quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Imune ao câncer, este animal oferece esperança para futuros tratamentos para a doença



























  Ratos-toupeiras-pelados nunca apresentaram tumores em décadas de observações 
 
O câncer é algo comum no reino animal. E para algumas espécies, a taxa de mortalidade é semelhante àquela apresentada entre os seres humanos que sofrem da doença.

Nossos cães e gatos são um exemplo de bichos que podem apresentar diversas formas de câncer, e estão em risco se são fumantes passivos, por exemplo.

Mas animais selvagens também são afetados. Muitos demônios-da-Tasmânia, um marsupial endêmico da Austrália, sofrem com tumores faciais devastadores que passam de uma espécime a outra pelo contato físico.

A poluição dos oceanos também representa um problema. Uma população de leões-marinhos da Califórnia é conhecida por apresentar câncer urogenital, em parte por causa disso.

No estuário do rio São Lourenço, no Canadá, o câncer de intestino é a segunda causa mais comum de morte de belugas. E, apesar do mito de que tubarões são imunes ao câncer, eles podem desenvolver o melanoma.

Mas há exceções. Alguns poucos animais não apresentam câncer com frequência – e outros, nunca. Entender por que isso acontece pode nos ajudar na prevenção e no tratamento dessa doença.

Tamanho não é documento 

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Apesar de terem trilhões de células, apenas 5% dos elefantes morrem de câncer 

O câncer ocorre quando uma célula aparentemente normal cresce descontroladamente. Normalmente, células velhas ou danificadas são destruídas. Mas às vezes uma delas continua a se reproduzir, criando cada vez mais células “ruins”. O resultado disso é um tumor.

Em tese, trata-se de um simples jogo de números: quanto mais células em um organismo e quanto mais ele vive, mais chances de que uma dessas células acabe sucumbindo a alguma mutação aleatória.

Mas nem todas as células são igualmente sujeitas ao câncer. Os elefantes, por exemplo, têm trilhões de células a mais do que nós e vivem muito. Mas apresentam uma baixa incidência de câncer – apenas 5% deles morrem da doença, enquanto ela mata uma em cada cinco pessoas.

Parte da explicação para isso acaba de vir à tona. Cientistas revelaram que o genoma do elefante contêm várias cópias de um gene conhecido por combater o câncer – enquanto temos apenas um exemplar desse gene, os elefantes têm 20.

Segundo Vincent Lynch, da Universidade de Chicago, esse gene atua em duas frentes: primeiro, impedindo que uma célula defeituosa se multiplique, dando a ela tempo para se “consertar”; segundo, se isso não ocorrer, o gene a impele a se auto-destruir.

“Em teoria, poderíamos desenvolver medicamentos que imitam esse processo dos elefantes”, afirma Lynch. Um desses remédios, chamado Nutlin, está sendo testado atualmente.

A incidência de câncer é surpreendentemente menor ainda entre populações da chamada baleia-da-Groenlândia, um dos maiores e mais longevos animais do mundo.

Cientistas que analisaram o genoma dessa espécie descobriram mutações que ajudam a impedir danos no DNA, protegendo-as do câncer.

Imune a tumores

Mas talvez seja o caso de um roedor o que mais surpreendeu os cientistas. Em geral, os ratos são extremamente suscetíveis à doença, apesar de viverem pouco tempo e terem menos células do que nós.

Mas o rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glabe) oferece esperança para futuros tratamentos para o câncer.

Trata-se de um animal estranho, com a pele enrugada, sem pelos e com dentes incisivos enormes. Eles vivem até os 30 anos, muito mais que outros bichos do mesmo porte.

Além disso, eles são dotados de um mecanismo natural de defesa contra o câncer. Em décadas de observações, nunca um desses roedores foi vítima de um tumor.

Em 2013, a equipe de Vera Gorbunova, da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, descobriu que o rato-toupeira-pelado produz uma molécula especial que o impede de desenvolver tumores.

Trata-se de uma substância espessa e açucarada chamada ácido hialurônico, encontrada nos espaços entre as células do animal.

Mesmo se essas células sofrerem mutações, a susbtância impede que elas se multipliquem, como um escudo protetor.

Segundo Gorbunova, o ser humano também produz o ácido hialurônico, mas em uma versão ligeiramente diferente. “Estamos explorando novas maneiras de regular a produção dessa molécula e estimulá-la em humanos”.

Mas, por enquanto, ainda não se sabe se esses tratamentos vão funcionar bem entre seres humanos.

Para o oncologista David Vail, da Universidade de Wisconsin, deve haver um motivo para apresentarmos menos ácido hialurônico do que os ratos-toupeiras-pelados. “Pode ser que um alto nível dele seja tóxico para nós, por exemplo”, afirma.

O mesmo vale para a manipulação genética, pois um gene que ajuda um animal a combater o câncer pode causar outras doenças em humanos.

Mesmo assim, pesquisadores continuam com seus trabalhos na esperança de encontrar soluções para a doença. “Precisamos entender a biologia básica, senão não há maneira de intervir quando as coisas derem errado”, diz Lynch.

Fonte:
BBC BRASIL
 
Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Earth.

 

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio


Enquanto no Brasil, escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim."

Nas escolas japonesas, também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.
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Marcelo Hide
Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas

"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.


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Ewerthon Tobace I BBC Brasil
Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão

Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende. 
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Marcelo Hide
 Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações

Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emilia.


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Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'

No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

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Civilidade - Algumas regrinhas básicas de boa convivência no trânsito

 

• Nunca feche o cruzamento. Dos 4 milhões de multas aplicadas pela CET no ano passado, apenas 7 640 — inacreditáveis 0,2% — penalizaram quem fez isso. Não dá para saber quantas infrações do tipo passaram batidas pelos marronzinhos, mas o certo é que bloquear um cruzamento provoca prejuízos enormes ao trânsito. "Cada faixa tem capacidade para um fluxo de 1 200 carros por hora", explica o engenheiro Jaime Waisman, especialista em transporte urbano. "Fechar uma delas por cinco minutos pode gerar uma fila de carros de 400 metros." 

• Conforme-se com o fato de que congestionamentos existem e jamais buzine se estiver enfrentando um deles. De acordo com pesquisa feita no ano passado pela Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito, o que mais irrita o brasileiro ao volante são os congestionamentos (61%). Buzinar, no entanto, não adianta nadinha — só piora, na verdade. "O ruído nas vias urbanas ultrapassa 90 decibéis (a Organização Mundial de Saúde classifica 55 decibéis como um som confortável) e amplia a probabilidade de o motorista ficar estressado, nervoso e ter dores de cabeça", diz a psicóloga Raquel Almqvist, especialista em trânsito. 

• Não fure o rodízio, mesmo que você conheça um caminho sem marronzinhos. De acordo com um levantamento da CET, que no ano passado registrou 1,5 milhão de infrações à medida, 13% dos motoristas não respeitam o rodízio pela manhã e 18% à tarde. 

• Jamais pare sobre a faixa de pedestres, mesmo em horários de pouco movimento. Como pedestre, evite atravessar fora dela. 

• Resista à tentação de invadir o corredor do ônibus. Não adianta espernear: automóveis só podem utilizar os nove corredores de ônibus de São Paulo nos fins de semana (das 15h de sábado às 4h de segunda) e nas madrugadas (das 23h às 4h) — a portaria, passível de renovação, está em vigor até outubro. Quem desrespeita essa regra pode ser multado em 127 reais. "Pensando em área útil, um ônibus tem a capacidade de escoar dez vezes mais passageiros do que um automóvel", estima o engenheiro Waisman. Nos bares e restaurantes

• Respeite o ouvido alheio e abaixe o tom de voz. Afinal, quem quer saber se você trocou de carro, que a sua filha acabou de se separar ou que você não agüenta mais o seu chefe? "Dizem que se a gente fala baixo as pessoas à nossa volta fazem o mesmo", conta a consultora de etiqueta Claudia Matarazzo. "Vale tentar isso num restaurante lotado." 

Fonte:

Nem cobra nem escorpião - Conheça o animal mais venenoso do mundo







Injetado por presas ou ferrões, venenos animais são verdadeiras armas químicas.

E nas listas de animais mais peçonhentos do mundo, cobras normalmente aparecem em posições de destaque. Ou escorpiões, como Leiurus quinquestriatus, conhecido como “perseguidor da morte”. Esse aracnídeo, que raramente mede mais de 11 cm, vive nos desertos do Oriente Médio e normalmente usa seu ferrão matar presas como minhocas e outros invertebrados.

Porém, tamanho nunca foi tão pouco documento. Testes sugerem que, com apenas 0,25 mg de veneno, esse escorpião consiga matar um rato de 1 kg. Impressionante? Sim. Mas o perseguidor não é o animal venenoso mais letal do mundo.


A honra cabe a um caramujo.

Trata-se do Conus geographus
 
Natural do oceano Pacífico, o molusco se alimenta de peixes, e por isso precisa de um veneno forte o suficiente para agir rápido sobre sua presa.

“Peixes poderiam facilmente fugir de um caracol sem a ação de uma toxina poderosa”, explica o biólogo Ronald Jenner, do Museu de História Natural de Londres.

Os caramujos têm dentes curiosos: são uma mistura de arpões e agulhas de injeção, que os moluscos lançam contra o “jantar”, injetando um coquetel de toxinas que afeta o sistema nervoso da presa, paralisando-a para que o caramujo conus devore-a. Devagarinho. Image copyright NPL Image caption O "perseguidor da morte" pode matar rato de 1kg com uma única picada

Os caracóis produzem seus arpões quase como uma linha de montagem e raramente estão “desarmados”. O que não é má notícia somente para criaturas marinhas: estudos mostram que os dentes do molusco são afiados o suficiente para furar neoprene – o material de que é feito a roupa de mergulhadores. E, para complicar, a concha do conus é de uma beleza ímpar, capaz de atrair a atenção de exploradores.

Apenas 0,029 mg de veneno por quilo de massa muscular podem ser suficientes para que o caracol mate um ser humano. E 65% dos casos de picadas são fatais caso a vítima não receba socorro médico. Apesar disso, apenas 36 mortes foram registradas desde 1670.

Para determinar o quão letal um veneno é, cientistas não têm vida fácil. Nem todos os venenos são iguais. Podem ser usados como defesa contra predadores ou armas para neutralizar presas. Quanto mais precisa for sua aplicação, mais danos eles podem causar. E o fato de animais usarem suas “armas químicas” contra espécies diferentes torna ainda mais difícil a missão de encontrar o animal mais venenoso do planeta. Image copyright NPL Image caption A taipan, além de de venenosa, desenvolvei um sistema de picadas múltiplas

Quanto mais precisa for sua aplicação, mais danos ela pode causar. E o fato de animais usarem suas “armas químicas” contra espécies diferentes torna difícil a missão de encontrar o animal mais venenoso do planeta.
 
NPL

  O escorpião ("o perseguidor da morte") pode matar rato de 1kg com uma única picada  
 
Obviamente, não há uma fila de voluntários para testes, então cientistas normalmente usam ratos como cobaias. Tais estudos revelam a “dose mediana”, a quantidade de veneno que mataria pelo menos 50% dos ratos usados nos testes. E o campeão de matança de roedores é o conus.
 
Preocupação

Porém, é muito mais fácil para humanos se depararem com outras ameaças químicas da natureza: as cobras.
NPL
A taipan, além de de venenosa, desenvolvei um sistema de picadas múltiplas 
 
E, entre elas está a taipan, espécie cujo apelido é cobra-feroz. Sua dose mediana de veneno para matar ratos é calculada em 0,025 mg/kg. Seu veneno pode ter efeitos devastadores no corpo humano, afetando, sistema nervoso, sangue e órgãos.

Esta espécie, porém, vive nos desertos remotos da Austrália Central. Sua prima, conhecida como taipan costeira, é que é mais perigosa – apesar de ter veneno menos potente. Para começar, ela vive perto de áreas mais populosas do país. E enquanto picadas são o último recurso de cobras quando ameaçadas, a taipan costeira aperfeiçoou um sistema de defesa em que dá uma sequência de múltiplas mordidas.

Um comportamento parecido com o de outra espécie temida: a mamba negra africana, que emite um assustador chiado para avisar que pretende atacar.

O avanço da urbanização está fazendo com que humanos cada vez mais invadam o habitat de cobras em muitas partes do mundo. E isso tem se traduzido em mais incidentes. No México, por exemplo houve 500 mil casos de picadas de escorpião em 2014.

“E, na Índia, 1 milhão de pessoas são anualmente picadas por cobras. Pelo menos 50 mil morrem e pelo menos metade dos sobreviventes fica com algum tipo de sequela permanente”, explica Bryan Fry, da Universidade de Queensland, na Austrália, cujo entusiasmo no estudo desses animais fez com que ficasse conhecido como “Doutor Veneno” em seu país.

Leia a versão original desta reportagem em inglês no site da BBC Earth
 
Fonte:


Problemas de visão - Se não diagnosticados e tratados a tempo, podem até mesmo levar à cegueira

Arquivo pessoal  Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra

Assim como os humanos, os animais de estimação estão sujeitos a desenvolver problemas de visão que, se não diagnosticados e tratados a tempo, podem até mesmo levar à cegueira. Não à toa a oftalmologia tem ganhado cada vez mais espaço dentro da Medicina Veterinária, se tornando uma importante aliada na busca pelo bem-estar dos bichinhos.

A jornalista de Santo André Erika Jodas, 28 anos, viu seu fiel companheiro Nick, um cocker spaniel, desenvolver catarata quando ele tinha cerca de 8 anos. A família percebeu que os olhos do animal começaram a ficar esbranquiçados e, no final da vida, aos 14, o cão já estava quase totalmente cego.

“Ele andava batendo nos objetos e nas paredes e se limitava ao espaço dele. Acho que era mais confortável, inclusive por conta da velhice”, conta.

Nick também teve de enfrentar um câncer e outras doenças características da raça. Para Erika, a catarata acabou sendo a enfermidade de menor impacto pela qual ele teve de passar. “Apesar de tudo, ele teve uma vida muito feliz. Apenas o último ano foi ruim. Talvez se soubéssemos da existência da catarata com antecedência, teríamos tido nosso cãozinho com mais visão para participar da nossa história. No entanto, mesmo cego ele sempre esteve presente nos melhores e piores momentos da família”, lembra.

A doença oftalmológica que acometeu Nick é uma das mais comuns verificadas nos animais de estimação, tanto cachorros como gatos. Caracterizada pela opacidade do cristalino, seu tratamento é apenas cirúrgico e, quanto mais cedo diagnosticado, maiores as chances de sucesso.

“Há dois modelos mais evidentes da catarata. A juvenil ou precoce ocorre entre os 2 e 4 anos de idade em raças que têm predisposição genética, como poodle, bulldog francês e lhasa apso. A mais comum, contudo, se desenvolve em animais idosos, por conta do desgaste do cristalino”, explica o veterinário de São Bernardo Alexandre Gurgel.

Outra patologia frequentemente diagnosticada é o glaucoma. Trata-se de uma doença neurodegenerativa caracterizada pela alta pressão interocular. Nesse caso, o olho fica maior, com uma aparência mais “saltada”.

Já as úlceras de córnea são caraterizadas por inchaço e dor. “A causa mais comum são os traumas ou problemas nos cílios. O dono deve observar que o olho fica mais fechado e o animal não quer encoste. Além disso, ele passa a apresentar fotofobia, ou seja, fecha o olho em contato com a luz”, afirma o oftalmologista veterinário Ricardo Pecora, também de São Bernardo. Raças braquicefálicas, ou seja, as de focinho curto, estão mais propensas a esse tipo de lesão. “As úlceras tem esse aspecto mais racial. Os olhos ‘para fora’ facilitam que os animais sofram traumas na córnea”, completa Gurgel.

A chamada uveíte (inflamação na íris) também é uma doença muito dolorida para o bicho. Com ela pode ocorrer a mudança de cor não só da íris, mas de todas as partes olho, inclusive a córnea. “Nesse caso, se pesquisa se existe uma doença concomitante”, diz Pecora.

Por fim, a ceratoconjuntivite seca é caracterizada pelo desgaste da glândula lacrimal. O olho fica o tempo todo ressecado e também é comum nas raças de focinho curto.

Prevenção – Não há muito o que se possa fazer para evitar que os bichinhos desenvolvam problemas oftalmológicos. Apenas alguns casos de úlcera de córnea ocasionadas por trauma podem ser prevenidos se alguns cuidados forem tomados. “O indicado é ter cautela na hora do banho, protegendo sempre a área dos olhos, inclusive na área da secagem e escovação. Porém, se a doença surgir por algum outro motivo, como infecções virais ou bacterianas, tudo o que se pode fazer é procurar o veterinário”, orienta Gurgel.

Os donos também podem ficar atentos a algumas mudanças de comportamento que indicam que algo não vai bem. “O mais comum é o animal fechar o olho, coçá-lo, apresentar vermelhidão ou mesmo bater a cabeça”, aponta Pecora. “O importante é ser rápido. Se perceber essas alterações, levar o quanto antes ao consultório. Quanto mais cedo identificar o problema, maior a probabilidade de conseguir corrigi-lo.”

As visitas ao veterinário, aliás, devem fazer parte da rotina do animal, tenha ele indícios de doenças ou não. “Assim como a gente, o ideal seria levá-los ao oftalmologista uma vez por ano. No consultório é possível fazer exame de fundo de olho, aferir a pressão e medir a quantidade de água na lágrima”, ressalta o especialista.