segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Doenças infecciosas transmitidas por carraças aos cães


As carraças são ectoparasitas que infestam diversas espécies animais (cavalos, bovinos, roedores, cães, gatos) incluindo o homem. São de grande importância médico veterinária e de saúde pública, pois além do incômodo que causam (prurido), são responsáveis pela transmissão de diversas doenças.

As carraças picam o hospedeiro e ingerem sangue para se alimentarem, pelo que nestes casos, poderá ocorrer uma perda de sangue significativa em caso de grandes infestações. Quando a saliva da carraça é inoculada, esta pode veicular vírus, bactérias ou protozoários, caso a carraça esteja infectada. Existem algumas espécies de carraças que são responsáveis pela transmissão de determinadas doenças.

A babesiose canina é causada por um protozoário denominado Babesia canis, que atua infiltrando-se e destruindo os glóbulos vermelhos, resultando numa anemia grave. Este hemoparasita pode ser transmitido por diversas espécies de carraças. Os sinais clínicos que os cães apresentam variam, desde perda de apetite, depressão, febre, anemia (mucosas pálidas), icterícia (mucosas amarelas), hemoglobinúria (urina de cor escura) e diarreia.

A erliquiose canina é causada por uma rickettsia (bactéria
intracitoplasmática) pertencente ao género Ehrlichia que parasita os glóbulos brancos e as plaquetas do sangue, levando à sua destruição.
Este hemoparasita é transmitido por carraças da espécie Rhipicephalus sanguineus. Esta doença passa por três fases clínicas: na fase aguda, os animais apresentam-se geralmente febris, com perda de peso, anorexia, astenia (fraqueza muscular), e com menos frequência verificam-se secreções nasais, depressão, petéquias, sangramento nasal, edemas dos membros, vômitos, uveíte e insuficiência hépato-renal; a fase subclínica é geralmente assintomática, podendo aparecer algumas complicações como depressão, hemorragias, edema dos
membros, perda de apetite e palidez das mucosas; na fase crónica, cães com imunidade insuficiente podem desenvolver sangramentos espontâneos, anemia, linfadenopatia generalizada, edema do escroto e dos membros, esplenomegália (aumento do baço), hepatomegalia (aumento do fígado), uveíte (olho azul), hifema (olho vermelho), cegueira, artrite e convulsões. Nesta fase podem ocorrer infecções secundárias devido à 
imunossupressão.

A doença de Lyme é causada por uma bactéria (Borrelia) e é transmitida por carraças do gênero Ixodes. Esta doença é uma zoonose, ou seja, é transmissível do animal para o homem. O quadro clínico é extenso, podendo o animal apresentar sinais inespecíficos como febre, perda de peso, anorexia, astenia e dispneia. Os sinais mais frequentes são articulares – artrite, claudicação, animais recusam mexer-se ou manterem-se em estação. Podem manifestar ainda tremores, ataxia (desequilíbrio), alterações comportamentais, insuficiência renal, aborto, entre outros.

Apesar de existir tratamento para estas doenças, o controlo das carraças recorrendo ao uso de ectoparasiticidas ambientais e de uso tópico é a medida sanitária mais eficaz para evitar o seu aparecimento. Em caso de dúvida não hesite em contatar o médico veterinário do seu animal.


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