A água é a substancia corporal mais abundante nos seres vivos, ela
representa cerca de 60% do peso de um animal, podendo variar de acordo
com a idade, sendo que 40% encontra-se no que chamamos de espaço
intracelular e 20% no espaço de extracelular.
A reposição hídrica ocorre 45% através da ingestão de água, 35% da ingestão de comida e 20% é metabolizado pelo organismo, e as perdas por sua vez, ocorrerem de forma imperceptíveis (perdas por respiração, suor, aumento da temperatura corporal, hiperventilação e atividade física) e de forma perceptíveis (urina e fezes), sendo fisiologicamente normal que o animal perca 25 ml/kg ao dia de água.
Mesmo que ocorram variações na reposição e perda de água,
os níveis fisiológicos de hidroeletrólitos no organismo devem se manter
constantes e estáveis, caso ocorra um desequilíbrio por alguma
alteração clínica ou metabólica desencadeará o processo de desidratação,
em animais hígidos a distribuição de água é controlada pelas forças
osmóticas dos solutos que podem variar entre 280-310 mOsm/Kg, desvios
nessa osmolalidade provocam diferentes tipos de desidratação podendo ser
classificadas como isonatrêmica, hiponatrêmica, hipernatrêmica. É
importante que ocorra uma avaliação adequada do tipo de desidratação
para que o clínico possa escolher adequadamente o tipo de fluído, a ser
empregado.
Em desidratação isonatrêmica ou isotônica, ocorrem perdas proporcionais de água e solutos no espaço extracelular, mais a osmolalidade e tonicidade ficará constante sem que ocorra migração de líquidos entre os meios celulares. As causas são perdas ocorridas em seqüestro de liquido em lesões por peritonite, infecção de tecidos moles, vômitos e diarréia.
Na desidratação hiponatrêmica, ocorre grande perda de eletrólitos e pouca de água diminuindo a osmolalidade do espaço extracelular tornando-o hiposmolar hipotônico em relação ao espaço intracelular, logo a saída de liquido extracelular para o interior das células faz com que o equilíbrio entre os dois espaços se restabeleça. As causas podem ser por insuficiência da cortical adrenal, uso inadequado de diuréticos, uso de glicose em pacientes com desidratação isonatrêmica, pacientes com este tipo de desidratação são predispostos a um colapso vascular por isso requerem terapia intensiva com fluidoterapia de forma correta.
A desidratação hipernatrêmica ou hipertônica , é a mais rara, nela ocorre maior perda de água do que sais aumentando a osmolalidade do meio extracelular tornando hiperosmolar e hipertônico, assim a saída de liquido do espaço intracelular para o extracelular faz com o equilíbrio dos espaços se restabeleça. Ocorrem em paciente com diabetes insípido, aumento de perdas imperceptíveis, administração de soluções muito concentradas e baixa ingestão de água.
Não existe um só meio ou um só teste para avaliar precisamente o grau de desidratação, por isso o clínico deve estimar através da interação dos resultados obtidos na anamnese, no exame físico e nos exames laboratoriais quando possível. Na anamnese leva-se em conta o histórico relatado pelo proprietário de alteração no consumo de água, possíveis perdas como vômito, diarréia etc, já no exame físico o clinico deve avaliar o tugor cutâneo, umidade da mucosa ocular, freqüência cardíaca, pulso, tempo de enchimento capilar e posição do globo ocular, para que assim ele possa estimar a porcentagem de desidratação e classificar o estado físico do paciente, conforme a tabela 1, podemos avaliar de forma subjetiva porem suficiente para uma estimarmos uma porcentagem de depleção, os exames laboratoriais nem sempre é possível, pois na grande maioria dos casos o paciente não dispõem de tempo para esperar o resultado do exame, mais quando possível analisar hematócrito e PPT .
TABELA 1 : Parâmetros para avaliação física do paciente da porcentagem de desidratação (depleção), adaptado de cornélius, 1980.
Após mensurado a porcentagem de desidratação, devemos calcular o déficit diário de, que é feito utilizando a formula abaixo, com isso teremos a quantidade de solução necessária para compensar o volume já perdido, que deverá ser reposta em 24 horas.
Se o paciente não estiver ingerindo água deve se calcular
o requerimento básico diário, que é de 40-50ml/Kg em 24 horas em cães e
70ml/kg em 24 horas em gatos, outro fator que devemos levar em conta é a
reposição, das perdas de sódio e potássio, de acordo com a tabela 2.
TABELA 2: Parâmetros para reposição das necessidades básicas diárias das perdas.
Depois de calculado a quantidade, deve-se fazer a escolha do tipo de fluido a ser administrado, na maioria dos casos os pacientes requerem mais água do que eletrólitos, em casos onde a desidratação é do tipo hiponatrêmica recomenda-se o administrar solução de NaCl 0,9% mais glicose a 5% equivalente a 150 mEq de Na+ , 150 mEq de Cl- e 50g de glicose, já na desidratação isonatrêmica recomenda o uso de solução de NaCl a 0,45% mais glicose a 2,5% equivalente a 75 mEq de Na+ , 75 mEq de Cl- e 25g de glicose, ou pode-se optar por usar o soro Ringer com Lactato de sódio nas mesmas proporções com a glicose .
Diferentes vias de reposição podem ser utilizadas, sendo que cada uma possui vantagens e desvantagem, o que vai definir a via de escolha e o tipo de solução a ser utilizada será o estado do paciente, e o tipo de desidratação. A via oral é a que apresenta menor risco de alterações fisiológicas decorrentes da reposição, sendo a mais indicada quando se necessita de reposição calórica e contra-indicada em casos de distúrbios gastrintestinais, a via subcutânea é indicada em casos que o paciente precise de reposição constantemente, porém sua limitação é a de que fluidos sem sódio são absorvidos lentamente, logo atraem sódio orgânico e conseqüentemente liquido do interstício, levando a uma isonatrêmia , quando se optar por esta via não infundir mais de 20ml/kg em cada local de aplicação, a via venosa é a mais indicada pois através dela consegue-se administrar grandes volumes permitindo assim uma rápida reposição, sendo ideal para pacientes hipotensos ou com desidratação a cima de 8%.
O tempo de hidratação de ser calculado de acordo com a depleção de desidratação, caso o animal tenha de 5% a 7%, de depleção deve se fazer infusão da quantidade total em 24 horas, para desidratações acima, dividir o volume a ser infundido sendo que metade deverá ser feito nas primeiras 4 horas e a outra metade de ser divida e infundida com intervalos de 12 horas.
Antes de instituir a terapia de fluidos o clínico de maneira pratica deve lembrar de algumas perguntas: o paciente necessita de reposição de fluído? Que tipo utilizar? Qual via? Quantidade? Tempo de hidratação. Após as respostas ele terá a total certeza que está repondo hidroeletrólitos de forma correta.
NECESSIDADE DIÁRIA = 12 kg x 50 ml = 600 ml
PERDAS GASTROINTESTINAIS = 12 Kg X 60 ml = 720 ml
TOTAL EM 24 HORAS = 600 + 1200 + 720 = 2520 ml 2,5 litros
NECESSIDADE DIÁRIA SÓDIO = 3 X 12 = 36 mEq
NECESSIDADE DIÁRIA POTASSIO = 12 X 1 = 12 mEq
DÉFICIT DE SÓDIO= 1200ml / 100ml = 12 12 x 6 = 72 mEq
DÉFICIT DE POTÁSSIO = 1200ml / 100ml = 12 12 x 2 = 24 mEq
PERDAS GASTROINTESTINAIS DE SÓDIO = 720 ml/100 ml =7,2 7,2X9 = 64,8mEq
PERDAS GASTROINTESTINAIS DE POTÁSSIO=720ml/100ml=7,2 7,2X3=21,6mEq
TOTAL EM 24 HORAS DE SÓDIO= 36+72+64,8 = 172,8mEq
TOTAL EM 24 HORAS DE POTÁSSIO= 12+24+21,6 = 66,6mEq
O fluido a ser utilizado será o ringer com lactato e deverá ser infundido 1,250 ml nas primeiras e o restante (1,250) deve ser divido em 2 infusões de 0,625 ml de 12/12 horas
A reposição hídrica ocorre 45% através da ingestão de água, 35% da ingestão de comida e 20% é metabolizado pelo organismo, e as perdas por sua vez, ocorrerem de forma imperceptíveis (perdas por respiração, suor, aumento da temperatura corporal, hiperventilação e atividade física) e de forma perceptíveis (urina e fezes), sendo fisiologicamente normal que o animal perca 25 ml/kg ao dia de água.
Em desidratação isonatrêmica ou isotônica, ocorrem perdas proporcionais de água e solutos no espaço extracelular, mais a osmolalidade e tonicidade ficará constante sem que ocorra migração de líquidos entre os meios celulares. As causas são perdas ocorridas em seqüestro de liquido em lesões por peritonite, infecção de tecidos moles, vômitos e diarréia.
Na desidratação hiponatrêmica, ocorre grande perda de eletrólitos e pouca de água diminuindo a osmolalidade do espaço extracelular tornando-o hiposmolar hipotônico em relação ao espaço intracelular, logo a saída de liquido extracelular para o interior das células faz com que o equilíbrio entre os dois espaços se restabeleça. As causas podem ser por insuficiência da cortical adrenal, uso inadequado de diuréticos, uso de glicose em pacientes com desidratação isonatrêmica, pacientes com este tipo de desidratação são predispostos a um colapso vascular por isso requerem terapia intensiva com fluidoterapia de forma correta.
A desidratação hipernatrêmica ou hipertônica , é a mais rara, nela ocorre maior perda de água do que sais aumentando a osmolalidade do meio extracelular tornando hiperosmolar e hipertônico, assim a saída de liquido do espaço intracelular para o extracelular faz com o equilíbrio dos espaços se restabeleça. Ocorrem em paciente com diabetes insípido, aumento de perdas imperceptíveis, administração de soluções muito concentradas e baixa ingestão de água.
Não existe um só meio ou um só teste para avaliar precisamente o grau de desidratação, por isso o clínico deve estimar através da interação dos resultados obtidos na anamnese, no exame físico e nos exames laboratoriais quando possível. Na anamnese leva-se em conta o histórico relatado pelo proprietário de alteração no consumo de água, possíveis perdas como vômito, diarréia etc, já no exame físico o clinico deve avaliar o tugor cutâneo, umidade da mucosa ocular, freqüência cardíaca, pulso, tempo de enchimento capilar e posição do globo ocular, para que assim ele possa estimar a porcentagem de desidratação e classificar o estado físico do paciente, conforme a tabela 1, podemos avaliar de forma subjetiva porem suficiente para uma estimarmos uma porcentagem de depleção, os exames laboratoriais nem sempre é possível, pois na grande maioria dos casos o paciente não dispõem de tempo para esperar o resultado do exame, mais quando possível analisar hematócrito e PPT .
TABELA 1 : Parâmetros para avaliação física do paciente da porcentagem de desidratação (depleção), adaptado de cornélius, 1980.
Após mensurado a porcentagem de desidratação, devemos calcular o déficit diário de, que é feito utilizando a formula abaixo, com isso teremos a quantidade de solução necessária para compensar o volume já perdido, que deverá ser reposta em 24 horas.
TABELA 2: Parâmetros para reposição das necessidades básicas diárias das perdas.
Depois de calculado a quantidade, deve-se fazer a escolha do tipo de fluido a ser administrado, na maioria dos casos os pacientes requerem mais água do que eletrólitos, em casos onde a desidratação é do tipo hiponatrêmica recomenda-se o administrar solução de NaCl 0,9% mais glicose a 5% equivalente a 150 mEq de Na+ , 150 mEq de Cl- e 50g de glicose, já na desidratação isonatrêmica recomenda o uso de solução de NaCl a 0,45% mais glicose a 2,5% equivalente a 75 mEq de Na+ , 75 mEq de Cl- e 25g de glicose, ou pode-se optar por usar o soro Ringer com Lactato de sódio nas mesmas proporções com a glicose .
Diferentes vias de reposição podem ser utilizadas, sendo que cada uma possui vantagens e desvantagem, o que vai definir a via de escolha e o tipo de solução a ser utilizada será o estado do paciente, e o tipo de desidratação. A via oral é a que apresenta menor risco de alterações fisiológicas decorrentes da reposição, sendo a mais indicada quando se necessita de reposição calórica e contra-indicada em casos de distúrbios gastrintestinais, a via subcutânea é indicada em casos que o paciente precise de reposição constantemente, porém sua limitação é a de que fluidos sem sódio são absorvidos lentamente, logo atraem sódio orgânico e conseqüentemente liquido do interstício, levando a uma isonatrêmia , quando se optar por esta via não infundir mais de 20ml/kg em cada local de aplicação, a via venosa é a mais indicada pois através dela consegue-se administrar grandes volumes permitindo assim uma rápida reposição, sendo ideal para pacientes hipotensos ou com desidratação a cima de 8%.
O tempo de hidratação de ser calculado de acordo com a depleção de desidratação, caso o animal tenha de 5% a 7%, de depleção deve se fazer infusão da quantidade total em 24 horas, para desidratações acima, dividir o volume a ser infundido sendo que metade deverá ser feito nas primeiras 4 horas e a outra metade de ser divida e infundida com intervalos de 12 horas.
Antes de instituir a terapia de fluidos o clínico de maneira pratica deve lembrar de algumas perguntas: o paciente necessita de reposição de fluído? Que tipo utilizar? Qual via? Quantidade? Tempo de hidratação. Após as respostas ele terá a total certeza que está repondo hidroeletrólitos de forma correta.
RELATO DE CASO- HIDRATAÇÃO CADELA
Cadela Mel, SRD, com 6 anos de idade, pesando 12kg,
constatou ao exame clinico constatou que sua pele estava com uma severa
falta de elasticidade, o tempo de enchimento capilar acima de 3
segundos, olho profundo na orbita, mucosa pálida, pelos sinais sua
desidratação foi de 10%, apresentou diarréia e vômitos a pelo menos 4
dias, proprietário relata que não tomando água.NECESSIDADE DIÁRIA = 12 kg x 50 ml = 600 ml
DÉFICIT = |
12 X 10%
|
=
|
120
|
= |
1200 ml |
100
|
100
|
TOTAL EM 24 HORAS = 600 + 1200 + 720 = 2520 ml 2,5 litros
NECESSIDADE DIÁRIA SÓDIO = 3 X 12 = 36 mEq
NECESSIDADE DIÁRIA POTASSIO = 12 X 1 = 12 mEq
DÉFICIT DE SÓDIO= 1200ml / 100ml = 12 12 x 6 = 72 mEq
DÉFICIT DE POTÁSSIO = 1200ml / 100ml = 12 12 x 2 = 24 mEq
PERDAS GASTROINTESTINAIS DE SÓDIO = 720 ml/100 ml =7,2 7,2X9 = 64,8mEq
PERDAS GASTROINTESTINAIS DE POTÁSSIO=720ml/100ml=7,2 7,2X3=21,6mEq
TOTAL EM 24 HORAS DE SÓDIO= 36+72+64,8 = 172,8mEq
TOTAL EM 24 HORAS DE POTÁSSIO= 12+24+21,6 = 66,6mEq
O fluido a ser utilizado será o ringer com lactato e deverá ser infundido 1,250 ml nas primeiras e o restante (1,250) deve ser divido em 2 infusões de 0,625 ml de 12/12 horas
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