domingo, 6 de setembro de 2015

Como seria o mundo animal se os humanos não existissem? Veja

PESQUISA
Vanessa Barbosa - EXAME.com - 01/09/2015


David Dennis/FlickrDiversidade: se o homem nunca tivesse existido, a Terra inteira se pareceria com Serengeti, região que abriga a maior migração de mamíferos

Você já ouviu falar de Serengeti? A região no norte da Tanzânia abriga a maior migração de mamíferos do Planeta e é uma das maravilhas naturais do mundo. Pois acredite: se o homem moderno (Homo sapiens) nunca tivesse existido, a Terra inteira se pareceria com Serengeti.

É o que sugere um novo estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, recentemente publicado no periódico científico "Diversity and Distributions" e que apresenta um mapa de como seria o mundo dos mamíferos sem a "interferência humana".

A maior parte do norte da Europa, por exemplo, não seria apenas lar de lobos, alces e ursos, mas também de animais como elefantes e rinocerontes.

Segundo a pesquisa, o fato da maior diversidade de mamíferos de grande porte ser encontrada na África é, em grande medida, um reflexo das atividades humanas passadas, além, claro, das restrições ambientais e climáticas.

Para realizar essa projeção, os pesquisadores se basearam em estimativas de distribuição natural de cada espécie de acordo com a sua ecologia, biogeografia e condições ambientais correntes.

Universidade de Aarhus

Mapa sem o homem: maior variação do número de mamíferos de grande porte (45 kg ou maiores ) no planeta. Quanto mais vermelho, maior a diversidade.




Universidade de Aarhus

Mapa atual: figura mostra a distribuição dos grandes mamíferos nos dias de hoje, sob impacto da presença dos seres humanos.

Impossível não se surpreender com o contraste. O mapa do mundo da diversidade de mamíferos atual mostra que a África é praticamente o único lugar com maior presença de diferentes espécies de mamíferos de grande porte. 

No entanto, o mapa do mundo "construído" pelos pesquisadores mostra uma distribuição bem maior dos mamíferos (as cores em vermelho no mapa indicam maior diversidade), com níveis particularmente altos nos países do hemisfériio norte e também na América do Sul, áreas relativamente pobres nesse quesito atualmente.

Segundo os cientistas, a existência de muitas espécies de mamíferos da África não se deve, portanto, ao fato dos animais buscarem um clima e ambiente ideais, mas porque é o único lugar onde eles ainda não foram erradicados pelos seres humanos.

A pesquisa também vai de encontro a outro pressuposto comum: de que a grande presença de espécies de mamiferos em áreas montanhosas seria uma consequência de variações ambientais:

"O atual nível elevado de biodiversidade em áreas montanhosas deve-se, em parte, ao fato de que as montanhas têm servido de refúgio para espécies em relação à caça e destruição do habitat, ao invés de ser um padrão puramente natural", explica Soren Faurby, um dos pesquisadores.

Ele cita o exemplo do urso marrom na Europa, que "agora praticamente só vive em regiões montanhosas, porque foi exterminado das áreas de várzea, mais densamente povoadas e mais acessíveis".

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