quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O Guia do FIlhote (Parte 2) - Vivendo em ambientes internos ou externos - cuidado com os perigos - Siga Passo a Passo

Curioso e inexperiente, seu filhote será um explorador incansável! Em casa ou no apartamento, você precisará preparar o espaço e ser vigilante em relação a uma série de perigos potenciais. Siga o "tour" guiado!

Janelas e balcões
Evite deixá-los aberto enquanto o filhote puder passar por entre as frestas. Lembre-se de que ele pode subir nos móveis e vir abaixo!

Escadas
Um filhote pode escorregar facilmente e se machucar tentando "vencer" as escadas. Ele deve aprender a subir e a descer sozinho, e precisa ser vigiado até que aprenda.

Objetos perigosos
Os filhotes são reputados por usar a boca para descobrir o mundo! Ele vai morder e mastigar, e possivelmente engolir qualquer pequeno objeto que encontrar. Tome cuidado especial com peças de brinquedos e jogos, pregos e alfinetes...
Mantenha os detergentes, produtos químicos, condutores, plantas, que podem ser tóxicos, longe de seu caminho.

Tanques e piscinas
Se estiver em sua própria casa ou em casa de amigos, tome cuidado com tanques e piscinas. Se o filhote cair acidentalmente, não terá habilidade para sair sozinho.

Caminhadas, comer, brincar
Itens essenciais
O equipamento mínimo de que seu filhote precisa é:
1 coleira e guia
2 tigelas de aço inoxidável
1 escova e 1 pente
1 cortador de unhas
1 bola adequada para seu tamanho


CONSELHO para os primeiros dias

  1. Visto que seu filhote pode se sentir um pouco perdido nos primeiros dias, não deixe que vizinhos e amigos o visitem. Para ajudá-lo a se adaptar melhor, mantenha somente a família por perto nos primeiros dias.
  2. Não permita nenhum comportamento momentâneo se você não o permitir no futuro: subir no sofá ou dormir na cama, por exemplo!
  3. Certifique-se de que todos os membros da família respeitam o ritmo do filhote. Acordá-lo de um sono profundo está fora de questão - além disso, ele não é um brinquedo! Como todos os recém nascidos, ele precisa de muito sono para ajudá-lo a se tornar grande e forte!

Próxima matéria: Saúde básica





Guia do Filhote (Parte 1) - Vivendo juntos - Bem vindo ao lar!!! - Siga Passo a Passo


Enfim, você esperou durante muito tempo e seu filhote chegou! Sua chegada em casa é um grande momento para toda a família. Para ele, é o começo de  uma nova vida, sem sua mãe, irmãos e irmãs, em um novo meio. Rapidamente ele vai se sentir em casa e encontrará autoridade em uma pessoa, como se fosse o seu líider.



Um cantinho somente para ele


Para se sentir seguro e se acostumar em seu novo lar, o filhote precisa de seu próprio espaço, onde possa dormir ou descansar.

Escolha um cantinho calmo e faça para ele uma cama confortável: uma caixa de papelão ou madeira com um cobertor é tão boa quanto as caminhas especializadas. Certifique-se de que possui o tamanho ideal para o filhote e, acima de tudo, que seja fácil de limpar.



Dica

Se o criador lhe deu uma manta com o cheiro da mãe, coloque-a no cantinho reservado ao filhote.



Decida onde ele comerá


Desde o primeiro dia, decida com cuidado onde vai deixar as duas tigelas - uma para a água e outra para o alimento - e nao mude de lugar. O aço inoxidável é a melhor escolha.

Para manter a área de refeição limpa, encha somente 2/3 da tigela.



Dica

Alimente seu filhote somente depois que toda a família já tiver comido. Dessa maneira, ele entende que você é o mestre e deve comer primeiro.



Cuidados especiais

Para raças como Cocker Spaniel ou Cavalier King Charles Spaniel, escolha uma tigela com as laterais altas para que suas longas orelhas não caiam na água ou no alimento.



Próxima postagem: Vivendo em ambientes internos ou externos - cuidado com os perigos!


Iniciando "O Guia do Filhote" em 10 Partes (Introdução) - Siga Passo a Passo

Você e seu filhote - um relacionamento baseado no respeito

no dia em que seu filhote chega começa um relacionamento maravilhoso, harmonioso e que é baseado, sobretudo, no respeito.
Seu filhote deve conhecê-lo e respeitá-lo como seu mestre, enquando você deve conhecer e respeitar a natureza dele.
Para viverem felizes juntos, ambos devem conhecer seus papéis.
Você escolhe seu filhote baseado em seu temperamento, aparência e, talvez, em sua raça. É lógico que você quer lhe dar a melhor qualidade de vida possível.

Durante a semana, vamos diponibilizar a cada dia, uma parte de como manter os cuidados essenciais com o seu filhote, baseando no respeito com o animal.

Habronemose cutânea em equinos (esponja ou feridas de verão)


A habronemose cutânea é causada por um parasita que acomete equídeos (equinos, asininos e muares), principalmente no verão e na primavera, e tem como agente etiológico o Habronema muscae, Habronema majus e Draschia megastoma. Esta afecção é resultado de uma reação de hipersensibilidade às larvas na pele, como ocorre em alguns tipos de alergias.


Foto 1 - Imagem ampliada do Habronema muscae

A habronemose cutânea pode ocorrer em equídeos de qualquer sexo ou idade, embora, em machos, o pênis e prepúcio sejam locais frequentemente acometidos. Antes de falar sobre os sinais clínicos e tratamento, é importante conhecer o ciclo do parasita para que se possam adotar medidas preventivas.

Os adultos normalmente vivem no estômago dos equinos, a partir de um ciclo indireto, onde todas essas espécies usam moscas como hospedeiros intermediários. As larvas são eliminadas nas fezes e ingeridas por moscas 

Musca domestica (mosca doméstica) e Stomoxys calcitrans (mosca-do-estábulo), que depositam as larvas na pele. Os cavalos podem adquirir a infecção gástrica pela ingestão de moscas mortas, no alimento ou na água. As larvas são depositadas perto da boca, deglutidas e completam o ciclo no estômago; ou, ainda, são depositadas no focinho e migram para os pulmões ou permanecem na pele, causando reação inflamatória e alérgica. Ainda, se as larvas forem depositadas na cavidade ocular, pode-se desenvolver a habronemose conjuntival. A habronemose cutânea se desenvolve quando a mosca pousa em uma ferida aberta ou áreas cronicamente úmidas.
A habronemose cutânea dificilmente leva à morte, mas frequentemente causa prejuízos estéticos nos animais, gerando depreciação econômica.


Foto 2 - Aspecto da habronemose cutânea na região da face (próximo ao olho).

A lesão começa como pequenas pápulas com centro erodido. O desenvolvimento é rápido e as lesões podem atingir 30 cm de diâmetro em poucos meses, em função do tecido de granulação formado pela irritação constante, este de aspecto esponjoso (daí o nome popular), róseo e sangra facilmente. No início, pode haver prurido intenso e isso pode levar ao auto-traumatismo.
 

O diagnóstico é feito através do histórico da presença de moscas, feridas não tratadas, programa de desverminação desatualizado; do aspecto da lesão, que pode ser confundida principalmente com sarcóide, pitiose ou tecido de granulação exuberante. Para confirmar o diagnóstico, a biópsia é o exame mais indicado, embora também possam ser feitos raspados de pele. O que chama a atenção é que a habronemose cutânea não responde aos tratamentos convencionais de feridas.  

O tratamento se baseia na associação de agentes sistêmicos e locais, pois uma terapia isolada geralmente não é eficaz contra a habronemose. O objetivo do tratamento é matar as larvas presentes no estômago, enquanto controla-se a inflamação resultante da sua deposição errática na pele, já que não faz parte do seu ciclo de vida a migração para este local. As larvas na pele não sobrevivem, por isso causam irritação, desta forma, não é necessário utilizar produtos larvicidas no local da ferida.
Para combater o ciclo do Habronema spp. deve-se vermifugar o animal com bases capazes de atuar contra esse gênero de helminto, como a ivermectina, abamectina, moxidectina e o triclorfon. A terapia tópica com fármacos antimicrobianos e antiinflamatórios, debridantes, penetrantes e protetores, podem ser aplicados diariamente, sob a proteção de bandagens. Manter a ferida coberta é importante para evitar infecções secundárias, traumatismos e reinfestações.
 

A cirurgia, com a excisão completa do tecido de granulação, pode ser necessária, quando o tamanho da ferida é incompatível com o tratamento somente com produtos químicos. O controle é fundamental para afastar a habronemose da propriedade. Algumas medidas importantes incluem a remoção e destinação adequada das fezes para esterqueiras ou locais que dificultem as moscas de encontrarem animais onde possam depositar as larvas e, principalmente, removendo a matéria orgânica com a qual se alimentam e completam seu ciclo de vida; administração de anti-helmínticos periódicos e, de preferência, em massa, para que haja um controle e erradicação do ciclo gástrico; utilização de armadilhas mosquicidas, impedindo a atuação do vetor; e tratamento adequado de ferimentos e escoriações, mantendo sempre limpos e protegidos.

Agradecemos a Priscila F. R. Lopes (Médica Veterinária) e Alexandre Breder (integrante do blog) que montaram essa matéria.
Postado por EQUIPE VETERINÁRIA DA UNIVERTIX


http://equipeveterinariafv2010.blogspot.com.br/2011/02/habronemose-cutanea-esponja-ou-feridas.html

Soluções para o clima e o ambiente devem partir de cada cidade

 

O aquecimento global, a seca, a migração e o crescimento populacional vêm colocando as nossas cidades sob pressão. O que o futuro reserva a elas – e a todos nós – nesse cenário?

As cidades têm um impacto significativo nas mudanças climáticas: calcula-se que as áreas urbanas sejam responsáveis por 75% das emissões totais de gases estufa. Antes da conferência sobre o clima em Paris, em dezembro, nações desenvolvidas e em desenvolvimento prometeram reduzi-las, com o objetivo de se chegar a um consenso mundial – mas será que ele inclui as muitas realidades, culturas e níveis de avanço econômico diferentes? Será que abordar a questão em nível de país é a opção mais efetiva?
Se a maior parte da população mundial vive em cidades e as atividades de seus moradores têm tamanho impacto ambiental, não é óbvio concluir que é nelas que as soluções para melhorar a vida das pessoas e nossa relação com o planeta devem ser buscadas e implantadas?

Acredito firmemente que as cidades podem ajudar a fornecer soluções para os desafios que enfrentamos; que cada núcleo urbano, independente do tamanho e da riqueza, pode melhorar significativamente em dois ou três anos; que as cidades são o último refúgio de solidariedade da nossa sociedade.

Conforme cresce a lista de megacidades – pois é cada vez maior o número de pessoas que deixam as áreas rurais –, é essencial que elas passem a priorizar três questões que têm grande impacto na qualidade de vida urbana, começando por encontrar respostas que sustentarão nossa sociedade em longo prazo: mobilidade, sustentabilidade e diversidade social.

Quando os planejadores se dedicam à questão da mobilidade, a cidade tem que ter a prioridade sobre os carros; as pessoas, idem. Os automóveis vêm sendo produzidos há pouco mais de um século, mas o espaço que ocupam e o volume de investimento de infraestrutura que exigem são extremamente altos. O carro é o cigarro do futuro.

Eles ocupam mais espaço que qualquer ser humano. Uma vaga de estacionamento média tem 25 m². Se você tem um carro, ele ocupa essa área perto ou dentro da sua casa; se tem que usá-lo para ir para o trabalho, vai ocupar outro tanto perto ou dentro do seu local de trabalho, o que significa que um total de 50 m² inutilizados para estacionamento.

Em muitos lugares do mundo essa área equivale ao tamanho da casa de uma família, ou de um escritório. Pense nos benefícios incríveis se pelo menos algumas dessas vagas fossem usadas para combinar casa/trabalho; seriam perfeitos para o comércio pequeno, voltado para a comunidade, como confeitarias, cafés, livrarias, floristas e escritórios – ou parques minúsculos.

Nossa prioridade ao estimular a mobilidade urbana deve ser a oferta de transporte público confortável, seguro, confiável, acessível e fácil de usar. Cada meio (trem, metrô, ônibus, bondinho, táxi, bicicleta) tem que operar da melhor maneira possível e se integrar à rede de tráfego. Compartilhamento de carros e bicicletas, como o Autolib ou Vélib de Paris, também têm seu papel.

Eu, porém, acredito que o futuro do transporte público esteja em sistemas como o Bus Rapid Transit, que alguns veem como "metrô de superfície". O BRT faz uso da infraestrutura já existente – as mudanças geralmente envolvem a designação de faixas dedicadas, ajustes às regras de preferência e melhorias tecnológicas específicas para eliminar os atrasos associados aos ônibus comuns.


Adam Dean/The New York Times

 

A China planeja modernizar Baoding, cidade interiorana que se tornará parte da megacidade de 130 milhões de habitantes interligada por uma linha de trens de alta velocidade. Zhang Chuntang e a mulher trabalham no campo em frente a conjunto habitacional na periferia de Baoding

Por causa do bom desempenho, do alto custo-benefício (é mais barato que construir um metrô) e da flexibilidade de implantação, o BRT, que começou na cidade brasileira de Curitiba, em 1974, hoje opera em quase 200 cidades ao redor do mundo, incluindo Bogotá, Seul, Istambul, Pequim e Rio de Janeiro, e muitas mais pretendem adotá-lo. Eu já o vejo evoluindo para, um dia, se tornar um sistema de veículos leves com pneus de borracha com faixas especiais, sendo recarregados a cada parada.

Em termos de sustentabilidade, o essencial é evitar o desperdício de energia, tempo e recursos. Algumas medidas para dar início a esse processo são simples e estão ao alcance de todos: usar o carro com menos frequência; morar mais perto do trabalho; reciclar e fazer compostagem. Embora as técnicas e materiais mais eficientes e econômicos sejam essenciais, é o layout da cidade que pode fazer a grande diferença para o esforço de criar um ambiente urbano mais sustentável. Ele é a estrutura de organização e crescimento da metrópole.

Uma cidade saudável é uma base integrada de vida, trabalho e movimento. Exige um projeto que respeite a terra e o ecossistema da área: a topografia, os corpos de água, a vegetação. É ele que dita os investimentos feitos pelos setores público e privado e deve envolver o uso inteligente da densidade, compactação e uma mistura de vários níveis de usos e rendas.

Com a economia urbana se voltando mais e mais para os serviços, o comércio e as indústrias com base no conhecimento, os empregos agora estão mais próximos das casas das pessoas – e com a ajuda de novas tecnologias, muitos podem trabalhar de qualquer lugar a qualquer hora. Quanto mais curto for o caminho entre a casa e o trabalho, mais tempo e energia se economiza. Amenidades culturais e espaços públicos de qualidade que podem ser acessados por transporte público ou a pé também fazem parte dessa equação.

Por outro lado, fragmentar as megalópoles em áreas com funções especializadas, como subúrbios, setores comerciais e áreas centrais condenam esses espaços e sua infraestrutura à inércia durante longos períodos do dia ou da noite. Uma cidade mais compacta que apoia a diversidade de atividades deixa mais espaço para a conservação, captação de água e cultivo agrícola.

Quando se trabalha as questões que surgem da diversidade, é importante lembrar que as cidades há muito são consideradas "cadinhos culturais" que absorvem novos moradores. Grande parte do Novo Mundo foi erguida de acordo com essa fórmula e não podemos nos esquecer das lições do passado, mas agora tanto o Novo quando o Velho Mundo temem as ondas de gente que ameaçam abalar o status quo. Nossa sociedade enfrenta uma crise de identidade causada por uma sociodiversidade crescente e a crise de imigração coloca a necessidade de coexistência na berlinda.

As cidades têm de oferecer esperança, não desespero. Um senso de identidade comum, o sentimento de reconhecimento e de se pertencer a um lugar específico melhoram a qualidade de vida.

Uma cidade tem de oferecer pontos de referência aos quais as pessoas se relacionam e podem se identificar – rios, parques, prédios públicos. Eles contam histórias e protegem lembranças, da mesma forma que um diário ou um retrato de família.

Ao mesmo tempo em que a identidade de uma metrópole é preservada, a diversidade social deve ser estimulada. Uma cidade não pode consentir a existência de guetos, sejam eles para ricos ou pobres, para um grupo de determinada etnia ou idade. Muros e cercas são barreiras protetoras ilusórias: segurança e proteção são funções do respeito e civilidade que resultam da integração e coexistência.

A prosperidade econômica traz paz e estabilidade, mas em vez de buscar soluções para gerar crescimento financeiro, principalmente através de mecanismos fiscais, devemos investir na qualidade de vida. Imagine o volume de empregos – e, consequentemente, de renda – que poderia ter sido gerado no mundo se pelo menos parte dos bilhões de dólares injetados no sistema bancário e no setor automotivo tivessem sidos investidos na educação, na saúde, cultura e em uma boa infraestrutura.

Uma ferramenta útil para estimular a mudança rápida e ajudar a consolidar iniciativas de longo termo é o que eu chamo de "acupuntura urbana" – toques precisos e rápidos que melhoram o desempenho de um sistema urbano como um todo ou dão vida nova a áreas deterioradas e/ou obsoletas.

Curitiba deu novo uso a uma pedreira que desvalorizava os bairros à sua volta, criando em seu lugar um parque urbano dedicado a promover a educação ambiental e o debate. Hoje conhecida como Universidade Aberta do Meio Ambiente, ou Unilivre, é um exemplo de acupuntura urbana que alcançou esses três objetivos de uma só vez – de quebra se tornando um dos cartões postais mais populares da capital.

As possibilidades de cada cidade são infinitas: áreas industriais e portuárias abandonadas, calçadões de orla decadentes, terminais de transportes mal aproveitados e monumentos mal conservados não são monstruosidades, mas sim espaços que pedem novos usos.

O projeto de uma cidade tem de ser uma obra coletiva, um sonho compartilhado, para que o sentimento de responsabilidade permeie a empreitada. Isso não significa que o consenso deva ser atingido a cada passo, pois a busca pela hegemonia absoluta pode levar a um estado de paralisia. A democracia não é conformidade eterna, mas um conflito permanente que a sociedade tem que arbitrar com muita sensibilidade. As políticas de longo prazo têm que ser ajustadas através do feedback constante do povo.

A crise que estamos vivendo deveria estimular o empenho de construção de cidades melhores. Uma sociedade mais coesa e sustentável surge de espaços públicos e monumentos, ruas boas, praças, parques, memoriais, teatros e museus – são as "salas de estar" metropolitanas, onde a urbanidade acontece. Construção humana por definição, uma cidade é cenário para as pessoas se conhecerem. Temos de moldar seu futuro.

Por Jaime Lerner - arquiteto, planejador urbano e ex-político brasileiro. É também autor de "Acupuntura Urbana"


Extinção de animais silvestres nas florestas, pode agravar efeitos das mudanças climáticas

Como se a extinção de animais já não fosse ruim o suficiente, o fim dos bichos que se alimentam sobretudo de frutos, chamados de frugívoros, também comprometerá a capacidade das florestas tropicais de absorver o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera.

A diminuição da absorção de CO2 preocupa os cientistas, uma vez que o excesso do gás na atmosfera é um dos responsáveis pela aceleração das mudanças climáticas em nosso planeta.



 Antas estão entre os animais que espalham sementes de frutos grandes pelas florestas

O que acontece, segundo os cientistas, é que os animais frugívoros são os responsáveis por dispersar sementes de frutos grandes pelas florestas. Com sua extinção, a dispersão deixará de acontecer e as árvores não irão crescer em diferentes áreas, afetando o potencial da floresta no combate as alterações climáticas.

Esses animais cumprem funções importantes em relação às plantas, seja por polinizar as flores ou por comer os frutos e dispersar as sementes, favorecendo a regeneração natural das florestas.

Pesquisadores de várias instituições brasileiras e internacionais publicaram um artigo na revista Science Advances onde estimam a perda da capacidade de estoque de CO2 na Mata Atlântica a partir de diferentes cenários de defaunação, como é conhecido o fenômeno de diminuição acentuada da população de animais em um ecossistema, em geral induzida por atividades humanas como desmatamento e caça ilegal.
 

Divulgação

Cutias cumprem funções importantes por comer frutos e dispersar sementes, favorecendo a regeneração das florestas

Com simulações, os cientistas verificaram que a extinção dos bichos compromete significativamente a capacidade de armazenamento de CO2 na floresta, pois coopera para a diminuição no número de árvores que dependem da dispersão de suas sementes para brotar na Mata Atlântica.

Para desenvolver o estudo, os pesquisadores relacionam a composição e a abundância de espécies de árvores e o tipo de dispersão de suas sementes, à padrões de dureza da madeira e altura, características que podem ser usadas para medir o quanto a árvore pode estocar de carbono.

Na pesquisa, a equipe do coordenado do biólogo brasileiro Mauro Galetti e sua orientanda de doutorado, Carolina Bello, ambos do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, interior de São Paulo, concluiu que árvores com troncos grandes e duros têm sementes igualmente grandes.

Ou seja, quanto maior a semente, maior será a árvore. As árvores maiores são aquelas capazes de armazenar mais quantidade de dióxido carbono e são as que dependem da dispersão de seus grandes frutos para brotar em diferentes lugares.

Com esses dados, os pesquisadores concluíram que à medida que os animais dispersores de sementes grandes são progressivamente extintos, as árvores grandes que armazenam maiores quantidades de CO2 também se tornam menos abundantes. 


Luciano Candisani/Folhapress

Extinção de animais que se alimentam sobretudo de frutos, como os muriquis, compromete as florestas

Em outras palavras, na ausência de antas, bugios e muriquis, a floresta mudará para uma composição de espécies de árvores de sementes pequenas e madeira "mole". Com o tempo, segundo a análise, a tendência é que somente as sementes menores sejam encontradas na natureza, em um efeito cascata induzido pela ação humana que pode desencadear mudanças ecológicas significativas.

"As sementes de canelas, jatobás e maçarandubas, por exemplo, são grandes e dispersadas apenas por animais grandes, como antas e muriquis", diz Galetti. "Essas árvores são as de madeira mais nobre e as que estocam mais carbono", explica o biólogo.

A Mata Atlântica é um dos mais degradados ecossistemas brasileiros, do qual restam, segundo algumas estimativas, aproximadamente 12% da cobertura original – mais de 80% da vegetação remanescente encontra-se altamente fragmentada em áreas com menos de 50 hectares.

De acordo com os pesquisadores, o mesmo raciocínio que eles aplicaram à Mata Atlântica pode ser extrapolado para outros ambientes, como o amazônico, cujas espécies de árvores que retêm até 50% de CO2 da atmosfera dependem em grande medida da dispersão das sementes por frugívoros de grande porte. Segundo eles, os resultados ressaltam a importância de se considerar os animais como parte fundamental no processo de redução de emissões de gases do efeito estufa por meio do armazenamento de carbono em florestas tropicais.


Fonte: