sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Uso racional de corticóides em clínicas de pequenos animais


O uso indiscriminado de corticóides em animais vem crescendo, isto deve-se em parte pelo uso errôneo por médicos veterinários e por proprietários, que sem cautela lançam mão deste poderoso antiinflamatório, sem levar em conta os efeitos colaterais e sem ter em mente que seu uso em certos casos age apenas como um paliativo que trata os efeitos e não a causa da doença.

Os corticóides são hormônios lipídicos derivados do colesterol que endogenamente são produzidos pelas glândulas supra renais ou adrenais, seus representantes são a hidrocortisona e a corticosterona, seu mecanismo de ação é o de interação com proteínas receptoras intracelulares especificas, que atuam regulando a expressão dos genes dos corticosteróides, fazendo com que ocorra alterações na disposição e nos níveis das proteínas sintetizadas pelos animais, por possuir alta lipossolubilidade conseguem atravessar membranas celulares e se ligar a receptores situados no núcleo das células e posteriormente se distribui em todos tecidos fazendo uma modificação gênica, possui rápida absorção em pele, trato gastrointestinal, e mucosas, sua biotransformação ocorre via hepática e sua excreção ocorre principalmente pela urina e em menor quantidade nas fezes.

O cortisol endógeno é essencial para o organismo, pois possui vários efeitos benéficos, atuam tanto na homeostasia, quanto em processos metabólicos lipídicos, protéicos e de carboidratos, possuem mecanismo de controle da secreção de acido clorídrico, ação imonossupressora e antiinflamatória e são mantenedores da função muscular.

Quando utilizamos o cortisol exógeno via medicamentos, provocamos uma interferência na produção deste hormônio, promovendo uma atrofia das glândulas supra renais a logo prazo podendo muitas vezes ser até irreversível.

Em medicina veterinária utiliza-se a corticoterapia em animais com doenças auto imunes, respiratórias, gastrointestinais, articulares, alérgicas, traumas, edemas cerebroespinhais, insuficiência da adrenal, em doenças de pele e em protocolos antineoplasicos. Sua potente eficiência paliativa e sua aplicação clínica imensa e ampla; faz com que o uso irracional por parte de muitos profissionais e proprietários seja comum e cada vez mais divulgada de modo empírico, levando o aparecimento de pacientes com problemas relacionados ao uso indiscriminado desta medicação.

Dentre os efeitos colaterais, podemos destacar:

- Letargia, fadiga e apatia
- Alteração em massa muscular
- Ação Hipergliceminante, predispondo o animal a Diabetes Mellitus
- Ação imunossupressora tornando os animais mais propensos e suscetíveis as infecções
- Diminui absorção de cálcio intestinal
- Pode levar o animal a síndrome de Cushing
- Promove alterações hematológicas e bioquímica sérica
- Induz a cios irregulares
- Alopecia
- Aumento da sede, apetite e quantidade de urina excretada
- Diminui a síntese de colágeno, diminuindo a cicatrização

Em geral esta classe famacologica é empregada: -quando se precisa de um antiinflamatório potente visto que sua ação é bem superior aos antiinflamatórios não esteroidais, agem inibindo os mediadores da cascata pró inflamatórios (A2 e COX2); - quando precisa-se de uma forte broncodilatação, inibem a formação de leucotrienos aumentando a sensibilidade de receptores beta2 adrenérgico e diminuindo a sensibilidade dos receptores muscarínicos M3 frente a acetilcolina; - quando se necessita de um bom efeito anti alérgico, faz com que sua ação iniba a liberação de histamina dos mastócitos.

Quando se optar pelo uso, este deve ser racional e cauteloso, em casos de tratamentos prolongados (mais de 15 dias) deve-se optar por utilizar a menor dose possível, e espaçar o maximo os intervalos, entre doses, preferir medicamentos orais, e os que possuem sua metabolização em 24 horas, pois com isso espera-se um efeito menos danoso sobre a produção de cortisol endógeno, liberando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal para ele produza sua própria cortisona, e quando chagar o termino do tratamento fazer este de forma gradual e lenta chamada de desmame a fim de se evitar os sintomas do hipocortisolismo. É contra-indicados em casos de gravidez, ulceras estomacais, osteoporoses, tuberculoses, pós-cirurgias.

O corticóide é um importante aliado na terapêutica de pequenos animais, frente ao que foi exposto, os médicos veterinários devem tomar alguns cuidados, pois embora a efetividade seja uma boa realidade os efeitos colaterais são danosos, e sempre que optar pelo uso o acompanhamentos deve ser constante até melhora do paciente. 


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