segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Hoje é 29 de Fevereiro! Veja cinco curiosidades históricas sobre os anos bissextos

365,2422 dias - é este o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol.
No atual calendário ocidental, adotado no final do século 16, um ano tem 365 dias. Para manter nossos relógios em sincronia com a Terra e suas estações, os 0,2422 que sobram - ou 5 horas, 48 minutos e 46 segundos - são somados, resultando em um dia extra a cada quatro anos.
É o que ocorre neste ano de 2016, que terá 366 dias.

Veja cinco curiosidades sobre anos bissextos:

1. A culpa é dos romanos Sob o domínio de Júlio Cesar, no primeiro século a.C., astrônomos receberam a tarefa de melhorar o calendário romano antigo, que tinha 355 dias por ano com um mês extra de 22 dias a cada dois anos. Acreditava-se que o calendário havia se desencontrado completamente das estações.


Hulton Archive  

 Ano bissexto foi criado na época de Júlio Cesar, no século 1 A.C.

Assim foi criado o ano de 365 dias, com um dia a mais em alguns anos para incorporar as horas extras - dando origem ao ano bissexto.

O mês que levava o nome do estadista - julho, que antes era "quintilis" - tinha 31 dias, enquanto agosto, que antes era conhecido como "sextilis", tinha apenas 30.

De acordo com os escritos de um acadêmico parisiense do século 13 chamado Sacrobosco, quando Augusto virou o primeiro imperador do recém-estabelecido Império Romano, ele queria um mês dedicado a ele - e um que tivesse a mesma importância para Julio César.

Então fevereiro, que tinha 29 dias ou 30 nos anos bissextos, passou a ter 28 dias - o dia "perdido" foi para o mês de agosto, que ficou com 31.

Houve outros ajustes ao longo dos anos.

Em 1582, foi elaborado o Calendário Gregoriano, que definiu novas regras para o cálculo dos anos bissextos. A parti daí, seriam bissextos apenas os anos múltiplos de 400 e os múltiplos de 4 e não múltiplos de 100. Exemplo de anos bissextos: 2000, 1600, 2
016, 2012, 2004. Exemplo de anos não bissextos: 1700, 1800 e 1900.

2. Revolução dos trabalhadores

Se você ganha por mês, anos bissextos são más notícias.
Tecnicamente você está trabalhando um dia a mais sem receber por isso, já que o salário anual é o mesmo em anos com 366 dias.
Mas há um tema mais complexo por trás disso, já que avaliar o impacto econômico em anos bissextos é complicado.
A maioria das pessoas que lidam com estatísticas usa números arredondados para medir variáveis econômicas, como PIB, para fazer todos os fevereiros comparáveis.
Então fevereiro é considerado um mês com 28 dias acrescido de um quarto de um dia todo ano, sendo bissexto ou não.
Isso levou um professor de ensino médio de Maryland a dar início à "Revolução Sem Trabalho em Ano Bissexto" em 2008, embora a campanha ainda não tenha se materializado em um feriado extra por ano em nenhum lugar no mundo, como ele defende.
Alguns também poderiam dizer que trabalhadores recebem mais do que deveriam em fevereiro, já que esse mês é mais curto que os outros.
Mas a ideia de compensar por uma perda econômica de ter um dia extra no ano existe há cerca de um século.
Entre as alterações do calendário atual que foram propostas durante os séculos, uma das mais populares foi o chamado "Calendário Mundial", criado em Nova York em 1930, que queria mudar o 29 de fevereiro (do ano bissexto) para 31 de junho e transformar a data em feriado mundial.

3. Resoluções de ano bissexto

De forma mais modesta, pequenas "revoluções" estão sendo feitas por pessoas que agem para "retomar o dia" e gastam as horas extras com trabalhos voluntários e ajudando os outros.

"Doe seu dia a mais para caridade", diz a instituição Easyfundraising.org e muitas outras, principalmente na Europa e nos EUA.

Há campanhas para fazer as pessoas doarem, participarem ou arrecadarem fundos para diferentes causas, de pesquisa sobre câncer a atividades de extensão em universidades.

A chave, dizem as instituições de caridade, é que os chefes concordem em dar aos empregados o pagamento do dia 29 - mas, nem precisa dizer, quase nenhum quer fazer isso.

No Twitter, participantes estão usando a hashtag #ExtraDay (dia extra) e #LeapDay2016 (Dia bissexto 2016) para dizer o que estão fazendo.

Além da filantropia, outros usam o dia extra para agilizar planos de negócios atrasados.

Getty
Para alguns, dia extra serviria para trabalho voluntário
Este ano, a agência de marketing digital escocesa Attacat tentará fundar uma nova empresa, do zero, em um único dia. Os funcionários não vão saber o que o que será a nova empresa até chegarem ao trabalho hoje.

"Como muitos empreendedores, tive muitas ideias de start-ups ao longo dos anos, mas nunca tive tempo para colocar as ideias em ação... então tive essa ideia", diz Tim Barlow, diretor-gerente.

"E não estamos falando sobre algo que está aqui hoje e não estará amanhã. Estamos nos esfo
rçando para criar um negócio que dure."

4. Feliz aniversário - a cada quatro anos

Quando falamos sobre esta anormalidade do calendário, fica claro que os mais afetados por isso são os aniversariantes de 29 de fevereiro.

Eles só podem comemorar o aniversário "mesmo" a cada quatro anos. Muitos se acostumaram a comemorar no dia 28, mas dizem que não é a mesma coisa.

"Quando criança, era um problema. Agora me acostumei e acho divertido quando conto para os outros", disse à BBC o grego Dimitrios Michalopoulos.

As chances de nascer no dia 29 de fevereiro são relativamente pequenas - 1 em 1.461.

Atualmente, cerca de 4,1 milhão de pessoas fazem aniversário neste dia.

O cartunista Jaguar, o compositor italiano Rossini, o papa Paulo 3º e o rapper Ja Rule são algumas figuras públicas nascidas neste dia.

A boa notícia é que todos os bebês nascidos no dia 29 podem ter uma festa para ele na cidade de Anthony, no Texas (EUA).

A autoproclamada "Capital do Ano Bissexto" tem um festival de quatro dias que inclui um grande jantar de aniversário para os nascidos em 29 de fevereiro.

5. Mulheres de joelhos


No credit 
No séc. 19, mulheres eram incentivadas a fazer pedidos de casamento com cartões postais
Em alguns países, anos bissextos são associados a rituais e crenças - muitos tem a ver com casamentos.

Na Grécia, por exemplo, casais evitam se casar em anos bissextos porque eles acreditam que isso traz azar.

Mas, em vários outros países, o dia 29 de fevereiro é conhecido como aquele em que mulheres pedem homens em casamento.

O costume não chegou no Brasil, mas se popularizou no século 19. Mulheres eram incentivadas a fazer pedidos com cartões postais, mas as origens da tradição não são tão conhecidas.

Dizem que a tradição vem do século 5, quando uma freira irlandesa chamada Santa Brígida reclamou com São Patrício que as mulheres tinham que esperar muito até que os pretendentes fizessem os pedidos.

A lenda diz que São Patrício expediu um decreto que deu às mulheres o direito de fazer o pedido a cada quatro anos.

Outra história, mais duvidosa, diz que a tradição vem de uma antiga lei escocesa.

No filme 'A Proposta', Sandra Bullock, Ryan Reynolds e a tradição do ano bissexto
A rainha Margaret da Escócia estaria por trás de uma lei de 1288 que permitiu que mulheres solteiras tivessem a liberdade de fazer pedidos de casamento durante o ano bissexto; os homens que recusassem eram multados. Mas acadêmicos não encontraram provas desta lei em suas pesquisas.

Alguns veem esta ligação de pedidos de casamento com ano bissexto como um símbolo das mulheres por direitos iguais aos homens, enquanto muitos acham o contrário, como uma forma de reforçar os papéis tradicionais de gênero.

Em 1904, a colunista Elizabeth Meriwether Gilmer, uma das mais populares jornalistas mulheres de seu tempo, escreveu: "Uma prerrogativa para as mulheres nos anos bissextos, como a maioria das suas liberdades, é apenas uma zombaria glamourosa".

Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160229_ano_bissexto_gch_lab BRASIL 

Confira os bichos que são tão perigosos quanto os animais mais temidos da natureza

 São famosos os casos de ataques de tubarões, grandes felinos, jacarés e crocodilos contra humanos.
Já foram relatados também casos de ataques de hipopótamos e elefantes enfurecidos, que saem destruindo tudo que encontram em seu caminho.
Mas existem outros assassinos no mundo animal que são bem menos conhecidos. Veja abaixo seis deles.

1. Tênia

As tênias causam uma doença intestinal chamada teníase, transmitida pelo ovo das larvas. O mal é contraído pela ingestão de alimentos como carne de porco ou bovina contaminadas e que não foram bem cozidas. A transmissão pode ocorrer também pelo contato com fezes ou água contaminados.

Os problemas de saúde causados pela tênia transmitida pela carne bovina não são tão graves. Mas a tênia presente na carne de porco pode causar graves dores de cabeça, cegueira e até a morte.

Estima-se que as doenças causadas pela tênia ingerida na carne de porco matem cerca de 1,2 mil pessoas por ano, a maioria na Ásia, África Subsaariana e América Latina.
Se os ovos das larvas se desenvolvem no sistema nervoso central, também podem causar uma forma de epilepsia.

2. Lombriga intestinal

Acredita-se que cerca de 1 bilhão de pessoas estejam infectadas com esse parasita que causa ascaridíase, uma doença presente no mundo todo.

Esse verme vive nos intestinos e espalha seus ovos por meio de fezes infectadas. A ascaridíase é causada pela ingestão desses ovos.
Isso pode ocorrer quando a pessoa leva à boca dedos ou mãos contaminadas ou consome frutas e verduras que não foram cozidos ou lavados ou não tiveram as cascas retiradas cuidadosamente.
O verme adulto tem tamanho que pode variar entre 15 e 35 centímetros.

Pessoas afetadas por esta lombriga (do gênero Ascaris) não apresentam sintomas, mas as infecções mais graves podem causar bloqueio intestinal e afetar o crescimento de crianças.

Apesar de a ascaridíase ser tratável, os casos graves causam aproximadamente 60 mil mortes por ano, geralmente entre crianças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

3. Caramujo de água doce

Neste caso, os assassinos não são os caramujos, mas sim os parasitas que ele carrega.
O contato com os caramujos de água doce pode causar a esquistossomose. É a segunda doença parasitária mais devastadora em países tropicais, ficando atrás apenas da malária.

A África é um dos continentes mais atingidos pelo problema.
De acordo com a OMS pelo menos 20 mil pessoas morrem devido à esquistossomose todo ano em todo o mundo.
Mas a Usaid, a agência de cooperação internacional dos Estados Unidos, calcula que o número é muito maior: mais de 200 mil mortes por ano.

4. Barbeiro

O barbeiro (Triatoma infestans) é o inseto que transmite a doença de Chagas.
É um inseto hematófago e é encontrado apenas nas Américas.
Ao picar a pessoa para sugar o sangue, o intestino do barbeiro se incha e obriga o inseto a defecar, depositando parasitas na pele da vítima.
Quando a pessoa se coça o parasita, o Trypanosoma cruzi, penetra na pele.

A OMS calcula que existam em todo o mundo entre 6 e 7 milhões de pessoas infectadas pelo parasita causador da doença de Chagas, a maioria delas na América Latina.

5. Mosca tsé-tsé

A mosca tsé-tsé transmite o tripanossoma causador da doença do sono.
Esta doença afeta, na maioria dos casos, pessoas pobres em áreas rurais e remotas da África e, se não for tratada, pode matar.

No entanto, muitos dos casos não são registrados.
Um século de esforços concentrados para controlar a doença conseguiu diminuir seus efeitos destrutivos. No meio da década de 1960 a doença já havia sido quase erradicada.

Mas voltou como uma epidemia que durou desde os anos 1970 até a metade da década de 1990.
A OMS estima que 65 milhões de pessoas correm o risco de contrair a doença e 20 mil estão infectadas.

Nas últimas etapas da infecção os parasitas entram no fluxo sanguíneo do cérebro e infectam o sistema nervoso central, causando confusão, falta de coordenação e a perturbação do ciclo do sono, sintoma que acabou dando o nome à doença.

6. Cachorros

Segundo a OMS as mordidas de cachorros causam a maioria das mortes por raiva entre humanos, com dezenas de milhares de casos registrados por ano.

A organização informou que, a cada ano, mais de 15 milhões de pessoas são vacinadas contra a raiva no mundo todo depois de terem sido mordidas por um cachorro, para evitar a doença.
A estimativa é que este procedimento evite centenas de milhares de mortes causadas pela raiva.

A raiva é uma doença viral infecciosa que afeta animais domésticos e selvagens e é transmitida para humanos através de mordidas ou arranhões, geralmente pelo contato com a saliva do animal.
Se não for tratada quase sempre é fatal.
Mais de 95% das mortes humanas causadas pela raiva ocorrem na Ásia e África.

Enquanto que os cachorros são historicamente associados com a transmissão da doença para humanos, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) afirmou que, entre os americanos, pode ser mais provável que as pessoas se contagiem através de gatos já que estes têm mais contato com os animais selvagens que originalmente transmitem a doença.

Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/151215_animais_assassinos_fn BRASIL
 

Cãopanheiro! - Cachorro acompanha garoto autista em tudo, até no hospital

Para James Isaac, garoto autista de 9 anos, o mundo pode sem bem confuso e assustador.
Ele não fala nem se sente confortável perto de pessoas que ele não conhece.
Mas ele não está sozinho nessa. O seu cachorro Mahe, treinado pela Assistance Dogs New Zealand Trust , o acompanha em tudo — até mesmo no hospital.
Na semana passada, James precisou fazer uma ressonância magnética para tentar descobrir a causa de suas convulsões, e a equipe do hospital permitiu que Mahe o acompanhasse.
"Ele permaneceu ao lado de James todo o tempo e sempre com um olhar preocupado", comentou Michele Isaac, mãe do garoto, em entrevista a um jornal neozelandês.
Michele acredita que Mahe tem sido de extrema importância no desenvolvimento de James desde que ele chegou em sua vida, há dois anos.
Além de mantê-lo longe do perigo, o animal carinhoso acalma o garoto e ajuda a controlar seus medos e ansiedades.

É muito cãopanheiro, não?
 
 Fonte:


Crianças leem para cachorros traumatizados à espera de adoção


Cachorros abandonados costumam carregar marcas de violência e, geralmente, são arredios ao contato e carinho humano.

Essa situação muda totalmente quando crianças leem para eles.

Parece loucura, mas a ação organizada por um abrigo de animais americano, o Humane Society Of Missouri, tem dado resultados comoventes.

A ideia é bem simples: treinar crianças de 6 a 15 anos para lerem para os cachorros como forma de prepará-los para o convívio com os seus futuros lares, sem precisar forçar uma interação física.



 

"Queríamos ajudar os cães tímidos e medrosos, sem forçar uma interação física. Já conseguimos notar o efeito positivo que a ação tem sobre eles ", disse o diretor do programa Jo Klepacki. "Lançamos o programa no Natal do ano passado, mas agora estamos oferecendo uma vez por mês."

Os pequenos interessados devem se inscrever no site da organização. Eles passam por um treinamento em que aprendem sobre a linguagem corporal dos animais; assim, conseguem diferenciar se eles estão ansiosos ou com medo, por exemplo.

Os voluntários sentam em frente aos canis e leem um pequeno livro. Toda vez que o cão se aproxima, eles são indicados a oferecer um lanchinho.

O ideal é que os cães tímidos e medrosos se aproximem e mostrem interesse. Se isso acontecer, as crianças reforçam que o comportamento é bom, dando-lhes um presente", disse Klepacki.

"Isso acostuma os cachorros a irem para frente e a interagirem quando os potenciais adotadores estiverem escolhendo o animal. Eles têm mais chances de serem adotados do que se ficarem de costas ou encolhidos. "



Fonte:


Relatório da IPBES alerta para as consequências da extinção de polinizadores


Um número crescente de espécies de animais polinizadores está ameaçado de extinção em todo o mundo em decorrência de fatores como mudança no uso da terra, uso indiscriminado de pesticidas e alterações climáticas.

Caso não sejam adotadas medidas para reverter o quadro, as consequências para a economia global, a produção de alimentos, o equilíbrio dos ecossistemas e a saúde e o bem-estar humanos poderão ser desastrosas.


O alerta foi feito por especialistas da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) no relatório “Polinização, polinizadores e produção de alimentos”, divulgado hoje durante a 4ª Sessão Plenária da IPBES, em Kuala Lumpur, na Malásia.

O processo de elaboração do documento foi coordenado ao longo dos últimos dois anos pelo britânico Simon G. Potts, professor da Universidade de Readings, no Reino Unido, e pela brasileira Vera Lucia Imperatriz Fonseca, professora sênior do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e membro do Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA).

“Cerca de 90% das espécies de plantas silvestres dependem, pelo menos em parte, da transferência de pólen feita por animais. Essas plantas são críticas para o funcionamento dos ecossistemas, pois fornecem comida e outros recursos essenciais para uma enorme gama de espécies”, destacou Fonseca.

Segundo Adam J. Vanbergen, pesquisador do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido e coautor do documento, a boa notícia é que há uma série de passos que podem ser seguidos para reduzir o risco aos polinizadores e, por extensão, à saúde das populações humanas em todo o mundo. “O principal deles é buscar uma agricultura mais sustentável, o que envolve a diversificação das paisagens agrícolas e redução do uso de pesticidas”, afirmou em entrevista à Agência FAPESP.

O relatório é o primeiro de uma série de diagnósticos sobre o status da biodiversidade no planeta previstos para serem divulgados pelo IPBES até 2019. A entidade internacional foi criada em 2012 com a função de sistematizar o conhecimento científico acumulado sobre o tema, de modo a subsidiar decisões políticas em âmbito internacional. Atualmente, a plataforma conta com representantes de 124 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Paralelamente ao relatório temático, o grupo divulgou um sumário dos principais achados direcionado aos formuladores de políticas públicas.

Pontos de destaque

Mais de três quartos das principais lavouras alimentícias no mundo dependem, em algum grau, dos serviços de polinização animal, seja para garantir o volume ou a qualidade da produção. Algumas dessas espécies vegetais são cruciais para garantir o aporte de vitaminas, minerais e outros micronutrientes essenciais para a saúde humana.

“Entre as espécies cultivadas no Brasil que dependem ou são beneficiadas pela polinização animal podemos destacar açaí, maracujá, maçã, manga, abacate, acerola, tomate e muitas outras frutas, além da castanha-do-pará, do cacau e do café. Soja e canola também produzem mais na presença de polinizadores”, contou Fonseca.

Segundo o relatório, ao todo, 35% das lavouras mundiais dependem de polinização animal. Além das espécies usadas na alimentação humana, há outras importantes para a produção de bioenergia (canola e palma), fibras naturais (algodão e linho), remédios, entre outros elementos que beneficiam as populações.

Estima-se que, atualmente, entre 5% e 8% da produção agrícola global esteja diretamente ligada à polinização animal, o que corresponde a um mercado que varia entre US$ 235 bilhões e US$ 577 bilhões. No Brasil, a riqueza gerada com auxílio dos polinizadores foi estimada em torno de US$ 12 bilhões.

A maioria dos animais polinizadores é silvestre, incluindo mais de 20 mil espécies de abelhas, além de algumas de moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros, trips (insetos da ordem Thysanoptera), pássaros, morcegos e outros vertebrados, como lagartos e pequenos mamíferos.

Entre as espécies que podem ser manejadas pelos agricultores destaca-se a Apis mellifera, conhecida no Brasil como abelha africanizada. Também são bastante empregadas espécies de abelhas sem ferrão, mamangavas e abelhas solitárias (estas não vivem em colônias).

A importância de espécies silvestres e manejadas para a agricultura varia de acordo com o local, sendo que o ideal para a produção agrícola é a combinação entre esses dois tipos de polinizadores.

“Se nos fiamos em apenas uma única espécie polinizadora corremos o risco de essa população se tornar vulnerável a fatores como doenças ou espécies invasoras. Uma estratégia melhor seria empregar polinizadores manejáveis e, ao mesmo tempo, promover condições para a sobrevivência de polinizadores silvestres, como, por exemplo, manter uma área verde ao redor das lavouras na qual existam flores que sirvam de alimento e abrigo para esses animais”, comentou Vanbergen.

Segundo dados da International Union for Conservation of Nature (IUCN), 16,5% das espécies de polinizadores vertebrados estão na chamada “Lista Vermelha”, ou seja, correm risco de extinção global. Embora no caso dos insetos não exista uma Lista Vermelha, avaliações feitas em nível regional e nacional indicam alto nível de ameaça para algumas espécies de abelhas e borboletas – frequentemente, estudos locais indicam que mais de 40% dos invertebrados estão ameaçados.

Na Europa, por exemplo, 9% das espécies de abelhas e borboletas estão ameaçadas. Declínio populacional foi observado para 37% das espécies de abelhas e 31% das borboletas. Segundo Fonseca, no Brasil, há cinco espécies de abelhas em risco de extinção, mas listas regionais podem apresentar um número maior de espécies. “Faltam dados para determinar o número exato de espécies ameaçadas no país. O que sabemos é que as abelhas em geral são muito menos abundantes hoje do que foram no passado”, afirmou.

Principais ameaças e soluções

As atividades humanas estão relacionadas aos principais fatores de risco à sobrevivência dos polinizadores. Entre eles destacam-se as mudanças no uso da terra (quando, por exemplo, uma área florestal é desmatada para dar lugar a pasto, plantações ou área urbana), que na maioria das vezes resulta em fragmentação ou degradação de habitats. Também são citados a agricultura intensiva (monocultura), uso de pesticidas, poluição ambiental, espécies invasoras, patógenos e mudanças climáticas.

Segundo Fonseca, o relatório analisou os dados existentes sobre pesticidas à base de neonicotinoides e os efeitos letais e subletais que produzem nas abelhas. A maioria dos estudos trata de respostas a testes de laboratórios.

“Recentemente, um grande estudo comparativo em campo foi feito na Suécia e demonstrou, pela primeira vez, o efeito negativo sobre os polinizadores silvestres. No entanto, o estudo não confirmou o mesmo impacto sobre as colônias de Apis mellifera da região. Nas prioridades de pesquisas a serem desenvolvidas no Brasil, com relação a ameaças aos polinizadores, este tópico deverá ser contemplado, assim como um levantamento sobre o status de saúde de nossos polinizadores”, comentou a pesquisadora.

O impacto do cultivo de transgênicos, segundo o documento, precisa ser melhor estudado. “Potencialmente, pode haver benefícios, pois plantas transgênicas resistentes a pragas evitariam o uso de agrotóxicos. Mas também pode haver malefícios, pois algumas borboletas polinizadoras são geneticamente muito próximas de espécies consideradas pragas às quais certas plantas transgênicas foram desenvolvidas para matar. Poderiam, portanto, ser afetadas. Há também questões como a possibilidade de escape dos genes introduzidos para populações silvestres de plantas aparentadas geneticamente com a cultura cujas consequências não foram ainda avaliadas”, explicou Breno M. Freitas, professor da Universidade Federal do Ceará e um dos cinco brasileiros que integraram a equipe responsável pelo relatório.

Algumas medidas a serem adotadas na direção de uma agricultura mais sustentável, de acordo com o documento, incluem proteção e restauração de manchas de habitat natural e seminatural em meio à paisagem agrícola; diminuição da exposição dos animais a pesticidas, buscando formas alternativas de controle de praga e novas tecnologias; aprimoramento da criação de polinizadores manejáveis, aumentando sua resistência a patógenos e regulando o comércio e o uso desses animais.

Primeiro do gênero

A elaboração do relatório contou com a colaboração de 77 especialistas, de diversos países, indicados pelos respectivos governos e selecionados pela IPBES com base no perfil científico. Mais de 3 mil artigos científicos publicados em revistas indexadas foram revisados pelo grupo, que também fez uso de outros tipos de documentos, como relatórios governamentais, recursos disponíveis na Internet e conhecimentos locais e indígenas.

“Pela primeira vez, reunimos em um documento as evidências científicas e o conhecimento indígena, bem como as ciências sociais e as ciências biológicas. Tentamos colocar sobre a mesa tudo que é importante saber sobre polinização, polinizadores e produção de alimentos. Países desenvolvidos e em desenvolvimento apresentaram suas perspectivas e contribuíram igualmente para a construção deste relatório”, avaliou Fonseca.

“Participaram desta reunião (4ª Plenária) os representantes dos países-membros da IPBES. Eles agora vão voltar para suas nações e reportar os dados do relatório aos seus respectivos governos. Há boa vontade entre os governos aqui reunidos e sinto que levarão consigo estes achados para tentar implementar soluções”, disse Vanbergen.

“É uma grande emoção ver este diagnóstico aprovado pelos 124 países que constituem a IPBES, não só pelo novo paradigma de qualidade que este trabalho estabelece em relação a diagnósticos globais de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, mas também por ter participado ativamente do planejamento, estruturação e definição do escopo deste documento na 2ª Sessão Plenária da IPBES realizada em Antalya, na Turquia, em dezembro de 2013”, afirmou Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), co-chair do Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP, na sigla em inglês) daIPBES e coordenador do Programa BIOTA/FAPESP.

“É a experiência do BIOTA/FAPESP sendo usada em nível global, tanto do ponto de vista do conhecimento científico, com a enorme contribuição da professora Vera Imperatriz Fonseca, como do ponto de vista da interface ciência-política”, acrescentou Joly.

Para Blandina Felipe Viana, professora da Universidade Federal da Bahia e coautora do documento, a experiência foi muito positiva e enriquecedora para todos os participantes. “Os encontros possibilitaram trocas de experiências e estabelecimento de novas parcerias. O Brasil além de ter contribuído com a expertise da sua capacidade instalada, forneceu importantes evidências sobre o papel dos polinizadores na agricultura e opções para uso e conservação desses animais”, contou. Na avaliação de Freitas, a principal mensagem é que os polinizadores são fundamentais para a alimentação e qualidade de vida humana, bem como para a manutenção da biodiversidade do planeta. “Devemos urgentemente desenvolver políticas públicas que assegurem a conservação e o uso sustentável desses animais.”


Por Karina Toledo | Agência FAPESP

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