Tecnologia embarcada em máquinas e equipamentos agregam valor aos produtos e otimizam o trabalho no campo (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
Tecnologia embarcada em máquinas e equipamentos agregam valor aos produtos e otimizam o trabalho no campo (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo) |
O uso de tecnologias de agricultura de precisão como GPS, monitores de colheita equipamentos para aplicação variada de sementes, água e fertilizantes é algo cada vez mais comum no País. Além de sua utilidade direta em permitir a automação e o controle mais preciso das operações no campo, esse tipo de tecnologia tem um outro efeito, talvez ainda mais importante: a geração de dados precisos sobre cada operação realizada desde o plantio até a colheita, em cada ponto de uma propriedade rural.
Esses portais permitem o acompanhamento remoto das operações no campo, geralmente com a visualização dos valores medidos e da localização de equipamentos na forma de mapas. Outras fontes de informação como imagens e medições feitas por câmeras e sensores em satélites, no solo, ou em veículos aéreos não tripulados (VANTs), além de dados meteorológicos locais, começam também a ser utilizadas e visualizadas nesse tipo de portal.Com a maior disponibilidade de acesso à Internet em áreas rurais do Brasil, esses dados começam a ser transmitidos automaticamente dos equipamentos até a “nuvem”, ou seja, computadores acessíveis pelos agricultores remotamente por meio de websites conhecidos como portais de telemetria.
A coleta e a integração de todos esses dados aliadas a técnicas avançadas de análise de dados e modelagem computacional, torna possível a criação de modelos cada vez mais detalhados e capazes de simular com exatidão o que acontece no campo.
Essas simulações, sendo executadas na “nuvem”, podem ser utilizadas para gerar automaticamente diversos tipos de recomendações que vão desde a seleção das sementes, criação de mapas de aplicação e irrigação a taxas variadas até a determinação do momento mais adequado para a colheita.
A promessa é que essa “agricultura digital” aumente a produtividade agrícola e ao mesmo tempo diminua o uso de água e de fertilizantes, evitando desperdícios.
Experiência de sucesso
Um exemplo de sucesso da agricultura digital foi uma parceria da IBM Research com a vinícola E & J Gallo, na Califórnia (EUA), a maior exportadora de vinhos californianos.
Os produtores notaram que a irrigação e a fertilização uniformes não produziam uvas de boa qualidade por causa das características variadas do solo. Por meio do uso de sensores de umidade, temperatura e radiação, além de imagens de satélite, foi desenvolvido um sistema para fazer recomendações em tempo real para cada planta, diretamente controlando as linhas de irrigação e fertilização por gotejamento.
O resultado do uso desse sistema integrado foi um aumento de 23% na produção de uvas com uma redução de 20% no uso de água, sem comprometimento da qualidade das uvas.
Estima-se que a agricultura digital possa trazer benefícios similares para diversas outras culturas. A Federação dos Agricultores Norte-Americanos (em inglês, American Farmers Bureau Federation) prevê um aumento médio de 13% na produtividade e redução de 15% dos custos.
Gigantes do ramo como Monsanto, John Deere & Co., Dupont e BASF já perceberam o potencial da agricultura digital e estão investindo pesadamente nesse tipo de solução como forma de agregar valor aos seus produtos e serviços.
Fabricantes de equipamentos agrícolas têm uma certa vantagem por terem acesso direto aos dados gerados por seus equipamentos. Por outro lado, os produtores de sementes e fertilizantes tem um grande incentivo de fazer com que seus produtos tragam bons resultados ao agricultor, através de recomendações mais adequadas às necessidades dele e, por isso, muitas vezes oferecem recomendações em troca de dados. Dessa forma, eles passam a ter acesso a dados de inúmeras fazendas, o que dá ainda mais subsídio aos seus sistemas de recomendação.
Percebendo o valor dos dados e preocupadas com a sua privacidade, as cooperativas e associações de agricultores nos EUA, como a Iowa Farm Bureau e a Flint River Partnership, estão começando a discutir o assunto, tentando influenciar as regulamentações sobre uso dos dados agrícolas por terceiros, além de desenvolver suas próprias soluções de agricultura digital.
Nesse cenário também surgem empresas especializadas somente em agricultura digital que oferecem serviços aos agricultores, desde a coleta de dados usando VANTs até previsões meteorológicas mais precisas e adequadas às suas necessidades.
A agricultura digital é uma nova maneira de olhar para o negócio no campo em fazendas de todos os tamanhos, desde as das grandes empresas até a do pequeno produtor. A revisão da automatização de processos por meio de tecnologias cada vez mais acessíveis a todos, melhora a produtividade e reduz desperdícios agregando mais valor ao produto final.
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