quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Em meio a temor internacional, Rio anuncia medidas contra zika para Olimpíada


Em meio ao crescente temor internacional sobre os riscos da epidemia de zika vírus durante os Jogos Olímpicos em agosto – incluindo os alertas recentes dos governos de Estados Unidos, Canadá e União Europeia, que pediram que mulheres grávidas evitem viagens ao Brasil neste momento – a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou novas medidas de controle para o período em que milhares de turistas estrangeiros são esperados na cidade.

As vistorias de obras de instalações olímpicas já ocorrem de forma constante e, segundo a Prefeitura, integram as ações contínuas, sendo o objetivo principal eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, da febre chikunguya e do zika vírus.

Mas após a crescente preocupação da imprensa internacional e de outros governos sobre a possibilidade de os turistas espalharem o vírus e os riscos para mulheres grávidas ou que estejam tentando engravidar, devido às suspeitas de que o zika esteja relacionado à microcefalia, a BBC Brasil questionou a Prefeitura do Rio sobre os planos para o período dos Jogos.

De acordo com as informações adiantadas à BBC, o Rio deve intensificar o trabalho de vistoria das instalações olímpicas a partir de abril, quatro meses antes da cerimônia de abertura da Olimpíada, marcada para o dia 5 de agosto. O objetivo do trabalho é identificar focos do Aedes aegypti e garantir que as obras, em fase final, não contribuam para a proliferação do mosquito.

Não foi informado se o efetivo atual de 3 mil agentes que trabalham no controle ao mosquito será aumentado para o período.

Já a 30 dias das competições, haverá uma vistoria em todas as instalações olímpicas, desta vez com outro intuito: determinar a necessidade de borrifar inseticida com máquinas instaladas em caminhonetes, procedimento conhecido como fumacê.

Foto: Divulgação / Prefeitura São José dos Campos
 

"No mês que antecede os Jogos, todos os locais de competição e de grande aglomeração de público e seus arredores serão vistoriados, quando será eliminado qualquer possível reservatório remanescente das obras e tratados os não passíveis de eliminação, para evitar o surgimento de focos do mosquito. Se houver indicação técnica de aspersão de inseticida (fumacê), isso será feito", acrescenta a nota enviada à reportagem.

Após o início da Olimpíada, outra estratégia será distribuir agentes fixos em cada instalação olímpica, mantendo um combate e vigilância diretos.

"Equipamentos de dimensões maiores e com cronograma de atividades mais extenso podem ter até três agentes fixos. Eles atuarão diariamente na busca, eliminação ou tratamento de depósitos que possam se tornar potenciais focos do mosquito", acrescenta a nota.

Borrifar inseticida no entorno ou interior dos locais de competição após o início dos Jogos, no entanto, está descartado.

"Durante a Olimpíada, o trabalho dos agentes será constante nessas áreas, não haverá, porém, aspersão de inseticida nas regiões dos equipamentos esportivos, visto que se trata de um produto químico, com uso contraindicado em áreas onde haja grande concentração de pessoas", explica.

Questionada especificamente sobre áreas turísticas além dos locais de competição, a Prefeitura disse que o trabalho cotidiano dos agentes já inclui estas regiões, como aeroportos, rodoviárias, praias, parques, e que até o momento não estão previstas ações específicas por conta dos Jogos.


Maioria dos casos de microcefalia causada pelo zika é em Pernambuco 

Maioria dos casos de microcefalia causada pelo zika é em Pernambuco Ligado ao hospital que é referência nacional em infectologia e doenças tropicais, ele deixa claro que seu posicionamento não é uma recomendação geral, mas sim de um alerta específico para quem, na sua opinião, integra a população mais vulnerável diante da epidemia, devido às suspeitas de ligação com a microcefalia.

"Não é uma recomendação governamental, não posso fazer isso. É uma opinião pessoal minha. Até porque trata-se de algo muito delicado. E as mulheres grávidas que estarão no Rio de Janeiro? Como vão se sentir, diante dos crescentes alertas de que gestantes deveriam evitar vir para o Brasil?", pondera o infectologista.

O assunto ganhou as páginas dos jornais ao redor do mundo. Na terça-feira, o britânico The Guardian disse que o "Brasil minimiza ameaça do zika vírus na corrida para o Carnaval e a Olimpíada do Rio". Dois dias antes, o americano The New York Times afirmou que "O alerta sobre o zika ressalta a luta da América Latina contra as doenças causadas por mosquitos".

Para o Sydney Morning Herald, da Austrália, as "Mulheres grávidas enfrentam a ameaça do vírus diante dos Jogos Olímpicos do Brasil". Já o tablóide britânico Daily Mail foi mais incisivo: "Não vá para a Olimpíada do Rio se você estiver grávida: Gestantes são alertadas para não viajar ao Brasil enquanto zika vírus, causado por mosquito, atravessa o país 'gerando o nascimento de bebês com cabeças pequenas fora do comum'".

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