domingo, 20 de setembro de 2015

Conheça mais sobre os Streptococcus

O grupo de bactérias Streptococcus é bastante amplo e conta com cerca de 100 espécies diferentes. Algumas espécies são albergadas em cães e gatos, mas dificilmente desencadeiam qualquer doença nesses animais, assim como algumas espécies são comuns para o ser humano, mas podem causar doenças nos animais que não seu reservatório natural. Fora do hospedeiro o Streptococcus sobrevive por pouco tempo, sendo uma bactéria frágil.

É comum ouvir o termo Enterococcus. Os Enterococcus nada mais são do que Streptococcus entéricos, que são encontrados no intestino de animais e humanos. Quando comparado ao Streptococcus esse gênero apresenta algumas diferenças: toleram sais biliares e parte dos Enterococcus isolados é móvel. Esse grupo pode ser considerado como patógenos oportunistas.

Cada grupo de Streptococcus possui um nível de virulência, pois essa capacidade depende de uma série de fatores, como tipo de hemólise que a bactéria é capaz de causar, presença de determinas proteínas, enzimas e cápsula conferindo resistência à bactéria.

Além de tudo, nem toda bactéria estreptocócica é causadora de zoonose, algumas só afetam animais, outras afetam apenas humanos, enquanto outras afetam ambas as espécies, de forma similar ou diferente.

Streptococcus do grupo A – S. pyogenes

O S. pyogenes é uma bactéria que afeta principalmente os seres humanos, sendo um patógeno comum para crianças, no entanto pode causar amidalite (tonsilite) em cães de forma eventual. Essa bactéria pode também infectar bovinos através de humanos e voltar a infectar humanos através do leite.

Pode também causar Impetigo, sendo mais comum em humanos do que em animais, especialmente em filhotes de cachorros, nos quais a doença é causada mais comumente por estafilococos. 

Streptococcus do grupo B – S. agalactiae

Esse grupo é composto exclusivamente pelo S. agalactiae e apresenta diferenças nas infecções causadas em animais e em humanos. Por algum tempo cientistas tentaram separar essa bactéria em diferentes linhagens por causa das diferenças bacteriológicas das infecções, no entanto tudo leva a crer que se trata de uma única espécie.

A S. agalactiae atinge principalmente bovinos e animais da família dos camelos, causando mastites, sendo mais raras infecções em animais como peixes, hamsters, gatos e cachorros. Ela se mostra importante para recém-nascidos, tanto humanos como em cães, sendo causadora de meningite e septicemia nesse grupo.

Em humanos a S. agalactiae se apresenta no trato geniturinário e gastrointestinal. Nos cães é causadora de endocardite e eczema. 

Streptococcus do grupo G - S. canis

A S. canis já foi isolada em caninos, felinos e bovinos, entre outros animais. Geralmente se encontra no trato respiratório superior e no aparelho genital dos animais.

Em cães é causadora de diversos tipos de infecção, como otites externas, infecções de pele, faringites, amidalites, infecções genitais, urinárias, respiratórias, abortos e em alguns casos endocardite. A ocorrência da síndrome do choque tóxico por S. canis ou septicemia é considerada incomum.

Em gatos o S. canis se apresenta principalmente na vagina de fêmeas jovens, mas pode ficar albergado nas amígdalas, prepúcio e faringe. A infecção ocorre em todas as faixas, mas é mais comum em animais com menos de duas semanas. Nesses gatinhos mais jovens a grande ocorrência de septicemia com morte súbita. Nos gatos que tem idade de 3 a 7 meses costumam ter linfadenite cervical, decorrente de uma faringite o amidalite.
Enterococcus

Infecções do trato urinário são mais comuns em animais de estimação jovens, mas podem ocorrer em qualquer período da vida do pet. Estima-se que 14% dos cães vai apresentar a doença em alguma fase da vida. Em gatos as ITUs são menos frequentes, porém em gatos idosos mais da metade deles vão apresentar ITU decorrente de infecção estreptocócica ou outra infecção bacterina.

Parte das ITUs (infecção do trato urinário) é causada pelos Enterococcus, entre outras bactérias, muitas vezes ocorrendo mais de uma em cada infecção. Ao contrário dos seres humanos, essas infecções não apresentam sintomas e são descobertas por acaso. Quando não tratada elas podem causar uma série de sequelas como disfunção urinária, problemas de fertilidades, problemas na próstata, septicemia, entre outras, com eventual falha renal.


Pneumococos – S. Pneumoniae

O grupo de bactérias S. Pneumoniae são amplamente conhecidas como Pneumococos. Esse grupo causa diversas doenças e leva a óbito milhares de pessoas todos os anos não apenas no Brasil como no mundo todo.

A doença pneumocócica (DP) mais comum é a pneumonia. No entanto as DP’s se apresentam em dois tipos: Invasivas, ou seja, que entram na corrente sanguínea ou em locais que comumente são estéreis no animal ou pessoa infectada e não invasivas. Por causa dessa variedade, as DP’s apresentam sintomas e gravidade variados de acordo com o local que infectou, além disso, alguns pneumococos são considerados resistentes à terapia com antibióticos.

A infecção pelo S. Pneumoniae não é muito diferente das de outros Streptococcus, se dando principalmente pelo ar através da liberação de gotículas de saliva ou espirros. Conheça abaixo algumas das doenças causadas pelos Pneumococos de forma invasiva:
Septicemia e bacteremia é a presença do patógeno no sangue. A bacteremia é a presença da bactéria que entrou na corrente sanguínea de forma primária, ou seja, direta ou de forma secundária, decorrente de uma infecção. Já a Septicemia é um processo inflamatório, com intensa multiplicação bacteriana, muitas vezes com liberação de toxinas pelas bactérias, agravando o quadro;
Meningite é um processo infeccioso que ocorre quando o Streptococcus atinge a membrana que recobre o cérebro e a medula espinhal, muito comum em humanos, geralmente causa febre e rigidez na região do pescoço e da nuca;
Artrite ocorre quando há presença de processo infeccioso ou inflamatório na articulação;
Pericardite acontece quando o processo infeccioso está na membrana serosa que envolve o coração externamente, o pericárdio.

Existem também as Doenças Pneumocócicas não invasivas:
  • Otite média aguda, como o nome sugere, a infecção atinge a porção média do ouvido;
  • Pneumonia causa pelo Streptococcus, nos cães a doença tem como sintoma mais frequente a dispneia ou dificuldade de respirar, com respirações rápidas e superficiais, com febre e muitas vezes com cianose, cor cinza ou azulada causada pela falta de oxigênio, nas gengivas, língua e lábios;
  • Bronquite, doença que muitas vezes ocorre devido à presença do Pneumococo ou outro patógeno, levando a inflamação da mucosa da traqueia e dos brônquios;
  • Conjuntive que é o processo infeccioso na conjuntiva, parte transparente que reveste a superfície ocular.

A Síndrome do choque tóxico

Essa doença é rara, no entanto apresenta um grande potencial de levar a pessoa ou animal acometido a óbito. A Síndrome é causada pelas toxinas de bactérias variadas, dependendo da situação. Frequentemente a Síndrome do choque tóxico causada por Streptococcus é chamada como Síndrome do choque tóxico estreptocócica, sendo causada principalmente pelo S. pyogenes.

A Síndrome ocorre geralmente através de faringe, vagina – principalmente em humanos pelo uso de absorvente interno - ou traumas na pele como queimaduras e cortes.

A doença atinge diversos órgãos, com lesão hepática, renal e/ou muscular frequente, além de levar a anemia. Febre, cansaço, diarreia, vômitos e erupções cutâneas também estão entres os sintomas da Síndrome. Geralmente os órgãos se recuperam por completo após o término da doença e da infecção estreptocócica.


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