Apresentação de Brito Cruz no seminário realizado pela Investe São Paulo, agência de promoção de investimentos ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (foto: Diego Freire/FAPESP)
A FAPESP participou, na quarta-feira (12/08), do Seminário Propostas do Estado de São Paulo para Inovar a Saúde no Brasil, realizado pela Investe São Paulo – Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
O seminário reuniu representantes do poder público e da iniciativa privada, entidades ligadas à saúde e especialistas para discutir o desenvolvimento do setor no Estado e nacionalmente.
“O desenvolvimento de São Paulo também é o do Brasil. Esse seminário inaugura uma nova forma de proatividade da Investe São Paulo, responsável pela atração de investimentos para o Estado, ao reunir representantes de todas as frentes da saúde e engajá-las na busca de novos caminhos para o desenvolvimento desse setor de extrema importância e com potenciais locais diversos”, disse Márcio França, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Parte desse potencial foi apresentada na ocasião por Juan Quirós, presidente da Investe São Paulo, que falou de estratégias adotadas pela agência para explorá-los.
“Entre 2013 e 2014, a indústria farmacêutica brasileira cresceu 14%, com faturamento de R$ 64,4 bilhões”, ele afirmou, citando dados da norte-americana IMS Health. “Na área da saúde, o mercado de equipamentos médico-hospitalares é o maior da América Latina, estimado em R$ 19,6 bilhões em 2014, e analistas esperam uma taxa de crescimento de 8,2% ao ano até 2019. Também o mercado farmacêutico no Brasil deve crescer – segundo especialistas, entre 7% e 10% ao ano até 2020.”
De acordo com Quirós, uma das estratégias é viabilizar investimentos na cadeia produtiva do setor privado, como o de máquinas e equipamentos médicos e hospitalares, serviços, insumos e fármacos, contribuindo para consolidar a liderança do Estado no setor.
“É preciso cada vez mais identificar e remover os entraves que comprometem a competitividade dessa cadeia, propondo medidas para promover o aumento da produtividade das empresas e melhorar o desempenho exportador dos produtos paulistas.”
Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, apontou o investimento no conhecimento científico na área da saúde como importante estratégia de desenvolvimento do setor.
““A FAPESP contribuiu para a criação de, e ajuda a manter, um sistema de promoção de conhecimento e de formação de pessoas na saúde que faz do Estado de São Paulo o maior polo científico na área ao sul da Linha do Equador””, afirmou.
Brito Cruz destacou iniciativas da FAPESP que contribuem com o desenvolvimento desse sistema por meio do apoio à inovação na área da saúde – entre elas, o Structural Genomics Consortium (SGC), cujo objetivo é acelerar o avanço da ciência básica para novos fármacos por meio de uma parceria entre academia, governos e indústria farmacêutica.
“Trata-se de um programa em associação com a University of Toronto, do Canadá, a University of Oxford, do Reino Unido, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e 10 das maiores companhias farmacêuticas do mundo que já ajudaram a descrever a estrutura de mais de 1.500 proteínas, com implicações para o desenvolvimento de terapias contra câncer, diabetes, obesidade e transtornos psiquiátricos”, contou.
Em 2015, o SGC passou a contar com uma equipe de pesquisadores brasileiros, reunidos no Centro de Biologia e Química de Proteínas Quinases, na Unicamp. O grupo tem apoio da FAPESP por meio do programa Parceria para a Inovação Tecnológica(PITE).
Também mereceram atenção dois centros de pesquisa financiados pela FAPESP com a Glaxo SmithKline Brasil (GSK), um para produção de insumos para a indústria farmacêutica com baixa emissão de carbono e outro para descobrir novas moléculas que possam ser exploradas com o objetivo de produção de fármacos, e o programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), voltado para o investimento em inovação em pequenas empresas.
“Cerca de 25% dos investimentos do PIPE têm relação com a área da saúde. No ano passado foram aprovados, em média, três projetos por semana, e todo ano são lançados quatro editais para novas solicitações de investimento”, disse.
Para Quirós, os parques tecnológicos também têm papel importante nesse cenário.
“É preciso reforçar a estratégia de atração de novos centros de pesquisa e desenvolvimento em saúde, promovendo os parques tecnológicos com vocação no segmento e potencializando seu desenvolvimento via atração de investimentos e oportunidades para empresas inovadoras”, afirmou.
São Paulo tem nove parques tecnológicos com atividades ligadas à área da saúde, localizados nos municípios de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, São Carlos, Botucatu, Campinas, São José dos Campos e na capital.
Novas oportunidades
Os participantes do seminário trataram também das novas oportunidades de avanços na saúde surgidas com a recente abertura do setor ao investimento de capital estrangeiro. Em 20 de janeiro, a Lei 13.097 autorizou os investimentos estrangeiros em diversos setores, como hospitais, clínicas e laboratórios de análises clínicas e diagnósticos, entre outros.
“Essa abertura trouxe grandes oportunidades para o setor da saúde. Com ela, cria-se um novo cenário de fusões, aquisições e parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras e é possibilitado o ingresso de novas tecnologias de gestão e práticas oriundas de outros países, por exemplo, em processos, treinamento e recursos humanos”, disse Quirós.
Também a participação das organizações sociais (OS) no setor foi alvo de medidas legais no primeiro semestre, lembrou Márcio França.
“As OS constituem instrumento essencial para a gestão e o controle do sistema de saúde, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril. Elas devem também cumprir o papel de indutoras de investimentos em gestão e inovação tecnológica aplicada, promovendo a transformação da saúde pública.”
“A Investe SP está à disposição das OS para identificar oportunidades de investimentos que possam contribuir para melhorar seu desempenho”, afirmou Quirós.
O presidente da Investe São Paulo ponderou, no entanto, as dificuldades que ainda se impõem ao desenvolvimento da área da saúde, em especial na gestão dos serviços, como uma defasagem na sua modernização.
“A informatização na saúde ainda é incipiente no país, bastante focada nas áreas administrativas e financeiras. Devemos avançar mais na estratégia de planejamento e controle. Uma oportunidade é o investimento em automação nas esferas clínica e assistencial, com prescrições e prontuários eletrônicos, entre outras tecnologias. Também é preciso avançar em sistemas inovadores de gestão para controlar metas e resultados.”
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