terça-feira, 18 de novembro de 2014

Mundo equestre: Dicas de Alimentação


Texto: Roberta Ariboni Brandi – Zootecnista
Profa. Dra. Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos FZEA/USP. Contato: robertabrandi@usp.br
Fotos: Stephano Grasso – GCT

Parte essencial para a boa performance de seu cavalo, entenda um pouco mais sobre a importância e peculiaridades desse polêmico tópico.

Para melhor alimentar o cavalo, é ideal termos em mente alguns conceitos. O cavalo é um animal herbívoro com grande capacidade de utilização de fibras – provenientes da forragem – para suprir sua exigência nutricional. À medida que o cavalo é mais exigido, tanto na produção (gestação, lactação, e crescimento), como também no trabalho (exercício físico de qualquer natureza), muitas vezes se faz necessária a suplementação deste animal.




Principais aspectos


No que diz respeito à alimentação, devemos estar atentos a alguns pontos:


• O cavalo deve receber uma quantidade mínima de forrageira por dia para garantir o funcionamento do trato digestório e o seu bem-estar. Hoje em dia, a quantidade sugerida é de 1,5% do peso vivo do animal, e a quantidade mínima de 1%.
Para suprir esta demanda, deve-se utilizar prioritariamente fenos de gramíneas – Feno de Tifton ou Coast Cross – e/ou pastagens destas mesmas forrageiras. Devemos nos atentar para não fornecer exclusivamente leguminosas – Feno de Alfafa, pois por mais que o cavalo tenha grande predileção por ela, a quantidade de nutrientes aportados por este ingrediente é muito grande. Isso pode levar o animal a situação de sobrepeso, além de fornecer grande quantidade de proteína, muitas vezes não necessárias, o que também pode trazer grandes problemas, como o desenvolvimento de doenças metabólicas, como laminite, resistência à insulina, obesidade, entre outras.

• A forma de alimentação do cavalo, sejam refeições ou arraçoamento, é de suma importância. Padroniza-se que o cavalo seja alimentado em horários específicos, ou seja, sem grandes variações. O animal se adapta aos horários e o não cumprimento destes pode levá-lo a estresse desnecessário e até ao surgimento de maus hábitos, ou vícios, como comer madeira, aerofagia, “dançar na baia”, etc. Além disso, podem ocorrer as temidas cólicas.

• Os volumosos, aqui como sinônimo de forragem, devem ser fornecidos antes da ração. Recomenda-se que seja feito cerca de 40 minutos antes para que o trato digestório esteja preparado para receber a ração, alimento mais nobre de sua dieta. Sugere-se, ainda, que cerca de 2/3 da forragem seja ofertado no período noturno, pois é neste período que o animal terá mais tempo livre, com menor interferência humana. Esta forma de manejo facilitará também o oferecimento da ração, pois o animal passará a noite se alimentando do volumoso e, no período da manhã, a ração poderá ser oferecida sem prévio fornecimento de feno. Além disso, é ideal que o volumoso esteja no chão da baia, ou em cochos baixos com altura mínima de 0,80m, ou ainda, em redes, pois as formas ofertadas no alto das baias fazem com que o cavalo se alimente com a cabeça para cima, podendo causar problemas respiratórios se o mesmo aspirar partículas do volumoso.

• Os animais que tem baixa atividade ou estejam em manutenção podem ter sua exigência nutricional suprida apenas com o fornecimento de volumosos de boa qualidade. Estes animais devem ter à disposição, no cocho, sais minerais específicos para equinos, além de uma fonte de água de boa qualidade – sempre limpa e fresca (isto é importantíssimo para todos os cavalos).

• Para os animais que tem maior exigência, pode-se fazer uso de rações comerciais para atendimento de suas necessidades. É muito comum encontrarmos cavalos suplementados com ingredientes únicos, como aveia e alguns farelos – trigo e soja. Essa alternativa não é das mais recomendadas, pois a dieta dos animais não é balanceada, podendo a longo ou curto prazo, gerar problemas nutricionais nos animais.
Para essas classes de animais é ideal a escolha de um produto que ofereça a demanda do animal, sem excessos. Fique atento: nem sempre a ração mais cara do mercado é a melhor para o seu cavalo.
Para fazer a escolha da ração, temos que considerar principalmente a quantidade de energia fornecida, e a fonte dela. Animais em exercício intenso têm maiores demandas energéticas do que animais em exercício leve, e pode-se empregar mais quantidade de extrato etéreo – fonte de lipídios, óleos – no formulado. Caso esta ração seja fornecida para um cavalo em manutenção, teremos um animal gordo, pois o excesso de lipídios será destinado ao tecido adiposo.

• Devemos nos atentar a quantidade de proteína principalmente nos casos de gestação, lactação e crescimento. Não devemos trabalhar com proteína em excesso e sim proteína de fontes de bom aproveitamento, provenientes de ingredientes como o farelo de soja, presente na ração. O excesso de proteína pode causar problemas no crescimento de potros e sobrecarga no metabolismo de cavalos atletas, levando a ingestão de maior quantidade de água.

• Sintetizando nossa sugestão, o cavalo deve receber a maior quantidade possível de volumoso – forragem – de boa qualidade para suprir sua exigência nutricional. É essencial a utilização de uma fonte de minerais, específica para equinos, e de água de boa qualidade, sempre à disposição.

• Quando a exigência do cavalo aumentar, oferecer rações comerciais confiáveis e destinadas à categoria do animal em questão – potro, exercício, manutenção. Sempre fornecer a ração cerca de 5 horas antes do exercício.
Tenha em mente que a nutrição não mudará a genética de seu animal, mas poderá ter forte influência no bom desempenho dele. A atenção e cuidado na alimentação do seu cavalo será benéfica tanto para a saúde e bem-estar do seu animal quanto para o sucesso e bom aproveitamento do conjunto nas pistas, portanto, olho na alimentação e bons galopes.


Fonte:
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