Por iniciativa da Aliança Global para o Controle da Raiva (ARC), com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) é comemorado anualmente, em 28 de setembro, o Dia Mundial de Luta Contra a Raiva.
A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus que acomete mamíferos, inclusive o homem, e é transmitida principalmente por meio da mordida de animais infectados. Ela provoca a morte de cerca de 55 mil pessoas por ano no mundo, principalmente na Ásia e África (99,9%).
De acordo com informações do Ministério da Saúde (MS), em 2015 foram registrados dois casos de raiva em humanos em todo o país, um no estado do Mato Grosso do Sul e outro na Paraíba. Neste ano, houve um caso registrado em Roraima. Atualmente, o Brasil encontra-se próximo à eliminação da doença.
O médico veterinário tem papel fundamental na luta contra a Raiva. Ele atua na vigilância, prevenção e controle da enfermidade. A presidente da Comissão Nacional de Saúde Pública do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSP/CFMV), Sthenia Amora, explica que o sucesso das ações de combate e prevenção está também na integração dos profissionais que atuam junto à saúde pública, saúde ambiental e saúde animal, agricultura e meio ambiente.
“Os dados epidemiológicos não são apenas balizadores para a tomada de decisão dos métodos profiláticos a serem adotados, mas também norteiam as ações dos médicos veterinários no controle animal, com consequente bloqueio do foco”, relata Amora.
A presidente da CNSPV/CFMV orienta que qualquer informação suspeita sobre a Raiva nos animais ou em humanos, como relatos de mordeduras ou arranhaduras, o profissional deve contribuir com a Vigilância em Saúde do seu município. “O veterinário deve sugerir à pessoa que sofreu um agravo por algum animal (cão, gato, animais silvestres ou de produção) ou contato com morcegos, a procurar atendimento médico para a profilaxia antirrábica, conforme indicado pelo MS ”, diz.
Amora alerta que os médicos veterinários, por suas atividades ocupacionais, estão expostos ao risco da infecção pelo vírus da raiva; portanto, eles devem ser submetidos ao esquema de profilaxia, pré-exposição e ao controle sorológico periódico.
Vacina
O Ministério da Saúde envia anualmente, para todo o país, doses da vacina antirrábica canina para a realização de campanhas de imunização de cães e gatos, de acordo com as programações estaduais e municipais. O envio dessas doses ocorre conforme a solicitação dos estados e obedece a critérios de avaliação de risco epidemiológico – ou seja, casos notificados de raiva humana e raiva canina, áreas de difícil acesso na região amazônica e áreas de fronteira com a Bolívia.
As vacinas para humanos chegam aos estados uma vez ao mês. No entanto, o MS esclarece que a administração desta vacina só é recomendada em casos de acidente de pessoas com animais.
Dados da doença
Entre 2009 e 2013, foram registrados 2,9 milhões de atendimentos antirrábico humano, apresentando uma média de 591,8 mil ocorrências ao ano, conforme o último boletim epidemiológico que analisa o perfil desses atendimentos. A região sudeste foi a que teve maior número de notificações, com 1,1 milhão, seguida pela região nordeste, com 807,5 mil atendimentos.
No Brasil, já foram identificadas 7 variantes antigênicas: variantes 1 e 2, isoladas dos cães; variante 3, de morcego hematófago Desmodus rotundus; e variantes 4 e 6, de morcegos insetívoros Tadarida brasiliensis e Lasiurus cinereus. Outras duas variantes encontradas em Cerdocyon thous (cachorro do mato) e Callithrix jacchus(sagui de tufos brancos) não são compatíveis com o painel estabelecido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para estudos do vírus rábico nas Américas.
Somente mamíferos são capazes de transmitir a raiva, dos quais caninos e felinos são as principais fontes de infecção em áreas urbanas brasileiras. No ambiente silvestres, os morcegos são os principais responsáveis pela manutenção do ciclo da doença. Contudo, outros mamíferos, tais como raposas, cachorro do mato, gato do mato, marsupiais e primatas também possuem importância epidemiológico. Já no ambiente rural, a Raiva acomete primordialmente os animais de produção, como bovinos, equinos e outros.
O ciclo da Raiva inicia com a penetração do vírus no organismo e, a partir do ponto de inoculação, multiplica-se, atinge o sistema nervoso periférico e posteriormente, o sistema nervoso central. Em seguida, dissemina-se por diversos órgãos até atingir as glândulas salivares, onde além de se multiplicar, é eliminado na saliva, que ao contaminar outros mamíferos reinicia o ciclo.
Cabem aos clínicos médicos veterinários a suspeita; a notificação de casos suspeitos e envio de material (amostras de sistema nervoso central) aos serviços oficiais ou aos laboratórios de referência para diagnóstico; vacinação de animais; apoio na observação de animais promotores de agravos (quando for o caso); orientação aos tutores/proprietários sobre a enfermidade e medidas de prevenção.
Educar, vacinar, eliminar
Por ocasião do Dia Mundial de Combate à Raiva, a OMS, OIE e a FAO divulgaram um comunicado incentivando os países a acelerarem os esforços para combater a raiva em três etapas.
Educar, através da sensibilização das populações em situação de risco divulgando informações sobre a doença; Vacinar, através da implementação de vacinação em larga escala e garantir a pronta entrega de tratamento em casos de diagnóstico de raiva; Eliminar, visando um mundo livre de mortes de raiva humana transmitida por cães até 2030.
Acesse a arte e detalhes da campanha de combate à doença, clique aqui.
Fonte Assessoria de Comunicação CFMV
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