terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Prevenção contra a displasia coxofemural (do quadril) em cães


Uma doença incurável que, em alto grau de degeneração, deixa o animal prostrado. Assim é a displasia coxofemural, uma das enfermidades mais temidas por criadores de cães. Trata-se de uma síndrome multifatorial que compromete as articulações entre os ossos do quadril e o fêmur.

Geralmente manifesta-se em raças puras de grande porte, tais como Pastor Alemão, Rottweiler, Golden Retriever, Labrador e Boxer. Mas também em cães de médio porte como Poodle, Beagle e Coker, e até em gatos, conforme a radiologista veterinária, Iraína Mota Campos. O conhecimento e a prevenção são as medidas mais eficazes para livrar o cão das dores e da manqueira ocasionadas pela doença.

Iraína Mota explica que a displasia coxofemural pode ser adquirida ou congênita. No primeiro caso, o animal nasce normal, mas manejos errados provocam alterações ou lesões na junção do fêmur com o quadril. A veterinária observa que está se tornando muito comum os casos adquiridos.

Cada vez mais as pessoas criam raças grandes em apartamento, com pisos lisos, o que contribui para o tipo de lesão. O cão fica o tempo todo buscando se firmar em pé sobre cerâmicas ou porcelanatos, forçando as articulações traseiras.

O frequente estresse provoca a displasia. Ela explica que, mesmo o animal mantendo uma rotina diária de passeios e exercícios, ao retornar para casa encontra o ambiente desfavorável para se movimentar.

Posse responsável

No caso congênito, o filhote já nasce com a enfermidade. Aqui entra a responsabilidade do criador. Não é recomendável colocar para reprodução animais que apresentam a displasia, pois aumentam as chances do filhote nascer doente. "Não se deve acasalar cães com combinação de genes aptos para causar a doença.

Cães com pais portadores de displasia terão maior probabilidade de desenvolver a enfermidade, mas esta doença também pode surgir em filhotes de pais livres de displasia", afirma a veterinária. Conforme avalia, o melhor método de controle é a seleção de animais para o cruzamento.

"Cabe aos criadores um controle radiográfico, evitando dessa forma o cruzamento de animais displásicos. As pessoas devem ter a consciência de que, ao comprar um filhote, devem exigir o laudo radiográfico da displasia do pai e da mãe. Um dos dois deve ser isento da doença, pois isso dará mais segurança, e a chance de adquirir um filhote displásico será menor. Porém, mesmo o pai ou a mãe sendo livres da doença, ainda tem chance de 30% da ninhada ser displásica", atesta ela.

A doença se classifica em cinco graus, chegando até a alto grau de degeneração das articulações, formando quadro de artrose. Iraína Mota observa que a artrose tanto pode se dar na fase idosa, a partir de 8 a 10 anos, como no jovem de até menos de 1 ano de idade.

"Os tratamentos são apenas paliativos, pois não existe cura. A displasia não regride", afirma ela. Porém, admite que o tratamento pode estacionar a doença, proporcionando melhor qualidade de vida. Os mais comuns são a fisioterapia, com natação e caminhadas de baixo impacto, em terreno áspero ou areia frouxa, para fortalecer a musculatura sem forçar a articulação. Pode ser associado a medicamentos como protetores de cartilagem e anti-inflamatórios para a dor.

A veterinária aponta que também pode-se recorrer a cirurgias, para retirada da cabeça do fêmur (cefalectomia), que acaba com o atrito que causa as dores; ou secção do nervo da cabeça do fêmur, quando o cão para de sentir dor, mas a articulação continua se desgastando pelo uso.

"Outra forma é a cirurgia preventiva, simfisiodese púbica, método utilizado em cães muito jovens para que a pelve cresça de forma a criar uma articulação coxofemural mais firme. Estudos são feitos para avaliar se é seguro e eficiente", afirma ela. A prevenção é a medida mais acertada. Daí ela recomenda evitar a obesidade. No caso de cães que já são obesos, reduzir a ingestão de calorias para controlar o peso.

Exercícios
Os filhotes podem se exercitar a partir dos 3 meses, de forma moderada, com natação e caminhadas leves, para desenvolver a musculatura pélvica. Os exercícios pesados, como deixar o cão correr ao lado da bicicleta, ou de outros veículos, devem ser evitados, pois podem provocar não apenas a displasia como artroses.

Deve-se proporcionar um ambiente sempre favorável ao animal, não deixar o cão em pisos lisos. Filhotes recém-nascidos devem permanecer sobre uma superfície áspera, para evitar escorregões que forcem a articulação traseira.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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