terça-feira, 21 de junho de 2016

Berne: prevenção e tratamento



O berne é uma ectoparasitose (doença transmitida por parasitas que inicialmente se instalam fora do corpo do hospedeiro) mais comum em ambientes rurais e arborizados, especialmente nos períodos de chuva. Trata-se de uma infecção produzida por um estágio larval de insetos (mais especificamente, pela Dermatobia hominis, um inseto díptero – com duas asas – conhecido popularmente como mosca varejeira), facilmente identificável pelo aspecto metálico do seu abdômen.
Muitas vezes, o berne é confundido com a bicheira (tecnicamente, classificada como miíase). Esta situação, no entanto, ocorre quando qualquer inseto (em geral, voador), coloca ovos em uma ferida exposta. No caso do berne, uma larva é inserida de cada vez, mesmo na pela saudável.

O ideal, para a prevenção, é manter estas moscas afastadas. No entanto, o tratamento é simples.
As moscas varejeiras adultas não precisam se alimentar. Elas têm, de acordo com a linguagem técnica, “vida livre”. O perigo está nos filhotes. As crias, assim que atingem o estágio de pupa ou crisálida (entre a fase larval e a vida adulta), começam a procurar parceiros sexuais.

Logo em seguida, as fêmeas capturam os chamados insetos foréticos em pleno voo, sobre os quais depositam os ovos. A forésia é um tipo de comensalismo, relação entre dois animais sem prejuízo para nenhum deles (outro exemplo é a associação entre o mosquito Aedes Aegypti e o vírus transmissor da dengue).

Depois de uma semana, as larvas da mosca varejeira já estão formadas – e é aí que começa o perigo. Os insetos foréticos visados pelas fêmeas são moscas e mosquitos hematófagos (sugadores de sangue), representando grandes riscos, especialmente para animais mamíferos.

Quando eles se aproximam, as larvas são atraídas pelo calor, gás carbônico e odores da pele. Em seguida, penetram a epiderme, formam um casulo e passam a se alimentar de nutrientes do hospedeiro, que começa a desenvolver a berne. Uma mosca varejeira pode botar até 800 ovos durante a sua vida adulta (entre 15 e 20 em cada inseto forético). Um inseto adulto não dura mais de 48 horas.

O berne fica com o tubo respiratório (espiráculo) em contato com a atmosfera, enquanto a parte inferior fica imersa na pele do hospedeiro, que pode ser um animal doméstico ou mesmo um humano. Quando precisam abrir espaço para respirar, as larvas provocam dor, coceira e irritação, facilitando o desenvolvimento de processos inflamatórios.


A prevenção do berne
Para os animais, é praticamente impossível a não locomoção em ambientes abertos. Para evitar a incômoda presença das grandes varejeiras (elas medem até 2,5 cm de comprimento), algumas providências podem ser tomadas. Elas adoram lixo e o primeiro passo é manter as lixeiras sempre vedadas.

As varejeiras são animais decompositores; portanto, é importante certificar-se de que não há animais mortos (pássaros e ratos, por exemplo, disponíveis no quintal). No entanto, em função do peso, que dificulta o voo, é muito fácil capturá-las, inclusive com um aspirador de pó. Outra opção é utilizar mata-moscas ou inseticidas.

Existem coleiras especiais dotadas de inseticidas não prejudiciais aos animais de estimação que repelem as larvas, dificultando a introdução subcutânea. A escovação e os banhos (quinzenais ou mensais, de acordo com a raça do pet) também são excelentes preventivos.
A transmissão do berne

O contato é feito indiretamente pelas varejeiras (e outras espécies de moscas), cujos ovos são depositados sob a pele de cães, gatos e outros animais domésticos, como vacas e cavalos. A larva se aloja no bicho e, além do incômodo, pode se tornar a porta de entrada para diversas doenças. Em outras palavras, a pele fica favorável à invasão de bactérias, fungos e vírus nocivos.

Durante o período em que fica parasitando os animais (que se prolonga por sete semanas), as larvas se alimentam de tecido vivo. Por fim, caso não haja tratamento, elas caem e se desenvolvem encapsuladas no solo, até que se tornem moscas adultas.
Sintomas do berne

O principal sintoma do berne é a formação de buracos ou calombos sobre a pele. Os animais têm a tendência de morder o local infestado, na tentativa de expulsar os invasores. Este hábito, no entanto, apenas favorece a instalação de novos problemas. Quando um cão ou gato apresenta alopecia (perda de pelos) em determinada região do corpo, é sinal de berne grave.
O tratamento

Em geral, o tratamento do berne em cães e gatos é efetivado com o emprego de medicamentos tópicos, que fecham os orifícios e impedem a respiração das larvas (os restos são naturalmente eliminados pelo organismo). Em alguns casos, no entanto, é necessária a retirada clínica, por um veterinário, das larvas mortas.

Muitos donos de pets, no entanto, tentam espremer as larvas, para desalojá-las. Este procedimento, porém, é altamente desaconselhável, uma vez que pode romper ainda mais a pele de cães e gatos, ampliando a área de exposição, na área da ferida, para microrganismos oportunistas.

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