quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Linguagem através de gestos e expressões corporais com os cavalos por Monty Roberts


O encantador de cavalos Monty Roberts desenvolveu uma linguagem com a qual consegue se comunicar com os cavalos através de gestos e expressões corporais. Aprenda como utilizar essa técnica para entender melhor seu cavalo.

Depois de muito estudo e observação, Monty Roberts chegou a um conjunto de gestos que os cavalos compreendem naturalmente. Porém, a linguagem Equus ainda gera muitas dúvidas. Confira o que o treinador norte-americano responde a algumas delas.




Eu sempre me perguntei sobre a linguagem dos animais. Soube que há uma linguagem específica para os cavalos, mas não consegui traduzi-la sem ajuda. Há mais gestos além dos que você já usa?

Foi um longo processo para eu ficar satisfeito com os gestos, que são verdadeiros e demonstráveis. Ainda não estou totalmente satisfeito, já que não tenho mais gestos de identificação para acrescentar aos que já estão incluídos nos meus livros até hoje. Eu te congratulo por continuar investigando o potencial para identificar mais gestos e seus significados. Espero que, um dia, eu possa ver o seu trabalho e ler sobre suas descobertas. Por favor, continue a explorar. É divertido, e quem sabe o que você poderá descobrir? Não seria certo deixar você acreditar que a linguagem Equus já foi inteiramente identificada. Estou certo de que o futuro aguarda muitas descobertas nessa área. Eu acredito que o que sabemos agora é bem menos do que está esperando para ser descoberto.

Como você sabe o que significam os gestos que você identificou?

Essa é uma pergunta legítima, e acredito que você ficará surpreso com a resposta. As definições que eu ofereço são traduções e interpretações, e eu considero Equus minha segunda língua. As minhas traduções são absolutamente corretas? Não faço ideia!
Eu sei que cheguei às minhas conclusões depois de quase oito anos de trabalho, inicialmente com mustangues, somados aos meus quase 55 anos de experiência. Minha interpretação dos gestos dos cavalos é baseada na tentativa e erro, porque eu não conheço nenhum outro meio de decifrar o significado.
Sou constantemente alertado por pessoas de boas intenções, que eles têm interpretações um pouco diferentes para alguns gestos. Eu mantenho a cabeça aberta e investigo essas possibilidades com os próprios cavalos. As interpretações que eu tenho escrito são baseadas nas minhas melhores tentativas. Elas vão ficar em seu lugar até que alguém me mostre uma tradução mais lógica de um gesto em particular. Lembre-se do que eu frequentemente digo: “Eu não quero que algum aluno fique tão bom quanto eu, eu quero que todos os alunos fiquem muito melhores”. Com isso em mente, eu encorajo a investigação contínua de o que os cavalos querem dizer com seus gestos.
Existem três universidades europeias que atualmente estudam meu trabalho. Elas querem qualificar minhas descobertas através de testes desenvolvidos com especialistas acadêmicos muito mais avançados do que eu. Isso não me incomoda por muitas razões. Eu quero que os cavalos sejam compreendidos, então eu quero a verdade, e eu tenho confiança – uma confiança baseada em décadas de bons relacionamentos que me ajudaram a entender a mente equina – que minhas descobertas vão ser qualificadas como, no mínimo, muito próximas da realidade.
Eu escrevi antes que minhas descobertas iniciais, no final dos anos 1940 e início dos anos 1950, sobreviveram ao teste do tempo. Refinar a minha compreensão dos movimentos dos olhos levou muito mais tempo do que essas descobertas iniciais. A descoberta chave foi, na verdade, feita enquanto eu trabalhava com veados. Eu conto a história de uma velha corça que ficou impressionada com um movimento de olho que eu fiz. Veados, você deve saber, têm um mecanismo de fuga cerca de cem vezes mais sensível do que o dos cavalos. Isso faz deles professores muito severos, que cobram um grande preço por um erro. Grandma, a velha corça que se tornou minha professora, passou meses me ensinando que mover os olhos de um ponto para outro era um grande erro ao lidar com animais. Arrastar o olho em uma transição suave vai permitir uma comunicação muito mais efetiva no mundo animal. Eu testei o que Grandma me ensinou com os cavalos com os quais eu trabalhava e percebi que essas descobertas eram válidas. Isso foi no fim dos anos 1970 e começo dos 1980.
Eu constantemente procuro oportunidades de aprender mais sobre a linguagem Equus, e encorajo você a fazer o mesmo. Fazendo grandes descobertas ou não, você vai se divertir no processo, e também melhorar seu relacionamento com cavalos.

Eu sempre falo com minha égua e peço comandos verbalmente. Ela sempre faz o que eu peço. Você sugere que eu continue com isso ou que eu volte ao método normal e tradicional de treinamento?
Cavalos treinados por comandos de voz são bem-sucedidos em desenvolver um pequeno vocabulário. Na minha opinião, eles nunca sabem o que as palavras realmente significam, habituando suas respostas só depois de ordens repetidas.
Vamos dizer que você é da Hungria. Você falaria húngaro com seus cavalos, o que significaria que eu precisaria aprender a língua se quiser que os cavalos respondam aos meus comandos. Porém, se você aprendesse a linguagem Equus, poderia se comunicar com qualquer cavalo no mundo, independente de qual país ele nasceu. Equus é a linguagem natural do cavalo, vinda de séculos de sobrevivência desse animal aos predadores.
Eu não sugiro que você pare com os comandos verbais. Eu digo ‘whoa’ para meu cavalo quando quero que ele pare, e faço um som de clique quando quero que ele vá. Esses sons são muito similares aos que você está usando, e eu não acho que você esteja errado. Porém, eu recomendo que você associe isso a movimentos das pernas e rédeas enquanto estiver treinando o cavalo.

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