sábado, 21 de novembro de 2015

Zoonoses alerta sobre prevenção contra a leishmaniose visceral canina



Profissionais da saúde devem ficar atentos a casos suspeitos.População também pode adotar ações preventivas no dia a dia.
 
A Divisão de Zoonoses da Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba faz um alerta sobre os locais com transmissão da leishmaniose visceral canina na cidade, para que os veterinários e demais profissionais da saúde fiquem atentos aos animais que apresentem os sinais da doença. O objetivo é a prevenção e, nesse sentido, o setor divulgou, nesta quinta-feira (19), um boletim epidemiológico sobre a leishmaniose, que traz detalhes, inclusive, quanto à importância da notificação de casos e dicas de como a população também pode evitar a doença.

Sorocaba não possui casos autóctones de Leishmaniose Visceral em humanos, apesar disso é considerado município “Silencioso Receptível Vulnerável” para a doença, conforme último boletim Epidemiológico Paulista, uma vez que há registros de casos autóctones de leishmaniose visceral em cães. “É uma doença lenta. Provavelmente soltaremos um boletim a cada quatro meses. A notificação dos casos é importante para se realizar a vigilância da doença na cidade, identificar os locais de transmissão com antecedência, e nortear as ações de prevenção e controle”, aponta a médica veterinária Thaís Buti, da Divisão de Zoonoses da SES.

A leishmaniose visceral é uma infecção ocasionada por um protozoário do gênero Leishmania, transmitida pelo mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), inseto que mede de 1 a 3 milímetros de comprimento, tem o corpo revestido por pelos e é de coloração clara (castanho claro ou cor de palha). É reconhecido pelo seu comportamento de voar em pequenos saltos e pousar com as asas entreabertas. São hematófagos, ou seja, alimentam-se de sangue, sendo que em áreas urbanas o cão parece ser a principal fonte de alimentação no ambiente doméstico.

Casos
Em 2014, foram dezesseis notificações de casos suspeitos, com doze animais positivos (06 autóctones, 04 importados, 01 de local provável de infecção indeterminado e 01 de animal que não pertencia ao município de Sorocaba). Em 2015, até o dia 6 de novembro, foram registradas em Sorocaba 52 notificações, das quais vinte deram resultado sorológico positivo (17 autóctones e 03 importados). Cinco animais apresentaram resultados sorológicos inconclusivos.

Detalhe é que 23 notificações este ano na cidade são relativas a animais identificados no primeiro semestre numa única residência, sendo que onze deles tinham a leishmaniose visceral canina. Por esse motivo, foi realizado Inquérito Sorológico Amostral Canino na região de abrangência da Unidade Básica de Brigadeiro Tobias, área onde está localizado o referido imóvel. Foram coletadas 520 amostras de sangue de cães e oito apresentaram resultado sorológico positivo.

Levando em consideração as ocorrências identificadas de 2012 a 2015, os casos autóctones estão concentrados em duas regiões da cidade. Uma delas é a de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Haro, em bairros como Jardim Bandeirantes, Jardim do Sol, Jardim das Estrelas, Parque Três Meninos, Jardim Moncayo, Rancho Dirce e Jardim Gonçalves. A outra é a região da UBS Brigadeiro Tobias, nos bairros Brigadeiro Tobias, Vila Tupã, Vila Astúrias, Inhaíba, Genebra e Caputera.

Prevenção
A veterinária da Divisão de Zoonoses recomenda que a população deve ficar atenta aos locais de transmissão em cães e realizar as medidas preventivas individuais. Para evitar a proliferação do mosquito transmissor, faz-se necessário o manejo ambiental, que consiste na poda de árvores, eliminação de matéria orgânica do solo (folhas caídas, frutos, fezes de animais) e de vegetação nas propriedades, sobretudo, em quintais, jardins e terrenos baldios, bem como capinação desses locais. Umidade e o sombreamento são características propícias à proliferação do mosquito palha.

Outras medidas que podem ser tomadas em casa são o uso de mosquiteiro com malha fina, telamento de portas e janelas e uso de repelentes. Tais ações são recomendadas pelo Ministério da Saúde, inclusive, no caso de canis residenciais e, principalmente, pet shops, clínicas veterinárias, abrigos de animais e hospitais veterinários, com objetivo de evitar a entrada do mosquito. A utilização de coleiras impregnadas com produto repelente pode ser usada como medida de proteção individual para os cães contra picadas, devendo ser utilizada ininterruptamente e trocada periodicamente, conforme orientação do fabricante.

Sintomas e notificações
Os principais sintomas da leishmaniose visceral canina são febre irregular, apatia, emagrecimento, descamação e úlceras na pele, ceratoconjuntivite, coriza, paresia dos membros posteriores, diarreia, fezes sanguinolentas, vômitos, anemia e crescimento exagerado das unhas. Não são raros longos períodos de remissão, seguidos pelo reaparecimento da doença. Frequentemente, a infecção progride lentamente para a morte.

“O munícipe que identificar os sinais da doença em seus cães deverá procurar um veterinário para o diagnóstico correto, pois é uma doença com sinais inespecíficos, podendo ser confundida com diversas outras enfermidades”, complementa Thaís Buti. Daí a necessidade, diante de casos suspeitos, de os profissionais veterinários entrarem em contato com a Divisão de Zoonoses para o preenchimento da Ficha de Notificação e Investigação de Cão com Suspeita de Leishmaniose Visceral Americana e Registro de Exame Laboratorial, além do envio de amostras biológicas para o diagnóstico laboratorial, conforme preconizado pelo Instituto Adolfo Lutz.

A Zoonoses informa que existe vacina comercial, porém não há a constatação de seu custo-benefício e efetividade para o controle de reservatório da leishmaniose visceral canina em programas de saúde pública. “Porém, os cães positivos têm que ser eutanasiados, de acordo com o determinado pelo Ministério da Saúde”, finaliza a veterinária. O objetivo das notificações é nortear as ações de vigilância, prevenção e controle da doença pelo poder público.
Fonte:





Nenhum comentário:

Postar um comentário