sábado, 16 de janeiro de 2016

Estudo mostra que cães podem reconhecer emoções humanas

Um novo estudo feito em colaboração internacional entre Brasil e Reino Unido descobre que os cães podem reconhecer emoções nos seres humanos, através da combinação de informações de diferentes sentidos – uma habilidade nunca observada em outra espécie que não a nossa.

Método

Pela primeira vez, pesquisadores da Universidade de Lincoln e da Universidade de São Paulo demonstraram que os cães formam representações mentais abstratas de estados emocionais, e não simplesmente exibem comportamentos aprendidos ao responder às expressões de pessoas e outros cães.

17 cães domésticos foram apresentados a pares de imagens e sons transmitindo diferentes combinações de expressões emocionais positivas (alegria e ludicidade) e negativas (raiva ou agressividade) em humanos e cães.
 
Estas fontes distintas de estímulos sensoriais – fotos de expressões faciais e clipes de áudio de vocalizações – foram tocadas simultaneamente aos animais, sem qualquer treinamento prévio. Além disso, pertenciam a pessoas e outros animais que eles não conheciam.
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Resultados

Os cães gastaram significativamente mais tempo olhando para as expressões faciais que possuíam o mesmo estado emocional que as vocalizações, em ambos seres humanos e caninos.
A integração de diferentes tipos de informação sensorial dessa maneira indica que os cães fazem representações mentais de estados emocionais positivos e negativos dos outros.
 
Estudos anteriores haviam indicado que os cães podiam diferenciar entre emoções humanas a partir de pistas, tais como expressões faciais, mas, segundo os cientistas, isso não é o mesmo que reconhecimento emocional.

“Nossa pesquisa mostra que os cães têm a capacidade de integrar duas fontes diferentes de informação sensorial para uma percepção coerente da emoção em ambos seres humanos e outros cães. Fazer isso requer um sistema de categorização interna dos estados emocionais. Esta capacidade cognitiva só tinha sido evidenciada até agora em primatas e a capacidade de fazer isso com espécies diferentes só vista em humanos”, explica o professor Dr. Kun Guo, da Universidade de Lincoln.

Importante

Há uma importante diferença entre o comportamento associativo, tal como aprender a responder adequadamente a uma voz irritada, e reconhecer uma série de pistas muito diferentes que juntas indicam emoção em outro.

Por exemplo, se o seu cão abaixa a cabeça quando você fica bravo porque ele fez uma coisa que não devia (como mastigar o carpete), isso não necessariamente indica que ele percebeu que você estava bravo. Pode ser apenas que ele aprendeu a reagir dessa forma quando você adquire esse tom de voz. Ou que esteja com medo do seu tom agressivo.

O que o novo estudo mostra é que, independente de fazerem isso ou não, os cães realmente são capazes de reconhecer emoções, e não por comportamento associativo.

“É importante ressaltar que os cães do estudo não receberam nenhum treinamento prévio ou período de familiarização com os sujeitos nas imagens ou áudios. Isto sugere que sua capacidade de combinar pistas emocionais pode ser intrínseca. Como uma espécie altamente social, tal ferramenta teria sido vantajosa e a detecção de emoção nos seres humanos pode até ter sido selecionada através de gerações de domesticação por nós”, disse o coautor do estudo professor Daniel Mills, também da Universidade de Lincoln. 

Fonte:
[ScienceDaily]

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