terça-feira, 28 de outubro de 2014

A loucura animal - Nos últimos sete anos, a bióloga americana Laurel Braitman pesquisou a demência de cães, gatos, elefantes ou golfinhos. Nesta entrevista ao site de VEJA, ela conta sua jornada pela história da insanidade animal e explica de que forma os bichos nos ajudaram, também, a compreender a mente e emoções humanas


Em seu livro 'Animal Madness' ('Loucura Animal', sem edição em português), a autora mostra como cachorros deprimidos, golfinhos suicidas ou elefantes compulsivos mudaram sua visão a respeito dos humanos


Em seu livro 'Animal Madness' ('Loucura Animal', sem edição em português), a autora mostra como cachorros deprimidos, golfinhos suicidas ou elefantes compulsivos mudaram sua visão a respeito dos humanos (Thinkstock/VEJA


Rita Loiola
Aos 6 anos, Oliver, um grande cão bernese que adorava brincar de esconde-esconde, atirou-se do quarto andar do prédio onde vivia. Ansioso por estar sozinho no apartamento, ele arrancou o aparelho de ar-condicionado da parede, comeu a fiação, jogou-se pelo buraco e, milagrosamente, sobreviveu. No hospital, olhando os ferimentos de seu cão, a bióloga Laurel Braitman resolveu entender o que se passava pela cabeça de Oliver para chegar a essa atitude extrema.
Procurou veterinários, psiquiatras, psicólogos e neurologistas e passou os últimos sete anos pesquisando animais que, como o seu bernese, apresentavam transtornos mentais. Encontrou elefantes com ataques de ansiedade, ursos depressivos, gorilas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ratos e papagaios com tricotilomania (o impulso de arrancar os próprios cabelos) e golfinhos suicidas. “Identificar e entender a insanidade animal e ajudá-los a se recuperar diz muito sobre nossa humanidade. Quando estamos ansiosos, raivosos, assustados ou compulsivos mostramos o quanto somos surpreendentemente iguais às outras criaturas com quem dividimos o planeta”, diz Laurel.

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Animal Madness
Reprodução/VEJALivro Animal Madness
livro Animal Madness, da americana Laurel Braitman
A bióloga Laurel Bratiman conversou com cientistas e especialistas em comportamento animal para entender os transtornos mentais que afetam os bichos. A partir de suas entrevistas e pesquisas, ela traça a história da demência animal, mostrando sua relação estreita com a compreensão da mente, emoções e distúrbios mentais humanos.

Autor: Laurel Braitman
Editora: Simon &Schuster
No livro Animal Madness (Loucura Animal, sem edição em português), recém-lançado nos Estados Unidos, a bióloga, que também é especialista em história da ciência pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), reconstrói a história da demência animal e conta como transtornos mentais de macacos, ratos, cachorros ou gatos impulsionaram a compreensão da mente humana. Foram eles as cobaias para testar os primeiros antidepressivos ou ansiolíticos inventados. E, da mesma maneira que nossa compreensão a respeito de distúrbios mentais evoluiu ao longo dos anos, o entendimento do cérebro e comportamento animais vem passando por uma revolução. De acordo com Laurel, a ciência não questiona mais se os animais têm emoções, mas se interroga, atualmente, que tipo de emoções são essas e de onde vêm.  
Nesta entrevista ao site de VEJA, a autora, que esteve no Brasil em outubro para acompanhar a conferência TED Global, no Rio de Janeiro, conta como foi sua jornada para desvendar a história da demência animal. E explica de que forma essa compreensão mudou também sua visão a respeito dos seres humanos.

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