Certamente não é todo dia que você encontra um peru sentado junto aos passageiros de um avião, mas esta é uma cena que pode se tornar cada vez mais comum.
Pelo menos nos Estados Unidos, onde a lei permite que pessoas viagem com bichos após prescrição médica.
Conhecidos como animais de terapia ou animais de apoio emocional, eles ajudam as pessoas a lidar melhor com estresse ou problemas ligados a saúde mental.
A companhia destes animais geralmente é prescrita por profissionais do setor de saúde (um terapeuta, por exemplo) para pessoas com problemas emocionais ou psiquiátricos, segundo o Serviço de Registros Nacional de Animais de Serviço, com base nos Estados Unidos.
Entre os animais mais comuns usados para esse fim estão cães, gatos, coelhos, pássaros, porcos e ouriços - existem Estados que restringem as espécies permitidas.
No entanto, nem todos gostam da ideia.
Na rede social Reddit, a foto de um peru em meio às poltronas de um avião, postada por biggestlittlepickle, gerou cerca de 1,7 mil comentários, muitos deles críticos.
"Isto é o que eu ganho quando rezo para não ter bebês no voo...", afirmou um usuário.
"Está ficando ridículo", escreveu outro.
"Francamente, quem tem um peru como bicho de estimação precisa de terapia", comentou um terceiro.
Páscoa
O peru causador da discórdia é uma fêmea de nome Easter, ou Páscoa em português. Ela viajava com a dona, Jodie Smalley, da cidade americana de Seattle para Salt Lake City. Image caption Dona equipou perua 'Easter' com uma fralda para acompanhá-la em voo de uma hora e meia (Foto: Jodie Smalley)
"Ter Easter comigo foi uma fonte de positividade. Eu poderia me concentrar nela se minhas emoções ficassem pesadas demais", disse Smalley.
"O voo que pegamos tinha apenas uma hora e meia de duração. Durante o voo ela ficou quieta e bem comportada. Ela estava usando uma fralda (que comprei) de um site especializado em fraldas para aves e funcionou muito bem!"
Smalley enfrentou, recentemente, situações difíceis: uma separação e uma morte na família. Ela passou por dificuldades mentais e emocionais, e Easter se transformou em uma fonte de consolo.
"Amigos encontraram Easter quando ela ainda era um filhote e a trouxeram para minha vida em um momento emocionalmente difícil", disse.
"(Enquanto eu) Estava em um ambiente tóxico, ela era algo que eu podia cuidar e amar. Passar um momento com ela, com sua atitude calma, dar afeição a ela é um momento de paz e meditação", afirmou.
"Com certeza tive dias mais difíceis e, não importava o que acontecia, Easter sempre me fez sorrir e rir", acrescentou.
Canguru e porco
Apesar dos comentários negativos acima, a maioria dos internautas nas redes sociais viram o bicho de estimação de Jodie Smalley no avião com bons olhos.
Mas, em junho de 2015, as autoridades do Estado americano de Wisconsin mudaram as regras para o uso de animais de terapia depois que uma mulher entrou em uma lanchonete de uma rede de fast food com um filhote de canguru.
A mulher alegou que o canguru era um animal de apoio emocional, mas as autoridades determinaram que apenas dois animais poderiam ser "terapêuticos": cachorros ou cavalos miniatura (ou mini cavalos).
Em novembro de 2014 uma mulher foi retirada de um voo da US Airways quando seu animal de apoio emocional, um porco, defecou e fez barulhos dentro do avião pouco antes da decolagem. Image caption Jodie Smalley afirmou que Easter a ajudou em um período de separação e luto (Foto: Jodie Smalley)
Já foi alegado que as pessoas estão abusando das leis nos Estados Unidos para levar seus animais de estimação em voos.
Em um artigo para o jornal New York Post, a articulista Charlotte Hays encara o mérito destes animais de uma forma mais cínica.
"Levar bichos de estimação onde eles legitimamente não são desejados é um exercício de egoísmo ou exibicionismo. Se você não pode ir sem o bicho, não vá."
Ajuda real?
Muitos se perguntam se animais de terapia realmente podem ajudar em questões de saúde mental.
Segundo Jodie Smalley, Easter a ajudou no momento mais difícil de sua vida.
"Easter é uma distração agradável, uma fonte de amor e afeição. No último ano e meio eu perdi a esperança, estabilidade, uma casa, um casamento, a família dos meus sogros e meu marido."
"Fico alegre ao ver a surpresa que ela causa em outras pessoas", afirmou.
"Uma das maiores vitórias na vida é inspirar outras pessoas e, para mim, Easter é uma embaixadora da inspiração."
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