quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Hipotireoidismo em Cães - Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento


Assim como em humanos, o hipotireoidismo é uma doença comum no mundo dos cães, e pode trazer diversas complicações para a saúde do seu pet

O hipotireoidismo é um problema bastante abordado nos dias de hoje, seja pela sua grande incidência em humanos como pela frequência em que acomete animais. Nos cães, apesar de contar com tratamentos eficientes e rápidos, esta doença ainda é causa de muito aborrecimento, já que seu diagnóstico nem sempre é simples e, até que seja descoberta a causa das mudanças de comportamento em seu pet, o problema já pode ter causado bastante complicações.

Assim como nos seres humanos, a glândula tireóide é responsável pela regulação de diversas funções do corpo dos cães (como o metabolismo) e, quando tem anormalidades funcionais ou estruturais, não exerce suas funções de maneira adequada e deixa de produzir a quantidade ideal de hormônios necessários para a boa saúde do pet, causando o hipotireoidismo.

Por ser a glândula tireóide a responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tetraiodotironina), um simples exame de sangue, em teoria, seria o suficiente para que o diagnóstico da doença fosse feito de maneira precisa. No entanto, muitos cachorros contam com uma quantidade muito baixa destes hormônios na sua circulação e, nesses casos, o animalzinho pode acabar ficando sem um diagnóstico correto por anos.

Tanto as causas quanto os sintomas que envolvem a ocorrência desta doença em cães são diversos e, infelizmente, não há maneiras de ajudar para que seu cãozinho fique previnido do problema. Entretanto, uma das razões que pode desencadear a doença é, justamente, a predisposição genética para o hipotireoidismo que algumas raças específicas têm, o que dificulta mais ainda a prevenção e o diagnóstico do problema.

Antes de prosseguirmos, é importante citar que o hipotireoidismo pode ser classificado em três categorias distintas, descritas abaixo.

Hipotireoidismo Primário
Tido como o tipo mais comum da doença em cães, é resultado da tireoiditi linfocítica ou da atrofia na glândula tireóide.

Hipotireoidismo Secundário
Bastante raro em cães, ocorre em função da destruição da hipófise, causando a diminuição da produção do hormônio TSH, responsável pelo estímulo que sintetiza os hormônios da tireóide.


Hipotireoidismo Congênito
Raramente diagnosticado em cachorros, tem a deficiência de iodo como uma de suas causas.

Conheça, neste artigo, algumas das principais causas, sintomas e possibilidades de tratamento para o hipotireoidismo primário (o mais comum) em cães, e fique atento para os sinais que seu pet pode estar emitindo.

O que causa o hipotireoidismo nos cães?
Na maioria das vezes, os cães passam a mostrar os primeiros sinais relacionados à doença quando chegam à meia-idade (entre cinco e dez anos de vida) e, além de haver uma predisposição genética por parte dos cachorros de algumas raças determinadas, especialistas afirmam que os animais castrados - tanto machos como fêmeas - podem apresentar um risco maior de desenvolver a doença quando comparados aos pets não-castrados.

Entre as raças que têm maiores chances de apresentar a doença ao longo da vida, podemos citar Golden Retriever, Doberman, Pinscher, Setter Irlandês, Schnauzer Miniatura, Dogue Alemão, Boxer, Poodle, Dachshund, Cocker Spaniel, Rottweiler, Beagle, Labrador e Airedale Terrier. Assim como há raças com maior risco da doença, há, também, outras em que o problema dificilmente ocorre, como no caso do Pastor Alemão e da maioria dos cães de raça mestiça.

Em grande parte dos casos, a doença se apresenta autoimune, destruindo a glândula tireóide do cão; no entanto, a atrofia natural da glândula e a falta de iodo (devido a uma dieta pobre ou a uma malformação congênita) também podem estar entre os desencadeadores do problema.

Sintomas do hipotireoidismo canino


Devido à atuação da tireóide em diferentes aspectos do organismo animal, o hipotireoidismo pode apresentar sintomas que envolvem todo tipo de órgãos e funções do pet, entretanto, há áreas que em quase 100% dos casos são bastante afetadas pela doença, como a pele do animal. Podendo apresentar diversos tipos de complicação em função da doença, a pele anormal do pet dificulta ainda mais o diagnóstico do hipotireoidismo em cães, tendo em vista que estes problemas de pele são, também, sintomas de outras doenças que nada tem a ver com a glândula tireóide.

Nessa área, podemos citar entre os sintomas exemplos como queda de pêlos (principalmente nas áreas do tórax, abdômen, cauda e pescoço), pontos de infecções parecidos com espinhas, dermatites, pele seca, pele olesosa, pele grossa, alterações na pigmentação, seborréia, descamação e enfraquecimento e opacidade da pelagem.

Entre os sinais comportamentais dos cães acometidos pelo hipotireoidismo a falta de energia, a sonolência e a apatia são alguns dos principais. Com a doença, cães naturalmente ativos e alegres passam a evitar suas atividades e brincadeiras preferidas de maneira brusca, passando muito tempo dormindo e, quando acordados, mostram sinais de depressão, falta de ânimo e de interesse no dono ou qualquer tipo de atividade.

O aumento de peso é outro sintoma clássico do diagnóstico, e se agrava mais ainda com a falta de energia por parte dos cães, que acabam ficando obesos (mesmo sem que haja alteração no seu apetite) em função da mistura entre o funcionamento anormal de seus hormônios com a ausência de atividades físicas, causada pela apatia.

Outros sintomas mais raros, mas que também podem se manifestar nos cães com hipotireoidismo, incluem: anemia, intolerância ao frio, paralisia de nervos faciais, diminuição do ritmo cardíaco, aumento da taxa de colesterol, polineuropatia (que afeta a coordenação motora do animal) e conjuntivite.

O sistema reprodutor de machos e fêmeas também sofre consequências em função da doença, causando uma diminuição considerável na libido do animal e, no caso dos machos, a atrofia testicular, a perda da habilidade dos spz do sêmen e a baixa da fertilidade. No caso das fêmeas, os problemas incluem, além da diminuição da libido, falhas em ciclar e o subdesenvolvimento das glândulas mamárias.

Diagnóstico do hipotireoidismo canino
Para que seja feito o diagnóstico do hipotireoidismo em um cão é extremamente importante que seu dono o leve para uma consulta com um médico veterinário, já que somente ele poderá solicitar uma série de exames em busca das causas para seus sintomas.

O método utilizado para diagnosticar a doença vai depender dos principais sintomas apresentados pelo pet e, além de exames clínicos e laboratoriais, outros como os de ultrassonografia, biópsias na glândula tireóide e radiografias também podem ser requisitados para que se tenha mais dados para encontrar o problema.

Dentro da série de exames laboratorias, os mais comuns são os que medem os níveis dos hormônios mais comunmente afetados pelo hipotireoidismo (T3, T4 livre, TSH, TGAA), no entanto, nenhum desses exames apresenta resultados absolutamente específicos para a doença, e caberá ao veterinário a análise de todas as possibilidades para que possa alcançar um diagnóstico final concreto.

Tratamento do hipotireoidismo nos cachorros
Felizmente, o tratamento para o hipotireoidismo canino é, na maioria das vezes, tão simples quanto o aplicado em humanos que sofrem com a doença, e consiste na reposição hormonal por via oral pelo resto da vida do animalzinho. O hormônio tido como a salvação dos pets que precisam tratar o hipotireoidismo é a levotiroxina, criada de maneira sintética (em laboratório) e que conta com uma grande variedade de nomes comerciais disponíveis no mercado.

Apresentando melhoras no que se refere à disposição do animal a partir de duas semanas de tratamento, a medicação para hipotireoidismo começa a agir nos demais sintomas causados pela doença em um período que varia entre quatro e seis semanas. Passado esse tempo, é possível notar a volta da normalidade de diversos aspectos do pet, incluindo a questão do peso e de todo tipo de dermatite e problemas de pele.

Vale lembrar que não é preciso se assustar caso a pelagem do seu cão fique com o aspecto ainda pior após o início do tratamento, já que, é comum que todos os PElos do corpo do pet caiam (em um primeiro momento) para nascer de novo, bem mais saudáveis e brilhantes.

Tanto a dosagem como a frequência que essa medicação específica será administrada ao seu amiguinho serão determinadas pelo profissional veterinário, variando em função da gravidade do caso e da rapidez com que o animal começará a mostrar melhoras com o tratamento.

Tendo isso em mente, fica claro que, para que a eficácia do tratamento seja total, é necessário que o dono do pet consulte um profissional assim que perceber os sintomas no cão, e que, após o início do tratamento, também seja feito um acompanhamento da saúde do cachorro com o veterinário, que poderá fazer novos exames periódicos para medir seus níveis hormonais e, dessa forma, seguir administrando a medicação de acordo com as necessidades do cachorro.

Não há prevenção para o hipotireoidismo
Por ser a glândula tireóide a grande responsável pelas alterações que podem causar a doença, o hipotireoidismo, infelizmente, não tem como ser prevenido; já que não há controle sobre esse tipo de anormalidade e nem mesmo é possível prever problemas futuros na glândula.

Com isso em mente, fica fácil entender o quão importante é ficar de olho no seu pet e saber identificar os sintomas do problema – já que, quanto antes a doença for diagnosticada, mais rapidamente ela poderá ser tratada, fazendo com que o animal sofra o mínimo possível com os resultados dessa disfunção hormonal.

Tendo em vista que determinadas raças como Golden Retriever, Beagle e Cocker Spaniel (além de outras muitas raças, descritas no início do artigo) contam com uma probabilidade genética maior de desenvolver o problema, já fica um pouco mais fácil ficar atento ao seu pet – principalmente se ele se encaixa no grupo de raças predispostas.

Uma boa ideia para todos os casos é, na hora de levar um novo pet para casa, que seus donos tenham o cuidado e a atenção de pesquisar e buscar informações sobre esse tipo de questão de saúde – investigando que tipo de doença ou problema aquela raça específica pode desenvolver e, dessa forma, podendo ficar atento aos principais sinais destas complicações.

Independentemente da predisposição genética da raça, a fase de vida idosa dos cães deve ser de atenção total com a saúde dos amigões de quatro patas; já que, nesta fase, o animal fica com a saúde mais frágil e delicada e, portanto, mais exposto a problemas como o hipotireoidismo canino, entre outros.

Conforme citado anteriormente, na maioria dos casos, a primeira região do corpo do animal afetada pelo hipotireoidismo é a pele - ocasionando problemas que vão desde a perda de pelos e o aparecimento de pequenas inflamações até a descamação, que pode infestar toda a superfície da pele do pet.

Junto com isso, sintomas de cansaço e apatia também passam a fazer parte da vida de pets normalmente animados e agitados, sendo essa mudança de comportamento um dos sinais mais característicos da doença.

Como o diagnóstico da doença é um tanto complicado – exigindo tanto exames clínicos como laboratoriais, incluindo exames de sangue, biópsias, radiografias e ultrassom – a melhor pedida ao notar estes sintomas no seu amigão é levá-lo a um profissional veterinário; até porque diversas outras doenças caninas também podem provocar os mesmos sinais do hipotireoidismo e, se tratadas de maneira errada, podem prejudicar muito a saúde do seu pet, sendo capaz até de levá-lo ao óbito.


Autor:

Fábio Toyota

Médico Veterinário (CRMV- SP 10.687), formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Unesp com Pós Graduação em Oncologia Veterinária pelo Instituto Bioethicus e Pós Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais pelo Instituto Qualittas. Responsável pelo setor de Oncologia Médica e Cirúrgica do Hospital Veterinário Cães e Gatos 24h. Dr. Toyota é integrante da equipe de Veterinários do portal CachorroGato e também responde por dúvidas na ferramenta Dr. Responde.


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