sábado, 20 de junho de 2015

Estudo sobre receptores do paladar de gatos revela sensibilidade ao sabor amargo

Descoberta será utilizada para as novas formulações de alimentos e medicamentos (Foto: reprodução)

Os receptores gustativos dos felinos respondem de uma maneira única a compostos amargos em comparação com os seres humanos. Isso é o que revela um novo estudo publicado na BMC Neuroscience (confira detalhes do conteúdo e autores). Os cientistas imaginam que essa capacidade evoluiu devido à sua utilidade na prevenção de compostos tóxicos frequentemente encontrados em plantas. 

Todos os gatos, desde os bichanos que nós temos em casa até os tigres selvagens, são carnívoros que consomem pouco material vegetal. Os gatos domésticos podem ainda encontrar sabores amargos em outros alimentos e medicamentos.

Nós aplicamos nossa experiência em estudar as proteínas das membranas, tais como os receptores de sabor, para permitir este primeiro vislumbre de como os gatos domésticos percebem o sabor amargo em alimentos a nível molecular”, explica o co-autor do estudo, Joseph Rucker. Rucker e sua equipe estudaram o comportamento de dois receptores diferentes dos gatos para o gosto amargo – o TAS2R38 e o Tas2r43 – em experimentos celulares, investigando sua capacidade de resposta aos compostos, e comparando-os com as versões humanas destes receptores. 

“Ficamos surpresos ao ver que um dos receptores gustativos dos gatos respondeu a um leque mais limitado de compostos amargos em relação aos seres humanos, o que sugere que os gatos podem detectar um repertório mais estreio, ou pelo menos diferente, de compostos de gosto amargo”, afirma Rucker. Algumas pessoas têm variantes superdesenvolvidas do TAS2R38, um receptor de sabor amargo em humanos, que lhes dão uma extrema sensibilidade a esse compostos, explicando fortes aversões a alimentos como brócolis e couve de bruxelas. 

Uma das diferenças do paladar dos bichanos é a de ser insensível a sacarina, um adoçante artificial que tende a ter um sabor amargo em seres humanos. “É emocionante encontrar uma resposta inesperada como essa, que nunca foi descrita na literatura até o momento”, comemora a co-autora Nancy Rawson, da AFB International (EUA), uma empresa focada em alimentos para animais de estimação. 

“Estas percepções e descobertas serão de valor inestimável para a formulação de alimentos atraentes para os gatos, bem como para melhorar a aceitabilidade dos seus medicamentos”, aponta. 


(por Jéssica Maes)

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