Relacionar as dez raças caninas mais populares do mundo não é uma tarefa fácil. Muitas pessoas irão discordar, uma vez que as preferências variam de acordo com o porte, a utilidade do cão, a inteligência (que pode ser traduzida por facilidade de adestramento), as recordações de infância, etc.
Cada indivíduo conhece os seus prediletos e pode torcer o nariz para algumas das raças caninas aqui apresentadas. Seja como for, a lista foi elaborada a partir dos registros mantidos pela Federação Cinológica Internacional, entidade fundada em 1911, sediada em Paris, que congrega os principais representantes nacionais da cinofilia.
Infelizmente, ficam fora do ranking os chamados animais sem raça definida (SRD), os simpáticos vira-latas, assim conhecidos mesmo quando são criados à base de filé mignon. De longe, os cães SRD constituem a maioria dos animais de estimação, mas, como não há registro de guarda, não é possível mensurar quantos deles vivem entre os humanos.
A dentição canina sofre alterações ao longo do tempo. Nos cães adultos, é possível fazer uma previsão aproximada sobre a idade, enquanto, nos filhotes, o resultado é mais preciso, uma vez que eles trocam os dentes em idade predeterminada. Seja como for, a avaliação dos dentes é um bom ponto de partida para saber a idade de um cachorro.Este dado é importante especialmente quando o animal, ao ser adotado, já concluiu o seu desenvolvimento físico. Isto ajuda a definir a alimentação adequada, a carga de exercícios físicos diários, etc. Mesmo assim, um cão de qualquer porte, ao chegar a uma nova casa, precisa receber avaliação veterinária, já que pode ser portador de doenças ou deficiências que podem ser curadas ou amenizadas com uma rotina correta.
O formato da dentição
Com relação à dentição, os cães apresentam diversas qualidades de mordedura: tesoura, torquês, prognatismo superior ou inferior. O número e o tipo dos dentes (são quatro), no entanto, é invariável, independente da raça:
incisivos: são os dentes pequenos e finos (os laterais são um pouco maiores), localizados na frente da boca. Os cães adultos possuem 12 incisivos, seis em cada arcada;
caninos: ficam atrás dos incisivos, um de cada lado, nas duas arcadas. São dentes grandes e pontiagudos;
pré-molares: ficam atrás dos caninos. São quatro em cada lado das arcadas e o quarto pré-molar superior é bem maior que os demais;
molares: são os dentes responsáveis por triturar o alimento, pouco usados pelos cães (em relação aos humanos). Ao todo, são dez: dois de cada lado na arcada superior e três na inferior.
Dentição infantil
Este é o formato da dentição de um cão adulto, completada em torno dos sete meses de vida. Os filhotes, como já foi dito, facilitam a tarefa de determinação da idade, em função de:
im como nós, todos os cachorros nascem banguelas;
os dentes de leite começam a despontar na terceira de vida, mas, em muitos casos, são sensíveis apenas ao toque (não são visíveis a olho nu). Com oito semanas, todos os 28 dentes decíduos (de leite) já estão desenvolvidos e nos três meses seguintes, não ocorre nenhuma mudança significativa;
em geral, a partir dos cinco meses, como a surgir os dentes permanentes e, em alguns animais, é comum a identificação da dentição dupla, mas os dentes de leite acabam perdendo estabilidade e caindo. Apenas em poucos casos, é necessário recorrer a um dentista veterinário para a extração;
aos sete meses, os 42 dentes permanentes já estão implantados.
Desta forma, é possível concluir que:
se o cãozinho ainda é banguela, ele tem menos de 18 dias de vida, provavelmente foi abandonado e dificilmente conseguirá resistir sem intervenção de profissionais;
se os 28 dentes de leite já são visíveis, o filhote tem entre dois e cinco meses;
quando começam a surgir os dentes permanentes, mas alguns decíduos continuam presentes, o animal tem entre cinco e sete meses;
com a dentição completa, mesmo que ainda tenha aparência de garotão, o cachorro tem mais de sete meses.
Idade: adultos e idosos
Uma vez completada a dentição permanente, a idade dos cães pode ser determinada pelo desgaste e aparência dos dentes.
O tártaro não aflige apenas animais de rua, mas é um bom indicativo da idade. Uma vez que estamos considerando a necessidade de saber a idade de cães abandonados ou moradores de abrigos, é possível afirmar que:
até os 18 meses, os dentes são brancos e limpos. Na maioria dos casos, não são verificadas ausências de dentes;
a partir do segundo ano de vida, é possível identificar o desenvolvimento das placas bacterianas nas duas arcadas. Quando o cão está se aproximando dos três anos, é facilmente identificável a presença do tártaro e os dentes estão mais chatos, com redução do “corte” (gradualmente, os incisivos vão ficando menos afiados). Os dentes traseiros (molares e pré-molares) começam a ficar amarelados;
a partir dos três anos, o tártaro pode ser responsável pela perda de alguns dentes e o amarelado avança para os incisivos. Um cão de cinco anos revela todos os dentes escurecidos e com desgaste bem mais marcante;
cães idosos (a partir dos oito anos) que passaram um longo período “sem teto” apresentam perda significativa de dentes (mais de dez), fraturas e apodrecimento. É importante lembrar que os cães de temperamento mais violento, por se envolverem em mais brigas, também podem apresentar os mesmos sinais.
Ainda sobre os cães idosos: a partir dos oito anos, é comum o surgimento de doenças oculares, como a catarata. Os cachorros também ficam grisalhos: pelos acinzentados ou brancos aparecem no focinho, mandíbula, entre os olhos e na inserção das orelhas.
Por fim, a produção de colágeno também é reduzida com o avanço da idade (ainda que em menor proporção do que ocorre entre humanos). Desta forma, os cães também começam a perder a elasticidade da pele.
É desnecessário dizer, mas, em geral, os filhotes são mais ágeis e menos obedientes do que os cães adultos. Os cachorros idosos apresentam pouca propensão para brincadeiras e podem se ressentir de exercícios muito intensos (isto, no entanto, também pode indicar a presença de doenças esqueléticas, musculares e articulares).
Problemas de saúde
Os cuidados com os pets têm aumentado nas últimas décadas. Atualmente, poucos cães são relegados aos fundos de quintais, poucos gatos vivem nos telhados, as duas espécies se alimentando de restos de comida e sem nenhum cuidado de saúde.
A conscientização, no entanto, ainda não chegou à saúde bucal. A maioria dos donos não valoriza a higiene dos dentes – e, no caso de cães de rua ou de abrigo, este cuidado é praticamente nulo.
Por isto, estima-se que, ao atingirem três anos de idade, 80% dos cães apresentam sinais de algum problema na boca: amarelamento (ou escurecimento) dos dentes, avanço da placa bacteriana, desenvolvimento/ expansão do tártaro, mau hálito e gengivite.
Estes problemas são mais comuns nos animais de pequeno porte, especialmente os de raças que atingem o amadurecimento mais cedo, como o lhasa apso, shih tzu, chihuahua, maltês e yorkshire, e os que mantêm parte dos dentes expostos permanentemente.
Observações
As idades aqui apresentadas são apenas aproximações, já que tudo depende dos cuidados que o animal recebeu até que foi abandonado. Além disto, outras condições podem determinar o desgaste mais pronunciado dos dentes, como os hábitos alimentares e alguns problemas de saúde. Um veterinário pode realizar um estudo mais aprofundado para saber a idade dos cães.
É importante lembrar que o desgaste dos dentes é normal e ocorre mesmo no caso de donos responsáveis, que realizam a higiene bucal regularmente e não negligenciam as consultas veterinárias. Os cães adoram morder e roer objetos duros e isto não é negativo, uma vez que o hábito ajuda retirar sujidades e a quebrar as placas bacterianas.
A caminhada pelo belíssimo Parque Nacional Corcovado, na Costa Rica, é interrompida bruscamente quando o guia mete a mão em meu peito.
"Pare!", diz ele, apontando para algo se mexendo na areia à frente. "É uma serpente do mar!"
Enquanto observo a cobra de barriga amarela, longe de seu ambiente e, aparentemente, nada satisfeita com isso, lembro-me de como aprendi na infância que serpentes do mar eram os mais perigosos ofídios.
É verdade, muitas espécies delas são incrivelmente venenosas. E de outras cobras também: uma simples picada da taipan, por exemplo, tem veneno suficiente para matar 250 mil ratos, por exemplo. E não são apenas cobras que detêm tamanha letalidade nas presas. O caramujo Conus geographus tem um veneno tão forte que uma gota poderia matar 20 humanos. Alguns tipos de águas-vivas podem causar ataques cardíacos e morte em uma questão de minutos.
Ataque ou defesa
Mas isso leva à pergunta: por que possuir uma arma tão poderosa se você vai usá-la apenas em situações extremas e sem a menor intenção de caçar algo do tamanho de um humano? Os mais poderosos venenos não parecem fazer sentido em termos evolucionários.
A razão pela qual animais têm veneno é simples: primariamente, é uma arma para subjugar presas sem arriscar-se demais. Ou um mecanismo de defesa para os dias em que caçador vira caça. O que parece estranho é o excesso de veneno encontrado em alguns animais. Por que uma cobra precisar ter o poder de matar milhares de ratos a cada mordida?
Image copyrightJURGEN FREUNDImage captionÁguas-vivas precisam de veneo de ação rápida
Venenos tendem a conter combinações de toxinas baseadas em proteínas, que agem de forma conjunta para atacar os órgãos internos da vítima. Uma cobra, por exemplo, pode ter em seu veneno um componente que impede a coagulação do sangue e outra que rompe vasos sanguíneos. As consequências são previsivelmente desastrosas.
A síntese proteica requer um gasto de energia substancial, mas isso não impediu a evolução de venenos contendo milhares de peptídeos e proteínas, algo bastante custoso para os animais em questão. Estudos com víboras mostraram aumento de atividade metabólica da ordem de 11% após a extração de veneno, o que indica uma ligação entre exaustão física e a produção de veneno.
De acordo com a visão mais clássica da seleção natural, esse alto custo só ocorreria se estritamente necessário. Algumas espécies de serpentes do mar, por exemplo, perderam a habilidade de produzir veneno depois de simplificar seus hábitos alimentares.
Há uma corrente de biólogos que credita essa toxicidade ampliada a uma compensação da evolução por conta de problemas em outras áreas. Qualquer pessoa que frequentar desertos vai explicar que, em se tratando de escorpiões, os pequenos é quem mais devem preocupar. É o caso do Leiurus quinquestriatus, conhecido como "perseguidor da morte" e volta e meia "eleito" o mais perigoso escorpião do mundo.
Image copyrightJEFF ROTMAN / ALAMY STOCK PHOTOImage captionO Conus geographus poderia matar quase dois times de futebol
Águas-vivas são outro exemplo: são frágeis e vulneráveis. O movimento de um peixe pode causar lesões sérias em seu organismos. "Por isso, precisam de um veneno 100% eficiente para matar a presa bem rápido" diz Yehu Moran, pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém e coautor de um estudo sobre seleção natural e venenos.
Se um predador é pequeno ou fraco, é fundamental que seu veneno seja capaz de incapacitar quase instantaneamente para evitar a fuga ou a luta da presa. Nesses casos, é simples ver por que a alta toxicidade aconteceu.
Veneno relativo
Trata-se também de economia, porém. A cobra taipan vive em regiões áridas da Austrália, onde cada refeição pode ser a última durante muito tempo. Sendo assim, um ataque rápido é crucial. Mesmo assim, por que seu veneno precisa ser tão potente? Mas cientistas avisam que o tal poder de matar 250 mil ratos é relativo. "Taipans não comem atos de laboratório", explica Wolfgang Wuster, especialista em cobras da Universidade de Bangor, no Reino Unido.
"Analisar a letalidade de venenos em termos de efeitos em ratos é irrelevante para o que a cobra faze em seu habitat".
A medida do poder dos venenos é apenas uma forma de medir a toxicidade, especialmente para descobrir como contrabalancear os efeitos em humanos. A chave aqui é entender que, na vida selvagem, predadores e presas vivem uma corrida armamentista evolucionária. As presas evoluem para ficar mais resistentes ao veneno, mas predadores ficam mais tóxicos. Na verdade, ficar impressionado com quantos ratos uma cobra pode matar com seu veneno é o mesmo que se espantar com o fato de um leopardo correr mais que uma tartaruga.
Image copyrightALAMYImage captionAlguma espécies de porco-espinho são imunes a venenos
O leopardo não evoluiu para caçar tartarugas e nem a tartaruga para fugir de leopardos.
"Se você quer saber o quão tóxico um animal é, a primeira coisa a perguntar é o que ele quer matar", completa Wuster.
Nem todos os mamíferos são vulneráveis a venenos. Mangustos e porcos-espinhos, por exemplo, são capazes de sobreviver a picadas de cobras que matariam humanos.
"Há uma espécie israelense de rato que pesa apenas 20g, mas que seria capaz de resistir uma picada de cobra que deixaria humanos em uma UTI".
Paradoxo
O paradoxo aqui é que, enquanto animais parecem evoluir para ficar mais resistentes ao veneno do predador, é justamente por isso que acabam sendo mais suscetíveis a eles. Há um tipo de víbora cujo veneno tem efeito especial no escorpião que é o item primário de sua dieta. A cobra-coral também tem o mesmo tipo de sintonia. Nesses casos, a cobra não é o único inimigo comum e há menos pressão para desenvolver defesas.
Image copyrightNATUREPL.COMImage captionA aranha-funil não afeta ratos, mas pode causar sérios problemas em humanos
Felizmente, nenhuma espécie venenosa até agora parece evoluído especificamente para machucar humanos, apesar dos muitos casos de mortes humanas por envenenamento por outros animais. "Primatas não parecem ter a habilidade de desenvolver imunidade contra venenos. Então, a possibilidade é grande de que algo que desenvolveu veneno potente tenha poder suficiente para matar um humano.
Por isso, é importante estudar como venenos afetam a fisiologia humana. Estudos desenvolveram antídotos e outras drogas importantes para outros tratamentos - captopril, um remédio para a pressão sanguínea, é baseado em toxinas produzidas por víboras.
Mas não se pode descartar a má sorte. A aranha-funil da Austrália, por exemplo, não causa efeito algum em roedores, mas é extremamente perigosa para humanos. Nenhum dos dois animais faz parte de sua dieta. Um azar químico?
Na maioria das vezes animais silvestres são adquiridos com a compra originária do tráfico, falta conscientização das pessoas sobre o assunto.
É preciso estar ciente que a maneira adequada de adquirir um animal silvestre é por meio de criatórios regularizados e registrados pelo Ibama, pois assim há a garantia de que os animais recebem todos os cuidados veterinários, são identificados, sexados e comercializados com nota fiscal, e dessa forma não oferece nenhum tipo de dano a natureza.
De acordo com a Lei Federal 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais, a compra e venda não realizadas por criatórios autorizados é crime, e os que não respeitarem a lei estão sujeitos às punições previstas.
Conforme disposto no artigo 5º da Lei 5.517/1968,do Conselho Federal de Medicina Veterinária pela Resolução 829/2006, o atendimento a animais silvestres em estabelecimentos médicos veterinários, criadouros e mantedores dispõe:
Art. 1º Os animais silvestres/selvagens devem receber assistência médica veterinária independentemente de sua origem.
Art. 2º Quando do atendimento a animais silvestres/selvagens os médicos veterinários deverão:
I - elaborar prontuário contendo informações indispensáveis à identificação do animal e de seu detentor;
II - informar ao detentor a necessidade de legalização dos animais e a proibição de manutenção em cativeiro dos animais constantes da lista Oficial Brasileira da Fauna Silvestre Ameaçada de Extinção ou dos anexos I e II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, quando este, não possuir autorização do órgão competente.
Art. 3º O médico veterinário deve encaminhar comunicado a Superintendência do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e ao órgão executor da Defesa Sanitária Animal no Estado, quando do atendimento de doenças de notificação obrigatória.
Art. 4º O estabelecido nesta Resolução não prejudica o disposto no Código de Ética do Médico Veterinário.
Art. 5 º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no DOU, revogadas as disposições em contrário.
E apesar dos animais silvestres terem resguardo na Lei é importante que todos tenham consciência da preservação da nossa fauna.
O animal de estimação necessita de movimento, liberdade para se locomover, para que sua parte física esteja dentro dos padrões de normalidade para a sua faixa etária e raça. Os cães são hiperativos por natureza, e necessitam de exercícios diários, seja brincando, caminhando ou correndo. A prática de exercícios físicos melhora não apenas a parte física, mas também o emocional de um cachorro. Até algumas doenças ortopédicas e a obesidade podem ser controladas com a prática regular de exercícios físicos.
Essa questão da atividade física é muito importante, já que algumas raças não possuem a característica de serem ativos, como o beagle e o basset, e necessitam ser estimulados para que não se tornem obesos.
Infelizmente, hoje muitos cães ficam trancados dentro de apartamentos ou de casas sem quintais, com praticamente nenhuma atividade. Além do declínio no aspecto físico, a parte psicológica também fica afetada, já que o animal perde a capacidade de se sociabilizar com outros animais de sua espécie.
Além disso, ficam entediados, procurando gastar suas energias com atividades consideradas não muito adequadas, como roer chinelos, sapatos, morder fios, arranhar portas, uivar, entre outras, que acabam por causar broncas cada vez maiores.
Com o movimento, o cão gasta energia, tornando-se mais calmo, dócil e até sociável. Além disso, haverá um fortalecimento do sistema cardiovascular, uma digestão mais saudável e ossos e músculos mais fortes.
O exercício físico predileto de um cão, sem dúvida, é um passeio, que deve ser diário pela rua acompanhado de seu dono. Não esquecer nunca do uso da coleira e da guia como forma de proteção para você e para os demais. Quanto maior o porte do animal, mais exercício ele necessita.
Lembre-se sempre da água e fique atento (a) a sinais de cansaço ou esforço, como: respiração ofegante, fadiga e passadas irregulares. Caso isso ocorra, pare e deixe seu “amigo” descansar. Por outro lado, se o seu cão realiza corridas junto com você, é importante uma consulta ao veterinário.
Os sinais clínicos da hipertensão estão relacionados com qualquer processo de doença associada ou com lesões dos órgãos-alvo. Na rotina observamos que a queixa mais comum é a cegueira de aparecimento súbito que normalmente está relacionada com hemorragia ou descolamento agudo da retina. Apesar de a retina ser colocada novamente no lugar, muitos animais não apresentam retorno da visão. Outra queixa rotineira é a poliúria/polidipsia, normalmente relacionadas ao diabetes mellitus, doença renal ou hipertireoidismo em gatos. Podemos ainda elencar os problemas cardíacos (sopros), epistaxe, convulsões, paresia, síncope e colapsos como alguns sinais indicativos. Os sinais observados com frequência como reflexos da hipertensão sistêmica incluem:
- Sistema ocular: uma apresentação frequente, ainda que não exclusiva, é a cegueira de origem desconhecida. As pupilas permanecem dilatadas e não responsivas à luz forte ou outro estímulo visual, o animal tromba contra objetos ou exibe relutância em perambular normalmente dentro ou fora de casa, o exame oftalmoscópico mostra anormalidades intraoculares, tais como alteração na morfologia vascular, edema e inflamação, descolamento de retina e/ou hemorragia.
O aumento da pressão intraocular medido através do tonômetro, se presente, indica glaucoma.
- Sistema cardiovascular: alterações no músculo cardíaco são exacerbadas pelo dano aos vasos que suprem o miocárdio. O resultado pode ser variável, desde sinais leves a graves: arritmias, murmúrios cardíacos, colapso repentino e morte, lentidão, inapetência, dificuldade respiratória e tosse, gastroenterite inespecífica, palidez de mucosas, pulso fraco, fraqueza, tromboembolismo ou acidente vascular.
Tanto a doença primária quanto o dano vascular originário da hipertensão secundária predispõem à formação de trombos no interior dos vasos afetados, o que é chamado de acidente vascular. Os animais podem apresentar manifestações agudas e beirando à morte quando o coágulo se forma, obstruindo as principais veias do pulmão ou coração.
O trombo pode se formar dentro do coração, especialmente em felinos, e migrar para a aorta, obstruindo, em virtude da sua posição, o fluxo para um ou ambos os membros posteriores.
Os animais afetados geralmente são incapazes de utilizar os membros, os quais se apresentam hipotérmicos e extremamente doloridos. Devido à dor, são bastante comuns os uivos.
- Sistema nervoso central: Sinais de disfunção cerebral secundária à hipertensão estão relacionados ao aumento de pressão intracraniana, hemorragias e acidentes vasculares dentro das pequenas estruturas ósseas da cabeça.
Pode acontecer perda da função motora, o que está relacionado a achados como claudicação, alterações na marcha ou postura, perda de capacidades perceptivas, mastigatórias e de deglutição, alteração no piscar de olhos e incontinência fecal ou urinária.
Sinais de cegueira não relacionada ao globo ocular, mas de origem nervosa, convulsões, acidentes vasculares afetando uma ou mais porções específicas do cérebro, podendo resultar em discretas anormalidades neurológicas assimétricas, bem como sinais de desorientação ou demência podem ser observados.
O QUE É RAIVA? A raiva é uma virose que compromete o sistema nervoso central (SNC) causando encefalite grave, em geral de evolução fatal e que depende da assistência médico-hospitalar de urgência. É uma zoonose que tem como hospedeiro reservatório e transmissor todas as espécies de animais mamíferos (cães, gatos, morcegos, bovinos e sagüis) que dependendo da situação, transmitem a doença aos humanos através da mordedora, arranhadura ou lambedura. A raiva é conhecida desde a remota antiguidade, mas foi em 1885 que Louis Pasteur desenvolveu o tratamento antirrábico pós-exposição. Atualmente ocorrem de 50 a 70 mil casos em seres humanos, por ano, no mundo, sendo em 42% dos casos em crianças com menos de dez anos de idade. As regiões do mundo mais atingidas são a África e a Ásia. No Brasil, o controle da raiva urbana, transmitida por cães e gatos atingiu bom nível de controle, mas a raiva nos animais herbívoros e nos silvestres ainda é um grande desafio para os serviços públicos e privados voltados para a saúde animal e humano. Contudo nos últimos anos, no Estado de São Paulo, foram registrados, alguns casos de raiva em cães e gatos, em que o vírus isolado foi o do tipo mantido por morcegos insetívoros. Estas ocorrências destacam a necessidade da preocupação constante com a vigilância epidemiológica da raiva em animais de companhia, de produção e nos silvestres. Os clínicos veterinários e todos os profissionais que executam atividades regulares com animais, devem ser submetidos à imunização antirrábica pré-exposição e estar atentos para qualquer caso, suspeito, tomando as providências cabíveis com os animais e com as pessoas envolvidas, bem como, com o envio de materiais para a confirmação do diagnóstico pelos laboratórios credenciados. RAIVA: OCORRÊNCIA EM ANIMAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO EM 2015 No Estado de São Paulo, no ano de 2015, houve o registro de um caso de raiva em um cão no Município de Campinas com vírus da variante de morcego hematófago, um gato na cidade de Ribeirão Preto com vírus também compatível com morcego hematófago, um gato em Jaguariúna com linhagem de vírus circulante em morcegos insetívoros, e outro gato em Jaguariúna em que não foi possível a caracterização viral. Nos animais silvestres foram confirmados dois casos em morcegos hematófagos, 34 em morcegos não hematófagos e um em um lobo-guará. Os registros de raiva em herbívoros incluem 111 bovinos, dois ovinos e 38 equídeos. RAIVA: QUAIS AS MANIFESTAÇÕES CLINICAS EM CÃES E GATOS? Após contato com o vírus, as manifestações clinicas podem ocorrer entre 15 dias a dois meses, mas em 2-7 dias os animais já estão eliminando o vírus pela saliva. Na fase inicial os animais apresentam mudança de comportamento, escondem-se em locais escuros ou mostram uma agitação inusitada. Após três dias os sintomas de excitação ficam acentuados. O cão se torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem, inclusive o seu proprietário, e morde-se a si mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é incapaz de engolir sua saliva. O seu latido se torna rouco ou desafinado. Os cães infectados pelo vírus da raiva tendem a abandonar suas casas e percorrer grandes distâncias, quando podem atacar outros animais e disseminar a doença. Na fase final, os animais podem apresentar convulsões generalizadas, seguidas de falta de coordenação motora e paralisia do tronco e dos membros. Alguns animais podem apresentar a doença com predomínio dos sintomas de paralisia, em que a fase de excitação é extremamente curta ou imperceptível. A paralisia começa pela musculatura da cabeça e do pescoço; o animal apresenta dificuldade de engolir e suspeita-se de “engasgo”, quando então seu proprietário tenta ajudá-lo, expondo-se à infecção. A seguir, vêm a paralisia e a morte. Na maioria dos gatos, os sinais clínicos são semelhantes aos dos cães . RAIVA: QUAIS OS SINAIS CLINICOS EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO E SILVESTRES? A raiva é geralmente transmitida aos animais de produção (bovídeos, ovinos, caprinos, suínos, eqüideos) pela mordedura de morcegos hematófagos, aqueles que sugam o sangue. Após essa exposição o período para inicio dos sinais clínicos é geralmente longo, de 30 a 90 dias, ou até mais. No início da doença o animal se isola, afasta-se do rebanho, apresenta certa apatia e perda do apetite, podendo ficar de cabeça baixa e indiferente ao que se passa ao seu redor. O sinal predominante é a paralisia, seguida pelo aumento da sensibilidade e coceira na região da mordedura, mugido constante, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir, parece que o animal está engasgado. Com a evolução da doença, apresenta movimentos desordenados da cabeça, tremores musculares e ranger de dentes, falta de coordenação motora, andar cambaleante e contrações musculares involuntárias. Chega o momento em que o animal não consegue mais se levantar do chão e apresenta movimentos de pedalagem, dificuldades respiratórias, asfixia e finalmente a morte, que ocorre geralmente entre três a seis dias após o início dos sinais. Nos animais silvestres, como canídeos (lobo-guará) e outras espécies mamíferas, a raiva pode ocorrer naturalmente, com manifestações clinicas semelhantes aos cães domésticos. RAIVA: QUAIS OS SINTOMAS EM SERES HUMANOS? A raiva humana ocorre em até 61% das pessoas expostas ao vírus e que não receberam o tratamento preventivo, pois depende da espécie agressora, da gravidade da exposição, do local da lesão, da carga viral, além da presença de roupa, da espessura do tecido, da lavagem dos ferimentos com água e sabão entre outras. O período para manifestação dos sintomas normalmente é de 20 a 90 dias. Durante a fase inicial, que dura de dois a dez dias, os sintomas são inespecíficos: mal estar geral, dores vagas e/ou generalizadas pelo corpo, gânglios linfáticos aumentados e por vezes dolorosos à palpação, alterações locais de sensibilidade, coceira com formigamento ou sensação de arrepio e queimação local, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, hemorragia digestiva, dor de garganta, dificuldade ou dor ao engolir, salivação, tosse seca, rouquidão e pigarro. Pela dor e dificuldade de engolir o paciente torna-se ansioso e fica com sede, iniciando-se o quadro de desidratação. Os períodos de desorientação podem se iniciar nessa fase, acompanhados de uma diminuição auditiva ou surdez, visão dupla, visão turva e estrabismo. Podem ocorrer retenção e incontinência urinária, assim como ereção prolongada do pênis, acompanhada ou não de aumento da libido ou do apetite sexual. Na fase neurológica aguda, com duração de dois a sete dias, as alterações provocadas pela proliferação do vírus da raiva nas estruturas do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) se intensificam, causando ansiedade, nervosismo, insônia, apreensão, agitação, agressividade e depressão, alterações do comportamento. Manifestação de “fobias”, como hidrofobia, aerofobia e fotofobia. O quadro vai se agravando com hipersensibilidade a sons e a odores, espasmos faríngeos, confusão, delírio, alucinações, evidente presença de hiperatividade e espasmos ou convulsões. Os espasmos são involuntários e podem atingir a musculatura respiratória. Dormência, fraqueza ou cansaço e depois paralisia, perda ou incapacidade da função muscular e da sensibilidade. A doença segue com intensa agitação psicomotora, crises convulsivas alternadas com torpor, que vai aumentando até o paciente entrar em coma, podendo ocorrer alterações respiratórias, infecções secundárias, hipotensão arterial, arritmia cardíaca, sobrevindo insuficiência respiratória. Por fim, parada cardíaca e morte cerebral ocorrem em cerca de cinco a sete dias, do início do quadro clínico. RAIVA: COMO É FEITA A PREVENÇÃO NOS SERES HUMANOS? A imunidade conferida pelas vacinas anti-rábicas é dirigida para os componentes da estrutura do vírus que estão presentes em todas as variantes e, portanto, a mesma vacina protege contra a infecção causada por todas as variantes do vírus. No Brasil são conhecidas pelos menos sete variantes do vírus da raiva, uma delas ainda não tipificada. A tipificação da variante do vírus é utilizada para a orientação da espécie animal responsável pela origem do foco e para a definição das respectivas medidas de controle a serem tomadas. Os Serviços de Saúde do Estado de São Paulo estão preparados para efetuar o tratamento anti-rábico pré-exposição em pessoas que exercem atividades com risco ocupacional de adquirir a raiva. O tratamento é feito com três doses de vacinas. A partir do 14o dia após a última dose do esquema é feito o controle sorológico. São considerados satisfatórios títulos de anticorpos > 0,5UI/ml. Em caso de título insatisfatório, isto é, <0,5 UI/ml, deve ser aplicada uma dose completa de reforço, pela via intramuscular, e reavaliar novamente a partir do 14o dia. O envio de amostras de soro para o controle do tratamento anti-rábico pré-exposição deve ser feito para o Instituto Pasteur, www.pasteur.saude.sp.gov.br, (Recepção de Amostra – Alameda Santos, 416, Cerqueira César – São Paulo – SP, CEP: 01418-000. O recebimento é feito de segunda a sexta-feira das 8h às 17h). No caso de haver exposição ao vírus há protocolos de tratamento específicos. O diagnóstico humano conta com o serviço do Ambulatório de Zoonoses do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, na capital paulista. O endereço é: Avenida Dr. Arnaldo, 165 – Prédio dos Ambulatórios - Pacaembu. O contato telefônico pode ser feito pelo número (11) 3896-1200. As consultas podem ser agendadas por telefone ou pelo site http://www.emilioribas.sp.gov.br/. RAIVA: COMO AGIR NO CONTROLE DA RAIVA NOS ANIMAIS O governo brasileiro criou o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva , em 1973, cujo objetivo foi o combate à raiva humana , mediante controle da raiva dos animais domésticos e o tratamento especifico da pessoa mordida ou que teve contato com animais raivosos ou suspeitos. A prevenção da raiva em cães e gatos é realizada pela vacinação em Centros de Controle de Zoonoses ou clinicas veterinárias particulares. Qualquer animal com sintomas sugestivos de raiva deverá ser comunicado imediatamente a qualquer serviço de Defesa Sanitária Animal (CDA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, do Centro de Controle de Zoonoses e da Secretaria Estadual de Saude da região. Cães e gatos suspeitos de raiva serão mantidos em observação e isolados obrigatoriamente por 10 dias, com água e alimento a vontade e com aviso de suspeita de raiva. As pessoas que tiveram contato com esses animais deverão ser encaminhadas o mais rapidamente aos órgãos oficiais de diagnostico para tratamento adequado referente ao tipo de exposição. Caso os animais venham a óbito, o cérebro deverá ser encaminhado ao laboratório para diagnostico. O mesmo deverá ser realizado se for encontrado algum abrigo de morcego hematófago. Como os morcegos hematófagos só se alimentam de sangue, a maneira mais fácil de identificar um abrigo é observar manchas como se fosse piche no chão. Na profilaxia da raiva dos herbívoros é utilizada a vacina inativada, na dosagem de dois mililitros, administrada pelo proprietário do rebanho, pelas vias subcutânea ou intramuscular. Nas áreas de ocorrência de raiva dos herbívoros, a vacinação será adotada sistematicamente, em bovídeos e equídeos com idade igual ou superior a três meses, sob a supervisão do médico-veterinário. Nos bovídeos, ovinos e equídeos mordidos por morcegos, deverá ser aplicada a pasta vampiricida ao redor da mordedura, e os animais vacinados contra a raiva, pois existe o risco de transmissão da doença. A Instrução normativa do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) n° 50, de 24 de setembro de 2013, estabelece que a suspeita da raiva em qualquer espécie animal é um evento de notificação compulsória que deve ser comunicado aos serviços médico-veterinários oficiais em um prazo máximo de 24 horas da sua constatação. As seguintes entidades contam com serviços de diagnóstico laboratorial da raiva em atividade no Estado de São Paulo: 1. Centro de Controle de Zoonoses / SMS / PMSP Rua Santa Eulália, 86 - Santana - 02031-020 - São Paulo - SP Central de Atendimento: (0xx11) 3397-8900 / 3397-8901 Plantão 24 horas: (0xx11) 3397-8955 / 3397-8956 2. Instituto Biológico / CPA / SAA Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - 04014-002 - São Paulo - SP Fone: (0xx11) 5087-1772 Fax: (0xx11) 5087-1777 3. Instituto Pasteur / CIP / SES Av. Paulista, 393 - Paraíso - 01311-000 - São Paulo - SP Biblioteca/Ouvidoria: (0xx11) 3145-3157 Laboratório: (0xx11) 3145-3173 4. Faculdade de Medicina Veterinária - UNESP Campus de Araçatuba R. Clóvis Pestana, 793 - Jd. Amélia - 15035-040 - Araçatuba - SP Fone: (0xx18) 3636-1360 5. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP Campus de Botucatu Distrito de Rubião Jr., s/n - 18618-000 - Botucatu - SP Fone: (0xx14) 3880-2093 6. Laboratório Regional de Pindamonhangaba - APTA Avenida Professor Manoel César Ribeiro, 320 – 1200-970 - Pindamonhangaba - SP Fone: (0xx12) 3642-1812 / 3642-1098 / 3642-1164 / 3642-4904 7. Laboratório Regional de Presidente Prudente - APTA Rod. Raposo Tavares, km 561 - 19015-970 - Presidente Prudente - SP Fone: (0xx18) 3222-0732 / 3222-8688 / 3222-4859
Ciclo da raiva FONTE: Paulo Fadil , Coordenadoria de Defesa Sanitária –CDA, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo
RAIVA: OCORRÊNCIA EM SERES HUMANOS NO BRASIL No período de 2006 a 2015, foram relatados 32 casos de raiva em seres humanos no Brasil, exceto em 2014 quando não houve registro. FONTE: Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento –MAPA, Instituto Pasteur, Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo 2016