Danielle Diehl e Lara Pechir
Nos últimos anos, a sociedade passou a cobrar dos setores públicos e privados uma mudança no desenvolvimento atual para um modelo de desenvolvimento sustentável (DS), a partir de uma postura empresarial ambientalmente correta. Com isso, houve um considerável aumento nas exigências legais e restrições de recursos financeiros para as empresas poluidoras, o que constitui o favorecimento à preservação ambiental.
O setor de mineração, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, tem importância crescente no desenvolvimento econômico e social brasileiro, em virtude de sua participação no fornecimento de insumos básicos para o processo de expansão industrial e urbana. Com isso, torna-se extremamente crucial no processo de preservação ambiental no país.
Existem as exigências legais do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), entretanto, elas não são totalmente cumpridas por todas as mineradoras, pois isso envolve muito lucros, marketing, competição, etc. Pedro Carlos Schenini, pesquisador da área de Gestão Empresarial Sustentável, comenta que a imensa maioria das empresas fazem uma gestão ética e ambientalmente responsável.
“Isso não tem nada a ver com desenvolvimento sustentável. O que essas empresas fazem é cumprir a legislação, trabalhar em seus processos com menor impacto possível e tratar ou minimizar o efeito de suas atividades. Está dentro da ótica do DS, mas não é o desenvolvimento sustentável”, comenta. Desenvolvimento Sustentável vai além de apenas preservar o meio-ambiente, é uma responsabilidade social, cultural, ambiental, econômica e geoespacial.
A Vale, por exemplo, é uma das maiores mineradoras do mundo, líder na produção de minério de ferro e presente em 37 países, e foi eleita em 2012 a pior empresa do mundo, por não respeitar o meio ambiente e os direitos humanos. Os recursos minerais são bens esgotáveis, não renováveis. Por esse fato, tendem à escassez à medida que se desenvolve a sua exploração. Segundo o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, os principais problemas ambientais oriundos da mineração podem ser englobados em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, subsidência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioativos.
Existem muitas ações e tecnologias que interferem favoravelmente em todas essas áreas citadas da sociedade, social, cultural, ambiental, etc. Oferecem alternativas desde como separar os resíduos até novas cepas ou variedades de fungos e bactérias que ajudam na decomposição dos resíduos. Além disso, ainda existem as medidas de prevenção; “são as melhores, resolvem antes que o problema aconteça. Até porque a melhor maneira de limpar é não sujar”, comenta Schenini. Isso tudo é chamado de “Tecnologias Limpas”.
“As empresas geralmente não se ocupam de todas as áreas para que o Desenvolvimento Sustentável se concretize. Quem cuida dessas outras áreas (ou deveria) é o governo. DS é um conceito. É uma nova forma de ver o mundo. As empresas cumprem a lei. Quanto às Normas de Qualidade ou Padronização de Comportamento, as empresas não são obrigadas a cumprir. As que o fazem é por interesse comercial e de marketing e talvez para se escapar dos rigores da lei”, conclui.
Da pedra ao pó Para extrair o ferro da rocha são usadas máquinas monstruosas e muita água
1. Lavra
A primeira etapa de mineração é a extração propriamente dita, que pode ser feita com escavadeiras, tratores que raspam a rocha ou explosivos, quando o minério se encontra longe da superfície. As maiores escavadeiras retiram da lavra 5 mil toneladas de material bruto por hora
2. Transporte
Para levar o minério até a usina, onde ele será preparado para a venda, existem os caminhões fora-de-estrada. O nome já diz tudo: com 6,6 metros de largura, eles não cabem numa estrada comum. Os maiores pesam 203 toneladas, atingem surpreendentes 64 km/h e carregam 365 toneladas, o equivalente a 36 caminhões convencionais
3. Estéril
Na lavra, o ferro esconde-se no meio de um monte de terra e de outros minérios sem valor. Essa parte sem valor econômico, chamada de estéril, é empilhada em alguma área próxima à mina, com cuidados para causar o mínimo impacto ambiental – muitas vezes, árvores são plantadas na pilha de terra para evitar deslizamentos
4. Britagem
O minério bruto chega à usina em grandes blocos, que são quebrados em máquinas de britagem. São várias etapas de quebra-quebra, que esmagam os pedaços de minério até eles ficarem com cerca de 2 centímetros de diâmetro, o tamanho adequado para a separação
5. Separação
Conforme o minério vai saindo da máquina de britagem, ele cai em uma peneira (com telas de diferentes espessuras), que libera a passagem dos pedaços de até 2 centímetros e lança os maiores de volta à britadeira. O peneiramento é feito com jatos de água, que ajudam a escoar os restos de terra ligados aos pedaços de ferro
6. Concentração
Uma parte do minério fica tão fina que se confunde com os grãos de areia misturados ao material bruto. Para recolher essa parte, costuma-se empregar um separador magnético, que usa ímãs para agarrar o pó de ferro, enquanto a areia vai embora com a água
7. Reciclagem de água
Toda a água usada para limpar o minério é recolhida no fim do processo num reservatório profundo, enterrado no solo. A areia e a lama, mais pesadas, se acumulam no fundo do reservatório e a água, livre das impurezas, é bombeada para uma barragem, que reabastece todo o processo. Assim, 70 a 80% da água usada na mina é reciclada
8. Empilhadeira
Depois de limpo, peneirado e separado por tamanho, o minério em grãos segue para as empilhadeiras. Como o nome sugere, uma máquina com pás gigantes vai descarregando o minério em pilhas, até formar uma verdadeira montanha de armazenagem
9. Ferrovia
Quando chega a hora de embarcar, as pilhas de minério são transferidas para os vagões de trem, que transportam as toneladas do produto até o porto mais próximo, de onde ele segue em navios para os compradores. As ferrovias são o único meio viável para fazer esse transporte.
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