO, USA - 1992
*entregue à redação em 2012
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