sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O impacto da interação entre animais e seres humanos em serviços de saúde


O primeiro relato sobre uso de animais
como parte de tratamentos ocorreu por
volta de 1792 na Inglaterra. Estudos
mostraram que as pessoas se beneficiaram
psicologicamente com a interação
homem-animal (por meio da redução da ansiedade e
do isolamento, do combate à depressão e da redução de
outros aspectos negativos da institucionalização). Alguns
benefícios físicos também foram demonstrados como a
melhora dos parâmetros cardiovasculares e diminuição
da rigidez muscular.

Atualmente, animais têm sido utilizados em algumas
instituições de saúde através de visitação, atividades
assistidas com animais (A.A.A.), terapia assistida com
animais (T.A.A.) e animais de serviço. A incorporação
desta prática implica no desenvolvimento de guias e
políticas para prover um ambiente seguro tanto para as
pessoas quanto para os animais.

Dentre os animais de estimação, os cachorros são os
mais amplamente utilizados nos programas de terapia e
tem-se observado um efeito terapêutico muito positivo.

Os gatos e os pássaros também têm sido utilizados, porém
em menor proporção.

Entretanto, existem riscos associados ao contato entre
ser humano e animais, dentre eles: traumas, reações
alérgicas, zoonoses. Mais de 200 doenças infecciosas dos
animais podem ser transmitidas aos humanos (tabela 1).

No que se refere ao controle de Infecção Relacionada à
Assistência à Saúde (IRAS), o Centers for Disease Control
and Prevention (CDC) fez algumas recomendações para
A.A.A., as quais, se incorporadas à prática assistencial,
podem minimizar este risco.

A Minimizar o contato com saliva, urina e fezes do
animal.

B Higienizar as mãos antes e após qualquer contato com
o animal. 1 Lavar as mãos com água e sabão, especialmente
se as mãos estiverem visivelmente sujas ou
contaminadas com material proteico. 2 Utilizar gel
alcoólico à 70% para higiene das mãos quando elas
não estiverem com sujidade visível.

C Evitar o uso de primatas, répteis, anfíbios, mamíferos
roedores (ratos, hamsters etc.), animais não adultos
(gatos com menos de 1 ano ou cachorro com menos
de 2 anos) para atividades e terapias assistidas com
animais.

D Registrar e estabelecer avaliação periódica dos animais
que estão vacinados contra todas as zoonoses e que
estão sadios, limpos, isentos de ectoparasitas, parasitas
entéricos ou que tenha recentemente completado
tratamento anti-helmíntico sob orientação de um
veterinário.

E Assegurar que os animais são controlados por pessoas
treinadas, proporcionando atividades e terapias seguras
e que conhecem o histórico de saúde e características
do comportamento do animal.

F Agir rapidamente quando ocorrer um incidente tipo
mordedura ou arranhão por um animal durante a atividade
ou terapia. 1 Retirar o animal definitivamente
deste programa. 2 Relatar o incidente rapidamente às
autoridades pertinentes (por exemplo: profissionais
do controle de infecção hospitalar, coordenador do
programa de animais ou pessoal de controle de animal
local). 3 Limpar e tratar rapidamente arranhões,
mordidas ou outras soluções de continuidade da pele.


G Planejar previamente as atividades a serem realizadas com a participação do treinador e do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, visando estabelecer se estas podem ser realizadas em área pública ou no quarto do paciente.

H Precauções para atenuar reações alérgicas a animais. 1. Minimizar a irritação, dando banho até 24 horas antes da visita. 2. Pentear os animais para remover os pelos antes da visita ou utilizar uma capa.

I Realizar rotineiramente limpeza das superfícies ao término das sessões.

Antes de se iniciar uma A.A.A./T.A.A. é necessário verificar se o paciente quer interagir com o animal e se existe alguma condição que inviabilize esta atividade, como:
• alergia a pelos de animais;
• feridas abertas ou queimaduras;
• traqueostomia aberta;
• imunossupressão;
• agitação ou agressividade;
• presença de precauções específicas: durante o contato, gotículas, aéreas;
• pavor de animais;
• pacientes com tuberculose, salmonelose, shiguelose, infecção por Campylobacter spp, Streptococcus do grupo A, Staphylococcus aureus meticilino resistente, Tinha, Giardia e Amebíase;
• pacientes esplenectomizados pela sua maior susceptibilidade em desenvolver sepse por Capnocytophaga canimorsus, normalmente encontrado em saliva de cachorros e gatos;
• não permitir visitas em unidades críticas (como, por exemplo, terapia intensiva, unidades de transplante, centro cirúrgico, etc) ou em áreas de preparo ou armazenamento de alimentos e medicamentos.

Maria Fátima dos Santos Cardoso1
, Fernando Gatti de Menezes2
Luci Corrêa3
, Paulo de Tarso Lima4
, Rita de Cássia Grotto5
1) Enfermeira Especialista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital 
Israelita Albert Einstein; 2) Médico do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do 
Hospital Israelita Albert Einstein; 3) Coordenadora médica do Serviço de Controle de 
Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein; 4) Médico coordenador do 
Serviço de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein; 5) Gerente do Serviço 
de Atendimento ao Cliente do Hospital Israelita Albert Einstein

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